
No dia 12 de fevereiro, ele próprio informava no seu profile do Orkut que estava internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, aguardando um transplante de coração. É claro que, desde então, muitos de seus amigos colocaram lá mensagens positivas para o Delmar. Escrevi sobre aqui no blog, pedindo que todos os amigos torcessem por ele. Para minha surpresa, recebi uma mensagem dele no dia 25 de março último. Ele dizia:
“Obrigado Jorge, grande amigão de sempre. Está complicada a situação, essa fila não anda. Estava filmando no Uruguai quando a crise me jogou no Incor. O agrônomo André de Oliveira continua me aguardando no cerreitos junto aos dolmens e nenirs semelhantes aqueles que gravei na Bretania e na Normandie, no norte da França. É uma semelhança impressionante que leva meus amigos franceses a demonstrar maior interesse pelos meus estudos sobre os minuanos. Aquele abraço do Delmar Marques, esperando por um coração.”
Meu amigo Delmar esperou cerca de três meses por um coração novo, que não chegou. Mas ele viajou muito e escreveu bastante também. Seu último trabalho de peso foi o livro Os minuanos – O resgate das índias sagradas. Depois de montar um documentário que produziu sobre a tribo, lançou com sucesso a obra no Rio Grande do Sul, no Rio e em São Paulo. Com esse duplo projeto, Delmar esperava dar fim ao processo de "esquecimento" articulado em torno dessa comunidade indígena que as sofisticadas pesquisas sobre o genoma do gaúcho apontam como fundamental na formação das famílias do pampa. Ele foi além: lançou o site Minuanos, onde recolhia material para continuação do projeto, interrompido com sua morte ontem no Incor.