quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ao lado das taças, com orgulho


Ontem estive no Beira-Rio e fiz algo que almejava faz tempo. Me deixei fotografar ao lado dos troféus da Libertadores e do Mundial Fifa. O guardião dos importantes das taças aceitou clicar, mas avisou que eu não poderia tocar em nada. Cumpri o trato, mas confesso que deu uma vontade de abraçar os objetos que representam as maiores conquistas do meu Sport Club Internacional. Na foto acima, da esquerda para a direita, estão as taças da Dubai Cup, do Mundial e da Libertadores da América, além de um belo prato desta última competição.

Novo vizinho, nova realidade

Um posto de gasolina e três casas não farão mais parte do cenário da rua Lima e Silva, aqui perto de casa. No lugar, em frente ao centro de compras Nova Olaria, será construído um moderno edifício com 14 andares destinados a moradia. Serão apartamentos de um, dois e três dormitórios com áreas entre 49 metros quadrados e 83 metros quadrados. Tudo pequeno, mas moderno, luxuoso. Assim vivem as famílias atualmente. Não existem mais aquelas apartamentos espaçosos, com cozinhas, salas e quartos para os moradores se esparramarem. Ah, na nova edificação não faltarão cinema, bar, lojas, piscina e todas as comodidades para quem adquirir uma unidade. Mesmo que o banheiro no interior do apartamento tenha apenas 4 ou 5 metros quadrados.

Torcida pelo adversário

O adversário do Internacional no Rio Grande do Sul, o Porto-Alegrense, está em terceiro lugar no Brasileirão, graças a duas vitórias e um empate. Ao contrário do que poderiam supor os amigos gremistas, estou torcendo pelo time deles neste início de campeonato. Com a boa colocação, o técnico Celso Roth permanece no cargo, que quase lhe foi tirado após cair fora do Gauchão. Com Roth, o Grêmio irá bem até metade do campeonato e depois despencará na tabela. É assim que acontece com todos os times treinados pelo turrão e retranqueiro Roth. Quando o Porto-Alegrense estiver em declínio, o treinador cairá. Mas o time permanecerá em posição intermediária do campeonato. Se não rondar a zona do rebaixamento. Portanto, fica Roth.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Era Glacial do Jornalismo – Volume 2

A Era Glacial do Jornalismo volume 2 reúne autores da vertente norte-americana que compõem as Teorias Sociais da Imprensa. A coletânea organizada por Christa Berger e Beatriz Marocco mostra a força crítica de autores como Robert Park, E. Ross e W. Lippmann, voltada às práticas do jornalismo capitalista e às funções da comunicação numa democracia, mais concretamente, da imprensa como voz do povo.
Seus artigos também refletem a tensão entre os avanços da tecnologia e a prática da democracia numa sociedade em rápido processo de mudança, na qual a industrialização, a urbanização e a migração se constituíam em forças sociais motoras do desenvolvimento cultural, político e econômico, acompanhadas por uma complexidade crescente da vida e do significado do conhecimento especializado. O livro engloba ainda textos analíticos de autores contemporâneos que contribuem para enriquecer a discussão e a reinterpretação dessas teorias. Assim, esse livro se torna fundamental para compreender o jornalismo em suas complexas relações com a sociedade e para entender, como diz Park, a nossa era como “a era da notícia” e o surgimento do repórter como “um dos mais importantes eventos na civilização americana”.

Capa: Danni Calixto
Páginas: 191
Preço: R$ 32,00

domingo, 25 de maio de 2008

Memória: quando um torturador falou a verdade

Sábado, 24 de Maio de 2008

Confissões de um torturador: - Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Entrevista feita em 9 de dezembro de 1998 com Marcelo Paixão de Araújo, que, em 1968, servia como tenente no 12º Regimento de Infantaria do Exército em Belo Horizonte, um dos três centros mais conhecidos de tortura da capital mineira durante a ditadura militar. Ali, permaneceu até 1971.

Revista Durante a ditadura, em depoimentos na Justiça Militar, 22 presos políticos acusam o senhor de tortura. É verdade?
Araújo
— Quem lhe disse isso?

Revista Vi nos processos na Justiça Militar. E, pela quantidade de presos que o citaram, o senhor é o agente da repressão que mais praticou torturas. É verdade?
Araújo
— Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Revista O senhor fez isso cumprindo ordens ou achava que deveria fazê-lo?
Araújo
— Eu poderia alegar questões de consciência e não participar. Fiz porque achava que era necessário. É evidente que eu cumpria ordens. Mas aceitei as ordens. Não quero passar a idéia de que era um bitolado. Recebi ordens, diretrizes, mas eu estava pronto para aceitá-las e cumpri-las. Não pense que eu fui forçado ou envolvido. Nada disso. Se deixássemos VPR, Polop (organizações terroristas) ou o que fosse tomar o poder ou entregá-lo a alguém, quem se aproveitaria disso seriam os comunistas. Não queríamos que o Brasil virasse o Chile de Salvador Allende. Nessa época, eu tinha 21 anos, mas não era nenhum menino ingênuo (risos). O pau comia mesmo. Quem falar que não havia tortura é um idiota.

Revista Como o senhor aprendeu a torturar?
Araújo
— Vendo.

Revista O que o senhor fazia?
Araújo
— A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar a gritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros), os militantes do grupo. Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era, vamos dizer assim, mais porrada. Um dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Um terceiro, soco no rim. Tudo para ver se ele falava. Se não falava, tinha dois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicar a palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. Eu era muito bom na palmatória.

Revista Como funciona a palmatória?
Araújo
Você manda o sujeito abrir a mão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos na mão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das Forças Armadas. Tinha gente que dizia que no telefone vinha inscrito US Army (indicando que era produto das Forças Armadas americanas). Balela. Era 100% brasileiro. O método foi muito usado nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas o nosso equipamento era brasileiro.

Revista E o que é o telefone?
Araújo
— É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem.

Revista De quanto?
Araújo
— Posso pegar o manual para informar com certeza. Mas não tem perigo de fazer mal. Eu gostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, mas sempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não se pode fazer é deixar a corrente passar pelo coração. Aí mata.

Revista Qual era o estágio seguinte quando o preso não falava?
Araújo
— O último estágio em que cheguei foi o pau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapas anteriores. Mas pau-de-arara é um negócio meio complicado. No Rio e em São Paulo gostavam mais de usar o pau-de-arara do que em Minas Gerais. Mas a gente usava, sim. O pau-de-arara não é vantagem. Primeiro, porque deixa marca. Depois, porque é trabalhoso. Tem de montar a estrutura. Em terceiro, é necessário tomar conta do indivíduo porque ele pode passar mal. Também tinha o afogamento. Você mete o preso dentro da água e tira. Quando ele vai respirar, coloca dentro de novo, e vai por aí afora. É como um caldo, como se faz na piscina. Era eficiente. Mas eu não gostava. Achava que o risco era muito alto. Afogamento não era a minha praia (risos). A geladeira, uma câmara fria em que se coloca o preso, não funcionava em Belo Horizonte. Era muito caro. O que tinha era o trivial caseiro. O menu mineiro.

Revista O que mais tinha no menu mineiro?
Araújo
— A dança da lata eu praticava muito.

Revista Como era?
Araújo
— Eu pegava duas latinhas de ervilha e abria. Depois, colocava o cara de pé, em cima.

Revista Sangrava?
Araújo
— Não. Ele falava antes disso (gargalhadas). Mas quem era mais leve agüentava mais tempo.

Revista E quem não tinha o que dizer?
Araújo
— Ia para a lata igual. Mas é muito fácil identificar quem tinha e quem não tinha o que falar.

Revista Como?
Araújo
— Militante é diferente. Jornalista é diferente de militar, que é diferente de empresário, que é diferente de militante. Ele se deixa trair por uma série de coisas. O linguajar, para começar, é diferente. Então, inocente só era torturado quando o agente era muito cru, sem conhecimento algum da práxis marxista, ou quando era um sádico. É muito fácil identificar uma pessoa que não é de esquerda. Vou dar um exemplo. Há algum tempo fui comprar dólares no Banespa, no câmbio turismo. Como até hoje tenho minha carteira militar, apresentei-a no lugar da identidade. O atendente viu a carteira, olhou para mim e perguntou:

— O senhor serviu no colégio militar?
— Tive uma época lá. Por quê? Você foi aluno lá?
— Não.
— Você foi soldado?
— Não.
— Escuta, eu te prendi?
— Não foi bem assim. Fui preso e o senhor foi o único que acreditou em mim. Apanhei com palmatória antes de o senhor chegar e me liberar.
— Sorte, hein? Já pensou se fosse o contrário? (risos).

Revista O senhor já reencontrou alguma pessoa que torturou?
Araújo
— Sim. Eventualmente, eu encontro ex-presos meus, inclusive os que apanharam. E o relacionamento não é muito ruim, não. Não é aquele negócio de dar beijinhos e abraços. Mas é um relacionamento de respeito. Há pouco tempo, aqui em Belo Horizonte, encontrei o Lamartine Sacramento Filho, que é professor em uma faculdade local. Segurei ele no ombro e disse: 'Você não me conhece, não?' Ele levou um susto. Aí eu disse: 'Você tá bom?' Ele disse que sim e não quis mais conversa. Mas também não passa batido, não (risos). Não deixo passar batido (sério).

Revista Por quê?
Araújo
— É o meu esquema. Não deixo passar batido. Não vai passar batido. Não passa batido. Vou lá, coloco a mão no ombro dele e digo: Não me esqueci de você, não. Você lembra de mim? Estamos aí. A vida continua.

Revista Quantas pessoas o senhor já torturou?
Araújo
— Não tenho idéia. Não sou igual a matador que faz talho na coronha do revólver para cada um que mata. Mas você quer um número aproximado?

Revista Sim.
Araújo
— Uns trinta.

Revista O senhor matou alguém em sessões de tortura?
Araújo
— Não. Já atirei, mas não matei.

Revista Mas morreu gente onde o senhor servia.
Araújo
— Pouca gente. O João Lucas Alves, que era um ex-sargento da FAB, foi um deles. Ele morreu na tortura.

Revista O senhor participou?
Araújo
— Não. Isso foi alguns dias antes de eu ser convocado. Depois que eu saí, se morreu alguém eu não sei.

Revista O que é besteira e o que é verdade no que já se escreveu sobre tortura no Brasil?
Araújo
— Há algumas pequenas inverdades. Mas a maioria dos fatos é correta. Há pouca besteira e muita verdade. As pessoas que participaram desse período até hoje não falaram abertamente. As altas autoridades do país foram as primeiras a tirar o seu da reta. Morri de rir ao ler o livro sobre o Geisel (refere-se ao livro que reúne as memórias do ex-presidente Ernesto Geisel, publicado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas). Segundo o depoimento de Geisel, ele não sabia de nada, mandava apurar tudo, era um inocente. É uma gracinha isso tudo. Todos os agentes do governo que escreveram sobre a época do regime militar foram muito comedidos. Farisaicos, até. Não sabiam de nada, eram santos, achavam a tortura um absurdo. Quem assinou o AI-5? Não fui eu. Ao suspender garantias constitucionais, permitiu-se tudo o que aconteceu nos porões. É claro que havia diversas pessoas envolvidas nisso. Mas eu não vou citar o nome de ninguém. Falo apenas de mim.

Bom, pra mim, chega de tortura. Confesso que me enoja e entristece saber que um sujeito como esse está solto e impune. A tortura é um crime hediondo, uma ignomínia, ainda mais quando aplicada por um agente do Estado, que existe, teoricamente, para nos proteger.

Mas, quem quiser prosseguir lendo a entrevista, depoimentos de presos que foram torturados por Paixão, e também os de outros torturadores, clique aqui e leia a reportagem de Alexandre Oltramari para a Veja, na época em que ainda valia a pena ler a revista.

Não aceito desculpas. Quero resultados!

Sou um torcedor colorado que torce e cobra resultados. Afinal, dirigentes, atletas e a imprensa têm alardeado que o Internacional tem um dos melhores plantéis do Brasil e está sempre na linha de frente para conquista de títulos. Ganhou o Gauchão com a grande goleada contra o Juventude, mas foi eliminado pelo Sport Recife ao perder por 3 a 1 na Ilha do Retiro. Lá começaram as justificativas de que o time tinha cometido algumas falhas e estava sem alguns jogadores titulares. Veio o jogo contra o Palmeiras, para quem também perdemos, e o mesmo discurso foi repetido. Passada uma semana e, diante do Flamengo, nova derrota. E o discurso? Não mudou!
Portanto, onde está um dos melhores plantéis do País? A meu ver, nesta condição estaria um clube com dois jogadores do mesmo nível para cada posição. Definitivamente, o Inter não tem. Tampouco um time é armado pelo treinador Abel, que nunca teve a minha simpatia (mesmo nos títulos da América e Mundial). No primeiro, houve o comando do Fernando Carvalho e, no segundo, superação de um grupo ante um adversário marcado pela empáfia.
Agora, eu quero plantel, time e treinador. Apenas o título do Gauchão não me serve. E não venham me dizer que a Dubai Cup tem o valor de uma Copa do Brasil ou Brasileirão. Por favor, não é por aí!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Contra o protecionismo a atletas

Leio que a ginasta Daniele Hypólito abandonou a Seleção Brasileira de ginástica, que treina no Centro de Treinamento em Curitiba, e retornou para o seu clube, o Flamengo. Alega que passa por um momento emocionalmente ruim. Vai treinar com o irmão Diego, visando recuperar a motivação. Já vi casos como estes em outros esportes e a solução foi o corte da seleção. Afinal, a atleta desrespeitou regras e ignorou que colegas suas treinam duro para as Olimpíadas de Pequim. Juntas. Não separadas.

No entanto, vejo que há uma espécie de "vistas grossas" por parte de integrantes da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mesmo que o abandono tenha pego todos de surpresa. Daniele não é nenhum gênio em seu esporte para achar que pode deixar o grupo e ter vaga garantida. Imaginem se a gaúcha Daniane dos Santos fizesse o mesmo e retornasse para o União, seu clube de origem em Porto Alegre. As entidades teriam a mesma complacência?
Aliás, lembro que a mesma Daniele já abandonou este clube em Porto Alegre para competir pelo Flamengo. Questão de caráter (ou falta dele).


Rio Grande Vermelho

O Sport Club Internacional está convocando a todos os colorados a ajudar a pintar o Rio Grande de Vermelho. Se tua cidade ainda não tem um consulado do clube, cadastre-se. Mande teu cadastro para o e-mail riograndevermelho@internacional.com.br e receba as orientações para criação do consulado. Tu és fundamental para conseguirmos chegar à meta de 100 mil sócios.
Participe!
Nosso time de consulados faz toda a diferença. Venha fazer parte desta história!

Sites copiam Globo News e noticiam falsa queda de avião

Um incêndio na Zona Sul de São Paulo colocou a imprensa da capital em uma situação delicada. Na tarde desta terça-feira (20), por volta das 17h20min, sites como Terra, UOL, Folha Online, Estadão e iG noticiaram a queda de um avião da Pantanal Linhas Aéreas em cima de um prédio no bairro do Campo Belo. Todos os portais publicaram manchetes sobre o possível acidente, alguns, inclusive, com a confirmação da Infraero, empresa responsável pelo sistema aeroviário do Brasil.
No UOL, às 17h19min, a manchete com o título "Avião da Pantanal cai na zona sul de São Paulo" informava que um avião da empresa Pantanal havia se chocado contra um prédio residencial.
De acordo com o portal, as informações eram da Globo News. "Segundo a TV, o acidente aconteceu no bairro de Campo Belo. O avião teria caído em um prédio residencial e provocado um incêndio. A Infraero ainda não confirma a informação", dizia a nota do UOL, que saiu do ar instantes depois para dar lugar à manchete "Líderes governistas selam acordo para volta da CPMF".
Na verdade, o incêndio atingiu uma loja de colchões, sem a presença do suposto avião. Dez carros do Corpo de Bombeiros foram ao local para tentar controlar o fogo e, segundo a Polícia Militar, não há notícias sobre mortos ou feridos. Já o Terra noticiava "Avião cai em prédio na região sul de São Paulo" e "Infraero não confirma queda de avião", ambas pautadas também pelas informações da Globo News.
Procurada pelo Portal IMPRENSA, a assessoria da Infraero afirmou que "em nenhum momento, confirmou a queda de um avião". "Não tínhamos nenhuma informação sobre problemas com aeronaves, de maneira nenhuma". A assessoria declara ainda que a Pantanal também não havia confirmado a queda do avião e, portanto, "nada disso saiu da gente", finaliza.
http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2008/05/20/imprensa19533.shtml

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Veranico" de maio não surpreende gaúchos

Li recentemente em um portal do Centro do País que o calor está surpreendendo os gaúchos. Certamente, o autor do texto não conhece o Rio Grande do Sul e suas mudanças climáticas. Mesmo com o adventos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña, a população do Estado mais meridional do Brasil já se acostumou com o calor de maio. Tanto que já apelidou o calor da época como "veranico de maio". Está certo que, neste ano, houve oscilações climáticas, com ocorrência de frio no mês. Mas nenhum gaúcho foi pego de surpresa com o o "veranico". Ele tardou, mas chegou. Para alegria de uns e tristeza de outros.

Boa notícia: You Tube lança canal de notícias cidadãs

O portal de compartilhamento de vídeos YouTube lançou um canal de notícias cidadãs em forma de videoblog para destacar alguns dos melhores conteúdos noticiosos produzidos pelos usuários e publicados no site.
O novo videoblog noticioso, batizado de Citizen News, já reúne algumas produções feitas por pessoas comuns e faz ligação com vídeos que falam sobre o potencial do jornalismo cidadão.
Em comunicado oficial em forma de vídeo, Olivia Ma, gerente de notícias do YouTube, dá as boas vindas, explica o objetivo do canal e cita exemplos de reportagens cidadãs importantes feitas pelo mundo.

Boff com Dalai Lama: ensinamentos

BREVE DIÁLOGO ENTRE O DALAI LAMA E O TEOLÓGO BRASILEIRO LEONARDO BOFF

Leonardo Boff explica: "No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?"
Esperava que ele dissesse:
- "É o budismo tibetano ou são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na minha pergunta. E afirmou:
- "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele: (e então eu senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta)
- "Aquilo que te faz mais compassivo,
aquilo que te faz mais sensível,
mais desapegado,
mais amoroso,
mais humanitário,
mais responsável...
A religião que consegue fazer isso de ti é a melhor religião..."

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável."

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Perdemos essa para nós mesmos

“O fundamental é ter seriedade no contra-ataque e não dar o contra-ataque para o adversário. Temos que estar bem posicionados”, afirmou o técnico Abel Braga, na entrada do campo, ontem na Ilha do Retiro.
O Inter tinha uma vantagem mínima contra o Sport - 1 a 0 em Porto Alegre - e dava a impressão de que, fazendo um gol, conseguiria seguir adiante na Copa do Brasil. Não aconteceu nada disso. O time foi mal no contra-ataque, permitiu que o Sport fizesse isso e tinha muita gente mal posicionada em campo.
O colorado levou um gol no início da partida, mas teve garra para buscar o empate aos 28 minutos do primeiro tempo. Pensei: "Está pelada a coruja". Não estava. Poucas vezes eu vi o Inter jogar tão mal como na etapa complementar. Mesmo com um homem a mais - um jogador do Sport foi expulso - recuou e cedeu espaço para que o razoável time do Sport arriscasse. E tanto arriscou que fez mais dois, fixando o resultado em 3 a 1, placar necessário para classificá-lo.
Abel disse que o Inter entregou o jogo. Concordo, mas será que ele não teve um pouco de responsabilidade? Agora, é continuar apostando no time no longo campeonato brasileiro, com o objetivo de ganhá-lo. Não apenas fazer figuração ou buscar uma vaga na Libertadores da América. O Inter é muito grande e tem um excelente plantel, capaz de conquistar o quarto título brasileiro.
Confio que o Inter aprenderá com o insucesso de ontem, que alegrou os gremistas de Porto Alegre. Foguetes foram estourados e as buzinas dos automóveis acionadas. Quem não tem time, torce contra os outros.

Na foto de Alexandre Lops, do Inter, aparece Sidnei, que fez um belo gol.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Amor

Não acabarão nunca

com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo firme,
fiel
e verdadeiramente.

Vladimir Mayakovski

terça-feira, 13 de maio de 2008

As cruzes de Yeda

Revista Carta Capital expõe
esquema de corrupção no Detran


A fraude no Detran e outras agruras enfrentadas pela governadora Yeda Crusius mereceram a matéria de capa da revista Carta Capital desta semana. Na edição especial para o Rio Grande do Sul, a publicação estampa uma foto da governadora com a seguinte manchete: " As Cruzes de Yeda - O esquema de corrupção no Detran atinge auxiliares próximos da governadora gaúcha e complica ainda mais a sua administração".
A reportagem de quatro páginas, assinada pelo repórter Leandro Fortes, disseca o esquema de desvio de recursos do Detran através da contratação de fundações e empresas sistemistas. O lobista Lair Ferst, indiciado pela Operação Rodim, aparece em uma foto ao lado de Yeda em uma atividade da campanha eleitoral de 2006, da qual foi um dos coordenadores. Confira a matéria na íntegra:

A via-crúcis de Yeda

A vida da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB, não tem sido fácil. Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários de servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

Até o fim de 2007, Yeda Crusius reclamava apenas de uma herança maldita dos governos anteriores do PT e do PMDB: a dívida estrutural do estado, origem de todos os problemas políticos enfrentados por ela até ali. Apenas com precatórios (títulos de dívidas judiciais do governo), o rombo do Rio Grande do Sul chega a quase 5 bilhões de reais. Isso porque, nos últimos dez anos, o estado conseguiu pagar menos de 400 milhões de reais – valor inferior à correção da dívida de um único ano.

Para enfrentar o problema, antes mesmo de tomar posse, a governadora anunciou um pacote com aumento de impostos e congelamento de salários, um tal "jeito novo de governar", cantarolado na campanha de 2006, mas transformado em imensa dor de cabeça política para ela e o PSDB. Dois secretários estaduais renunciaram antes de assumir, o vice-governador, Paulo Afonso Feijó, do ex-PFL, foi para a oposição e, seis meses depois, 60% dos gaúchos desaprovavam o governo Yeda Crusius, segundo pesquisa do Instituto Dataulbra, da Universidade Luterana do Brasil.

Mas foi a Operação Rodin, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado, que colocou o governo em outro patamar, o da corrupção endêmica. Trata-se de uma ação criminosa herdada da gestão anterior, do peemedebista Germano Rigotto, e aperfeiçoada no governo tucano, depois da nomeação, pela governadora, de Flávio Vaz Netto para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Em vez de apurar e denunciar a bandalha instalada no órgão pela turma do PMDB, Netto, indicado pelo PP, decidiu se inserir e dominar o esquema. Acabou preso e indiciado, como os demais comparsas envolvidos nas fraudes.

A ação policial desmontou uma quadrilha ligada a fundações de apoio vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para prática de diversos crimes, especialmente contra licitações, no Detran gaúcho. No rastro da operação, a oposição a ela, capitaneada pelo PT, emplacou a CPI do Detran e se apegou, sem provas, a uma denúncia de suposta utilização de 400 mil reais de sobras de campanha, por parte da governadora, para a compra mal explicada de uma casa num bairro nobre de Porto Alegre, logo depois das eleições de 2006.

No epicentro do esquema criminoso investigado pela PF está o empresário e lobista Lair Ferst, figurinha carimbada do PSDB gaúcho, apontado sem ressalvas, por gente do governo e da oposição, como principal operador da engrenagem de arrecadação de fundos da campanha tucana de 2006 no estado. Hoje, a luta de Yeda Crusius é basicamente descolar-se do nome e da má sina de Ferst, um dos 13 quadrilheiros presos na operação e figura proeminente entre os 39 indiciados pela Polícia Federal.

Na base do escândalo estão a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), ambas da Universidade Federal de Santa Maria. A fraude, de acordo com as investigações da PF, do Ministério Público Federal e do Ministério Especial do Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode ter custado 40 milhões de reais aos cofres públicos do Rio Grande do Sul. Para ajudar no caso, a Receita Federal e o Coaf, ligado ao Ministério da Fazenda, foram convocados para garantir acesso a sigilos fiscal e bancário dos indiciados até agora.

Até 2003, o Detran do Rio Grande do Sul realizava os exames práticos e teóricos de direção por meio de um contrato com a Fundação Carlos Chagas (FCC). Ao assumir, o então governador do estado Germano Rigotto nomeou como secretário de Segurança Pública o deputado federal José Otávio Germano, do PP, a quem o Detran ficou subordinado. O secretário Germano não abriu nova licitação e encerrou o contrato com a FCC. Nomeou, então, para o cargo de presidente do Detran um aliado, Carlos Ubiratan dos Santos, e para diretor-financeiro do órgão, Hermínio Gomes Junior. Ambos decidiram contratar, em caráter emergencial, a Fatec, embora houvesse tempo hábil para licitar o processo. Mais tarde, a Fundação acabou contratada sem licitação e tornou-se um quartel-general onde se planejavam os desvios de dinheiro e a distribuição de propinas entre os participantes das fraudes.

De acordo com a investigação da PF, a intermediação do contrato foi feita pelo então reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis, com a ajuda do lobista José Antônio Fernandes e do tucano Lair Ferst. Os delegados do inquérito não hesitam em colocar Ferst como o curinga de toda esta história, baseados nas informações apuradas pelos agentes federais, após seis meses de investigação, inclusive com a gravação de quase 20 mil horas feitas por escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal de Santa Maria, no interior do estado.

Chamado de "companheiro" por Yeda Crusius, Ferst é também politicamente ligado a Carlos Ubiratan, ex-presidente do Detran. Ele é apontado como o responsável pela engenharia de subcontratações feitas pela Fatec, até o fim de 2007, junto a empresas de consultoria (designadas de "sistemistas") formadas por parentes, correligionários e "laranjas". Uma delas, a Newmark, tem como sócios Elci Terezinha Ferst, irmã de Lair, e o cunhado, Alfredo Pinto Telles. Outra, a Rio Del Sur, abriga duas irmãs do lobista tucano, Rosana Cristina Ferst e Cenira Maria Ferst Ferreira. Para a PF, Ferst é o verdadeiro dono das empresas.

Também por intermédio de Ferst, o outro lobista do esquema, José Antônio Fernandes, conseguiu emplacar entre as empresas "sistemistas" a Pensant Consultores, da qual é sócio com dois filhos, Ferdinando e Fernando Fernandes. A quarta subcontratada, a Carlos Rosa Advogados Associados, foi indicação direta de Ubiratan. Entre os sócios do escritório estão Carlos Dahlem da Rosa e Luiz Paulo Germano, conhecido como "Buti", irmão do então secretário de Segurança Pública José Otávio Germano – a quem o Detran estava subordinado.

De acordo com o levantamento feito pela Polícia Federal, as quatro "sistemistas" subcontratadas pela Fatec receberam, juntas, 31 milhões de reais entre 2003 e 2006. Por meio da Fundação, acreditam os investigadores, estabeleceu-se um propinoduto fixado bem no meio das gestões de Germano Rigotto e Yeda Crusius, desvendado graças a uma denúncia anônima, feita no fim de 2007, no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, por um professor da universidade.
Ao se debruçar sobre as atividades de Ferst, a PF descobriu, ainda, que o lobista do PSDB gaúcho também agregou ao grupo criminoso a empresa NT Pereira, administrada por Patrícia Jonara dos Santos, mulher de – sempre ele – Carlos Ubiratan. Em 2006, a firma efetivou um empréstimo, sem garantias, ao mesmo Ubiratan, no valor de 500 mil reais. A operação, de acordo com a investigação policial, teria servido para lavar dinheiro desviado e, posteriormente, utilizado para o pagamento de propinas e formação de caixa 2.

O ex-reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis também conseguiu que uma empresa da família, montada em nome da mulher e dos filhos, acabasse subcontratada por uma das subcontratadas da Fatec, a Pensant, do lobista José Antônio Fernandes. Entre 2004 e 2005, a Sarkis Engenharia Estrutural recebeu da Pensant 74 mil reais por serviços de consultoria. A Polícia Federal investiga, ainda, a participação de outra empresa da família Sarkis, a World Travel Turismo, nas fraudes contra o Detran.

No início de 2007, o esquema sofreria uma ruptura importante com a mudança na reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, mas também por conta dos riscos provocados pela alta exposição dos negócios de Ferst. Entre os tucanos temiam-se, com razão, futuros problemas políticos para a governadora. Arrumou-se, então, um detalhe técnico para tirar a Fatec da jogada. Sob o argumento de aumento nos custos da prestação de serviço, a fundação exigiu mais dinheiro do Detran.

O pedido foi indeferido pelo novo presidente do órgão, Flávio Vaz Netto, recém-nomeado por Yeda Crusius, e, exatamente um dia depois da decisão, a Fundae, também ligada à UFSM, foi contratada. Mas era só espuma. Imediatamente, a Fatec foi subcontratada para prestar parte dos serviços que fazia antes como cabeça do sistema, e com os mesmos executivos. Foi uma forma de manter a quadrilha unida e evitar ressentimentos capazes de expor os movimentos do bando.

Não adiantou muito. Indiciado pela PF, Vaz Netto não aceita ser responsabilizado sozinho pelos crimes e nem ser largado à própria sorte. Nos dias 7 e 14 de abril, ele enviou dois e-mails para o secretário de governo de Yeda Crusius, Delson Martini, com quem tentou marcar uma audiência por 15 dias, sem sucesso. Nas mensagens, interceptadas pela polícia, ele ameaça fazer um "retorno voluntário" à CPI, onde depôs logo depois de ser preso, para falar de "imputações" feitas a ele "cujos pontos são de inteiro conhecimento do governo".

A mudança na rotina de fraudes e desvios no Detran ocorreu porque o novo reitor da UFSM, Clóvis Silva Lima, colocou-se contra a atuação das "sistemistas" e recusou-se a assinar documentos da Fatec, enquanto o esquema de Ferst não fosse desmontado. Por esta razão, Vaz Netto optou por contratar a Fundae, entidade sem ligações administrativas com a reitoria. Sem a Fatec, o lobista Fernandes, dono da Pensant, e Sarkis, ex-reitor da UFSM, perderam influência na quadrilha. Assim como Ubiratan, ao deixar o Detran. Iniciou-se, então, um movimento para afastar Ferst do esquema e deixar os contratos das "sistemistas" nas mãos apenas do novo presidente do Detran. O lobista, é claro, reagiu.

De acordo com informações levadas à CPI do Detran pela Polícia Federal, para sair do esquema, Ferst teria pedido 6% do faturamento mensal dos pagamentos feitos às empresas sistemistas, inclusive à Fatec, o equivalente a 120 mil reais mensais. O dinheiro seria entregue por Rubem Höher, coordenador do Projeto Detran junto à Fundae e sócio da Doctus, nova "sistemista" integrada ao esquema de prestação de serviços do órgão pela fundação, administrada pelo filho dele, Ricardo Höher. Ferst teria recebido os pagamentos por seis meses (720 mil reais), segundo depoimento de Rubem Höher à PF.

Sob o comando de Vaz Netto, o esquema fraudulento do Detran assumiu uma nova configuração. As empresas ligadas à Ferst (Newmark e Rio Del Sur) foram excluídas, mas no lugar delas entraram a Doctus (subcontratada pela Fatec), da família Höher, e a IGPL (subcontratada pela Fundae), também ligada ao lobista José Antônio Fernandes, o mesmo da Pensant. E mais: outro escritório de advocacia entrou na farra, o Nachtigall Advogados Associados, do qual é sócia Denise Nachtigall Luz, esposa de Ferdinando Fernandes – ele mesmo, filho de José Fernandes, da Pensant.

Como em uma disputa de máfias, a família Fernandes se sobrepôs ao poder da família Ferst no esquema de fraudes do Detran, a partir do segundo semestre de 2007. Isso porque, de um lado, a Pensant, conforme contrato firmado com a Fundae, passou a abocanhar 14% do faturamento da prestação de serviço no órgão (em torno de 2,5 milhões de reais por mês). De outro, aumentou a participação com o ingresso da IGPL e do escritório Nachtigall. As investigações tocadas pelo Ministério Público Especial do TCE, no entanto, obrigaram o Detran a rever essas contratações. À frente da autarquia, Vaz Netto fez novas adequações contratuais e realizou reuniões para tratar, também, de troca de linhas telefônicas por conta de uma preocupação flagrante com escutas.

Mais adiante, Vaz Netto optou, ainda, por se livrar da família Fernandes. Para tal, rescindiu os contratos com a IGPL e a Nachtingall, firmados pela Fatec (esta, é bom lembrar, subcontratada pela Fundae), mas permitiu a entrada de outra empresa, a Pakt. Curiosamente, a nova "sistemista" tinha como sócios quatro funcionários da Fatec – Luciana Carneiro, Marilei de Fátima Brandão Leal, Damiana Machado de Almeida e Fernando Osvaldo Oliveira Júnior. Mais estranho ainda, apurou a PF, é o fato de Luciana Carneiro ser secretária-executiva do Projeto Detran na Fatec e responsável pela proposta de rompimento do contrato com a IGPL. Na mesma investigação, a PF descobriu, por meio de interceptação de e-mails, o plano de contratação de outro escritório de advocacia, o Höher & Cioccari Advogados, da família Höher, dona da "sistemista" Doctus. Ou seja, a quadrilha criou uma espécie de rodízio criminoso para se perpetuar no esquema.

Em um dos momentos mais tensos da crise, na semana passada, o delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil no governo do petista Olívio Dutra, depôs na CPI do Detran e acusou Yeda Crusius de ter recebido 400 mil reais de Ferst para comprar uma casa em Porto Alegre. O dinheiro seria sobra de campanha da eleição de 2006, arrecadado em esquema de caixa 2. Tubino, na verdade, verbalizou uma fofoca antiga nos meios políticos gaúchos. O delegado costuma atirar para todo lado. Ainda no governo do PT, ele chegou a acusar Dutra de se beneficiar com dinheiro da máfia do jogo do bicho no estado.

Assessor de imprensa da governadora tucana, o jornalista Paulo Fona não vê sentido algum na acusação de compra da casa. "Isso é uma politização absurda", diz Fona. De fato, ele tem um argumento poderoso: um documento da Polícia Federal no qual é negada a existência de qualquer investigação sobre a casa da governadora. No papel, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, apoiado em ofícios dos delegados responsáveis pela Operação Rodin, Sérgio Busato e Gustavo Schneider, afirma desconhecer a origem das declarações feitas pelo delegado Tubino na CPI do Detran. Yeda Crusius, no entanto, ainda não se livrou da suspeita de ter se beneficiado com dinheiro de caixa 2 arrecadado pela quadrilha do Detran, base das acusações feitas pela oposição na CPI do Detran. A PF só analisou, até agora, 20% das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.

A informação do delegado sobre a casa de Yeda Crusius ganhou força por agradar a oposição, mas também por conta de um acontecimento paralelo. No mesmo dia do depoimento de Tubino, o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Ariosto Culau, foi flagrado por repórteres do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, enquanto tomava chope em um shopping com Ferst. Segundo diálogo reproduzido pelo jornal, Culau foi ao lobista para acalmar e dar apoio ao aliado tucano. O secretário foi demitido. Para o presidente da CPI do Detran, o deputado estadual Fabiano Pereira (PT), a intenção era mesmo a de manter Ferst sob controle. "Foi um deboche", afirma.

Fabiano Pereira também não está numa cruzada fácil. Dos 55 deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 35 votam com Yeda Crusius. A base governista é formada por parlamentares do PSDB, PTB, PP e PMDB. A oposição conta uma base flutuante de 19 a 20 deputados, a depender do tema de votação, porque um dos parlamentares, do PDT, costuma fechar também com o governo estadual. E há três deputados do ex-PFL, ligados ao vice-governador, instados a votar, eventualmente, contra a governadora. É uma confusão e tanto.

Na CPI, o equilíbrio de forças também é precário. Dos 12 integrantes, cinco estão, normalmente, com a oposição, e sete com o governo. Mas quando há empate, vale o voto de Minerva do presidente da comissão, que é do PT. Não tem sido fácil, portanto, vencer os governistas. Por duas vezes, o plenário da CPI refutou a tentativa do deputado Fabiano Pereira de prorrogar os trabalhos da comissão. Sem essa prorrogação, dificilmente a oposição vai ter fôlego para dar conseqüência às denúncias do Detran. "Não queremos que isso seja uma guerra entre oposição e governo", afirma Pereira. "Estamos divididos entre os que querem e os que não querem investigar o caso."

Por Leandro Fortes - Revista Carta Capital.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe, um anjo pertinho de nós

Está certo: o dia é comercial. Mas somos levados pela onda e no dia das mães queremos estar perto da nossa. Retribuindo o olhar que ela sempre dirige a nós e lhe oferecendo o mesmo carinho que ela nunca deixa de nos dar.
Na figura de minha querida Suely (foto acima, com netos), com quem estarei amanhã, quero homenagear a todas amigas que tiveram o privilégio de serem mães.
Verdadeiramente, vocês são anjos porque tiveram a ousadia de dar a vida a alguém. Nada pode ser mais belo.
Parabéns e um beijo no coração de cada uma!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Olha o destaque do jornal!


Quem diria: a oposição desastrada ajuda a ministra Dilma a se firmar como candidata a presidência. Não sou eu que estou afirmando: é notícia do Jornal de Brasília. E opinião de diversos colunistas e bloqueiros avessos ao Governo Lula. O que já sabíamos no Rio Grande do Sul - a competência de Dilma - o restante do Brasil começa a conhecer.

A MULHER QUE NÃO É BOLA PARA SER ENCAÇAPADA

Laerte Braga


O senador José Agripino Maia, do DEMocrata do Rio Grande do Norte, em 1979, em plena ditadura militar, filiou-se ao PDS que sucedeu a ARENA, partidos do regime de terror implantado no País em 1964.
O senador descende uma família que se alterna no comando do seu estado ao longo de décadas, no velho esquema de oligarquias que juntam latifúndio e empresários no Nordeste do País.
Houve um tempo que a gente da FIESP/DASLU costumava dizer que para o Brasil crescer era necessário "doar" o Nordeste para livrar-se de um "peso". Eu me recordo que a cantora Elba Ramalho, um exemplo de ser humano, deu uma resposta devida e precisa sobre o preconceito manifesto contra nordestinos.
Euclides da Cunha, engenheiro, militar e escritor, deixou a afirmação "o sertanejo é antes de tudo um forte".
É claro que ao longo da história do Brasil figuras como Agripino Maia, que nunca trabalharam na vida, ou fizeram coisa alguma que não beneficiar-se do poder (os Andradas, por exemplo, vieram para o País em navio chapa branca junto com a família real como afirma um amigo que muito prezo), não pode pensar diferente do que ele pensa.
É um dos donatários dos grupos que escravizaram durante séculos o Nordeste e tentam manter esse poder a todo custo.
Integra a corte, a elite, faz parte da pior espécie de gente que existe. A que não tem princípios e nem valores. São a um só tempo, embora possa parecer um contra senso, amorais e imorais.
Foi por isso que com aquele olhar cínico, debochado, imperturbável de todo mau caráter, que fez a pergunta que fez a uma figura humana notável, a ministra Dilma Roussef.
Dilma, como tantos brasileiros, pegou em armas contra a ditadura. Como tantos brasileiros passou anos presa quando foi submetida a torturas violentas e degradantes e se manteve altiva, corajosa, íntegra e acima de tudo humana.
Maia não sabe nem o que isso quer dizer. Altivez, coragem, integridade e ser humano. Nunca teve e nunca foi.
A resposta da ministra Dilma Roussef dada ontem ao senador (putz, é o cúmulo isso) resgata o notável valor da mulher brasileira, mas acima de tudo, do ser humano capaz de se manter como tal, não importa quantas pastas tenham sido abertas e nelas guardadas as mentiras e as montagens seja da ditadura, seja de figuras como Maia, ou de quem quer que seja, no modelo desumano, cruel e perverso de hoje.
O que transforma o real em irreal.
A resposta de Dilma Roussef deveria ser exibida em cada escola do País, em cada casa, para que cada jovem e cada cidadão pudesse ter diante de si uma realidade que tentam ocultar a qualquer preço, pois não querem seres humanos, querem robôs. E pudessem enxergar e perceber que aqui existem pessoas cuja bravura e caráter são reais

Pode ser vista e ouvida em http://www.senado.gov.br/tv/noticias/quarta/tv_video.asp?nome=CO070508_7
e:
http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg

É claro que a pergunta foi colocada na boca de alguém que se preste a qualquer papel e Agripino Maia se presta a qualquer papel. Condição básica para fazer a pergunta que foi feita à ministra Dilma é a absoluta falta de caráter e Maia não tem nenhum. É produto de uma oligarquia, não anda e nem pensa pelas próprias pernas.
Mas, de alguém que seja DEMocrata (sucessores dos partidos da ditadura) e ligado aos tucanos (PSDB) opositores disfarçados da ditadura.
Em meio a generais como Augusto Heleno, defendendo interesses de potência e grupos estrangeiros em nosso (nosso?) País. A assassinos absolvidos como o mandante do crime contra a missionária Doroty Stang. Ou a quadrilheiros grileiros que ocupam terras de índios (não são gente na cabeça dos vários agripinos maias espalhados pelo Brasil, ou ex-Brasil), a resposta da ministra Dilma é mais que um ato de dignidade e bravura.
É a reafirmação que nem todas as pessoas são como bolas que se deixam encaçapar em mesas de sinucas, em nome de um mundo real que não existe. Podem até ser decentes, mas lhes falta a alma que Dilma Roussef resgatou em sua resposta.
E mais, Dilma Rousssef, independente de Lula, ou o governo, conferiu dignidade ao ser lutador, ao ser íntegro. Resgatou uma pequena janela de uma história que precisa ser contada aos brasileiros para que se possa perceber que tipo de cobra venenosa existe em cada Augusto Heleno, em cada Agripino Maia, em cada VALE/ARACRUZ. Em cada Zé Pastinha, que é apenas conseqüência, produto desse modelo imoral e amoral. Mas nem por isso deixa de ser canalha. É só extensão menor.
Se Dilma tivesse dito o que o senador chama de "verdade", aos "patriotas fardados" que a torturaram, Agripino Maia teria, ontem, dito que Dilma foi uma delatora. Que entregou companheiros. Como foi o contrário, Dilma tem a estatura humana e moral que Agripino não tem, por isso não pode saber o que foi a luta travada contra a ditadura, fez a pergunta que fez. Era um deles. Continua a ser.

É a medida de um ser repulsivo. Agripino Maia.

É a dimensão gigantesca de uma pessoa admirável. Dilma Roussef.

E essa diferença é o imprimatur que os filhos de cada um carregam em seus genes.

Indignação geral com absolvição de fazendeiro

Como era de se esperar, o Brasil e o Mundo ficaram indignados com a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do assassinato da missionária norta-americana Dorothy Stang. Em julgamento anterior, ele tinha sido condenado a 30 anos de prisão. Entidades nacionais e internacionais estão protestando contra o absurdo, e o presidente Lula se disse indignado, embora tivesse o cuidado de não criticar diretamente a Justiça de Belém (PA). Mas tudo pode mudar novamente: a Comissão Partoral da Terra (CPT) e o Ministério Público pedirão a anulação da sentença. Que se faça Justiça.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DILMA X AGRIPINO: RESPOSTA DE UMA MULHER DE HONRA

Agripino desatinou


Do blog da cientista política Lucia Hippolito.

Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.

A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.

Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.

Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.

E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.

Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.

Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.

Mas não foi isso o que se viu e ouviu.

O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.

Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.

A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.

Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar. Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.

Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.

Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.