
Reconhecido como militante dos direitos humanos e da reforma agrária, morreu ontem em Porto Alegre o cardeal gaúcho
d. Aloísio Lorscheider (foto divulgação). O religioso se identificou com a Teologia da Libertação durante a década de 70, em plena ditadura militar no Brasil, e teria sido um dos candidatos ao papado nos dois conclaves de que participou em 1978. É, portanto, uma figura universal, sendo sua morte notícia na mídia de todos os cantos do Mundo.
Em seu blog, o colega jornalista Luis Nassif afirma que ele era o príncipe da Igreja Católica, que teria perdido um de seus últimos estadistas. Ao lado de dom Paulo Evaristo Arns e dom Ivo, mais à esquerda, de dom Eugênio Salles, mais à direita, representaram o ponto alto da representação política da Igreja Católica no país.Para Nassif, Dom Paulo foi o mais valente. Mas, ressalta, não tinha a capacidade de articulação política e a liderança de Dom Aloisio. Na eleição de João Paulo I, o breve, Dom Aloisio chegou a receber voto do próprio cardeal vitorioso. Com João Paulo 2o, o avanço dos Evangélicos, a Igreja Católica foi perdendo terreno. "Hoje não existe um cardeal com a envergadura política dos progressistas e conservadores dos anos 70", afirma Nassif.
D. Aloísio, arcebispo emérito de Aparecida (SP) e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), morreu aos 83 anos na UTI do Hospital São Francisco, em Porto Alegre. Ele estava internado desde o dia 11, após sofrer um acidente vascular cerebral. De acordo com a CNBB, o corpo de d. Aloísio será velado na catedral de Porto Alegre e o sepultamento será no Convento de Daltro Filho, a 130 km de Porto Alegre. O dia e o horário do sepultamento ainda não foram definidos, segundo a CNBB.