sábado, 21 de março de 2009

Eu nasci colorado



























Eu nasci!
Há quase cem anos atrás.
Sou campeão desse mundo
E de mundo mais ...(duas vezes)

Eu vi Edinho ser crucificado
E renascer pra ficar eternizadado
Eu vi os otomanos pegando fogo
Prá pagarem seus pecados
Eu vi!...

Eu vi Pedro Iarley
Cruzar o Mar Vermelho
Vi D'Alessandro
Cair na terra de joelhos
Eu vi Tite negar ser gremista
Por três vezes
Diante do espelho
Eu vi!...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há quase cem anos atrás
(Eu nasci há quase cem anos!)
Sou campeão desse mundo
E de muito mais...(duas vezes)

Eu vi o Inter
Estraçalhar o Barça
Vi o Boca Juniors
Ser riscado no mapa
Vi o grande Álvaro
Sugando sangue novo
E se escondendo atrás da taça
Eu vi!...

Eu vi os pés de Alex
Driblando calcanhares
Vi Fernandão cabecear
Seus gols pelos ares
Eu vi Índio invadir
Muitas áreas pra fazer festa
No lombo dos adversários
Eu vi!...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há quase cem anos atrás
(Eu nasci há quase cem anos!)
Sou campeão desse mundo
E de muito mais...(duas vezes)

Eu vi a torcida
Que cantava com muita garra
Quando o Inter
Ganhou os jogos na marra
Vi o colorado
Que sonhava com mais taças
Estourando outra champanha
Eu vi!

Eu vi os eternos gols
Sagrados de Valdomiro
Eu fui Carlitos pra
Poder golear os pijamas
Quando todos
Praguejavam contra o Inter
Eu vibrei com mais façanhas ...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há quase cem anos atrás
(Eu nasci há quase cem anos atrás!)
Sou campeão desse mundo
E de muito mais...(duas vezes)

Não! Não!
Eu tava junto
Com os malucos na Popular
Eu bebi vinho
Com as mulheres lá do bar
E quando a bola
Estourou na goleira
Eu quase quebrei a perna
De tanto pular

Eu também...

Eu fui testemunha
Das defesas de Taffarel
Eu vi a estrela colorada
Brilhar no céu
E praquele que provar
Que eu tô mentindo
Eu dou o meu troféu...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há quase cem anos atrás
(Eu nasci há quase cem anos atrás!)
Sou campeão desse mundo
E de muito mais ...(três vezes)

sexta-feira, 20 de março de 2009

"A Escola e a Letra": escritores brasileiros e suas influências



Organizado por Flávio Aguiar e Og Doria, o livro "A Escola e a Letra" (lançamento da Boitempo Editorial), reúne texos de autores brasileiros buscando captar a influência que a escola desempenhou em suas obras. "Quase todo escritor brasileiro tem um professor, um colega, um pedaço de escola a recordar e que aí, ou com esse personagem, se deu algo da escolha de escrever”, resume Flávio Aguiar. "A Escola e a Letra" será lançado dia 19 de março, em Porto Alegre, e dia 1° de abril, em São Paulo.

Quais impressões os mais importantes escritores brasileiros levaram da escola? De que forma os processos de aprendizagem pelos quais passaram deixaram marcas em suas obras? As respostas podem ser descobertas na leitura dos cinqüenta textos que compõem o livro A Escola e a Letra, organizado por Flávio Aguiar e Og Doria, e publicado pela Boitempo Editorial.

São contos, crônicas, trechos de romances e memórias que juntos, formam um panorama dos pontos de vista de autores como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Rubem Braga, Clarice Lispector, Osman Lins, Rubem Fonseca, Vinícius de Moraes, Nélida Piñon, Moacyr Scliar, João Ubaldo Ribeiro, Luis Fernando Verissimo, entre outros, sobre a escola.

O livro tem lançamentos marcados para Porto Alegre e São Paulo. Na capital gaúcha, ocorrerá no dia 19 de março (quinta-feira), a partir das 19 horas, no Teatro da Casa de Cultura Mário Quintana (Rua dos Andradas, 736, 6° andar). Haverá leitura de textos por Flávio Aguiar, Luiz Augusto Fischer e Maria Helena Martins. Em São Paulo, o lançamento será no dia 1° de abril, na Choperia do Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93, Pompéia), com leituras de Flávio Aguiar, Afonso Romano de Sant'Anna, Boris Schnaiderman, Ivan Angelo e Roniwalter Jatobá.

Dividido em quatro partes, o livro está organizado em blocos, por data de publicação dos textos em livros e jornais. São eles:

I – Antes de tudo o mais, que focaliza os povos nativos antes da chegada dos europeus, embora por meio de um texto literário escrito posteriormente;

II – Os tempos coloniais, com textos que vão do século XVI ao final do XVIII;

III – O Império, no qual se encontram textos sobre o tempo em que este era o regime vigente no Brasil, escritos durante o período ou depois dele;

IV – A República, com textos que abrangem as diferentes fases e ditaduras compreendidas dentro do período republicano, de sua instauração aos dias de hoje.

Nas palavras de Flávio Aguiar: “O leitor que empreender a travessia desses textos em seu conjunto sairá com a impressão de que quase todo escritor brasileiro tem um professor, um colega, um pedaço de escola a recordar e que aí, ou com esse personagem, se deu algo da escolha de escrever”.

"A Escola e a Letra" tem projeto gráfico de Ricardo Ohtake e foi padronizado pelas regras do novo acordo ortográfico.

Trecho da apresentação de Flávio Aguiar

“Seja por que prisma for, irônico, trágico, cômico ou lírico, a evocação da escola aparece na pena (hoje teclado ou tela) de um grande número de escritores como a renovação de um compromisso de origem dentro de um processo geral de mudança ou modernização, assolados que somos por tais esforços desde os tempos coloniais.”

Ficha técnica
Título: A Escola e a Letra
Organização: Flávio Aguiar e Og Doria
Projeto gráfico: Ricardo Ohtake
Apresentação: Flávio Aguiar
ISBN: 978-85-7559-114-7
Preço: a confirmar

O legado da ditadura dos generais: fracassos e atrocidades

Celso Lungaretti

Ao completarem-se 45 anos da quebra da normalidade institucional no Brasil, mergulhando o País nas trevas e barbárie durante duas décadas, é oportuno evocarmos o que realmente foi essa nada branda ditadura de 1964/85, defendida hoje com tamanha desfaçatez pelos jornalões, seus editorialistas e articulistas.
Como frisou a bela canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, cabe a nós, sobreviventes do pesadelo, o papel de sentinelas do corpo e do sacrifício dos nossos irmãos que já se foram, assegurando-nos de que a memória não morra - mas, pelo contrário, sirva de vacina contra novos surtos da infestação virulenta do totalitarismo.
Nessa efeméride negativa, o primeiro ponto a se destacar é que a quartelada de 1964 foi o coroamento de uma longa série de articulações e tentativas golpistas, nada tendo de espontâneo nem sendo decorrente de situações conjunturais; estas foram apenas pretextos, não causa.
(...) inexistia em 1964 uma possibilidade real de revolução socialista. Não houve o alegado "contragolpe preventivo", mas, pura e simplesmente, um golpe para usurpação do poder, meticulosamente tramado e executado com apoio dos EUA. Derrubou-se um governo democraticamente constituído, fechou-se o Congresso Nacional, cassaram-se mandatos legítimos, extinguiram-se entidades da sociedade civil, prenderam-se e barbarizaram-se cidadãos.

COMO O ARTIGO É LONGO E EXIGIRIA UMAS QUATRO POSTAGENS, CONVIDO-OS A LEREM SUA ÍNTEGRA EM

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/03/o-legado-da-ditadura-dos-generais.html

quarta-feira, 18 de março de 2009

Centenário do Inter: a festa vai começar

Vai começar a festa do Centenário, colorados. Poucos como a gente têm tantos motivos para comemorar uma trajetória vitoriosa ao longo de 100 anos.
Vamos, Inter!

Prepare-se para o Centenário do Internacional


O Sport Club Internacional preparou uma série de eventos para celebrar o seu Centenário. As festividades não ficarão restritas somente ao dia 4 de abril, quando o clube colorado irá completar 100 anos. Antes, durante e depois da data histórica estão previstos muitos eventos. Confira na agenda:

* Lançamento do ônibus do Inter : 23 de março - 15h

* Desfile da coleção Inter no Donna Fashion: 3 de abril - 18h

* Missa do Centenário na Catedral: 3 de abril - 19h30min

* Virada do Centenário no Beira-Rio: 3 de abril - 23h50min

* Descerramento de Placa no local de fundação: 4 de abril - 8h

* Caminhada Colorada: 4 de abril - 9h

* Jantar oficial: 4 de abril - 20h

* Lançamento Selo dos Correios: 4 de abril - 11h

* Lançamento Medalha da Casa da Moeda: 4 de abril - 11h

* Corrida do Centenário: 18 de abril - 15h

* Triathlon do Centenário: 18 de abril - 9h

* Desfile da Milka: 26 de abril - 20h

segunda-feira, 16 de março de 2009

A excomunhão da vítima

Por Miguezim da Princesa *

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa,
é paraibano radicado em Brasília.

O Batalhao de Letras, de Quintana



A colega Lu Vilella, comandante da Livraria Bambonetras, na Cidade Baixa (Porto Alegre), continua mandando belas sugestões de literatura. Desta vez, está divulgando um clássico do saudoso poeta gaúcho Mario Quintana. Vale a pena ler o que ela escreveu. E ir correndo comprar o livro.



O Batalhão das Letras, de Mario Quintana, é um livro infantil para adulto nenhum botar defeito. A partir da clássica fórmula do "bê de bola", o poeta gaúcho usa todos seus recursos de linguagem para desenvolver versos que alfabetizam enquanto encantam.
O texto segue as novas normas da reforma ortográfica.
Aliando alfabetização lúdica e poesia, há mais coisas para aprender e para apreender do que apenas o alfabeto. Uma delas é a própria poesia. Pois todos os principais recursos dessa linguagem estão aqui realizados à perfeição. Além disso, a estrutura poética utilizada e a sua reiteração tornam tudo evidente, além de sedutor.
As ilustrações merecem um comentário à parte. Por um lado, elas são claras e "infantis", mas por outro lado, não são simples simplificações. Pois incorporam muito do modernismo senso lato, na descomplicação dos traços e da perspectiva, e na exuberante paleta de cores, que às vezes evoca Matisse , às vezes Gauguin .
Quanto à composição, seguindo à risca o jogo de letra-puxa-palavra das quadrinhas, o resultado parece às vezes uma fábula tradicional, às vezes Chagall, como na estrofe do V de vento, às vezes a fantasia ensandecida de Lewis Carroll, juntando xícaras gigantes com peças de xadrez numa toalha idem.
Além disso, as ilustrações propõem um jogo ao leitor: nas imagens desenhadas, descobrir a letra tema daquela página.
Como disse, um clássico!
Nossas crianças bem que merecem.

Título: O Batalhão das Letras
Autor: Mario Quintana
Preço: R$ 19,80

Resposta à ofensa da Folha

Celso Lungaretti

Ao Conselho Editorial da Folha de São Paulo

Dirijo-me a este Conselho na condição de cidadão brasileiro indignado com o falseamento da verdade histórica no editorial Limites a Chávez, de 17/02/2009, quando o regime despótico de 1964/85 recebeu a designação mistificadora de "ditabranda", um escárnio para todos que padecemos sob o pior totalitarismo que este país já conheceu, responsável pela tortura de dezenas de milhares de cidadãos, pelo assassinato de centenas de resistentes (desde os que não suportaram as sevícias até os capturados com vida e friamente executados), por estupros e por ocultação de cadáveres, além de um sem-número de violações dos direitos constituicionais dos brasileiros.

Falo também como vítima direta dessa ditadura, já que fui sequestrado, torturado, lesionado para sempre e coagido a participar de uma farsa televisiva altamente lesiva à minha imagem.

E, ainda, como leitor da Folha a quem é sistematicamente escamoteado o direito de resposta e de apresentação do "outro lado", seja com a concessão de espaços ínfimos no Painel do Leitor para repor a verdade dos fatos em episódios nos quais as versões deformadas ou falaciosas tiveram grande destaque editorial, seja com a total desconsideração por minhas mensagens.

É o que acaba de acontecer, pois a Folha ignorou olimpicamente minha mensagem de crítica ao lançamento do neologismo "ditabranda", meu protesto ao ombudsman (que nada respondeu) e minha mensagem de crítica ao ataque descabido da redação a dois ilustres defensores dos direitos humanos.

Venho reiterar que a Folha deve aos brasileiros um editorial esclarecendo exatamente qual é a sua posição sobre a ditadura dos generais, pois um assunto de tamanha gravidade não pode ser tratado de forma tão apressada e superficial como o foi no editorial de 17/02 e nas notas da redação de 19/02 e 20/02.

E também que deve desculpas aos professores Fábio Konder Comparato e Maria Vitória Benevides, pois é simplesmente ridícula a presunção de que, antes de se pronunciarem sobre a ditadura que vitimou seu país, eles seriam obrigados a um posicionamento público sobre os regimes políticos de outras nações.

A Folha não incidiu apenas no erro da falta de cordialidade, como pretende o ombudsman, mas fez acusações insustentáveis contra dois cidadãos respeitados e ofendeu a inteligência dos seus leitores, ao misturar tão grosseiramente alhos com bugalhos, na linha do besteirol característico de sites fascistas como o Ternuma.

Se a Folha agora quer ter rabo preso com a extrema-direita, que, pelo menos, o assuma francamente. Caso contrário, que reconheça, também francamente, ter incidido em excessos que não definem sua verdadeira posição.

O que não pode é, simplesmente, encerrar de forma unilateral um debate que desnecessariamente provocou e agora se voltou contra si, deixando de dar satisfações e esclarecimentos aos leitores que sentiram-se atingidos por seus textos.

Celso Lungaretti é jornalista.
Edita o blog http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/ Seu email é lungaretti@uol.com.br

domingo, 15 de março de 2009

Semana

Segunda, me inflamo.
Terça, te amo.
Quarta, te vejo.
Quinta, te desejo.
Sexta, te quero.
Sábado, te espero.
Domingo, te sonho.

E quando longe de ti,
só para ti, componho.

JG de Araujo Jorge

sábado, 14 de março de 2009

No dia Nacional da Poesia, um Neruda para vocês

Pablo Neruda

Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Casa de estudante

Eu vi o medo,
Eu notei a insegurança.
Das janelas fechadas, não observei luz.
Das que estavam entreabertas,
uma luz tênue iluminava o que parecia um quarto.
Da casa, saia um. Depois, dois.
Olhavam de um lado, e depois do outro, antes de pisar na calçada.
Das mesas dos bares em frente, saiam muitos e sentavam vários.
E as janelas da casa continuavam fechadas ou entreabertas.
Mas havia vida lá como aqui no bar.
Vidas diferentes, separadas pelo medo de uns e pela ousadia de outros.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Peço excomunhão!

Amigos queridos, depois de receber o e-mail abaixo, também pedi excomunhão ao arcebispo de Olinda e Recife. Mandei uma mensagem assim:
"Solidário aos profissionais de saúde que, no estrito cumprimento do seu dever legal , acolheram apoiaram e realizaram o aborto previsto em lei na CRIANÇA de 9 anos, grávida do padrasto estuprador, solicito à Arquidiocese de Olinda que também me excomungue.
Mais que isto: espero que liste também os estrupadores e abusadores, padres e homens comuns na lista de excomunhão."
Link para envio de mensagens:
> http://www.arquidioceseolindarecife.org.br/faladm.htm

quinta-feira, 12 de março de 2009

Revista científica internacional dedica edição temática ao Brasil



Intercom

Consagrada pela comunidade acadêmica como a revista científica de maior impacto internacional na área, Journalism: theory, practice and criticism, publicada pela renomada editora Sage, está lançando o número 1 do seu volume 10 (fevereiro de 2009), focalizando exclusivamente o Jornalismo Brasileiro.

Sua edição impressa circula simultaneamente na Inglaterra, Estados Unidos, Índia e Singapura, mas o acesso da edição eletrônica é mundial, através do portal http://jou.sagepub.com – tendo como editores os renomados professores Michael Bromley, Howard Tumber e Barbie Zelizer.

O volume especial dedicado ao Brasil foi co-editado por dois pesquisadores brasileiros: José Marques de Melo e Sonia Virginia Moreira, autores do ensaio introdutório “Jornalismo Brasileiro: o estado da pesquisa, do ensino e da profissão”.

O corpo da edição è constituído por 6 artigos científicos assinados por Beatriz Becker e Celeste González de Bustamante (UFRJ) – passado e futuro do telejornalismo -; Cida Golin e Everton Cardoso (UFRGS) – jornalismo cultural -; Francisco Karam (UFSC) – jornalismo em tempo de segmentação -; Heci Regina Candiani (PUCSP) – jornalistas e intelectuais -; José Marques de Melo (UMESP) – pensamento jornalístico -; Sonia V. Moreira e Carla Helal (UERJ) – ensino e profissão.

Os co-editores brasileiros celebram o retorno do Brasil à agenda da comunidade acadêmica internacional, lembrando que isso reflete o interesse que o nosso país desperta nos estudiosos dessa disciplina, justamente pela sua originalidade, criatividade e ousadia.

Estrelas e estrelas




Não, elas não são iguais. Existem as conquistadas, com o coração, com a alma, com suor, com muito amor. Mas algumas são, absurdamente, compradas. Por isso, não valem nada.
As estrelas coloradas valem tudo porque foram conquistadas...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Carta para Dom José Cardoso Sobrinho

*Paulo Gaiger

Ainda bebê, sem opção, conhecimento e discernimento, como milhares de crianças que recém conhecem as fraldas, fui batizado na igreja católica. Alguns oito ou nove anos depois, fui coagido, sem o saber, a cumprir a 1ª comunhão, como tantos meninos e meninas de minha idade: dois atos de violência que ainda se repetem sem que pais e mães reflitam maduramente sobre sua razão e sobre o direito de escolha de seus filhos e filhas. A imagem de um deus todo-poderoso e onipresente, fustigando faltosos, infiéis e pecadores, atemorizou gerações de infantes e ainda contamina o imaginário de milhares de cristãos. Embora durante os muitos anos de minha juventude, eu tenha me dedicado à “militância” cristã, através de grupos de jovens vinculados à teologia da libertação e às comunidades de base, as experiências deste período associadas à constante reflexão, me levaram ao distanciamento da igreja católica e de seu deus, especialmente em razão dos rumos conservadores e infames que o Vaticano foi desenhando em seu nome. À igreja faz falta, sim, mais do que nunca, um Hélder Câmara, um Pedro Casaldáliga, um Evaristo Arns, um Pedro Arrupe. Na ausência deles, hoje prefiro os âmbitos humanistas, eqüitativos, democráticos e éticos, onde construímos caminhos e somos responsáveis por nossas decisões.
Nestes últimos dias, ao ler as notícias da excomunhão da equipe médica e da mãe da menina de nove anos que sofreu um aborto salvador, voltei a pensar sobre esta igreja e seu deus todo-poderoso, onipresente com suas leis cruéis e bárbaras, como tantas vezes o flagramos nas histórias relatadas no antigo e novo testamentos. Dom José Cardoso Sobrinho, tu tens a esse deus como guia. Talvez porque a mulher na Bíblia e, depois, em Agostinho, é só um objeto abjeto, valor de troca, humilhada e culpada do “pecado original”. A ti, arcebispo de Olinda e Recife, vale mais o estuprador, que é macho-homem, que a vítima, menina inocente, de nove anos, que é uma mulher em formação. O fato de eu ter sido batizado e feito a 1ª comunhão na igreja católica, entretanto, não me obriga a comungar esta infâmia protagonizada por ti. Mais uma vez, não posso me omitir frente a outro ato de tirania, de insensibilidade, desamor e de cegueira. Sou sim, solidário com a menina, com sua mãe e com a equipe médica. Não há outra possibilidade humana e de amor. Por isso, Dom José Cardoso Sobrinho, te peço com toda minha dignidade diante de tua igreja tão indigna, que também me excomungue. Excomungue-me, Dom José, porque não desejo ser cúmplice, ainda que involuntariamente, de tamanha injustiça.

* Professor Doutor da Unisinos, cantor, ator e diretor teatral

sábado, 7 de março de 2009

"Medicina está mais correta que Igreja", diz Lula sobre aborto em menina. Concordo com ele...

Menina de nove anos engravidou após sofrer abuso.
Padrasto foi preso.
Arcebispo excomungou mãe de menina e médicos.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista nesta sexta-feira (6) que "a medicina está mais correta que a Igreja" no caso da menina de nove anos que ficou grávida após sofrer abuso sexual e teve a gestação interrompida.
O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe, os médicos e outros envolvidos no aborto.
"Como cristão e como católico, lamento profundamente que um bispo da Igreja Católica tenha um comportamento, eu diria, conservador como esse. Ou seja, não é possível que uma menina estuprada por um padrasto tenha esse filho até porque a menina corria risco de vida. Eu acho que, nesse aspecto, a medicina está mais correta que a Igreja. A medicina fez o que tinha que ser feito: salvar a vida de uma menina de nove anos", disse.
O presidente deu as declarações após a cerimônia de lançamento do programa Território de Paz, em Vitória. Ele afirmou que agora, a menina deverá passar por tratamento psicológico. "Agora, o trabalho psicológico que vai ter que ser feito em cima dessa menina pra recuperar a cabeça dela possivelmente leve décadas para que ela volte à normalidade."
"Vocês viram essa semana, em Recife, um padrasto violentou sexualmente uma menina de nove anos de idade. Nós sabemos que isso acontece e que isso é um processo de degradação da estrutura da sociedade. Se pai e mãe não estiverem bem, pode ficar certo que os filhos não estarão bem. Por isso, pai e mãe têm sempre que dar o exemplo de comportamento", disse.
O caso aconteceu no estado de Pernambuco, mas não na capital, Recife, e sim no município de Alagoinha. O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser pai dos bebês que ela esperava. De acordo com a polícia, a menina sofria violência sexual desde os 6 anos

25 perguntas a GiImar Mendes, presidente do STF

1.O sr. sabe algo sobre o "assassinato" de Andréa Paula Pedroso Wonsoski, jornalista que denunciou o seu irmão, Chico Mendes, por compra de votos em Diamantino, no Mato Grosso?

2.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2000, quando o sr.. era advogado-geral da União?

3.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2004, quando o sr. já era ministro do Supremo Tribunal Federal?

4.Quantas vezes o sr. acompanhou ministros de Fernando Henrique Cardoso a Diamantino, para inauguração de obras?

5.O sr. tem relações com o Grupo Bertin, condenado em novembro de 2007 por formação de cartel? Qual a natureza dessa relação?

6.Quantos contratos sem licitação recebeu o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual o sr. é acionista, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso?

7.O sr. considera ética a sanção, em primeiro de abril de 2002, de lei que autorizava a prefeitura de Diamantino a reverter o dinheiro pago em tributos pela Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino, da qual o sr. é um dos donos, em descontos para os alunos?

8.O sr. tem alguma idéia do porquê das mais de 30 ações impetradas contra o seu irmão ao longo dos anos jamais terem chegado sequer à primeira instância?

9.O sr. tem algo a dizer acerca da afirmação de Daniel Dantas, de que só o preocupavam as primeiras instâncias da justiça, já que no STF ele teria"facilidades" ?

10.O segundo habeas corpus que o sr. concedeu a Daniel Dantas foi posterior à apresentação de um vídeo que documentava uma tentativa de suborno a um policial federal. O sr. não considera uma ação continuada de flagrante de suborno uma obstrução de justiça que requer prisão preventiva?

11.Sendo negativa a resposta, para que serve o artigo 312 do Código de Processo Penal segundo a opinião do sr.?

12.Por que o sr. se empenhou no afastamento do Dr. Paulo Lacerda da ABIN?

13.Por que o sr. acusou a ABIN de grampeá-lo e até hoje não apresentou uma única prova? A presunção de inocência só vale em certos casos?

14.Qual a resposta do sr. à objeção de que o seu tratamento do caso Dantas contraria claramente a *súmula 691*do próprio STF?

15.O sr. conhece alguma democracia no mundo em que a Suprema Corte legisle sobre o uso de algemas?

16.O sr. conhece alguma Suprema Corte do planeta que haja concedido à mesma pessoa dois habeas corpus em menos de 48 horas?

17.Por que o sr. disse que o deputado Raul Jungmann foi acusado"escandalosamente" antes de que qualquer documentação fosse apresentada?

18.O sr. afirmou que iria chamar Lula "às falas". O sr. acredita que essa é uma forma adequada de se dirigir ao Presidente da República? O sr. conhece alguma democracia onde o Presidente da Suprema Corte chame o Presidente da República "às falas"?

19.O sr. tem alguma idéia de por que a Desembargadora Suzana Camargo, depois de fazer uma acusação gravíssima – e sem provas – ao Juiz Fausto de Sanctis, pediu que a "esquecessem" ?

20.É verdade que o sr., quando era Advogado-Geral da União, depois de derrotado no Judiciário na questão da demarcação das terras indígenas, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem as decisões judiciais?

21.Quais são as suas relações com o site Consultor Jurídico? O sr. tem ciência das relações entre a empresa de consultoria Dublê, de propriedade de Márcio Chaer, com a BrT?

22.É correta a informação publicada pela Revista Época no dia22/04/2002, na página 40, de que a chefia da então Advocacia Geral da União, ou seja, o sr., pagou R$ 32.400,00 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o sr. mesmo é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos? O sr. considera isso ético?

23.O sr. mantém a afirmação de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio"?

24.Por que o sr. se opôs à investigação das contas de Paulo Maluf no exterior?

25.Já apareceu alguma prova do grampo que o sr. e o Senador Demóstenes denunciaram? Não há nenhum áudio, nada?

*Renato de la Rocha*

quinta-feira, 5 de março de 2009

8 de março na fronteira - "Um Novo Mercosul é Possível"


A CUT Nacional, ao lado de outras entidades dos movimentos sindical e social dos países que formam o Cone Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), celebra a data com uma grande manifestação internacional na fronteira da cidade de Santana do Livramento (RS) com a cidade de Rivera, no Uruguai. A manifestação foi proposta pela Comissão de Mulheres da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), entidade da qual a CUT é integrante.
Para a Secretária de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, Mara Feltes, o ato internacional que será realizado em Santana do Livramento é uma grande conquista das mulheres trabalhadoras cutistas. "Queremos que, a partir de agora, as nossas bandeiras de luta sejam incorporadas às bandeiras do Cone Sul", frisa.

Ato contra a "ditabranda"

Neste sábado, 7 de março, às 10 horas, ocorrerá o ato de repúdio à Folha de S.Paulo, que num editorial infame qualificou a ditadura militar brasileira de "ditabranda". Os presentes também prestarão solidariedade à professora Maria Victória Benevides e ao jurista Fábio Konder Comparato, agredidos pelo jornal, que rotulou as criticas de ambos ao editorial como "cínicas e mentirosas". O protesto ocorrerá em frente ao prédio da Folha, na Alameda Barão de Limeira, 425, no centro da capital paulista, e reunirá familiares de presos, desaparecidos e torturados pelo regime militar, intelectuais e ativistas dos movimentos sociais e das organizações de direitos humanos.
Todos os que lutam contra a ditadura midiática têm um compromisso militante no sábado. Como afirma Eduardo Guimarães, editor do blog Cidadania, presidente do Movimento dos Sem Mídia e organizador do ato, não dá para se omitir diante da "perniciosa e ameaçadora revisão histórica perpetrada pelo editorial da Folha, num texto que relativizou a gravidade dos crimes cometidos pelo Estado entre os anos de 1964-1985, período no qual a nação sofreu a usurpação de um golpe militar ilegal e inconstitucional". Para fustigar os inertes, ele cita um pensamento do líder negro Martin Luther King: "O que preocupa não são os gritos dos maus, mas o silêncio dos bons".
Cole nos seus recados:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihn7bllpXj4-o-Tlr_nhvD0rn9EUIkOrlUGGg230jGBwmUIqm20Nw2WeEI7NgbJ1Z8HUwy8TH1rIZpBrq-2N3l6DSE_GlU6PG0A07nYn63AzR5A1yHj31IIhKqffi-v1sTlcVYALrmmO0/s320/ato1.gif
Vamos divulgar o ato contra a ditabranda, pois nenhum crime pode ser considerado brando haja vista os resquícios de crueldade ao qual ele foi proposto durante a ditadura militar.
Se a sociedade calar, podemos correr o risco dessa ditadura voltar acontecer!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Internacional prepara a Marcha do Centenário. Nada será igual...



Ainda não foi divulgado oficialmente, mas o Sport Club Internacional prepara um grande evento para marcar o seu centenário. No dia do aniversário - 4 de abril, sábado - vai realizar uma marcha que sairá do Parque da Redenção em direção ao Beira-Rio. Com certeza, será a maior caminhada de um clube em comemoração aos 100 anos. Nenhum colorado pode perder esta marcha, que terá carro de som e a participação dos jogadores do elenco atual e de ex-atletas. Já estou preparado para este dia, que também terá um jantar no complexo Beira-Rio.
Esta é a festa em Porto Alegre, mas acredito que outros eventos semelhantes estão sendo preparados em todos os rincões deste Brasil.
Vamos, Inter!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Gremistas usam o cartão de fidelidade do Inter


Esta é muito boa.
O Inter lançou e os gremistas aderiram em massa ao cartão de fidelidade do colorado. Que continuem assim!

A empáfia tricolor desapareceu. E o Inter foi naturalmente campeão do primeiro turno



Eles contavam com a vitória certa, diziam que o time deles estava mais organizado, que tínhamos apenas destaques individuais. Não foi o que se viu ontem no Beira-Rio. O Internacional venceu o Porto-Alegrense por 2 a 1 e conquistou invicto (oito vitórias e dois empates) a Taça Fernando Carvalho, correspondente ao primeiro turno do Gauchão. Índio - em um potente chuta à queima-roupa - e Magrão - por meio de um grande cabeceio - marcaram para o Inter. Estamos despachando eles a cada jogo: foi a segunda vitória colorada no clássico em 2009 e o primeiro título conquistado no ano do centenário. Agora, o Inter tem vaga assegurada na final da competição. Se vencer a Taça Fábio Koff, equivalente ao segundo turno, o time colorado será declarado campeão gaúcho. Foi a vitória da organização, do desempenho tático de jogadores como Sandro, Guiñazu, Andrezinho e Magrão e da técnica superior de Nilmar, Taison e Kléber. Foi mais triunfo do contestado Tite contra o idolatrado Roth. Venceu o melhor, que teve também na torcida um ponto forte. Agora, vamos avançar na Copa do Brasil e ganhar o segundo turno do Gauchão. E teremos mais taças no armário.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Arrogância gremista continua

Nas ruas, nos bares e na mídia, a arrogância gremista se mantém firme. Apesar dos últimos resultados em Gre-Nais - todos desfavoráveis para o Porto-Alegrense - o grito geral é de que "eles" vão ganhar fácil o clássico de amanhã. Não aprendem a lição, e insinuam que o time deles é melhor. Não acho que o Inter está jogando bem, mas o Gre-Nal é a nossa casa e a torcida pesa muito. Acredito na vitória, mas não estufo o peito dizendo que sou melhor, mais encorcopado, com melhor atributo tático, etc. Esperarei o fim do jogo.

Montevideo, a pequena grande metrópole








No Carnaval, estive em Montevideu com meu filho Marco. Foi uma viagem escolhida por ele - apreciador de outras culturas -, mas eu também aproveitei muito. Fomos em uma excursão terrestre que incluiu ainda Punta del Este e Chuy. Este foi o nosso trunfo. Em outras ocasiões, estive no Uruguay a trabalho e sempre via aérea. Agora, pude conhecer melhor a capital uruguaia e constatei que ela é uma Buenos Aires menor, com cara de capital e estilo de interior. Começamos por um tour pelo centro da cidade e pela sua parte antiga e histórica.
É uma bela cidade, com construções antigas que se espalham por toda a sua extensão. A guia avisou que Montevideo é a cidade com a melhor qualidade de vida na América Latina e a mais arborizada. A primeira parte necessita de comprovação posterior, a segunda eu conferi in loco. É muito verde por todos os cantos. Pequena, Montevidéu concentra a maior parte de seus pontos turísticos próximos ao centro. Assim, os visitantes que se hospedam na região, que dista 24 quilômetros do aeroporto, podem curtir a maioria das atrações a pé ou em pequenos trajetos de táxi, que custam bem menos que no Brasil. No centro se localiza a Plaza Independencia, onde se encontra um dos maiores símbolos uruguaios, o Palacio Salvo, que durante décadas foi o prédio mais alto da América do Sul. Nela, está também o famoso Teatro Solis, em que há grandes apresentações de música erudita.
A praça é o limite para outro tradicional bairro de Montevideo, a Ciudad Vieja, onde se concentram galerias de arte e uma ampla zona comercial. A Puerta de la Ciudadela está em frente à praça mais importante da capital e, conseqüentemente, lugar escolhido para abrigar o monumento, em bronze, granito e cimento, que homenageia o prócer do país, o general José Gervasio Artigas (1764-1850), que liderou os primeiros movimentos de libertação desse território em relação ao domínio ibérico. O mausoléu onde repousam os restos do herói nacional se encontra no subsolo da praça e está aberto à visitação. Há, também, um ônibus antigo que faz o chamado Paseo Historico pelas ruas da cidade. Vale a pena visitar esta pequena metrópole. Nos próximos tópicos apresento mais razões para afirmar isso.

Estádio Centenário, um monumento histórico





Nunca tinha passado pelo Estádio Centenário, um monumento do futebol mundial. Desta vez, fiquei de frente para o majestoso. Mas tive azar porque fazia um tour quando passamos por lá e o Peñarol estava jogando uma partida do campeonato nacional. Deu uma vontade de ficar... No outro dia, voltamos lá, mas era domingo e o museu do futebol estava fechado. Então, só pude tirar fotos externas deste monumento histórico, oficializado pela Fifa. O estádio para 70 mil pessoas foi o primeiro do mundo desenhado especialmente para um campeonato de futebol. Concluído em 1930, recebeu o nome de Centenário por conta da data de sua inauguração, 18 de julho, feriado uruguaio em que se recorda o juramento da Constituição do país, que então completava cem anos. Ali se realizou a primeira Copa do Mundo, em que o Uruguai fois campeão. Está localizado no Parque Battle, onde existem belas praças para outros esportes.

As praias do rio que parece mar




Chama-se La Rambla a avenida costeira em Montevideo, que tem praias de ponta a ponta. Com 18 quilômetros de extensão, tem de um lado o Rio de La Plata e, no outro, a cidade. Suas praias não poluídas dão um toque especial para os turistas, que observam o rio como se fosse o mar. É possível caminhar, pedalar ou simplesmente respirar o ar puro pelas calçadas, todas elas sem interrupção. Assistir ao pôr-do-sol na rambla é imperdível.
Existem várias prainhas, mas a que mais me agradou foi a de Pocitos, no bairro do mesmo nome. Tem bom espaço para prática de esportes, a areia é branca e recebe tanto os moradores locais quanto os turistas. A Praia Buceo permite a prática do windsurfe e é vizinha Museu Oceanográfico de Montevideo (antigo cabaré). A Praia de Punta Carretas é próxima do Centro e abriga um charmoso centro de compras. De uma antiga prisão com muros grossos e fama de inexpugnável, foi erguido hoje um shopping center muito visitado pelos turistas. As praias de Malvin e de Carrasco ficam mais distantes, mas são igualmente lindas e com bela visão da orla. Percorrendo a La Rambla pode-se ver o Hotel Casino Carrasco, sede do Mercosul, e mais adiante a Ponte das Américas.

Mercado del Puerto, o pólo gastronômico da capital






O endereço da boa culinária uruguaia é conhecido de todos os brasileiros que já foram à Montevideo. O Mercado del Puerto, situado na Cidade Vieja (parte velha) da capital é uma sedução para carnívoros como eu. Ali é possível encontrar todos os cortes de carne, dependendo da fome. Meu prato favorito e de 99% dos clientes que vão ao local é a parrillada completa (morcella, molleja, riñones, chincholines, salsicha parrillera, costela e miúdos bovinos) assada na lenha. Tem gente que prefere o delicioso entrecot (contra-filé para nós) ou pescados (paella é uma opção).
O acompanhamento fica a critério do cliente, que pode escolher batatas fritas, saladas e pães (servidos como entrada e cobrados mesmo que ninguém mexa neles). Mas é impossível não pegá-los e comê-los com manteiga. Ah, não dá para esquecer das cervejas - Patrícia, Pilsen e outras. Ou o "medio y medio", drinque à base de vinho, regalo oferecido antes das refeições. Conforme a tradição, um cantor circula entre as mesas e abre o gogó com repertório local. E ali fica até receber a gorjeta.
Para quem não sabe, o Mercado del Puerto foi construído entre 1865 e 1869 para servir de estação de trem, como indica um relógio no seu interior e balada a cada meia hora. Agora, é um pólo gastronômico da capital uruguaia.
Detalhe importante: ali, colorados e gremistas confraternizam e discutem futebol com civilidade.

El Milongón, a mescla de três estilos culturais







Uma visita obrigatória para quem vai a Montevideo é uma visita à casa de espetáculos El Milongón, que reúne tango, milonga, danças folclóricas e camdomble (música e dança típica dos negros uruguaios). O turista pode jantar e assistir ao show de duas horas, ou optar apenas pelo último. O tango, exibido por meio da interpretação musical de artistas locais ou pela dança de casais, é imperdível. Também a música típica, semelhante a dos gaúchos, é bastante apreciada. Violão, tambores, boleadeiras e a pilcha fazem parte do espetáculo. O camdomble é quase um carnaval, com muito batuque, cores, adereços, mulatas e a interpretação de um típico negro uruguaio. Parece um embrião do samba. Vale a pena.

Punta del Este, que já foi dos indígenas e dos pescadores, agora é dos famosos. Mas continua linda...







É impossível ficar indiferente à observação do guia na chegada a Punta del Este, que chama a atenção pela beleza natural e pela sofisticada arquitetura. Diz ele que o local já foi reduto de indígenas, colônia de pescadores e agora é estação de verão de famosos do mundo inteiror. Distante 134 quilômetros de Montevidéu, localizada numa península que avança entre as águas do Rio da Prata e do Oceano Atlântico, no extremo sul do Uruguai, Punta tem uma diversidade de cenários e de atrações que deslumbra todo visitante. São quilômetros de praias, bosques de eucaliptos e pinheiros e,especialmente, belas mansões e hotéis luxuosos. Por quatro meses (de dezembro a março), vira cosmopolita. De uma população local de 10 mil habitantes, salta para mais de 300 mil. É o momento em que o balneário ferve. Cassinos de luxo, desfiles de moda, campeonatos esportivos e intensa programação cultural transformam Punta numa interminável festa que vai além da dobradinha sol e praia.
No porto, já é possível ver a exuberância: milhares de barcos de tiversos tamanhos e preços formam um belo cenário. Nada que espante os lobos marinhos que chegam perto dos pescadores - ávidos por um peixe - e do turistas. Na praia, dá para posar para fotos ao lado de esculturas como a de sereais ou da tradicional mão de pedra emergindo da areia.
Uma das edificações que chamam a atenção é o Hotel Conrad, com 302 quartos, todos com vista para a praia Mansa. Tem quatro restaurantes, cassino -liberado no país - e spa com cinco tipos de massagens, jacuzzi, sauna e piscina aquecida.
O Conrad tem apartamentos de várias categorias, desde o quarto superior até a Suite Conrad, que mede 608 m2, onde já se hospedaram Shakira, Maradona e Fittipaldi. No dia em que estivemos lá, estavam esperando Julias Iglesias. E já anunciavam Liza Minelli.

O fascínio da Casapueblo





A fascinante Casapueblo, em Punta Ballena, foi criada e modelada pelas próprias mãos do artista plástico uruguaio Carlos Paez Villaró, premiado no mundo inteiro. Ele mora lá e seu ateliê fica na parte mais alta da casa, que tem ainda um restaurante e um hotel. A obra arquitetônica é nada convencional e está há 15 quilômetros do centro de Punta del Começou a ser construída em 1958, a partir de um cômodo feito de latas. Mais tarde foi revestido com ripas de madeiras que vinham de navios naufragados. O guia que nos acompanhou disse que Villaron chegou pedir desculpas aos arquitetos pelo inusitado de sua obra.
Vilaró faz de tudo: tapeçaria, pintura em mural, cerâmica, arquitetura, pintura e escultura. A visita é liberada ao público, mediante o pagamento de um valor irrisório considerando-se a qualidade que o visitante usufruirá. Estive lá, quase me perdi e sai revigorado. Vale a pena!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ILHA



Djavan

Um facho de luz
Que a tudo seduz por aqui
Estrela brilhante reluz
Nesse instante sem fim
Um cheiro de amor
Espalhado no ar a me entorpecer
Quisera viesse do mar
E não de você

Um raio que inunda de brilho
Uma noite perdida
Um estado de coisas tão puras
Que move uma vida

Um verde profundo no olhar
A me endoidecer
Quisera estivesse no mar
E não em você

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

Um cheiro de amor
Espalhado no ar a me entorpecer
Quisera viesse do mar
E não de você

Um raio que inunda de brilho
Uma noite perdida
Um estado de coisas tão puras
Que move uma vida

Um verde profundo no olhar
A me endoidecer
Quisera estivesse no mar
E não em você

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Observatório sensato

A sensatez que faltou à mídia brasileira no caso da Brasileira Paula Oliveira - supostamente agredida por nazistas na Suiça - está sobrando aos colunistas do Observatório da Imprensa. Em seus artigos, os colegas lembram que questões básicas do jornalismo, como usar o adjetivo suposta ao episódio da agressão, foram esquecidas. E também lembram que ninguém se preocupou em checar as informações, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Oportunamente, o Observatório dá oportunidade para que seus leitores avaliem o comportamento da mídia no caso. A pergunta e as opções são?


Como avalia o comportamento da mídia
brasileira na cobertura do caso Paula Oliveira?

* Correto

* Apressado

Vá no site http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/
e responda. O resultado até o momento me deixa satisfeito. Ainda há luz nas redações.

Vergonha... Ou um susto?


Ano do Centenário, ano de grandes conquistas. Este é o principal apelo da direção e de torcedores do Internacional para o ano em que o glorioso clube do Beira-Rio completa 100 anos. De muita glória... E o clube parecia preparado para, efetivamente, fazer bonito ao longo de 2009. Lidera o Gauchão, de forma invicta, e já ganhou um Gre-Nal. Temos a maior folha de pagamento do Brasil, e muitos jogadores de seleção. Mais: já fomos de avião fretado ao interior gaúcho e agora, a direção, "investiu" R$ 150 mil em um voo exclusivo para viajar a Rondonópolis para enfrentar um time de quarta divisão, o União. Resultado: o time cuja folha total não se iguala ao salário de Nilmar (ou de Alex, de D´Alessandro, etc) ganhou o jogo.
Foi uma partida em que os milionários jogadores colorados pareciam estar de salto alto ou com o pés colados na grama. O cansaço não pode estar entre as justificativas (afinal, o voo fretado durou apenas duas horas até o Interior do Mato Grosso). Soberba? Amontamento de craques no meio de campo e da área? Preciosismo nos arremates? Pode ser tudo isso e muito mais...
É preciso avaliar as causas do fracasso e tirar lições. Não se faz um time vencedor apenas com grandes craques. A história mostra inúmeros casos. Que o fraco time do União, que não resistirá no Beira-Rio, tenha nos ajudado a refletir. Não dá para ficar achando justificativas senão aquelas que estão dentro de campo. Direção, treinador e jogadores devem assumir suas responsabilidades para que o ano seja efetivamente de festa e não de tristeza. Fora a maldição do centenário.
Foi vergonhoso, mas que tenha sido também um susto!
Que a imagem de Alexandre Lops (acima), da assessoria do Inter, sirva de lição. A torcida colorada é muito grande em todo o Brasil e não merece ficar triste como ficou ontem.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Diploma de Jornalismo: operações Carnaval e Volta às Aulas

Na expectativa do julgamento do recurso que questiona a exigência do diploma como requisito para o exercício do Jornalismo no Supremo Tribunal Federal, a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma prepara a 'Operação Volta às Aulas'. Entre as orientações aos integrantes do movimento, prossegue a de sensibilização da sociedade também no período de Carnaval.

A ampliação do debate na sociedade acerca da importância da exigência do diploma para qualificar o exercício do Jornalismo é preocupação constante da Coordenação Nacional da Campanha. “Com a iminência da votação no STF é fundamental que continuemos promovendo atividades para divulgar nosso movimento e buscar mais apoios, agora especialmente nas escolas, pois estamos em período de volta às aulas”, destaca Valci Zuculoto, diretora da Federação Nacional dos Jornalistas e integrante da Coordenação.

Valci relembra que uma das orientações é de que os apoiadores da campanha busquem contato com os diretores e coordenadores dos Cursos de Comunicação/Jornalismo, como também com as entidades representativas dos estudantes, para realizarem promoções conjuntas como palestras, debates e aulas inaugurais neste início de ano letivo. Para fortalecer o movimento estão sendo produzidas novas peças da campanha que começarão a ser distribuídas nas próximas semanas.

As ações de sensibilização social para a importância da manutenção do diploma como requisito para o exercício da profissão devem incluir, também, o calendário carnavalesco. “Em estados como os do Amazonas, Ceará e Alagoas, os blocos de jornalistas que participaram de eventos de pré-carnaval aliaram a campanha em defesa do diploma ao clima de descontração do Carnaval. Isto também deve ser feito em outros estados nos próximos dias”, diz a diretora.

Continuar promovendo lançamentos e debates sobre a obra 'Formação Superior em Jornalismo - Uma exigência que interessa à sociedade', colocá-la para venda na internet e em livrarias, estimular a postagem de apoios no site da Fenaj e o envio de mensagens aos ministros do STF são, também, ações recomendadas pela Coordenação da campanha. Para acessar peças do movimento, clique aqui.

A Executiva da Fenaj e a Coordenação Nacional da Campanha preparam a organização de manifestações e Dias Nacionais de Luta. O calendário será divulgado em breve.

Fonte: Fenaj

Venezuela: é sempre bom lembrar

Antes que o cartel da mídia aponte os seus canhões para a vitória de Chávez, acho bom adiantarmos alguns argumentos sobre o que foi decidido neste referendo.
Se puder, leia em espanhol o texto "Lo que debe saber sobre el referéndum venezolano y no le explicarán los medios de comunicación", no site da TeleSur.
Faço aqui um pequeno resumo do que me pareceu mais relevante:

1) Com que base legal está baseado o referendo?
A convocação está prevista e baseada na constituição venezuelana em seu capítulo I do Título IX, referente a emendas e reformas constitucionais. Para tal exige o pedido em assinatura de 15% dos cidadãos e de 30% da Assembléia Nacional, com a aprovação da maioria da Assembléia. 6 milhões de venezuelanos e 88% da Assembléia deram sua assinatura, depois aprovada por 92,% dos parlamentares.

2) Mas não se votou a mesma coisa em dezembro de 2007 e a mudança foi rejeitada?
A proposta anterior estava baseada em outro ponto da constituição. Afetava 69 artigos, incluindo a reeleição presidencial, era muito mais ampla.

3) Mas não é ilógico fazer uma nova consulta sobre um ponto que já foi derrotado?
São duas iniciativas de consulta popular diferentes, das tantas que permitem a constituição venezuelana, e não são incompatíveis. E a direita venezuelana não considerou ilógico em 2004 fazer um referendo revogatório para decidir sobre o mandato do presidente, mesmo ele tendo sido eleito dois anos antes.

4) Mas muitos analistas na mídia dizem que o referendo transforma a Venezuela em uma ditadura...
A aprovação da emenda apenas garante que todo cidadão pode ser eleito para qualquer cargo, independente de já tê-lo exercido anteriormente. Vale lembrar que a reeleição sem limitações é norma em 17 dos 27 países que integram a União Européia. Como exemplos temos Tage Fritiof, primeiro-ministro da Suécia por 23 anos seguidos, Helmut Kohl, chanceler da Alemanha durante 16 anos seguidos e Felipe González,presidente do governo espanhol por 14 anos sem interrupção.

E acrescento, para finalizar, que poucos países têm um processo democrático como o da Venezuela, onde a população é consultada com tanta freqüência. Se a mídia quiser bombardear este exemplo, mandem ela cuidar antes de seu quintal. Lembrem sempre que Rosni Mubarack e o rei Abdallah são dois ditadores sanguinários no Egito e na Arábia Saudita, mantendo calados seus cidadãos com a cumplicidade dos EUA e o silêncio da mídia internacional.

Irmã Dorothy: quatro anos de impunidade


Quatro anos depois da morte da Irmã Dorothy Stang, que trabalhava com pequenos agricultores na região de Anapu, no Pará, nenhum dos acusados de serem mandantes do crime foram punidos. O fazendeiro Vitalmiro Moura foi inocentado em um segundo julgamento, realizado em 2008, e Regivaldo Galvão, apontado pelo Ministério Público como responsável direto pelo assassinato da missionária americana, sequer foi julgado. Quis o destino, porém, que Galvão fosse preso no final do ano passado acusado de grilagem e tentativa de comercialização ilegal de terras públicas.

"Irmã Dorothy morreu defendendo os assentamentos de Anapu, em terra pública, do governo. O que me revolta mais, é que o próprio governo, até hoje, faz muito pouco para defender essas terras e as pessoas que vivem ali", afirma o padre Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O trabalho que Dorothy Stang vinha realizando na região também está ameaçado de desaparecer. Seu plano de transformar uma área de cerca de 200 mil hectares em Anapu em modelo de exploração sustentável por pequenos agricultores está paralisado e as terras foram invadidas por fazendeiros e madeireiros.

O Greenpeace tem feito sua parte para manter viva a memória de Irmã Dorothy e sua luta pela atividade sustentável na floresta. Em Belém, durante passagem do navio Arctic Sunrise pela cidade como parte da expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, foi exibido o documentário "Eles Mataram Irmã Dorothy", do diretor Daniel Junge, em auditório do cinema da Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), durante o Fórum Social Mundial, e também em praça pública, na Estação das Docas da capital paraense.

"Os advogados de defesa dos acusados do crime, que tanto chocam as pessoas que vêem o filme, são apenas atores fazendo o seu trabalho. Mas se este filme não alavancar o debate sobre o sistema judicial e a certeza de impunidade que permeia a nossa sociedade atual, eu terei prestado um desserviço à sociedade", disse Daniel Junge, o diretor do filme.

Fonte: Greenpeace

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lição - mal - aprendida em casa

Uma cena grotesca surgiu na minha frente ontem, causando tristeza e revolta. Um menino, com cerca de nove anos, caminhava acelerado, levando o chinelo em uma das mãos. Estranhei a cena. Alguns segundos depois descobri as razões de sua atitude. O guri mirou e acertou em cheio um pássaro que comia um alimento na calçada. Saltaram penas para todos os lados, e a ave nem piou. Ficou inerte no chão até que o seu algoz a pegou e gritou para um amigo postado no outro lado da rua: "Acertei, acertei..." E olhava sua presa com prazer. Eu e outras pessoas protestamos. Perguntamos se aquela era a educação que ele recebera em casa, se sabia que era crime maltratar animais. Ele não se importou, riu de "felicidade", seguiu adiante e jogou o pássaro morto junto a uma árvore. Como se atira um saco de lixo.
Descobri alguns passos adiante que ele estava trabalhando. Sim, um menino com sua idade distribuia panfletos de propaganda nas caixas de correspondência. Não aguentei e novamente o questionei: "Tu sabes que criança não deve trabalhar? Para quem tu estás fazendo isso?" Auxiliado pelo colega, dirigiu uma série de palavrões para mim, antes de dizer: "Vou chamar o meu patrão"! Quis me intimidar. Fiquei triste porque estava diante de uma criança que parecia desconhecer os limites entre o certo e o errado e certamente cometerá infrações maiores quando tiver mais idade. Mas onde estão os pais? Não estão!