terça-feira, 13 de maio de 2008

As cruzes de Yeda

Revista Carta Capital expõe
esquema de corrupção no Detran


A fraude no Detran e outras agruras enfrentadas pela governadora Yeda Crusius mereceram a matéria de capa da revista Carta Capital desta semana. Na edição especial para o Rio Grande do Sul, a publicação estampa uma foto da governadora com a seguinte manchete: " As Cruzes de Yeda - O esquema de corrupção no Detran atinge auxiliares próximos da governadora gaúcha e complica ainda mais a sua administração".
A reportagem de quatro páginas, assinada pelo repórter Leandro Fortes, disseca o esquema de desvio de recursos do Detran através da contratação de fundações e empresas sistemistas. O lobista Lair Ferst, indiciado pela Operação Rodim, aparece em uma foto ao lado de Yeda em uma atividade da campanha eleitoral de 2006, da qual foi um dos coordenadores. Confira a matéria na íntegra:

A via-crúcis de Yeda

A vida da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB, não tem sido fácil. Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários de servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

Até o fim de 2007, Yeda Crusius reclamava apenas de uma herança maldita dos governos anteriores do PT e do PMDB: a dívida estrutural do estado, origem de todos os problemas políticos enfrentados por ela até ali. Apenas com precatórios (títulos de dívidas judiciais do governo), o rombo do Rio Grande do Sul chega a quase 5 bilhões de reais. Isso porque, nos últimos dez anos, o estado conseguiu pagar menos de 400 milhões de reais – valor inferior à correção da dívida de um único ano.

Para enfrentar o problema, antes mesmo de tomar posse, a governadora anunciou um pacote com aumento de impostos e congelamento de salários, um tal "jeito novo de governar", cantarolado na campanha de 2006, mas transformado em imensa dor de cabeça política para ela e o PSDB. Dois secretários estaduais renunciaram antes de assumir, o vice-governador, Paulo Afonso Feijó, do ex-PFL, foi para a oposição e, seis meses depois, 60% dos gaúchos desaprovavam o governo Yeda Crusius, segundo pesquisa do Instituto Dataulbra, da Universidade Luterana do Brasil.

Mas foi a Operação Rodin, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado, que colocou o governo em outro patamar, o da corrupção endêmica. Trata-se de uma ação criminosa herdada da gestão anterior, do peemedebista Germano Rigotto, e aperfeiçoada no governo tucano, depois da nomeação, pela governadora, de Flávio Vaz Netto para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Em vez de apurar e denunciar a bandalha instalada no órgão pela turma do PMDB, Netto, indicado pelo PP, decidiu se inserir e dominar o esquema. Acabou preso e indiciado, como os demais comparsas envolvidos nas fraudes.

A ação policial desmontou uma quadrilha ligada a fundações de apoio vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para prática de diversos crimes, especialmente contra licitações, no Detran gaúcho. No rastro da operação, a oposição a ela, capitaneada pelo PT, emplacou a CPI do Detran e se apegou, sem provas, a uma denúncia de suposta utilização de 400 mil reais de sobras de campanha, por parte da governadora, para a compra mal explicada de uma casa num bairro nobre de Porto Alegre, logo depois das eleições de 2006.

No epicentro do esquema criminoso investigado pela PF está o empresário e lobista Lair Ferst, figurinha carimbada do PSDB gaúcho, apontado sem ressalvas, por gente do governo e da oposição, como principal operador da engrenagem de arrecadação de fundos da campanha tucana de 2006 no estado. Hoje, a luta de Yeda Crusius é basicamente descolar-se do nome e da má sina de Ferst, um dos 13 quadrilheiros presos na operação e figura proeminente entre os 39 indiciados pela Polícia Federal.

Na base do escândalo estão a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), ambas da Universidade Federal de Santa Maria. A fraude, de acordo com as investigações da PF, do Ministério Público Federal e do Ministério Especial do Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode ter custado 40 milhões de reais aos cofres públicos do Rio Grande do Sul. Para ajudar no caso, a Receita Federal e o Coaf, ligado ao Ministério da Fazenda, foram convocados para garantir acesso a sigilos fiscal e bancário dos indiciados até agora.

Até 2003, o Detran do Rio Grande do Sul realizava os exames práticos e teóricos de direção por meio de um contrato com a Fundação Carlos Chagas (FCC). Ao assumir, o então governador do estado Germano Rigotto nomeou como secretário de Segurança Pública o deputado federal José Otávio Germano, do PP, a quem o Detran ficou subordinado. O secretário Germano não abriu nova licitação e encerrou o contrato com a FCC. Nomeou, então, para o cargo de presidente do Detran um aliado, Carlos Ubiratan dos Santos, e para diretor-financeiro do órgão, Hermínio Gomes Junior. Ambos decidiram contratar, em caráter emergencial, a Fatec, embora houvesse tempo hábil para licitar o processo. Mais tarde, a Fundação acabou contratada sem licitação e tornou-se um quartel-general onde se planejavam os desvios de dinheiro e a distribuição de propinas entre os participantes das fraudes.

De acordo com a investigação da PF, a intermediação do contrato foi feita pelo então reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis, com a ajuda do lobista José Antônio Fernandes e do tucano Lair Ferst. Os delegados do inquérito não hesitam em colocar Ferst como o curinga de toda esta história, baseados nas informações apuradas pelos agentes federais, após seis meses de investigação, inclusive com a gravação de quase 20 mil horas feitas por escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal de Santa Maria, no interior do estado.

Chamado de "companheiro" por Yeda Crusius, Ferst é também politicamente ligado a Carlos Ubiratan, ex-presidente do Detran. Ele é apontado como o responsável pela engenharia de subcontratações feitas pela Fatec, até o fim de 2007, junto a empresas de consultoria (designadas de "sistemistas") formadas por parentes, correligionários e "laranjas". Uma delas, a Newmark, tem como sócios Elci Terezinha Ferst, irmã de Lair, e o cunhado, Alfredo Pinto Telles. Outra, a Rio Del Sur, abriga duas irmãs do lobista tucano, Rosana Cristina Ferst e Cenira Maria Ferst Ferreira. Para a PF, Ferst é o verdadeiro dono das empresas.

Também por intermédio de Ferst, o outro lobista do esquema, José Antônio Fernandes, conseguiu emplacar entre as empresas "sistemistas" a Pensant Consultores, da qual é sócio com dois filhos, Ferdinando e Fernando Fernandes. A quarta subcontratada, a Carlos Rosa Advogados Associados, foi indicação direta de Ubiratan. Entre os sócios do escritório estão Carlos Dahlem da Rosa e Luiz Paulo Germano, conhecido como "Buti", irmão do então secretário de Segurança Pública José Otávio Germano – a quem o Detran estava subordinado.

De acordo com o levantamento feito pela Polícia Federal, as quatro "sistemistas" subcontratadas pela Fatec receberam, juntas, 31 milhões de reais entre 2003 e 2006. Por meio da Fundação, acreditam os investigadores, estabeleceu-se um propinoduto fixado bem no meio das gestões de Germano Rigotto e Yeda Crusius, desvendado graças a uma denúncia anônima, feita no fim de 2007, no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, por um professor da universidade.
Ao se debruçar sobre as atividades de Ferst, a PF descobriu, ainda, que o lobista do PSDB gaúcho também agregou ao grupo criminoso a empresa NT Pereira, administrada por Patrícia Jonara dos Santos, mulher de – sempre ele – Carlos Ubiratan. Em 2006, a firma efetivou um empréstimo, sem garantias, ao mesmo Ubiratan, no valor de 500 mil reais. A operação, de acordo com a investigação policial, teria servido para lavar dinheiro desviado e, posteriormente, utilizado para o pagamento de propinas e formação de caixa 2.

O ex-reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis também conseguiu que uma empresa da família, montada em nome da mulher e dos filhos, acabasse subcontratada por uma das subcontratadas da Fatec, a Pensant, do lobista José Antônio Fernandes. Entre 2004 e 2005, a Sarkis Engenharia Estrutural recebeu da Pensant 74 mil reais por serviços de consultoria. A Polícia Federal investiga, ainda, a participação de outra empresa da família Sarkis, a World Travel Turismo, nas fraudes contra o Detran.

No início de 2007, o esquema sofreria uma ruptura importante com a mudança na reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, mas também por conta dos riscos provocados pela alta exposição dos negócios de Ferst. Entre os tucanos temiam-se, com razão, futuros problemas políticos para a governadora. Arrumou-se, então, um detalhe técnico para tirar a Fatec da jogada. Sob o argumento de aumento nos custos da prestação de serviço, a fundação exigiu mais dinheiro do Detran.

O pedido foi indeferido pelo novo presidente do órgão, Flávio Vaz Netto, recém-nomeado por Yeda Crusius, e, exatamente um dia depois da decisão, a Fundae, também ligada à UFSM, foi contratada. Mas era só espuma. Imediatamente, a Fatec foi subcontratada para prestar parte dos serviços que fazia antes como cabeça do sistema, e com os mesmos executivos. Foi uma forma de manter a quadrilha unida e evitar ressentimentos capazes de expor os movimentos do bando.

Não adiantou muito. Indiciado pela PF, Vaz Netto não aceita ser responsabilizado sozinho pelos crimes e nem ser largado à própria sorte. Nos dias 7 e 14 de abril, ele enviou dois e-mails para o secretário de governo de Yeda Crusius, Delson Martini, com quem tentou marcar uma audiência por 15 dias, sem sucesso. Nas mensagens, interceptadas pela polícia, ele ameaça fazer um "retorno voluntário" à CPI, onde depôs logo depois de ser preso, para falar de "imputações" feitas a ele "cujos pontos são de inteiro conhecimento do governo".

A mudança na rotina de fraudes e desvios no Detran ocorreu porque o novo reitor da UFSM, Clóvis Silva Lima, colocou-se contra a atuação das "sistemistas" e recusou-se a assinar documentos da Fatec, enquanto o esquema de Ferst não fosse desmontado. Por esta razão, Vaz Netto optou por contratar a Fundae, entidade sem ligações administrativas com a reitoria. Sem a Fatec, o lobista Fernandes, dono da Pensant, e Sarkis, ex-reitor da UFSM, perderam influência na quadrilha. Assim como Ubiratan, ao deixar o Detran. Iniciou-se, então, um movimento para afastar Ferst do esquema e deixar os contratos das "sistemistas" nas mãos apenas do novo presidente do Detran. O lobista, é claro, reagiu.

De acordo com informações levadas à CPI do Detran pela Polícia Federal, para sair do esquema, Ferst teria pedido 6% do faturamento mensal dos pagamentos feitos às empresas sistemistas, inclusive à Fatec, o equivalente a 120 mil reais mensais. O dinheiro seria entregue por Rubem Höher, coordenador do Projeto Detran junto à Fundae e sócio da Doctus, nova "sistemista" integrada ao esquema de prestação de serviços do órgão pela fundação, administrada pelo filho dele, Ricardo Höher. Ferst teria recebido os pagamentos por seis meses (720 mil reais), segundo depoimento de Rubem Höher à PF.

Sob o comando de Vaz Netto, o esquema fraudulento do Detran assumiu uma nova configuração. As empresas ligadas à Ferst (Newmark e Rio Del Sur) foram excluídas, mas no lugar delas entraram a Doctus (subcontratada pela Fatec), da família Höher, e a IGPL (subcontratada pela Fundae), também ligada ao lobista José Antônio Fernandes, o mesmo da Pensant. E mais: outro escritório de advocacia entrou na farra, o Nachtigall Advogados Associados, do qual é sócia Denise Nachtigall Luz, esposa de Ferdinando Fernandes – ele mesmo, filho de José Fernandes, da Pensant.

Como em uma disputa de máfias, a família Fernandes se sobrepôs ao poder da família Ferst no esquema de fraudes do Detran, a partir do segundo semestre de 2007. Isso porque, de um lado, a Pensant, conforme contrato firmado com a Fundae, passou a abocanhar 14% do faturamento da prestação de serviço no órgão (em torno de 2,5 milhões de reais por mês). De outro, aumentou a participação com o ingresso da IGPL e do escritório Nachtigall. As investigações tocadas pelo Ministério Público Especial do TCE, no entanto, obrigaram o Detran a rever essas contratações. À frente da autarquia, Vaz Netto fez novas adequações contratuais e realizou reuniões para tratar, também, de troca de linhas telefônicas por conta de uma preocupação flagrante com escutas.

Mais adiante, Vaz Netto optou, ainda, por se livrar da família Fernandes. Para tal, rescindiu os contratos com a IGPL e a Nachtingall, firmados pela Fatec (esta, é bom lembrar, subcontratada pela Fundae), mas permitiu a entrada de outra empresa, a Pakt. Curiosamente, a nova "sistemista" tinha como sócios quatro funcionários da Fatec – Luciana Carneiro, Marilei de Fátima Brandão Leal, Damiana Machado de Almeida e Fernando Osvaldo Oliveira Júnior. Mais estranho ainda, apurou a PF, é o fato de Luciana Carneiro ser secretária-executiva do Projeto Detran na Fatec e responsável pela proposta de rompimento do contrato com a IGPL. Na mesma investigação, a PF descobriu, por meio de interceptação de e-mails, o plano de contratação de outro escritório de advocacia, o Höher & Cioccari Advogados, da família Höher, dona da "sistemista" Doctus. Ou seja, a quadrilha criou uma espécie de rodízio criminoso para se perpetuar no esquema.

Em um dos momentos mais tensos da crise, na semana passada, o delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil no governo do petista Olívio Dutra, depôs na CPI do Detran e acusou Yeda Crusius de ter recebido 400 mil reais de Ferst para comprar uma casa em Porto Alegre. O dinheiro seria sobra de campanha da eleição de 2006, arrecadado em esquema de caixa 2. Tubino, na verdade, verbalizou uma fofoca antiga nos meios políticos gaúchos. O delegado costuma atirar para todo lado. Ainda no governo do PT, ele chegou a acusar Dutra de se beneficiar com dinheiro da máfia do jogo do bicho no estado.

Assessor de imprensa da governadora tucana, o jornalista Paulo Fona não vê sentido algum na acusação de compra da casa. "Isso é uma politização absurda", diz Fona. De fato, ele tem um argumento poderoso: um documento da Polícia Federal no qual é negada a existência de qualquer investigação sobre a casa da governadora. No papel, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, apoiado em ofícios dos delegados responsáveis pela Operação Rodin, Sérgio Busato e Gustavo Schneider, afirma desconhecer a origem das declarações feitas pelo delegado Tubino na CPI do Detran. Yeda Crusius, no entanto, ainda não se livrou da suspeita de ter se beneficiado com dinheiro de caixa 2 arrecadado pela quadrilha do Detran, base das acusações feitas pela oposição na CPI do Detran. A PF só analisou, até agora, 20% das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.

A informação do delegado sobre a casa de Yeda Crusius ganhou força por agradar a oposição, mas também por conta de um acontecimento paralelo. No mesmo dia do depoimento de Tubino, o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Ariosto Culau, foi flagrado por repórteres do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, enquanto tomava chope em um shopping com Ferst. Segundo diálogo reproduzido pelo jornal, Culau foi ao lobista para acalmar e dar apoio ao aliado tucano. O secretário foi demitido. Para o presidente da CPI do Detran, o deputado estadual Fabiano Pereira (PT), a intenção era mesmo a de manter Ferst sob controle. "Foi um deboche", afirma.

Fabiano Pereira também não está numa cruzada fácil. Dos 55 deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 35 votam com Yeda Crusius. A base governista é formada por parlamentares do PSDB, PTB, PP e PMDB. A oposição conta uma base flutuante de 19 a 20 deputados, a depender do tema de votação, porque um dos parlamentares, do PDT, costuma fechar também com o governo estadual. E há três deputados do ex-PFL, ligados ao vice-governador, instados a votar, eventualmente, contra a governadora. É uma confusão e tanto.

Na CPI, o equilíbrio de forças também é precário. Dos 12 integrantes, cinco estão, normalmente, com a oposição, e sete com o governo. Mas quando há empate, vale o voto de Minerva do presidente da comissão, que é do PT. Não tem sido fácil, portanto, vencer os governistas. Por duas vezes, o plenário da CPI refutou a tentativa do deputado Fabiano Pereira de prorrogar os trabalhos da comissão. Sem essa prorrogação, dificilmente a oposição vai ter fôlego para dar conseqüência às denúncias do Detran. "Não queremos que isso seja uma guerra entre oposição e governo", afirma Pereira. "Estamos divididos entre os que querem e os que não querem investigar o caso."

Por Leandro Fortes - Revista Carta Capital.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe, um anjo pertinho de nós

Está certo: o dia é comercial. Mas somos levados pela onda e no dia das mães queremos estar perto da nossa. Retribuindo o olhar que ela sempre dirige a nós e lhe oferecendo o mesmo carinho que ela nunca deixa de nos dar.
Na figura de minha querida Suely (foto acima, com netos), com quem estarei amanhã, quero homenagear a todas amigas que tiveram o privilégio de serem mães.
Verdadeiramente, vocês são anjos porque tiveram a ousadia de dar a vida a alguém. Nada pode ser mais belo.
Parabéns e um beijo no coração de cada uma!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Olha o destaque do jornal!


Quem diria: a oposição desastrada ajuda a ministra Dilma a se firmar como candidata a presidência. Não sou eu que estou afirmando: é notícia do Jornal de Brasília. E opinião de diversos colunistas e bloqueiros avessos ao Governo Lula. O que já sabíamos no Rio Grande do Sul - a competência de Dilma - o restante do Brasil começa a conhecer.

A MULHER QUE NÃO É BOLA PARA SER ENCAÇAPADA

Laerte Braga


O senador José Agripino Maia, do DEMocrata do Rio Grande do Norte, em 1979, em plena ditadura militar, filiou-se ao PDS que sucedeu a ARENA, partidos do regime de terror implantado no País em 1964.
O senador descende uma família que se alterna no comando do seu estado ao longo de décadas, no velho esquema de oligarquias que juntam latifúndio e empresários no Nordeste do País.
Houve um tempo que a gente da FIESP/DASLU costumava dizer que para o Brasil crescer era necessário "doar" o Nordeste para livrar-se de um "peso". Eu me recordo que a cantora Elba Ramalho, um exemplo de ser humano, deu uma resposta devida e precisa sobre o preconceito manifesto contra nordestinos.
Euclides da Cunha, engenheiro, militar e escritor, deixou a afirmação "o sertanejo é antes de tudo um forte".
É claro que ao longo da história do Brasil figuras como Agripino Maia, que nunca trabalharam na vida, ou fizeram coisa alguma que não beneficiar-se do poder (os Andradas, por exemplo, vieram para o País em navio chapa branca junto com a família real como afirma um amigo que muito prezo), não pode pensar diferente do que ele pensa.
É um dos donatários dos grupos que escravizaram durante séculos o Nordeste e tentam manter esse poder a todo custo.
Integra a corte, a elite, faz parte da pior espécie de gente que existe. A que não tem princípios e nem valores. São a um só tempo, embora possa parecer um contra senso, amorais e imorais.
Foi por isso que com aquele olhar cínico, debochado, imperturbável de todo mau caráter, que fez a pergunta que fez a uma figura humana notável, a ministra Dilma Roussef.
Dilma, como tantos brasileiros, pegou em armas contra a ditadura. Como tantos brasileiros passou anos presa quando foi submetida a torturas violentas e degradantes e se manteve altiva, corajosa, íntegra e acima de tudo humana.
Maia não sabe nem o que isso quer dizer. Altivez, coragem, integridade e ser humano. Nunca teve e nunca foi.
A resposta da ministra Dilma Roussef dada ontem ao senador (putz, é o cúmulo isso) resgata o notável valor da mulher brasileira, mas acima de tudo, do ser humano capaz de se manter como tal, não importa quantas pastas tenham sido abertas e nelas guardadas as mentiras e as montagens seja da ditadura, seja de figuras como Maia, ou de quem quer que seja, no modelo desumano, cruel e perverso de hoje.
O que transforma o real em irreal.
A resposta de Dilma Roussef deveria ser exibida em cada escola do País, em cada casa, para que cada jovem e cada cidadão pudesse ter diante de si uma realidade que tentam ocultar a qualquer preço, pois não querem seres humanos, querem robôs. E pudessem enxergar e perceber que aqui existem pessoas cuja bravura e caráter são reais

Pode ser vista e ouvida em http://www.senado.gov.br/tv/noticias/quarta/tv_video.asp?nome=CO070508_7
e:
http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg

É claro que a pergunta foi colocada na boca de alguém que se preste a qualquer papel e Agripino Maia se presta a qualquer papel. Condição básica para fazer a pergunta que foi feita à ministra Dilma é a absoluta falta de caráter e Maia não tem nenhum. É produto de uma oligarquia, não anda e nem pensa pelas próprias pernas.
Mas, de alguém que seja DEMocrata (sucessores dos partidos da ditadura) e ligado aos tucanos (PSDB) opositores disfarçados da ditadura.
Em meio a generais como Augusto Heleno, defendendo interesses de potência e grupos estrangeiros em nosso (nosso?) País. A assassinos absolvidos como o mandante do crime contra a missionária Doroty Stang. Ou a quadrilheiros grileiros que ocupam terras de índios (não são gente na cabeça dos vários agripinos maias espalhados pelo Brasil, ou ex-Brasil), a resposta da ministra Dilma é mais que um ato de dignidade e bravura.
É a reafirmação que nem todas as pessoas são como bolas que se deixam encaçapar em mesas de sinucas, em nome de um mundo real que não existe. Podem até ser decentes, mas lhes falta a alma que Dilma Roussef resgatou em sua resposta.
E mais, Dilma Rousssef, independente de Lula, ou o governo, conferiu dignidade ao ser lutador, ao ser íntegro. Resgatou uma pequena janela de uma história que precisa ser contada aos brasileiros para que se possa perceber que tipo de cobra venenosa existe em cada Augusto Heleno, em cada Agripino Maia, em cada VALE/ARACRUZ. Em cada Zé Pastinha, que é apenas conseqüência, produto desse modelo imoral e amoral. Mas nem por isso deixa de ser canalha. É só extensão menor.
Se Dilma tivesse dito o que o senador chama de "verdade", aos "patriotas fardados" que a torturaram, Agripino Maia teria, ontem, dito que Dilma foi uma delatora. Que entregou companheiros. Como foi o contrário, Dilma tem a estatura humana e moral que Agripino não tem, por isso não pode saber o que foi a luta travada contra a ditadura, fez a pergunta que fez. Era um deles. Continua a ser.

É a medida de um ser repulsivo. Agripino Maia.

É a dimensão gigantesca de uma pessoa admirável. Dilma Roussef.

E essa diferença é o imprimatur que os filhos de cada um carregam em seus genes.

Indignação geral com absolvição de fazendeiro

Como era de se esperar, o Brasil e o Mundo ficaram indignados com a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do assassinato da missionária norta-americana Dorothy Stang. Em julgamento anterior, ele tinha sido condenado a 30 anos de prisão. Entidades nacionais e internacionais estão protestando contra o absurdo, e o presidente Lula se disse indignado, embora tivesse o cuidado de não criticar diretamente a Justiça de Belém (PA). Mas tudo pode mudar novamente: a Comissão Partoral da Terra (CPT) e o Ministério Público pedirão a anulação da sentença. Que se faça Justiça.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DILMA X AGRIPINO: RESPOSTA DE UMA MULHER DE HONRA

Agripino desatinou


Do blog da cientista política Lucia Hippolito.

Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.

A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.

Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.

Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.

E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.

Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.

Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.

Mas não foi isso o que se viu e ouviu.

O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.

Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.

A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.

Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar. Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.

Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.

Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.



terça-feira, 6 de maio de 2008

Pobre na cadeia, rico nos braços da Justiça

Se alguém duvidava da diferença entre o pobre e o rico na hora de enfrentar a Justiça é bom ler o noticiário que começa a ser divulgado de forma lenta pela mídia. Alguns veículos nem vão se preocupar com o fato. Vejam só o absurdo: o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de envolvimento na morte da missionária americana Dorothy Stang, foi absolvido hoje em julgamento no Fórum Criminal de Belém (PA). A missionária americana foi morta a tiros, há três anos, na localidade de Anapu, no sudeste do Pará. Bida havia sido condenado a 30 anos de prisão em outro julgamento como mandante do crime.

O júri entendeu que o fazendeiro não teve participação na morte de Dorothy e o absolveu por cinco votos a dois. Já o pistoleiro Rayfran das Neves foi condenado por unanimidade a 28 anos de prisão, um ano a mais do que no julgamento anterior. Uma das qualificadoras do homicídio, crime mediante promessa de pagamento, foi retirada. Ele confessou ao júri ter executado o crime. Durante o julgamento, o réu confesso Rayfran das Neves negou as versões dadas nos 13 depoimentos prestados por ele anteriormente, para a polícia e à Justiça, assumindo sozinho a autoria do crime. Ele isentou Bida de envolvimento no crime e assumiu sozinho a autoria da morte da missionária.

A coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Luiza Virgínia Moraes, disse que o grupo está indignado com a decisão. "Nossa reação é de muita indignação. É muito fácil condenar o pistoleiro, que é uma pessoa pobre, e absolver o fazendeiro, que tem maior poder aquisitivo", afirmou.

Foto: Luciana Cavalcante/Especial para o Terra

segunda-feira, 5 de maio de 2008

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. É Inter campeão!







O título acima só confunde quem não é torcedor do Sport Club Internacional, glorioso campeão gaúcho na tarde chuvosa de ontem. Quem achava que teríamos dificuldade de passar pelo Juventude não viu este time de impor diante de dificuldades piores, como os títulos da Libertadores contra o São Paulo e Mundial ante o Barcelona. Ninguém acreditava no colorado. Só nós sabíamos que a alma rubra é mais forte diante de adversidades. Quando vencemos o Paraná por 5 a 1 depois de perdermos por 2 a 0 em Curitiba, mostramos do que somos capazes. E os 8 a 1 de ontem nos dão força para brigarmos ainda mais na Copa do Brasil. Que venha o Sport na quarta-feira. Nas fotos, momentos da gloriosa jornada. Numa delas, eu estou de touca vermelha. A verde foi varrida pelo ciclone colorado.

domingo, 4 de maio de 2008

É hoje, Inter


Nem mesmo a chuva que caiu em Porto Alegre desde sexta-feira me afastará do jogo contra o Juventude hoje. A social, que é exibida na foto acima, é meu lugar, Dali, verei a rede dos caxienses ser estufada várias vezes.
Vamos, Inter!

Eu acredito em ti
.

A verdade de FHC

A amiga e companheira Márcia Balmberg enviou material precioso, que considero importante dividir com vocês. Eis aí uma entrevista com FHC - dividida em duas partes - que não saiu em nenhum telejornal, revista ou jornal brasileiro. Por que será que a mídia não mostra o ex-presidente desnudo em uma entrevista fora do Brasil? Se tiverem tempo, vale a pena ouvir...

1ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=o0t2i5mv1cs

2ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=30O47FolIbI&feature=related

sábado, 3 de maio de 2008

Saber amar

Arthur da Távola

Cuidado com quem ama! Mas cuidado maior com quem sabe amar! Quem perde um amor perde menos do que quem perde alguém que sabe amar.

Saber amar não é depender. Não é ser servil. Não é viver agradando. Não é fazer o que o outro quer. Saber amar é ter as reações certas, de compreensão e crítica. É ocupar todo o seu lugar no espaço, no tempo do sentimento e da emoção do outro.

Saber amar é até saber desistir.

Saber amar é aquela parte que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro que um dia saberá amar. E a encontrando tem paciência, afeto e tolerância. A menos que descubra que ela não merece. Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias, bravura raramente presente em quem apenas ama.

A situação é de calamidade no RS





Como tinha relatado em tópico anterior, fiquei preso em casa por causa da ventania e da enxurrada provocada pelo ciclone extra-tropical que chegou ao Rio Grande do Sul na sexta-feira. Aos poucos, fui identificando na grande mídia e nos sites populares o alcance dos estragos. No www.noticiasdobairro.com, a colega jornalista Simone Moro de Souza diz que o bairro Lami, na zona sul de Porto Alegre, amanheceu embaixo d água. Ruas e estradas principais ficaram interrompidas por quedas de árvores e alagamentos. Muitas pessoas não puderam ir trabalhar porque os ônibus não passaram.
Em alguns locais, segundo o site, as pessoas só puderam sair de casa de barco. Foi o caso da Lúcia e de sua sobrinha Mariana que tiveram que ser resgatadas pela lancha do seu vizinho Cláudio. A estrada de acesso ao sítio virou um grande lago e assim a casa, os carros e os animais ficaram ilhados. O marido e o pai da Mariana, seu Arlindo preferiram ficar na casa junto com as cabras para cuidar dos pertences. Lúcia e Mariana foram levadas para casa de parentes em Ipanema.
As fotos acima, captadas por Simone, mostram o quadros de desolação.
E isso acontece em pleno governo do prefeito José Fogaça. Diziam que estes alagamentos privilégio dos 16 anos em que o PT permaneceu no poder em Porto Alegre.

Vamos, vamos Inter!


Os colorados cantam "vamo, vamo Inter", mas eu sinto a obrigação de escrever corretamente. Por isso, dentro de 24 horas, "vamos Inter".
Quero este campeonato gaúcho. E, mesmo com chuva, o Beira-Rio estará lotado, como na foto acima. Eu estarei lá de qualquer jeito.

Que ciclone!

Um ciclone extratropical invadiu o Litoral do Rio Grande do Sul na sexta-feira e provocou ventos superiores a 100 km/h e muita chuvarada. Só saiu de casa quem tinha alguma atividade inadiável. A fúria do fenômeno provocou queda de árvores, de postes, de barrancos e tudo que encontrou pela frente. Casas foram invadidas por árvores e pelas águas, e ruas foram interrompidas por quedas diversas.
A região Leste gaúcha, englobando as praias do Litoral Norte e a Grande Porto Alegre, foi a mais atingida. Acordei por volta das 3 horas da madrugada deste sábado sobressaltado com a ventania que vinha a rua e parecia querer avançar apartamento adentro. A luz tinha sido cortada. Não dormi mais, liguei o rádio de pilha e soube dos estragos em diversos municípios. Somente agora há pouco dei uma volta no Parque da Redenção, um dos dos maiores de Porto Alegre, e notei parte do estrago. Diversas árvores, como a da foto, tinham sido arrancadas do chão. Em outros locais, onde havia residências, as perdas foram maiores. Que este ciclone volte para o oceano...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Músicas de luta


Este é o tipo de espetáculo que eu não perco. E convido os amigos gaúchos e os viventes de outras paragens que andarem por aqui a também comparecerem. Os músicos são da melhor qualidade, assim como as canções por eles interpretadas. O cartaz acima já diz tudo. Clique nele para ampliar.

Clube do povo já era

Sou colorado há 52 anos, vou ao Beira-Rio desde 1973 e devo ter assistido mais de mil partidas no nosso estádio. Muitas delas com quase 100 mil torcedores. Hoje, cabem 56 mil pessoas no complexo, e o clube tem 68.679 sócios desde ontem. A meta alcançada é motivo de rigozijo porque coloca o Internacional entre os 10 clubes com maior número de associados no mundo. No entanto, esta situação causa um grande problema na medida em que transforma o outrora "clube do povo" em uma instituição elitista. Só os que podem pagar mensalidade e ingresso em cada jogo têm direito a ver as partidas in loco.
O título acima saiu da boca de um torcedor que não é sócio, ficou na fila durante horas e voltou para casa sem o ingresso. Certamente não poderá assistir a final do Gauchão contra o Juventude pela televisão porque ela será transmitida por um canal fechado. O povo não tem condições de também pagar a Net. Um dirigente do Inter teve a cara de pau de dizer que o Inter continua sendo o clube do povo e se orgulha de sua origem. Mas argumenta que a realidade é outra.
Não posso concordar porque sempre assisti aos jogos da social e ficava feliz em ver gente humilde, de pé na popular, gritando pelo Inter. Estas caras não são mais vistas no Beira-Rio. Por quê? Para ser Sócio Campeão do Mundo, o torcedor desembolsa R$ 20 e vai a pelo menos dois jogos por mês, pagando mais R$ 30,00 (o ingresso mínimo para sócio custa R$ 15). Se for de ônibus, desembolsará mais R$ 8,40. E certamente gastará R$ 30 com lanches e bebidas nestes dois dias. Total: 88,40, ou 21,3% do salário mínimo (R$ 415).
Tenho lido barbaridades na Internet, como a de um guri que afirmou o seguinte : "Futebol não é para pobre." Os antigos ocupantes da coréia eram gente humilde, do povo, e por isso pagavam o equivalente a R$ 5 hoje. Nem por isso o Inter deixou de armar grandes esquadrões, reunindo jogadores como Falcão, Figueroa, Carpegiani, Escurinho, Caçapava, Manga, Marinho, Valdomiro, Lula, Mauro Galvão, Benitez, Jair e Mário Sérgio. Foi tricampeão brasileiro na década de 70, sendo uma das conquistas de forma invicta. Sou sócio, continuarei a ser e não deixarei de ir ao Beira-Rio. Mas não posso concordar com a elitização do clube do povo, que já aposentou a coréia e constrói camarotes a cada semestre.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Barbaridade: Roberto Civita quer imprensa acima da lei

http://blogdomello.blogspot.com/2008/04/roberto-civita-quer-imprensa-acima-da.html

Ainda a respeito da Conferência sobre Liberdade de Imprensa, que está acontecendo na Câmara dos Deputados, em Brasília, destaco outro trecho da reportagem de O Globo, hoje:
O presidente da Editora Abril, Roberto Civita, afirmou que nenhuma lei deve restringir a atividade dos meios de comunicação. Ele disse que a auto-regulação e a livre concorrência são as melhores formas de evitar eventuais abusos ou distorções na circulação das notícias.

- Na imprensa, quanto menos legislação, melhor. Todas as vezes em que se tenta legislar ou enquadrar atividades que deveriam ser livres, a democracia corre riscos - alertou.

Essas, segundo O Globo, são palavras do homem que já afirmou que a revista Veja, publicada pelo grupo presidido por ele, tem que se curvar ao desejo de seus leitores por uma revista indignada, que pegue pesado. Da revista especialista em assassinatos de reputação, como tem mostrado o dossiê Veja. Da revista que tem um blog infame, que usa de todos os artifícios para ofender, difamar e desqualificar os que pensam de forma diferente.
Quer dizer, então, senhor Civita, que se deve liberar geral, pois a livre concorrência entre vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) e a auto-regulação também exercida por vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) seriam suficientes para garantir a liberdade e a democracia no Brasil?
Mas, como assim, liberdade, se as Organizações Globo detêm 70% dos investimentos em publicidade e propaganda, e são praticamente monopolistas no Rio de Janeiro, por exemplo, com a concentração de rádios, TV, jornais e internet? Como assim, liberdade, se a Abril detém hoje o monopólio da distribuição de revistas em bancas, com uma concentração de absurdos 100%?
A liberdade de imprensa deve ser total, assim como a liberdade de expressão de todo cidadão brasileiro. Sem censura prévia. Mas dentro dos limites estabelecidos em lei. Portanto, todos devem responder pelo que afirmam, informam, fazem.
Sem Lei há o império do mais forte. É isso o que vocês pretendem. Agir sem limites. Mas, por quê? Quem lhes concedeu esse direito?
Na democracia representativa, só quem tem opinião absolutamente livre, sem restrição alguma, são os eleitos pelo povo, em votação direta. Estes não podem ser condenados por delitos de opinião.
Candidatem-se, elejam-se e falem à vontade. Como jornalistas, são cidadãos comuns, como qualquer de nós.

Tema da vitória



Versão do Sport Club Internacional

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Eu nunca me esquecerei
Dos dias que passei
Contigo Inter

Colorado é coração
trago amor e paixão
Pra sempre Inter

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Dia do trabalhador, dia de luta

Neste 1º de maio tem muita gente fazendo festa em praça pública. Entidades comemoram o Dia do Trabalhador com shows, como se tudo fosse um mar de rosas. Não é! Este é um dia para refletir e para garantir a luta diária por dignidade no local de trabalho. É preciso manter e ampliar as conquistas, sem as quais seremos meros robôs. Ou escravos. Em homenagem a nós, trabalhadores, deixo registrado o seguinte poema:

MEU MAIO

(Vladimir Maiakovski)

A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua -
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - Este é o meu maio.
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro - Eis o maio que eu quero.
Sou terra - O maio é minha era.

NÃO SE PODE ESCREVER A HISTÓRIA DO BRASIL SEM MOLHAR A PENA NO SANGUE DO RIO GRANDE

O COMEÇO DA BRIGA

- O senhor foi intimado para depor sobre a violenta briga acontecida ontem no seu armazém no Iguariaçá. Três mortos, oito feridos, um horror...

- No meu bolicho, seu delegado? Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate. Por sinal que...
- Não desvie do assunto. Como e por que começou a briga?

- Bueno, pos então, historemo a coisa. Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada. O doutor entende: Peonada no más, locos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim. Que por sinal...

- Continue, continue, deixe o turco em paz.

- Pois então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns quinze home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe.

O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca Feia não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo no lombo, um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna.
Um irmão do Sarna acho que chateado com aquilo pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido.
Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero, meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada.
Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito -se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?

- Acho, sim. Mas e aí?

- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo. Saquemo os talher. E foi aí que começou a briga...

(*) o dicionário com as palavras não entendidas é o gaúcho mais perto.