sábado, 10 de maio de 2008

Mãe, um anjo pertinho de nós

Está certo: o dia é comercial. Mas somos levados pela onda e no dia das mães queremos estar perto da nossa. Retribuindo o olhar que ela sempre dirige a nós e lhe oferecendo o mesmo carinho que ela nunca deixa de nos dar.
Na figura de minha querida Suely (foto acima, com netos), com quem estarei amanhã, quero homenagear a todas amigas que tiveram o privilégio de serem mães.
Verdadeiramente, vocês são anjos porque tiveram a ousadia de dar a vida a alguém. Nada pode ser mais belo.
Parabéns e um beijo no coração de cada uma!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Olha o destaque do jornal!


Quem diria: a oposição desastrada ajuda a ministra Dilma a se firmar como candidata a presidência. Não sou eu que estou afirmando: é notícia do Jornal de Brasília. E opinião de diversos colunistas e bloqueiros avessos ao Governo Lula. O que já sabíamos no Rio Grande do Sul - a competência de Dilma - o restante do Brasil começa a conhecer.

A MULHER QUE NÃO É BOLA PARA SER ENCAÇAPADA

Laerte Braga


O senador José Agripino Maia, do DEMocrata do Rio Grande do Norte, em 1979, em plena ditadura militar, filiou-se ao PDS que sucedeu a ARENA, partidos do regime de terror implantado no País em 1964.
O senador descende uma família que se alterna no comando do seu estado ao longo de décadas, no velho esquema de oligarquias que juntam latifúndio e empresários no Nordeste do País.
Houve um tempo que a gente da FIESP/DASLU costumava dizer que para o Brasil crescer era necessário "doar" o Nordeste para livrar-se de um "peso". Eu me recordo que a cantora Elba Ramalho, um exemplo de ser humano, deu uma resposta devida e precisa sobre o preconceito manifesto contra nordestinos.
Euclides da Cunha, engenheiro, militar e escritor, deixou a afirmação "o sertanejo é antes de tudo um forte".
É claro que ao longo da história do Brasil figuras como Agripino Maia, que nunca trabalharam na vida, ou fizeram coisa alguma que não beneficiar-se do poder (os Andradas, por exemplo, vieram para o País em navio chapa branca junto com a família real como afirma um amigo que muito prezo), não pode pensar diferente do que ele pensa.
É um dos donatários dos grupos que escravizaram durante séculos o Nordeste e tentam manter esse poder a todo custo.
Integra a corte, a elite, faz parte da pior espécie de gente que existe. A que não tem princípios e nem valores. São a um só tempo, embora possa parecer um contra senso, amorais e imorais.
Foi por isso que com aquele olhar cínico, debochado, imperturbável de todo mau caráter, que fez a pergunta que fez a uma figura humana notável, a ministra Dilma Roussef.
Dilma, como tantos brasileiros, pegou em armas contra a ditadura. Como tantos brasileiros passou anos presa quando foi submetida a torturas violentas e degradantes e se manteve altiva, corajosa, íntegra e acima de tudo humana.
Maia não sabe nem o que isso quer dizer. Altivez, coragem, integridade e ser humano. Nunca teve e nunca foi.
A resposta da ministra Dilma Roussef dada ontem ao senador (putz, é o cúmulo isso) resgata o notável valor da mulher brasileira, mas acima de tudo, do ser humano capaz de se manter como tal, não importa quantas pastas tenham sido abertas e nelas guardadas as mentiras e as montagens seja da ditadura, seja de figuras como Maia, ou de quem quer que seja, no modelo desumano, cruel e perverso de hoje.
O que transforma o real em irreal.
A resposta de Dilma Roussef deveria ser exibida em cada escola do País, em cada casa, para que cada jovem e cada cidadão pudesse ter diante de si uma realidade que tentam ocultar a qualquer preço, pois não querem seres humanos, querem robôs. E pudessem enxergar e perceber que aqui existem pessoas cuja bravura e caráter são reais

Pode ser vista e ouvida em http://www.senado.gov.br/tv/noticias/quarta/tv_video.asp?nome=CO070508_7
e:
http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg

É claro que a pergunta foi colocada na boca de alguém que se preste a qualquer papel e Agripino Maia se presta a qualquer papel. Condição básica para fazer a pergunta que foi feita à ministra Dilma é a absoluta falta de caráter e Maia não tem nenhum. É produto de uma oligarquia, não anda e nem pensa pelas próprias pernas.
Mas, de alguém que seja DEMocrata (sucessores dos partidos da ditadura) e ligado aos tucanos (PSDB) opositores disfarçados da ditadura.
Em meio a generais como Augusto Heleno, defendendo interesses de potência e grupos estrangeiros em nosso (nosso?) País. A assassinos absolvidos como o mandante do crime contra a missionária Doroty Stang. Ou a quadrilheiros grileiros que ocupam terras de índios (não são gente na cabeça dos vários agripinos maias espalhados pelo Brasil, ou ex-Brasil), a resposta da ministra Dilma é mais que um ato de dignidade e bravura.
É a reafirmação que nem todas as pessoas são como bolas que se deixam encaçapar em mesas de sinucas, em nome de um mundo real que não existe. Podem até ser decentes, mas lhes falta a alma que Dilma Roussef resgatou em sua resposta.
E mais, Dilma Rousssef, independente de Lula, ou o governo, conferiu dignidade ao ser lutador, ao ser íntegro. Resgatou uma pequena janela de uma história que precisa ser contada aos brasileiros para que se possa perceber que tipo de cobra venenosa existe em cada Augusto Heleno, em cada Agripino Maia, em cada VALE/ARACRUZ. Em cada Zé Pastinha, que é apenas conseqüência, produto desse modelo imoral e amoral. Mas nem por isso deixa de ser canalha. É só extensão menor.
Se Dilma tivesse dito o que o senador chama de "verdade", aos "patriotas fardados" que a torturaram, Agripino Maia teria, ontem, dito que Dilma foi uma delatora. Que entregou companheiros. Como foi o contrário, Dilma tem a estatura humana e moral que Agripino não tem, por isso não pode saber o que foi a luta travada contra a ditadura, fez a pergunta que fez. Era um deles. Continua a ser.

É a medida de um ser repulsivo. Agripino Maia.

É a dimensão gigantesca de uma pessoa admirável. Dilma Roussef.

E essa diferença é o imprimatur que os filhos de cada um carregam em seus genes.

Indignação geral com absolvição de fazendeiro

Como era de se esperar, o Brasil e o Mundo ficaram indignados com a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do assassinato da missionária norta-americana Dorothy Stang. Em julgamento anterior, ele tinha sido condenado a 30 anos de prisão. Entidades nacionais e internacionais estão protestando contra o absurdo, e o presidente Lula se disse indignado, embora tivesse o cuidado de não criticar diretamente a Justiça de Belém (PA). Mas tudo pode mudar novamente: a Comissão Partoral da Terra (CPT) e o Ministério Público pedirão a anulação da sentença. Que se faça Justiça.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DILMA X AGRIPINO: RESPOSTA DE UMA MULHER DE HONRA

Agripino desatinou


Do blog da cientista política Lucia Hippolito.

Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.

A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.

Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.

Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.

E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.

Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.

Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.

Mas não foi isso o que se viu e ouviu.

O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.

Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.

A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.

Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar. Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.

Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.

Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.



terça-feira, 6 de maio de 2008

Pobre na cadeia, rico nos braços da Justiça

Se alguém duvidava da diferença entre o pobre e o rico na hora de enfrentar a Justiça é bom ler o noticiário que começa a ser divulgado de forma lenta pela mídia. Alguns veículos nem vão se preocupar com o fato. Vejam só o absurdo: o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de envolvimento na morte da missionária americana Dorothy Stang, foi absolvido hoje em julgamento no Fórum Criminal de Belém (PA). A missionária americana foi morta a tiros, há três anos, na localidade de Anapu, no sudeste do Pará. Bida havia sido condenado a 30 anos de prisão em outro julgamento como mandante do crime.

O júri entendeu que o fazendeiro não teve participação na morte de Dorothy e o absolveu por cinco votos a dois. Já o pistoleiro Rayfran das Neves foi condenado por unanimidade a 28 anos de prisão, um ano a mais do que no julgamento anterior. Uma das qualificadoras do homicídio, crime mediante promessa de pagamento, foi retirada. Ele confessou ao júri ter executado o crime. Durante o julgamento, o réu confesso Rayfran das Neves negou as versões dadas nos 13 depoimentos prestados por ele anteriormente, para a polícia e à Justiça, assumindo sozinho a autoria do crime. Ele isentou Bida de envolvimento no crime e assumiu sozinho a autoria da morte da missionária.

A coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Luiza Virgínia Moraes, disse que o grupo está indignado com a decisão. "Nossa reação é de muita indignação. É muito fácil condenar o pistoleiro, que é uma pessoa pobre, e absolver o fazendeiro, que tem maior poder aquisitivo", afirmou.

Foto: Luciana Cavalcante/Especial para o Terra

segunda-feira, 5 de maio de 2008

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. É Inter campeão!







O título acima só confunde quem não é torcedor do Sport Club Internacional, glorioso campeão gaúcho na tarde chuvosa de ontem. Quem achava que teríamos dificuldade de passar pelo Juventude não viu este time de impor diante de dificuldades piores, como os títulos da Libertadores contra o São Paulo e Mundial ante o Barcelona. Ninguém acreditava no colorado. Só nós sabíamos que a alma rubra é mais forte diante de adversidades. Quando vencemos o Paraná por 5 a 1 depois de perdermos por 2 a 0 em Curitiba, mostramos do que somos capazes. E os 8 a 1 de ontem nos dão força para brigarmos ainda mais na Copa do Brasil. Que venha o Sport na quarta-feira. Nas fotos, momentos da gloriosa jornada. Numa delas, eu estou de touca vermelha. A verde foi varrida pelo ciclone colorado.

domingo, 4 de maio de 2008

É hoje, Inter


Nem mesmo a chuva que caiu em Porto Alegre desde sexta-feira me afastará do jogo contra o Juventude hoje. A social, que é exibida na foto acima, é meu lugar, Dali, verei a rede dos caxienses ser estufada várias vezes.
Vamos, Inter!

Eu acredito em ti
.

A verdade de FHC

A amiga e companheira Márcia Balmberg enviou material precioso, que considero importante dividir com vocês. Eis aí uma entrevista com FHC - dividida em duas partes - que não saiu em nenhum telejornal, revista ou jornal brasileiro. Por que será que a mídia não mostra o ex-presidente desnudo em uma entrevista fora do Brasil? Se tiverem tempo, vale a pena ouvir...

1ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=o0t2i5mv1cs

2ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=30O47FolIbI&feature=related

sábado, 3 de maio de 2008

Saber amar

Arthur da Távola

Cuidado com quem ama! Mas cuidado maior com quem sabe amar! Quem perde um amor perde menos do que quem perde alguém que sabe amar.

Saber amar não é depender. Não é ser servil. Não é viver agradando. Não é fazer o que o outro quer. Saber amar é ter as reações certas, de compreensão e crítica. É ocupar todo o seu lugar no espaço, no tempo do sentimento e da emoção do outro.

Saber amar é até saber desistir.

Saber amar é aquela parte que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro que um dia saberá amar. E a encontrando tem paciência, afeto e tolerância. A menos que descubra que ela não merece. Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias, bravura raramente presente em quem apenas ama.

A situação é de calamidade no RS





Como tinha relatado em tópico anterior, fiquei preso em casa por causa da ventania e da enxurrada provocada pelo ciclone extra-tropical que chegou ao Rio Grande do Sul na sexta-feira. Aos poucos, fui identificando na grande mídia e nos sites populares o alcance dos estragos. No www.noticiasdobairro.com, a colega jornalista Simone Moro de Souza diz que o bairro Lami, na zona sul de Porto Alegre, amanheceu embaixo d água. Ruas e estradas principais ficaram interrompidas por quedas de árvores e alagamentos. Muitas pessoas não puderam ir trabalhar porque os ônibus não passaram.
Em alguns locais, segundo o site, as pessoas só puderam sair de casa de barco. Foi o caso da Lúcia e de sua sobrinha Mariana que tiveram que ser resgatadas pela lancha do seu vizinho Cláudio. A estrada de acesso ao sítio virou um grande lago e assim a casa, os carros e os animais ficaram ilhados. O marido e o pai da Mariana, seu Arlindo preferiram ficar na casa junto com as cabras para cuidar dos pertences. Lúcia e Mariana foram levadas para casa de parentes em Ipanema.
As fotos acima, captadas por Simone, mostram o quadros de desolação.
E isso acontece em pleno governo do prefeito José Fogaça. Diziam que estes alagamentos privilégio dos 16 anos em que o PT permaneceu no poder em Porto Alegre.

Vamos, vamos Inter!


Os colorados cantam "vamo, vamo Inter", mas eu sinto a obrigação de escrever corretamente. Por isso, dentro de 24 horas, "vamos Inter".
Quero este campeonato gaúcho. E, mesmo com chuva, o Beira-Rio estará lotado, como na foto acima. Eu estarei lá de qualquer jeito.

Que ciclone!

Um ciclone extratropical invadiu o Litoral do Rio Grande do Sul na sexta-feira e provocou ventos superiores a 100 km/h e muita chuvarada. Só saiu de casa quem tinha alguma atividade inadiável. A fúria do fenômeno provocou queda de árvores, de postes, de barrancos e tudo que encontrou pela frente. Casas foram invadidas por árvores e pelas águas, e ruas foram interrompidas por quedas diversas.
A região Leste gaúcha, englobando as praias do Litoral Norte e a Grande Porto Alegre, foi a mais atingida. Acordei por volta das 3 horas da madrugada deste sábado sobressaltado com a ventania que vinha a rua e parecia querer avançar apartamento adentro. A luz tinha sido cortada. Não dormi mais, liguei o rádio de pilha e soube dos estragos em diversos municípios. Somente agora há pouco dei uma volta no Parque da Redenção, um dos dos maiores de Porto Alegre, e notei parte do estrago. Diversas árvores, como a da foto, tinham sido arrancadas do chão. Em outros locais, onde havia residências, as perdas foram maiores. Que este ciclone volte para o oceano...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Músicas de luta


Este é o tipo de espetáculo que eu não perco. E convido os amigos gaúchos e os viventes de outras paragens que andarem por aqui a também comparecerem. Os músicos são da melhor qualidade, assim como as canções por eles interpretadas. O cartaz acima já diz tudo. Clique nele para ampliar.

Clube do povo já era

Sou colorado há 52 anos, vou ao Beira-Rio desde 1973 e devo ter assistido mais de mil partidas no nosso estádio. Muitas delas com quase 100 mil torcedores. Hoje, cabem 56 mil pessoas no complexo, e o clube tem 68.679 sócios desde ontem. A meta alcançada é motivo de rigozijo porque coloca o Internacional entre os 10 clubes com maior número de associados no mundo. No entanto, esta situação causa um grande problema na medida em que transforma o outrora "clube do povo" em uma instituição elitista. Só os que podem pagar mensalidade e ingresso em cada jogo têm direito a ver as partidas in loco.
O título acima saiu da boca de um torcedor que não é sócio, ficou na fila durante horas e voltou para casa sem o ingresso. Certamente não poderá assistir a final do Gauchão contra o Juventude pela televisão porque ela será transmitida por um canal fechado. O povo não tem condições de também pagar a Net. Um dirigente do Inter teve a cara de pau de dizer que o Inter continua sendo o clube do povo e se orgulha de sua origem. Mas argumenta que a realidade é outra.
Não posso concordar porque sempre assisti aos jogos da social e ficava feliz em ver gente humilde, de pé na popular, gritando pelo Inter. Estas caras não são mais vistas no Beira-Rio. Por quê? Para ser Sócio Campeão do Mundo, o torcedor desembolsa R$ 20 e vai a pelo menos dois jogos por mês, pagando mais R$ 30,00 (o ingresso mínimo para sócio custa R$ 15). Se for de ônibus, desembolsará mais R$ 8,40. E certamente gastará R$ 30 com lanches e bebidas nestes dois dias. Total: 88,40, ou 21,3% do salário mínimo (R$ 415).
Tenho lido barbaridades na Internet, como a de um guri que afirmou o seguinte : "Futebol não é para pobre." Os antigos ocupantes da coréia eram gente humilde, do povo, e por isso pagavam o equivalente a R$ 5 hoje. Nem por isso o Inter deixou de armar grandes esquadrões, reunindo jogadores como Falcão, Figueroa, Carpegiani, Escurinho, Caçapava, Manga, Marinho, Valdomiro, Lula, Mauro Galvão, Benitez, Jair e Mário Sérgio. Foi tricampeão brasileiro na década de 70, sendo uma das conquistas de forma invicta. Sou sócio, continuarei a ser e não deixarei de ir ao Beira-Rio. Mas não posso concordar com a elitização do clube do povo, que já aposentou a coréia e constrói camarotes a cada semestre.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Barbaridade: Roberto Civita quer imprensa acima da lei

http://blogdomello.blogspot.com/2008/04/roberto-civita-quer-imprensa-acima-da.html

Ainda a respeito da Conferência sobre Liberdade de Imprensa, que está acontecendo na Câmara dos Deputados, em Brasília, destaco outro trecho da reportagem de O Globo, hoje:
O presidente da Editora Abril, Roberto Civita, afirmou que nenhuma lei deve restringir a atividade dos meios de comunicação. Ele disse que a auto-regulação e a livre concorrência são as melhores formas de evitar eventuais abusos ou distorções na circulação das notícias.

- Na imprensa, quanto menos legislação, melhor. Todas as vezes em que se tenta legislar ou enquadrar atividades que deveriam ser livres, a democracia corre riscos - alertou.

Essas, segundo O Globo, são palavras do homem que já afirmou que a revista Veja, publicada pelo grupo presidido por ele, tem que se curvar ao desejo de seus leitores por uma revista indignada, que pegue pesado. Da revista especialista em assassinatos de reputação, como tem mostrado o dossiê Veja. Da revista que tem um blog infame, que usa de todos os artifícios para ofender, difamar e desqualificar os que pensam de forma diferente.
Quer dizer, então, senhor Civita, que se deve liberar geral, pois a livre concorrência entre vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) e a auto-regulação também exercida por vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) seriam suficientes para garantir a liberdade e a democracia no Brasil?
Mas, como assim, liberdade, se as Organizações Globo detêm 70% dos investimentos em publicidade e propaganda, e são praticamente monopolistas no Rio de Janeiro, por exemplo, com a concentração de rádios, TV, jornais e internet? Como assim, liberdade, se a Abril detém hoje o monopólio da distribuição de revistas em bancas, com uma concentração de absurdos 100%?
A liberdade de imprensa deve ser total, assim como a liberdade de expressão de todo cidadão brasileiro. Sem censura prévia. Mas dentro dos limites estabelecidos em lei. Portanto, todos devem responder pelo que afirmam, informam, fazem.
Sem Lei há o império do mais forte. É isso o que vocês pretendem. Agir sem limites. Mas, por quê? Quem lhes concedeu esse direito?
Na democracia representativa, só quem tem opinião absolutamente livre, sem restrição alguma, são os eleitos pelo povo, em votação direta. Estes não podem ser condenados por delitos de opinião.
Candidatem-se, elejam-se e falem à vontade. Como jornalistas, são cidadãos comuns, como qualquer de nós.

Tema da vitória



Versão do Sport Club Internacional

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Eu nunca me esquecerei
Dos dias que passei
Contigo Inter

Colorado é coração
trago amor e paixão
Pra sempre Inter

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Dia do trabalhador, dia de luta

Neste 1º de maio tem muita gente fazendo festa em praça pública. Entidades comemoram o Dia do Trabalhador com shows, como se tudo fosse um mar de rosas. Não é! Este é um dia para refletir e para garantir a luta diária por dignidade no local de trabalho. É preciso manter e ampliar as conquistas, sem as quais seremos meros robôs. Ou escravos. Em homenagem a nós, trabalhadores, deixo registrado o seguinte poema:

MEU MAIO

(Vladimir Maiakovski)

A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua -
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - Este é o meu maio.
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro - Eis o maio que eu quero.
Sou terra - O maio é minha era.

NÃO SE PODE ESCREVER A HISTÓRIA DO BRASIL SEM MOLHAR A PENA NO SANGUE DO RIO GRANDE

O COMEÇO DA BRIGA

- O senhor foi intimado para depor sobre a violenta briga acontecida ontem no seu armazém no Iguariaçá. Três mortos, oito feridos, um horror...

- No meu bolicho, seu delegado? Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate. Por sinal que...
- Não desvie do assunto. Como e por que começou a briga?

- Bueno, pos então, historemo a coisa. Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada. O doutor entende: Peonada no más, locos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim. Que por sinal...

- Continue, continue, deixe o turco em paz.

- Pois então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns quinze home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe.

O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca Feia não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo no lombo, um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna.
Um irmão do Sarna acho que chateado com aquilo pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido.
Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero, meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada.
Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito -se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?

- Acho, sim. Mas e aí?

- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo. Saquemo os talher. E foi aí que começou a briga...

(*) o dicionário com as palavras não entendidas é o gaúcho mais perto.

Palpites

Foi uma tarde/noite cheia para os amantes do futebol. Dei o palpite para sete jogos que estavam sendo transmitidos ontem por canais abertos e fechados. Acertei quatro, errei um e fiquei no meio do caminho em dois. Vamos a eles:

1. Embora estivesse torcendo para o Liverpool, o vermelho inglês, deu Chelsea, como eu previra.
2. Finquei no Boca Junior contra o Cruzeiro e acertei. Os argentinos poderiam ter feito mais, o Cruzeiro teve um pênalti não marcado e fez um gol de muita sorte.
3. Pensei que o América passaria pelo Flamengo. Mas é um time muito ruim e levou 4 a 2 dos cariocas.
4. Como eu previra - e torcia - o Juventude ganhou, mas não levou. Fez 3 a 1 no Cortinthians alagoano, mas perdeu pelo gol qualificado. Virá mais murcho enfrentar o meu Inter no domingo pelo Gauchão.
5. Aqui tem meio acerto. Escrevi ontem que o Sport empataria com o Palmeiras, se classificando para enfretar o Inter na próxima etapa da Copa do Brasil. Realmente, o time pernambuco passou, mas com um goleada de 4 a 1. Páreo duro para o Inter.
6. Outro acerto pela metade. O Corinthians realmente ganhou do Goiás, mas passou para as semifinais da Copa do Brasil. Eu tinha fincado na vitória dos paulistas, mas não esperava que os goianos fossem goleados por 4 a 0. Estão fora.
7. Cravei no empate entre o Nacional (URU) e o São Paulo e acertei.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Jogos em profusão

Para quem gosta de futebol, a tarde e a noite de hoje estão repletas de atrações. Para todos os gostos.
Vejam só:
1. 15h45min - Chelsea x Liverpool - Liga da Campeões da Europa
2. 17h40min - Boca Juniors x Cruzeiro - Libertadores da América
3. 19h45min - América (Mex) x Flamengo - Libertadores
4. 20h30min- Juventude x Corinthians (AL) - Copa do Brasil
5. 21h50 - Sport x Palmeiras - Copa do Brasil
6. 22h - Corinthians x Goiás - Copa do Brasil
7. 22h - Nacional (URU) x São Paulo - Libertadores

Alguns jogos são em canais abertos, outros em emissoras fechadas. É só escolher, torcer ou secar. Ou se divertir, caso seu time não esteja na lista. É o meu caso.

Minha opinião sobre os vitoriosos:
1. Chelsea -classificado à final
2. Boca Juniors
3. América
4. Juventude, mas com classificação do Corinthians
5. Empate, com Sport classificado
6. Corinthians, mas o Goiás será classificado
7. Empate.

Amanhã comento os acertos e os erros.

Pequim em cem dias

Faltam cem dias para os Jogos Olímpicos de Pequim e tudo já está pronto realização de centenas de competições no país comunista. Os chineses querem mostrar organização, beleza e alegria, mas muitas nações capitalistas pretendem mudar o curso da história. Em vez de competição esportiva, chamam a atenção para a política. Não estou livrando o regime fechado na terra da Olimpíadas 2008, mas destaco que o mesmo não acontece quando os jogos acontecem em cidades dos EUA, país imperialista, belicista e genocida. Os jogos devem unir os países. Nunca afastar...

Com pensamento no domingo


Hoje é quarta, mas meu pensamento está no domingo.
Cinco dias nos separam do momento em que o Internacional poderá repetir uma atuação mágica diante do Juventude, ganhando o Gauchão. Não é um título como Mundial, mas alguns fatores nos levam a lotar o Beira-Rio. O tradicional adversário - o Porto-Alegrense - caiu mais cedo e ficou em quinto lugar no campeonato. E o oponente de domingo é uma verdadeira "touca" do Inter, tendo ganho do meu time em três ocasiões só neste ano (a última no domingo passado). Por isso, vamos à forra contra os verdes de Serra, com a força dos jogadores e o apoio constante da nossa torcida).
Que domingo chegue logo... E esta torcida exploda de alegria!

Frutos, flores, folhas, sementes...

"Se não houver frutos,
valeu a beleza das flores.
Se não houver flores,
valeu a sombra das folhas.
E, se não houver folhas,
valeu a intenção da semente."

Mauricio Ceolin, embora muitos atribuam a Henfil.

Sensacionalismo na mídia

Ontem, foi comemorado o Dia Mundial de Liberdade de Imprensa. Tenho lido com freqüência manifestações de donos de veículos de comunicação e de seu prepostos em defesa da liberdade absoluta. Ou seja, os jornalistas devem escrever ou falar o que querem. Por isso, foi oportuna a manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, durante uma atividade comemorativa ao dia. O ministro ressaltou que os profissionais devem estar atentos à responsabilidade de informar corretamente a sociedade, evitando abusos que são cotidianos. Ainda está na mente de todos o caso da Escola Base de São Paulo, em 1994, quando parte da mídia publicou matérias acusando os diretores da instituição de praticarem abusos sexuais. Eles foram inocentados na Justiça depois de terem sido condenados pela Imprensa.
Parece que a lição não foi aprendida. Os veículos buscam o sensacionalismo a qualquer custo. O caso do assassinato da menina Isabella Nardoni virou um show que dá Ibope e, por conseqüência, enche os bolsos dos donos de emissoras, jornais e revistas. Casos semelhantes acontecem diariamente no Brasil, sem ganhar uma linha sequer nos jornais. Mais: o episódio do jogador Ronaldo com travestis, no Rio, será explorado à exaustão. Hoje, abri um site onde a manchete era "Conheça a suíte onde Ronaldo se hospedou com os travestis". E a torcida (leitores, telespectadores, internautas) adora, como mostrou recente pesquisa de opinião.

Mudanças

A vida é realmente bela porque nos permite mudar o que não está dando certo. Isso acontece em casa, no trabalho, no cotidiano. Uma mudança pode ser, momentaneamente, dolorosa. Mas só permanecerá assim se nos acomodarmos e não buscarmos outras alternativas. Temos que manter permanente a disposição para a luta, onde nossos ideais não devem ser abandonados jamais. Vejo muita gente desistindo na primeira derrota, ignorando que existem outras batalhas e novas oportunidades de vitória. Por isso, vale a pena viver!

Blairo Maggi e a falsa escolha de Sofia


O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, deu um passo atrás em sua recente conversão ao meio ambiente. E voltou a defender o desmatamento da Amazônia, desta vez com a justificativa de produzir mais alimentos. Em declaração à imprensa, Maggi afirmou que “com o agravamento da crise de alimentos, chegará a hora em que será inevitável discutir se vamos preservar o ambiente do jeito que está ou se vamos produzir mais comida”.
Ao reforçar o velho paradigma meio ambiente versus desenvolvimento, o governador do estado que mais desmata no Brasil contradiz totalmente a posição que assumiu em Bali, durante a reunião da ONU para discutir as mudanças climáticas, quando procurou mostrar seu lado “verde” e foi aplaudido por isso, ou por sua participação em outubro de 2007, no lançamento do Pacto pelo Desmatamento Zero. Naquela ocasião, o governador havia advertido que “o leão do desmatamento não estava morto, mas apenas dormindo”. Os recentes dados que mostram aumento na destruição florestal estimulada pelos preços elevados de grãos e carne no mercado internacional indicam que o Leão despertou e está com fome.
“A declaração do governador vem em um momento em que a Amazônia se encontra sob fogo cerrado. Depois do anúncio do aumento nas taxas de destruição florestal, da apresentação de um projeto na Câmara dos Deputados que amplia o desmatamento em áreas privadas da Amazônia e de uma medida provisória que anistia grileiros, o agronegócio brasileiro vem querer aproveitar a crise mundial de alimentos, de maneira oportunista, como justificativa para o ataque à floresta”, disse Paulo Adario, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Para a organização ambientalista, o dilema entre desmatar ou passar fome é falso. A distribuição injusta de alimentos é um fator-chave para a crise. Há comida suficiente para alimentar todos os seres humanos do planeta, mas muitos grãos estão deixando de ser utilizados como alimento para serem usados na produção de biocombustíveis ou de ração animal para atender a crescente demanda por carne, principalmente nos países desenvolvidos.
O desmatamento das florestas tropicais é responsável por pelo menos um quarto das emissões de gases que provocam o efeito estufa. No caso do Brasil, o índice sobe para 75%. Destruir a Amazônia significa comprometer a capacidade de produção brasileira, já que as chuvas que caem nas regiões Centro-Sul e Sudeste do País e em outros países da América Latina são produzidas na região. Portanto, a manutenção da floresta é essencial para manter a grande produtividade agrícola não apenas do Mato Grosso, mas do Brasil.

Na foto acima, a soja é ameaça à Floresta Amazônica

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Duvide do Inter

Como colorado de muitas décadas, sinto obrigação de publicar o texto de outro torcedor do Inter. É maravilhoso, sarcástico e uma espécie de chamamento à torcida colorada para o jogo de domingo contra o Juventude. Um confissão ao Andreas: para quem me perguntar, eu vou dizer que duvido. Mas, lá no fundo da alma, eu confio sempre.


Andreas Müller

Você aí: duvide do Inter. Sim, duvide, vá em frente, aproveite o momento e desabafe. Livre-se da imensa carga de frustração que abateu seu coração ao final da partida contra o Juventude, neste domingo. Vamos lá, duvide, dê-se por vencido. Leve as mãos à cabeça, puxe os próprios cabelos, chute o cachorro e despeje todo o seu vocabulário de xingamentos em Abelão e, principalmente, em Fernandão. Assim não dá! Assim não pode! E quem foi que disse que o Fernandão é craque? Que é ídolo? Pois ontem ele mais parecia um dublê de Leandro Guerreiro... Viu só? Você está pegando o espírito! Vamos lá, duvide do Inter.

Duvide, mas seja pragmático. Concentre-se nos fatos. Lembre-se que o Inter já enfrentou o Juventude três vezes neste ano e perdeu todas. Pior ainda, não conseguiu marcar um único gol. Na soma dos três confrontos, é como se estivéssemos sofrendo uma goleada de 5 x 0. A superioridade alvi-verde, portanto, é indiscutível. É um fato. O Juventude não é apenas favorito ao título regional de 2008: ele praticamente já o ganhou. O jogo de volta será apenas protocolar. Quase 50 mil colorados se amontoarão nas arquibancadas do Beira Rio para testemunhar o inevitável triunfo juventudista. O Inter se rendeu à máquina alvi-verde. Já era.
Ah, você é gremista? Então deleite-se, caro rival. Nós, colorados, estamos perdidos! Agora, o momento é todo seu. Vamos lá, sorria! Tripudie em cima dessa touca verde que teima cobrir nossas cabeças inchadas. O fracasso colorado é iminente – e vai tornar as suas férias forçadas um pouco menos dolorosas. Você, gremista, é um cara sensato. Você tem os pés no chão. No fundo, você sabe que a derrota do Inter, no próximo domingo, será o dia mais feliz deste seu desgraçado 2008. Você tem mais é que comemorar. Então vá lá: duvide do Inter. A sua festa já tem data para começar: próximo domingo, 16h. Duvide, é o que eu lhe peço.

Porque o seu pessimismo é a nossa última esperança.

Quase todas as torcidas do planeta sofrem (ou já sofreram) da síndrome do “já ganhou”. Mas nós, colorados, somos diferentes. Nós também apresentamos, às vezes, o lado oposto desse otimismo descabido – um inexplicável clima de “já perdeu”. São crises aterradoras de pessimismo que nos acometem nesses momentos em que tudo parece conspirar contra. Um Barcelona invicto, que aplica uma ciranda num time mexicano, é um dos fatores capazes de nos fazer submergir na desgraça antecipada. Um São Paulo tricampeão mundial, que nunca perde jogos decisivos no Morumbi, idem. E não precisamos nos restringir somente às finais de campeonatos. Às vezes, basta um gol sorrateiro do Paraná logo no segundo minuto de jogo para que o drama do “já perdeu” venha à tona. E aí a casa cai. Nós jogamos a toalha, damo-nos por vencidos. Nós duvidamos do Inter.

O curioso é que, justamente nestes momentos, o Inter cresce. Quando todos estão convencidos de que “já era“, a mística do Saci reaparece em campo e o Inter, literalmente, prega uma peça no adversário. Tem sido assim ao longo da história colorada. O Inter desacreditado é sempre mais poderoso do que o Inter favorito. Se passamos toda a década de 80 sem ganhar títulos de grande expressão, foi porque ainda estávamos deslumbrados com aquele Inter de Falcão e Figueroa, que pisava no gramado apenas para cumprir o script de vitórias inevitáveis. Nós tínhamos certeza de que ganharíamos o Brasileirão de 1987. Nós tínhamos certeza de que superaríamos as macumbas de Bobô naquela final de 1989. Nós tínhamos certeza de que passaríamos do Olímpia naquela Libertadores maldita. Mas a mística do Saci é cruel. Naquelas ocasiões, nós mesmos éramos vítimas de suas peças.

Por isso, eu imploro: duvide do Inter. Tenha absoluta certeza de que o título gaúcho já é do Juventude. Reclame de Fernandão, da inconstância de Abelão, das canelas de vidro de Alex e do cabelo do Nilmar – a falta de gols só pode ser obra e graça daquela franja que lhe cobre os olhos. Duvide do Inter com todas as suas forças. Mas, só por segurança, garante o seu lugar nas arquibancadas do Gigante no próximo domingo. Esteja lá, ignore as desconfianças e apóie o time o tempo inteiro, só por “amor à camiseta” – que é como a turma dos otimistas se refere ao masoquismo. Na volta, é bem provável que lhe perguntem:

— E aí, tu acha que ainda tem lugar para estacionar lá na Goethe?

Você olhará o trânsito, o congestionamento de bandeiras, as pequenas multidões que se formam nas sinaleiras. E responderá com o pragmatismo habitual:

— Duvido. A essa hora, já era.

sábado, 26 de abril de 2008

Coerência, presidente Lula!

Eu tenho coerência e não sou obrigado a concordar com partidários da mesma ideologia. Quando estava na oposição, o PT do presidente Lula combateu ferozmente o projeto de FHC que instituiu o famigerado fator previdenciário, que corta em até 30% o valor das aposentadorias. Agora, o coerente senador Paulo Paim (PT) conseguiu apresentar um projeto no Senado que acaba com o tal fator. Foi o que bastou para que Luiz Inácio Lula da Silva pressionasse os aliados - muitos petistas - na Câmara Federal para que não votem o que chama de "irresponsabilidade". O presidente usa da mesma retórica utilizada pela direita representada pelos aliados do PSDB no passado: a retirada do fator previdenciário vai quebrar a previdência. Da mesma forma, quer derrubar outro projeto que equipara os reajustes dos aposentados à elevação do salário mínimo. Ou seja: em vez de buscar novas formas de aumentar os recursos da Previdência - como defendia outrora - o chefe do Executivo quer continuar mexendo no bolso do trabalhador. Coerência, presidente Lula!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Alimentos com mais agrotóxicos

O tomate, o morango e a alface foram os alimentos que apresentaram os maiores números de amostras irregulares referentes aos resíduos de agrotóxicos, durante o ano de 2007. Os dois problemas detectados na análise das amostras foram teores de resíduos acima do permitido e o uso de agrotóxicos não autorizados para estas culturas. Já a batata e a maçã tiveram redução no número de amostras com resíduos de agrotóxicos.
Os dados são do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde. No balanço geral, dos nove produtos avaliados (alface, batata, morango, tomate, maça, banana, mamão, cenoura e laranja), o índice de amostras insatisfatórias ficou em 17,28%.
O caso que mais chamou a atenção foi o do tomate. Das 123 amostras analisadas, 55 apresentaram resultados insatisfatórios, o equivalente a 44,72%. Nesta cultura, os técnicos encontraram a substância monocrotofós, ingrediente ativo que teve o uso proibido em novembro de 2006, em razão de sua alta toxicidade.
Ainda em relação a esta cultura, embora os teores de resíduos encontrados não ultrapassem os limites aceitáveis para a alimentação diária da população, foi detectada a presença do metamidofós no tomate de mesa. Este agrotóxico é autorizado apenas para a cultura de tomate industrial (plantio rasteiro), que permite aplicação por via área, trator ou pivô central, evitando assim a possibilidade de intoxicação do trabalhador rural. O metamidofós também foi encontrado no morango e na alface, culturas para as quais não é permitido o uso deste agrotóxico.
A batata, que em 2002, primeiro ano de monitoramento do Programa, apresentava índice de 22,2% de uso indevido de agrotóxicos, teve o nível reduzido para 1,36%. A maçã, que chegou a apresentar índice de 5,33% neste período, fechou 2007 com incidência de 2,9%.

Para

O objetivo do Para, criado em 2001, é manter a segurança alimentar do consumidor e a saúde do trabalhador rural. O Programa abrange 16 estados e deve chegar a todo o país até 2009. A escolha dos itens leva em consideração a importância destes alimentos na cesta básica do brasileiro, o consumo in natura, o uso de agrotóxicos e a distribuição das lavouras pelo território nacional.
O Programa funciona a partir de amostras coletadas em pontos de venda pelas vigilâncias sanitárias dos estados e municípios. As equipes enviam o material para os laboratórios de resíduos de agrotóxicos.
Caso a utilização de agrotóxicos esteja acima dos limites permitidos pela Anvisa, os órgãos responsáveis pela áreas de agricultura e meio ambiente são acionados para rastrear e solucionar o problema. As medidas em relação aos produtores são de orientação para adoção de boas práticas agrícolas.

Fonte: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/230408.htm

DADOS CONSOLIDADOS DO PARA 2007
Cultura
Total de amostras analisadas
Amostras insatisfatórios
Total
%
Alface
.135
54
40,00
Batata
.147
..2
..1,36
Morango
...94
41
43,62
Tomate
.123
55
44,72
Maçã
.38
..4
..2,90
Banana
.139
..6
..4,32
Mamão
.122
21
17,21
Cenoura
.151
15
..9,93
Laranja
.149
..9
..6,04
Total
1198
207
17,28


quinta-feira, 24 de abril de 2008

Nosso belo Interior





Temos sonhos de viagens para fora o Brasil ou mesmo dentro do País, desde que seja em outras regiões. Nosso Estado é quase sempre esquecido quando programamos um roteiro em um feriado. Esquecemos de nossas belezas naturais. Contudo, tenho programado algumas saídas pelo nosso Interior, como no feriado de Tiradentes. Durante três dias, visitei municípios do Vale do Caí, pertinho de Porto Alegre (são pouco mais de 100 quilômetros). São Sebastião do Caí, Feliz e Montenegro estiveram na minha agenda, que incluiu a coleta de algumas fotografias, exibidas aqui. Vale a pena viajar e desfrutar de nossa natureza.

Inter: grande, heróico e vencedor

















Já vivi dias e noites memoráveis no Beira-Rio, como as finais do Brasileirão de 1975, 1976 e 1979 e a conquista da América em 2006 e o chamado Gre-Nal do século. Mas a gloriosa goleada de 5 a 1 sobre o Paraná ontem à noite não será esquecida pelo torcedor colorado tão cedo. O Beira-Rio explodiu de tanto incentivo, e os jogadores do Internacional exibiriam garra e heroísmo do tamanho da história quase centenária do clube. Tenho orgulho deste time, que teve um jogador (Jonas) desacordado antes de um minuto e tomou um gol aos três minutos. Qualquer um desanimaria ante a possibilidade de ter que fazer quatro gols para seguir adiante na Copa do Brasil. Mas isso o Inter e os 42 mil torcedores que estavam em nosso estádio farão jamais. E ainda tem clube que exalta a tal "Batalha dos Aflitos'. Garra, luta, bravura e futebol foram mostrados ontem diante de um adversário que costuma nos aplicar algumas peças. Viva o Inter e viva a sua empolgante torcida (onde eu me incluo). Juntos, iremos mais longe. Podem esperar.

sábado, 12 de abril de 2008

Poema à boca fechada

José Saramago

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

"Tem um anjo olhando por ele"

No dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia oficialmente sua visita à Holanda, o principal jornal do país, o The Telegraf, dá as boas-vindas afirmando que o brasileiro tem "um anjo" olhando por ele. No longo artigo, publicado na seção financeira do veículo, o jornalista lista os episódios positivos que têm marcado a trajetória de Lula como pessoa e como presidente, desde a vida humilde em Pernambuco até os bons ventos econômicos que têm impulsionado a economia brasileira. "Às vezes, parece que o filho de agricultores tem um anjo aos ombros", diz o jornal.
O presidente deu início nesta quinta-feira à sua visita à Holanda, a primeira escala de um giro que incluirá também a República Tcheca. O primeiro compromisso do dia foi uma cerimônia formal de recepção oferecida pela rainha Beatrix, no Palácio Noordeinde. Lula vistoriou as tropas ao lado da rainha.

Do lado de fora, um pequeno grupo de cerca de dez pessoas, entre brasileiros e holandeses, acompanhou o evento. "Tenho uma namorada no Brasil, em breve ela vem para a Holanda", disse em português o holandês Tom Boon.
Ao lado dele, sua faxineira vibrava com a participação do filho, soldado, um dos responsáveis pela segurança do evento. Já a brasileira Andrea Reis contou ter vindo de uma cidade vizinha para ver o presidente brasileiro, ao lado da amiga Eunice Vieira, moradora de Haia.
"Quer dizer que o Lula vai para o Parlamento depois? Vamos para lá!", disseram as amigas.

Compromissos

Depois dos compromissos protocolares - Lula se encontra ainda com o primeiro-ministro, Jan Peter Balkenende, e com os presidentes das Câmaras alta e baixa do país -, a agenda prosseguirá com um encontro de empresários, em Amsterdã.
O Itamaraty e os próprios ministros têm ressaltado que o objetivo desta viagem é angariar investimentos para recursos de infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sobretudo na área de portos, em que os Países Baixos demonstram excelência. "Queremos seu conhecimento e seu capital", confirmou o presidente, na entrevista ao Telegraf, que assim sintetizou em seu título: "O presidente brasileiro precisa dos Países Baixos".
Na sexta-feira, Lula dá continuação à sua agenda de encontros protocolares e econômicos. Ele embarca à noite para a capital tcheca, Praga, na primeira visita oficial de um chefe de Estado brasileiro desde que o país se separou da Eslováquia, em 1993. Os tchecos presidirão a União Européia a partir de janeiro de 2009, e a aproximação poderia facilitar o diálogo no contexto de negociações entre o Mercosul e o bloco europeu para um acordo de livre comércio.
Como parte da programação em Praga, o presidente Lula visitará a Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa, onde, em setembro de 2007, foi a realizada uma cerimônia de entronização perpétua de réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, em um altar adjacente à famosa imagem do Menino Jesus de Praga.

Fonte: BBC
Foto: Getty Images
Matéria: Pablo Uchoa

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Grêmio me cansa

Definitivamente, estou cansado de dar adeus para o Porto-Alegrense, cujos torcedores teimam em chamar de grêmio. Numa postagem abaixo, eu já tinha me despedido do adversário após a sua desclassificação no Gauchão no domingo. Pensei que o time da Azenha se recuperaria na partida contra o Atlético Goianiense na noite de ontem. Perdeu nos pênaltis para um time da terceira divisão brasileira e está fora também da Copa do Brasil. Quando será o próximo adeus? No segundo semestre, em meio ao Brasileirão? Pelo menos, me dá uma folga....

Jornalismo panfletário

Publicado na Carta Maior

DEBATE ABERTO


Dilma, Simon e um conhecido blog


Ricardo Noblat cobrou de Pedro Simon que fizesse um discurso no Senado denunciando o suposto "dossiê" dos cartões corporativos. O senador gaúcho estava falando de outro assunto. Pediu desculpas ao jornalista e cobrou explicações da ministra Dilma Roussef. Simon sabe qual é o seu exato lugar.


Denunciar irregularidades na esfera pública, com o amparo de sólido trabalho investigativo, é tarefa irrenunciável do jornalismo. Deixar de fazê-lo, sob qualquer pretexto, é recusar os princípios que fundamentam a liberdade de imprensa, assegurada em qualquer regime democrático. Sobre isso não cabe qualquer discussão. É ponto pacífico para os que desejam a solidez das instituições políticas.
Mas, como já frisamos inúmeras vezes, quando a informação deixa de se submeter a outro imperativo que não seja o do aprofundamento democrático, a liberdade desejada se apresenta como sua própria contrafação. É servida, como subproduto de uma vulgata do utilitarismo, para satisfazer os interesses de seus leitores e sócios maiores.
Um jornalismo que se presta à instrumentalização partidária, distorcendo a realidade, infamando quem considera adversário político, usurpa uma franquia do Estado de Direito para funcionar como panfleto de ocasião. Deixa de ser instância fiscalizadora dos Poderes para tentar substituí-los como única instância legitimadora, subtraindo-lhes direitos e deveres. Quando a imprensa vira partido, seja de oposição ou de apoio a qualquer governo, renuncia ao seu caráter republicano, passando a ser ferramenta de interesses escusos. Há dúvidas se merece ainda ser mesmo chamada de imprensa.
É o que parece estar ocorrendo agora com o vazamento de um suposto dossiê contendo gastos feitos com cartão corporativo na época do governo Fernando Henrique. Antes de verificar se foi montado pela revista Veja, useira e vezeira em construir castelos de cartas, parcela expressiva da grande mídia não hesita em atribuí-lo ao Palácio do Planalto.
Há quase três anos, Luciano Martins escreveu um artigo para o Observatório da Imprensa ( "Quando faltam a razão e o direito") que se tornou definitivo pela dinâmica do jornalismo brasileiro. Analisando o que se delineava como tendência no surgimento do " blog do Noblat", o articulista foi preciso:
"A estréia do jornalista Ricardo Noblat, com seu blog político, no Estado de S. Paulo, traz uma lição inestimável para a compreensão do momento que vive nossa imprensa. Traz também uma mensagem claríssima aos jovens profissionais que sonham um dia escrever no outrora vetusto diário paulista.
A constatação é clara: engajada na luta partidária, a tradicional imprensa brasileira, bem representada pelo Estadão, perdeu os últimos pruridos e não se acanha em abrigar um panfleto em suas páginas, desde que venha a reforçar seus propósitos com relação ao atual governo. A mensagem aos jovens também não poderia ser mais explícita: se quiserem ser bem-sucedidos num grande jornal, aprendam a nadar de acordo com a corrente. Se possível, sejam radicalmente a favor de tudo que pensa o patrão. Substituam a ética pela moral do dia, e boa carreira”.

Mudou o veículo (hoje o blog se encontra na sombra da família Marinho) mas a toada permaneceu a mesma. O jornalismo (?) praticado ali comporta não só pleno endosso ao discurso da oposição como, em circunstâncias especiais, busca orientá-la visando à maior eficácia política. Não faltam, é claro, advertências públicas aos que não se comportam de acordo com a orientação da grande imprensa. Afinal, quem, senão ela, pode ser a única instância de intermediação possível? Quem, de fato, é a atora relevante do jogo político? Quem melhor conhece os atalhos que levam à desestabilização de governos eleitos através de coberturas tendenciosas?
Nesse sentido, nada mais pedagógico que duas postagens de Noblat, na sexta-feira, 28 de março. Em ambas, o jornalismo-torcida evidencia quem é quem na esfera pública midiática. Demonstra como se produz o esvaziamento de instituições clássicas de representação para que a imprensa reitere sua centralidade política.
Irritado com um discurso do senador Pedro Simon que, inadvertidamente, sobe à tribuna sem a pauta atualizada, o blogueiro não mede a intensidade da carraspana naquele que tem se notabilizado por um posicionamento incondicional às demandas tucanas. O texto foi ao ar às 9h53m:
"O que faz Pedro Simon (PMDB-RS) que discursa na tribuna do Senado sobre a harmonia das relações entre os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e não diz uma palavra, uma palavrinha só sobre o escândalo do dossiê produzido pela secretária-executiva da Casa Civil da presidência da República contra o casal Fernando Henrique Cardoso e o governo anterior? Será que Simon não leu a reportagem publicada hoje pela Folha de São Paulo? Será que nenhum assessor dele o alertou a respeito? Ou será que ele considera a história mais uma invenção da mídia dita golpista? Ô Simon, atentai bem: não dá para bancar o senador combativo e na hora agá afinar a voz. Não dá para enganar os trouxas o tempo todo".
A irritação obedece à lógica midiática. De onde o senador gaúcho imagina que há espaços para autonomia relativa? Às 11h20m, menos de duas horas após a advertência, Simon passa recibo e expõe o servilismo solicitado. Noblat registra com satisfação:
“Há pouco, Pedro Simon (PMDB-RS) voltou a discursar no Senado. Referiu-se à nota deste blog que cobrou sua omissão diante do fato denunciado hoje pela Folha de S. Paulo - o de que a Secretária-Executiva da Casa Civil encomendou o dossiê (ou "levantamento de dados") contra o governo FHC no caso do uso de cartão corporativo. Simon alegou que o discurso que fizera pouco antes estava preparado há muito tempo. E que ele não lera a reportagem da Folha. Pediu desculpas ao blog. Tudo bem, Simon. Não há de ser nada. Foi erro de sua assessoria, que não o alertou há tempo. É muito raro um político pedir desculpas. Não caberia pedir desculpas ao blog, mas aos brasileiros que assistiam à sessão do Senado transmitida pela televisão. A adesão à humilde ordem dos franciscanos fez bem a Simon."
O que temos aqui não é apenas a tutela da política pela imprensa. Mais que isso, fica evidente como se estrutura a hierarquia no campo conservador. Quem fugir da organização discursiva das oficinas de consenso deve ser advertido e, dependendo da relutância, silenciado.
O velho senador deve fazer sua contrição sem constrangimento. Ou será que ele não se deu conta de que o alvo do denuncismo vai além de Dilma Roussef? O que está em foco é a possibilidade de esvaziar a representação parlamentar do PT a partir de 2010. Para tanto, é preciso minar uma candidatura viável, seja ela qual for, desde já. Veleidades pessoais nessa hora soam absurdas. O jogo é sujo demais para melindres. Simon sabe qual é seu exato lugar.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.