segunda-feira, 13 de abril de 2009

Jornalismo: só com diploma

Tite, único técnico campeão gaúcho por três equipes diferentes


O técnico Adenor Bacchi, o Tite, poderá conquistar no domingo um título especial. Levantando a taça pelo Internacional, será o primeiro técnico a ganhar o campeonato gaúcho por três equipes diferentes. Foi vitorioso em 2000 com o Caxias - desbancando o Grêmio de Ronaldinho -, voltando a ganhar em 2001 com o adversário do ano anterior. Agora, seria com o colorado. É um título no qual eu acredito muito, mesmo respeitando o Caxias. Discordo de Tite em muitas decisões, mas o considero um bom treinador. Merece continuidade!
Contando com a providencial ajuda do professor Raul Pons, colorado que habita como eu a comunidade do Inter no Orkut, relaciono abaixo os treinadores campeões por dois clubes até o ano passado:

Teté
9º Regimento (atual Farroupilha) - 1935
Internacional - 1951, 1952, 1953 e 1955

Ricardo Díaz
Santanense - 1937
Internacional - 1942

Sérgio Moacir Torres
Internacional - 1961
Grêmio - 1962, 1963 e 1968

Rubens Minelli
Internacional - 1974, 1975 e 1976
Grêmio - 1985

Otacílio Gonçalves
Internacional - 1984
Grêmio - 1988

Celso Roth
Internacional - 1997
Grêmio - 1999

Lori Sandri
Juventude - 1998
Internacional - 2004

Tite
Caxias - 2000
Grêmio - 2001

Vidas jovens perdidas

Na internet ou nos jornais impressos, as notícias são as mesmas: jovens gaúchos perdem a vida por razões diversas:
- um, drogadito, é morto pela própria mãe.
- outro, amante do surf, fica enredado em rede de pesca no mar.
- um terceiro, jornalista como eu, morre afogado enquanto pescava no Uruguai.
- Mais um: voltava da praia, adormece e sai da pista na auto-estrada.
- três são atropelados por um motorista que fugiu.

As idades variam entre 14 e 24 anos. Gente que tinha um imenso horizonte pela frente, mas o destino cortou-lhes a frente. Alguém dirá que muitos deles foram ao encontro dele (destino). Eu digo: estavam vivendo. Mesmo o dependente de drogas.
Uma pena que não tenham podido viver tanto como o escultor Xico Stockinger, que faleceu ontem em pleno sono, aos 89 anos, deixando como herança uma invejável obra.

Internacional: em busca de mais um campeonato invicto no ano do Centenário

O Internacional poderá sagrar-se bicampeão gaúcho no próximo domingo se ganhar do Caxias, conquistando o segundo turno do campeonato gaúcho. Como já venceu o primeiro, torna desnecessárias as duas partidas finais. Ontem à noite, domingo de Páscoa, o time passeou em campo para dobrar a Ulbra por 4 a 0 no Beira-Rio. Os gols foram de Nilmar, Alecsandro, D'Alessandro e Rosinei. O goleiro Lauro ainda fez duas defesas espetaculares na mesma cobrança de pênalti da Ulbra.
Com a vitória, o colorado chega à décima sétima vitória na competição em 20 jogos (empatou três). O Inter tem agora a incrível marca de 59 gols em 20 partidas, o que equivale a quase três gols por jogo. Taison, com 14 gols, e Nilmar, com 11, são os principais goleadores do Inter na competição até o momento. Poderá repetir o feito de 1974, quando ganhou o campeonato de forma invicta - a diferença é que o time de Minelli ganhou todas as 18 partidas disputadas na época.
O detalhe é que ontem não estavam em campo dois dos melhores jogadores da atual campanha: Taison e Guiñazu. Diante do Caxias, teremos mais poderio ofensivo com o guri pelotense e segurança defensiva e garra com El Cholo argentino.
Avante, Inter. Este será mais um ano de glórias. Na aldeia e fora dela...


D'Alessandro, o irrequieto craque argentino, foi um dos mais importantes jogadores na goleada e marcou um gol de pênalti
(foto: Lucas Uebel/Vipcomm)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia do Jornalista, dia de luta



Hoje, 7 de abril, é o Dia do Jornalista. Comemoramos porque escolhemos uma profissão muito especial, que nos dá prazer e a possibilidade de expressarmos nossos princípios democráticos, éticos e morais onde trabalhamos. Como é bom fecharmos uma matéria rica em fontes, imparcial e recheada de lados (no caso, dando oportunidade para que todos se manifestem). Como é gratificante vermos publicada uma foto que prescinde de leganda. Ou um título que convida o leitor a ler a matéria com interesse.
Companheiros, o dia também é de luta sem tréguas. E devem festejar todos aqueles que estão na trincheira em defesa da manutenção da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo. São eles colegas aposentados ou da ativa. Juntos, estudantes das diversas faculdades de Jornalismo do Estado. Todos têm participado de reuniões, palestras e manifestações nas redações, nas assessorias ou na rua com o mesmo ideal de quando conquistamos a nossa regulamentação há 40 anos.
Não tivemos a votação do Recurso Extraordinário 511961 - que questiona a legitimidade de nossa regulamentação - no dia 1º de abril, mas não devemos baixar a guarda. As mobilizações devem continuar em todo o Brasil, visando convencer os 11 juízes do Supremo Tribunal Federal que o diploma é essencial para nós, jornalistas, e também para a sociedade. Informação com qualidade é garantida apenas por profissional preparado.
Contamos com o apoio essencial da sociedade ao nosso pleito. Em recente pesquisa nacional, mais de 70% dos entrevistados posicionaram-se a favor da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo e da constituição de um Conselho Federal dos Jornalistas. Não estamos sós, portanto.
À luta, companheiros. É dessa forma que devemos comemorar o nosso dia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Internacional fecha com chave de ouro o fim de semana do Centenário

Não poderia ser melhor o domingo que precedeu os grandes festejos de rua, de salões, de ginásios promovidos pela nação colorada em todo o Brasil, em especial em Porto Alegre. O Gre-Nal, vencido pelo colorado por 2 a 1, serviu para mostrar quem é o melhor. Os gremistas reclamaram das bolas na traves, dos gols tirado em cima da risca ou perdido com a goleira aberta. Em suma, choraram como sempre. E nós saímos vencedores e poderemos ser mais uma vez campeões gaúchos em dois jogos no Beira-Rio, nosso salão de festas. Os colorados, que quase lotaram o estádio (foto abaixo) só lamentam a falta de sensibilidade da direção gremista, que demitiu o técnico Celso Roth.



O gol de Índio foi um primor. Primeiro, pelo passe do argentino D`Alessandro. Ele deu um gancho sensacional em direção ao zagueiro goleador, que esperou o tempo certo e venceu o bom goleiro gremista Victor. Prêmio para um atleta que brilha em todos os Gre-Nais. E vejam a cara de espanto dos zagueiros gremistas na foto abaixo.

sábado, 4 de abril de 2009

Mais de 30 mil pessoas na comemoração do Centenário do Inter

Os gremistas não acreditavam, mas nós colocamos mais de 30 mil colorados nas ruas durante a festa de nossa Centenário Foi uma das manhãs mais vermelhas da história de Porto Alegre. Assim podem ser consideradas as primeiras horas de sol sobre a capital quando torcedores do Inter foram às ruas para a Marcha Colorada, preenchendo vermelho, branco, alegria e orgulho todo os espaços do trajeto. Nem o calor de cerca de 30 graus e o sol escaldante arrefeceram o ânimo da maior torcida do Rio Grande. Foi uma festa inesquecível.



A caminhada partiu da Praça Sport Club Internacional, na Rua Sebastião Leão com a Rua Jornal do Brasil, ao lado do Hospital Porto Alegre e foi até o Beira-Rio. No trajeto cerca de 30 mil pessoas vestidas com camisas e portando bandeiras acompanharam felizes da vida a marcha. Um trio elétrico animou ainda mais com músicas de incentivo e relacionadas ao Inter, como as da banda Ataque Colorado, o hino do Clube e os cânticos dos torcedores, além da narração de inúmeros gols históricos.



No trio elétrico estiveram presentes dirigentes, conselheiros, políticos, ex-jogadores e celebridades coloradas. A apresentadora da TV Bandeirantes e ex-miss Brasil Renata Fan foi uma das mais celebradas e teve que passar o trajeto todo distribuindo autógrafos para as camisas e bandeiras que eram arremessadas ao alto do trio elétrico. A musa colorada Alessandra Pinho seguiu o mesmo caminho esbanjando simpatia para os torcedores
Em seguida, o conselheiro Tiago Vaz entregou uma placa para a neta de Luiz Poppe, um dos fundadores do Internacional. Rosane Poppe recebeu a placa aos gritos de “Muito obrigado” por parte dos torcedores. Renata Fan falou ao microfone para a massa também: “Vocês são a minha família. É muito orgulho ser colorada”, festejou a bela apresentadora. O jornalista Kenny Braga foi às lágrimas quando saudou Nena, o lendário zagueiro do Rolo Compressor, da década de 40. Aos 85 anos, Nena acompanhou do alto do trio elétrico todo o trajeto ao lado de outros ex-atletas.





Durante a caminhada, o visual era impressionante. As ruas eram tomadas por milhares de colorados em celebração. Ao adentrar na Avenida Padre Cacique não se podia enxergar, do alto do trio elétrico, o asfalto no horizonte porque era coberto de vermelho e branco dos torcedores. Os trabalhadores paravam durante a caravana para acompanhar a alegria colorada. Os operários de um prédio em construção em frente ao Shopping Praia de Belas foram para as laterais para poder observar aquele mar vermelho.
Quando passou em frente à residência do técnico Tite, a torcida gritou o nome do treinador e saudou os seus familiares que estavam na janela. O mesmo fizeram ao avistar o apartamento do goleiro Clemer, localizado próximo ao Beira-Rio. O ex-presidente Arthur Dallegrave, falecido ano passado, também foi lembrado e teve seu nome cantado pela multidão.
De repente, um pequeno avião surgiu no céu com uma faixa e uma saudação do Grêmio ao Centenário do Inter. Enquanto isso, a torcida colorada abria uma enorme bandeira que tomava vários metros quadrados da Avenida Padre Cacique. A chegada ao Beira-Rio foi apoteótica com direito a narração de gols de Nilson e Fabiano, em Gre-Nais famosos e aplausos ao presidente Piffero e ao ex-presidente Fernando Carvalho. Eu estava lá. Veja foto abaixo.





Os colorados então se dirigiram para as arquibancadas do Beira-Rio para acompanhar o show da Banda Ataque Colorado e da Escola de Samba Imperadores do Samba. O Ataque Colorado levantou a massa com seus hits e hinos de celebração ao Inter e contou com a participação dos músicos Rafael Malenotti, Armandinho e Neto Fagundes. Durante o show, o presidente Vitorio Piffero entregou um Disco de Ouro à banda pela venda de 77 mil discos do álbum As melhores do Ataque Colorado I e II.
O presidente aproveitou também para convocar para o grande show que será realizado no dia 17 de dezembro, no Beira-Rio, com a presença de Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila, entre outros. “Sabe quando vai custar esse show para os sócios? Nada!”, disse o presidente, para a vibração de todos.
Por fim, a Imperadores encerrou o evento com muito samba e o enredo vencedor do último carnaval de Porto Alegre, que homenageou o Centenário do Inter. Uma festa democrática para o mais democrático dos clubes brasileiros.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Recurso contra o diploma de jornalista é retirado da pauta do STF

O recurso contra o diploma foi retirado da pauta de votações do STF. Prossegue no plenário a apreciação da Adin contra a Lei de Imprensa. O Ato Público Nacional continua. A Executiva da Federação Nacional dos Jornalistas e a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma vão se reunir para traçar novas estratégias de continuidade do movimento.
Às 16h45min desta quarta-feira, dia 1º de abril, a coordenação do movimento foi informada que, a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do RE 511961, ministro Gilmar Mendes, o advogado que representa a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na ação foi oficialmente comunicado da retirada do tema da pauta. Não foi divulgada nova data para julgamento do recurso contra o diploma.
Dirigentes da campanha continuam no plenário do STF acompanhando a votação da Adin contra a Lei de Imprensa. “Após o Ato Nacional, a Executiva da Fenaj e a Coordenação da Campanha vão definir novas ações, mas desde já a orientação é para que a movimentação nos Estados e os preparativos para o Dia do Jornalista, 7 de abril, prossigam”, explicou Luiz Spada, diretor da Fenaj.

Tropa de choque vigiou manifestantes

Faixas, cartazes, apitaço e palavras de ordem compuseram o cenário do Ato Nacional em Defesa do Diploma. O movimento próximo ao STF foi vigiado por policiais da ROTAM, a tropa de choque de Brasília. O ato em Brasília já contou com manifestantes de diversos Estados. Dois ex-presidentes da Fenaj, Armando Rollemberg e Américo Antunes, e os presidentes do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo - FNPJ - e da Associação Brasileira de Imprensa - ABI, Edson Spenthof e Maurício Azêdo, respectivamente, também participaram das manifestações. Palavras de ordem como “Gilmar Mendes, preste atenção, jornalista é profissão” e “Supremo Tribunal, Diploma é legal” sintetizaram o desejo de ver rejeitado o recurso que questiona a constitucionalidade do diploma.
No plenário, onde foi possível ver o ouvir a manifestação, está sendo apreciada a Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei de Imprensa. Neste momento, há um intervalo. A TV Justiça só pode ser sintonizada por antena parabólica se esta possuir receptor digital. Muitas pessoas estão reclamando que não conseguem assistir a transmissão online do julgamento. A área técnica da TV Justiça explica que o número de acessos ao site é limitado. Como muitos estão conectados, outros podem ter dificuldade.

* Fenaj

terça-feira, 31 de março de 2009

Viva o Jornalismo, viva a informação precisa, imparcial e com ética...



Colegas jornalistas e de outras profissões, chegou o dia especial para aqueles que estão na mídia e também para a sociedade em geral.
A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), está ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará neste 1º de abril o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação profissional do jornalista.
O ataque à profissão é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.
Meus amigos e minhas amigas, defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível.
Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros ue não o do real compromisso com a função social da mídia.
A formação superior específica para o exercício do Jornalismo há muito é uma necessidade defendida não só pela categoria dos jornalistas. A própria sociedade, recentemente, já deixou bem claro que quer jornalista com diploma. Pesquisa do Instituto Sensus, realizada em setembro de 2008, em todo o país, mostrou que 74,3 % dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo. E a população tem reafirmado diariamente esta sua posição, sempre que reclama por mais qualidade e democracia no Jornalismo.
Peço que os amigos jornalistas e de outras profissões que torçam muito hoje. Se perdemos, perderão todos. Se ganharmos, vitoriosos serão todos. Não queremos que este 1º de abril seja de mentira. Mas de verdade em defesa da informação.

Defensores do diploma foram às ruas. Destaque para jornalistas e estudantes em Porto Alegre



Apoiadores da Campanha em Defesa do Diploma como requisito para o exercício da profissão de jornalista foram às ruas em todo o País nesta terça-feira (31/3). O movimento reforça a reivindicação dos jornalistas brasileiros e da sociedade para que no julgamento, que começa quarta-feira (1º/4), os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitem o recurso que questiona a constitucionalidade do diploma. A mobilização ganhou eco na Câmara dos Deputados. Um Ato Público Nacional em frente ao STF e vigílias nos Estados marcarão o dia 1º de abril de 2009.





No Rio Grande do Sul, uma marcha em defesa do diploma movimentou algumas das principais ruas de Porto Alegre na manhã desta terça-feira. Dezenas de jornalistas, sindicalistas e estudantes se concentraram na Praça da Matriz, Centro da capital gaúcha, às 10 horas, e iniciaram uma caminhada de 2 quilômetros até a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. No trecho, distribuíram panfletos e a edição extra do jornal Versão dos Jornalistas, com matérias sobre a votação do Recurso Extraordinário nº 511.961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma para o exercício de Jornalismo.



Ao final da passeata, diversos oradores manifestaram a confiança de que o STF atenderá aos anseios da população, votando favoravelmente à manutenção do diploma. "Há 45 anos, tivemos um golpe que culminou em uma ditadura. Não queremos que outro golpe atinja a nossa democracia", pediu o presidente do Sindicato gaúcho, José Nunes. O ato que mais emocionou os participantes foi quando o carro de som tocou o Hino Nacional Brasileiro. De imediato, todos se deram as mãos e cantaram o Hino. Houve atividades durante todo o dia em várias cidades gaúchas. Em Bagé, estudantes da Urcamp iniciaram, às 19 horas, uma caminhada pelas principais ruas da cidade. Uma delegação do RS já está em trânsito, rumo a Brasília.

APIJOR lança manifesto em defesa do diploma

Em manifesto lançado nesta terça-feira (31/03) a direção da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais (APIJOR) voltou a defender a exigência do diploma para o exercício profissional do Jornalismo. Para a entidade, “a exigência do diploma em jornalismo está em consonância com a Constituição. Mais do que isso, está em consonância com a necessidade de um jornalismo feito com ética profissional, com autonomia e com responsabilidade”. Veja, a seguir, a íntegra do documento.

Jornalismo com ética e responsabilidade, só com jornalistas bem formados
Amanhã (1º de abril) o Supremo Tribunal Federal começa o julgamento para definir se a regra que exige a formação específica para alguém que pretenda exercer a profissão de jornalista é constitucional. A resposta positiva – ou seja, o reconhecimento de que o Decreto-Lei 972/69, que exige o diploma em jornalismo para o exercício da profissão, está de acordo com a Constituição Federal de 1988 – implica o reconhecimento simultâneo e automático de que a sociedade brasileira merece um jornalismo feito por profissionais com no mínimo a formação universitária de graduação em jornalismo.

A APIJOR apóia o diploma
Para a Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais – APIJOR a exigência do diploma em jornalismo está em consonância com a Constituição. Mais do que isso, está em consonância com a necessidade de um jornalismo feito com ética profissional, com autonomia e com responsabilidade.

O jornalista deve ser cada vez mais bem formado. A luta para melhorar a formação dos futuros profissionais jornalistas é do interesse de toda a sociedade. É uma das condições para os jornalistas poderem assumir a responsabilidade de produzir um jornalismo que atenda aos interesses de todos os cidadãos: o de serem bem informados.

Autonomia para o jornalista
O caminho em direção a este ideal é longo. Um jornalismo com essa característica exige, além de profissionais bem formados, jornalistas que tenham autonomia para exercer a profissão.

Em vez de se pautarem pelos interesses dos proprietários dos veículos, de governos e governantes ou de interesses privados, os profissionais devem se pautar pelo código de ética da profissão.

O Código contempla as preocupações, atitudes e procedimentos para o exercício de um jornalismo plural, que busque oferecer à sociedade as notícias vistas de diferentes ângulos e as interpretações divergentes sobre os fatos, assim como as diversas correntes de opinião existentes na sociedade.

Trata-se de uma necessidade para a plena cidadania dos brasileiros. Não pode haver verdadeiros cidadãos e cidadãs sem um jornalismo que forneça informação jornalística de boa qualidade e plural.

Fim dos monopólios e oligopólios
Essa condição exige mudanças profundas na atual estrutura da propriedade dos meios de comunicação no Brasil.

Inicialmente, é preciso regular por lei o que já está na Constituição, a proibição ao monopólio e ao oligopólio, assim como a regionalização da produção cultural, artística e jornalística. Com mudanças concretas nesta realidade teremos um jornalismo verdadeiramente pluralista.

Aí sim poderemos dizer que haverá plena liberdade de expressão e de imprensa no Brasil. Enquanto as distorções atuais permanecerem, essa liberdade será restrita a uns poucos. Será mais uma liberdade de empresa do que de imprensa.

O direito autoral do jornalista neste contexto
As condições acima são necessárias para que se realize em sua plenitude a responsabilidade do jornalista enquanto autor. Não que ele necessite dessa autonomia para que seu trabalho seja protegido pela Lei 9610/89, dos direitos autorais. Essa proteção já está garantida aos jornalistas, e a APIJOR existe para fazer a defesa desse direito.

Mas, para que se possa cobrar do jornalista profissional a responsabilidade integral pelo seu trabalho – o que está em consonância com a idéia de autoria –, há que se oferecer uma formação e condições adequadas para o exercício da profissão: salários, contratos decentes e condizentes com a legislação, respeito à sua dignidade e autonomia de trabalho.
Em resumo, é preciso que o jornalista tenha tudo o que lhe é negado nas atuais condições do mercado de trabalho e de acordo com a atual estrutura dos meios de comunicação jornalística no país.

A responsabilidade do STF
Por tudo o que está dito, e ainda no momento em que se inicia uma mobilização de toda a sociedade pela realização de uma Conferência Nacional de Comunicação, a negação da exigência da formação específica seria um tremendo passo atrás na luta que os jornalistas brasileiros – e a própria sociedade – vêm travando por uma informação jornalística de maior qualidade.

Essa é a posição da APIJOR. Entendemos que não pode ser outra, também, a posição da mais alta corte do país, responsável por preservar a Constituição e as conquistas que ela representa em termos da cidadania dos brasileiros.

São Paulo, 31 de março de 2009,
Diretoria da Apijor.

Jornalista, só com diploma

*Sérgio Murillo de Andrade

Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1º de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil. Naquela época, todos os setores, inclusive o Jornalismo, e liberdades democráticas foram atingidas e sofreram por mais de duas décadas.

Em 2009, a sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe, mais direcionado que então. Desta vez, especificamente contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados a exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), encontra-se ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará, também em 1º de abril, o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação profissional do jornalista. O ataque à profissão é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.

É importante esclarecer: defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão unicamente corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível. Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

O ofício de levar informação à sociedade já existe há quatro séculos. Ao longo deste tempo foi-se construindo a profissão de jornalista que, por ter tamanha responsabilidade, à medida que se desenvolveu o ofício, adquiriu uma função social cada vez mais fundamental para a sociedade. E para dar conta do seu papel, nestes quatro séculos, o Jornalismo se transformou e precisou desenvolver habilidades técnicas e teóricas complexas e específicas, além de exigir, também sempre mais, um exercício baseado em preceitos éticos e que expresse a diversidade de opiniões e pensamentos da sociedade.

Por isso, a formação superior específica para o exercício do Jornalismo há muito é uma necessidade defendida não só pela categoria dos jornalistas. A própria sociedade, recentemente, já deixou bem claro que quer jornalista com diploma. Pesquisa do Instituto Sensus, realizada em setembro de 2008, em todo o país, mostrou que 74,3 % dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo. E a população tem reafirmado diariamente esta sua posição, sempre que reclama por mais qualidade e democracia no Jornalismo.

A Constituição, ao garantir a liberdade de informação jornalística e do exercício das profissões, reserva à lei dispor sobre a qualificação profissional. A regulamentação das profissões é bastante salutar em qualquer área do conhecimento humano. É meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certificação social de qualidade e segurança ao cidadão. Impor aos profissionais do Jornalismo a satisfação de requisitos mínimos, indispensáveis ao bom desempenho do ofício, longe de ameaçar à liberdade de Imprensa, é um dos meios pelos quais, no estado democrático de direito, se garante à população qualidade na informação prestada - base para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas.

A existência de uma Imprensa livre, comprometida com os valores éticos e os princípios fundamentais da cidadania, portanto cumpridora da função social do Jornalismo de atender ao interesse público, depende também de uma prática profissional responsável. A melhor forma, a mais democrática, de se preparar jornalistas capazes a desenvolver tal prática é através de um curso superior de graduação em Jornalismo.

A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática.

Somos mais de 60 mil jornalistas em todo o país. Milhares de profissionais que somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão, e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o Jornalismo praticado hoje no Brasil.

E não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos de interesses privados e motivações particulares. Os jornalistas esperam que o STF não vire as costas aos anseios da população e vote pela manutenção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Para o bem do Jornalismo e da própria democracia.


* Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

segunda-feira, 30 de março de 2009

A marcha pelo diploma e pela democracia será nesta terça em Porto Alegre

Uma grande marcha em defesa do diploma para o exercício do Jornalismo sairá nesta terça-feira, dia 31 de março, às 10h, da Praça da Matriz, Centro de Porto Alegre. Profissionais, sindicalistas e estudantes mostrarão à população porque a formação universitária é importante também para a sociedade, e não apenas para os jornalistas. "Não é um ato apenas corporativo, mas a defesa da democracia. O jornalista com formação faz bem para a sociedade", explica o segundo vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Jorge Correa.

A passeata servirá para distribuição de panfletos e da edição extra do jornal Versão dos Jornalistas, produzido especialmente para a ocasião, e terá faixas e cartazes. O percurso será de aproximadamente dois quilômetros, seguindo pela rua Jerônimo Coelho, avenida Borges de Medeiros, avenida Aureliano de Figueiredo Pinto e rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, sede do Supremo Tribunal Federal da 4ª Região. No local, o grupo fará um ato simbólico em defesa do diploma. Informações pelo telefone 51-3228-8146.

Sindicato movimenta jornalistas em favor do diploma

O Rio Grande do Sul vive uma mobilização intensa nos dias que antecedem a votação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Recurso Extraordinário nº 511961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão. Manifestações públicas, reuniões em faculdades e em redações têm dado o tom da campanha que quer sensibilizar os 11 juízes do STF a manterem a exigência da formação universitária, na reunião marcada para a tarde desta quarta-feira, 1º de abril.



Veja o que já foi feito:

No dia 27 de março, sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, José Maria Rodrigues Nunes, e o presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Ercy Torma, foram recebidos pelo vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Surreaux Chagas. O desembargador elogiou o trabalho dos jornalistas gaúchos, e desejou "boa sorte" na decisão que será tomada em Brasília.

No sábado, 28, o Núcleo de Estudantes do Sindicato dos Jornalistas do RS reuniu-se com o diretor Léo Nuñez na sede da entidade e definiu que, pelo menos, duas centenas de estudantes gaúchos deverão participar da Marcha Pelo Diploma, marcada para esta terça-feira, dia 31 de março.

A Redenção foi palco de duas mobilizações. No sábado, 28, durante o Baile da Cidade, em comemoração ao aniversário de Porto Alegre, foram distribuídos exemplares da edição extra do jornal Versão dos Jornalistas. No domingo, 29, no tradicional Brique da Redenção, diretores do Sindicato distribuíram o jornal e explicaram a situação para a população. Nas duas atividades, estiveram presentes os diretores Marcia Camarano, Márcia Martins, Jorge Correa, Roberto Santos, Luiz Armando Vaz e Jeanice Ramos.

Na manhã desta segunda-feira, 30, aproveitando um ato unificado das centrais sindicais em defesa do emprego, dos direitos trabalhistas e sociais, e contra as demissões e os juros, o presidente do Sindicato, José Nunes, e membros do Núcleo de Estudantes da entidade, distribuíram o jornal Versão dos Jornalistas e ganharam apoio dos demais trabalhadores. A caminhada da CUT saiu da empresa Gerdau, na avenida Farrapos, e foi até o Palácio Piratini.

Ainda na tarde desta segunda-feira, uma ação para dois públicos mobilizou a direção do Sindicato na avenida Erico Verissimo, sede de algumas empresas do Grupo RBS - jornal Zero Hora, Rádio Gaúcha e ClicRBS. De megafone em punho e distribuindo o Versão dos Jornalistas, os diretores José Nunes, Marcia Camarano, Jorge Correa, Márcia Martins e Arfio Mazzei (foto acima) explicaram as razões da luta da categoria. Foram entregues centenas de jornais para funcionários e para a população que circulava pelo local, a pé ou de carro

sábado, 28 de março de 2009


Copiei a imagem acima do Orkut do amigo Francisco Martins para mostrar que o Inter está espalhado em todos o rincões deste Brasil. Os goianos têm uma confraria e vão fazer a maior festa no dia 4 de abril, dia do nosso Centenário. Aliás, isso acontecerá em todo o mundo onde houver um colorado. Nossa festa será gigante e faremos história Mais uma vez.
Viva o Internacional, colorado do Rio Grande do Sul!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Movimento intenso dos jornalistas em defesa do diploma para exercício da profissão

Um grande movimento já se manifesta em todo o País nos dias que antecedem a votação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Recurso Extraordinário 511961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão.



























Um folder elaborado pela FENAJ em defesa do diploma já circula em faculdades, redações e manifestações públicas. Um esquema especial, com manifestações em Brasília e em diversas cidades brasileiras, está sendo montado. A Federação e a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma exortam todos os apoiadores da causa a participarem dessas atividades para assegurar a vitória do movimento.
Questionada por segmentos patronais e pelo Ministério Público Federal de São Paulo, a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo foi vitoriosa na mais alta instância do Judiciário que analisou o mérito da matéria até o momento, o Tribunal Regional Federal de São Paulo, que aprovou, por unanimidade, a tese defendida pelos representantes dos jornalistas. A expectativa agora é de que, como instância maior e final de recurso, o STF confirme tal posição. Confiantes na vitória, a FENAJ e a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma consideram, no entanto, que para que isso ocorra é fundamental um grande movimento social de sensibilização dos 11 ministros que se posicionarão sobre o RE que tramita no STF.
A Federação produziu um folder que já está sendo distribuído em todo o País, alertando para o fato de que a sociedade, depois de enfrentar a ditadura durante 21 anos, pode estar diante de um novo golpe. "Desta vez, direcionado contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, prática e ética".

ATIVIDADE GAÚCHA

Criatividade e disposição de luta marcam a programação da Campanha em Defesa do Diploma e da Regulamentação Profissional em todo o País para sensibilizar o Superior Tribunal Federal (STF) e consagrar a vitória dos jornalistas e da sociedade em defesa do Jornalismo ético e com qualidade. Veja a seguir a movimentação já definida em vários Estados.
O Sindicato dos jornalistas profissionais do Ro Grande do Sul está distribuindo edição especial do jornal Versão dos Jornalistas exclusiva sobre o diploma. Neste sábado (28), no tradicional Baile da Cidade (comemorativo ao aniversário de Porto Alegre e que reúne milhares ao ar livre), haverá panfletagem em defesa do diploma, no domingo (29), será montada uma barraca e distribuição de material noi tradicional Brique da Redenção. Para terça (31), a partir das 10 horas, está programada manifestação na Praça da Matriz, com passeata até o Tribunal de Justiça gaúcho. Além de organizar uma delegação que se deslocará de Porto Alegre para acompanhar o julgamento do Recurso no STF, em Brasília, o Sindicato dos Jornalistas e entidades apoiadoras do movimento realizarão uma vigília dia 1º de abril, na Esquina Democrática (Rua da Praia). Também está programada a participação de ativistas da campanha em defesa do diploma no treino sa seleção brasileira e no jogo contra o Peru, dia 1º de abril.

Crônica de uma censura anunciada

Leandro Fortes (*)

Deixa ver se eu entendi. O diretor da TV Câmara, Manuel Roberto Seabra, em entrevista ao site "Comunique-se", afirma que "assessores" do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, reclamaram do conteúdo do programa "Comitê de Imprensa", do qual participei como convidado, para falar das investigações contra o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, com base em uma reportagem da revista Veja. Ele afirma ter recebido "muitas reclamações" (dos assessores de Gilmar Mendes?) sobre a "matéria". Era um programa de debates. Eu não entendo muito de televisão, mas sei diferenciar um programa de debate de uma matéria. Mas vamos adiante, porque a coisa ainda vai desandar mais.

A "matéria", segundo Seabra, "teria sido ofensiva" ao ministro Gilmar Mendes e, mais grave ainda, "saía do tema". Primeiro, eu gostaria de saber com que autoridade o diretor da TV Câmara, funcionário de uma emissora pública, paga pelo contribuinte, ordena a retirada do ar de um programa de debate por que o conteúdo das falas, de inteira responsabilidade de quem as pronuncia, "teria" sido ofensivo a quem quer que seja. Que diabos é isso? Um roteiro do mundo bizarro ou um conto de Lewis Caroll? Ainda que eu tivesse xingado o presidente do STF, o que não ocorreu, não caberia ao senhor Manuel Seabra determinar um ato de censura, assim, ao bel prazer. E a tal "tentativa de responder a isso"? Prestem atenção: queriam inserir entrevistas de Gilmar Mendes e de um "representante da CPI dos Grampos", a título de direito de resposta... num programa de debate! Como não conseguiram tal proeza, optaram em colocar novamente o programa no ar. Entenderam?

Eu explico, me acompanhem: o diretor da TV Câmara recebeu uma reclamação de "assessores" do ministro Gilmar Mendes (na verdade, a reclamação foi ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Michel Temer). Em seguida, envergonhado por não ter o outro lado, ele decidiu tirar o programa do ar e retirar o link do site da internet. Na verdade, extirpar, porque nem nos arquivos da página ele podia ser encontrado. Exatamente como faziam os stalinistas, nas fotos oficiais da extinta URSS, quando os camaradas dissidentes caíam em desgraça. Nesse ínterim, entre os dias 16 e 24 de março, Manuel Seabra tentou, em vão, entrevistar Gilmar Mendes e um representante da CPI dos Grampos. Eis um detalhe curioso: os repórteres da TV Câmara não conseguiram entrevistar o presidente do STF, que dá meia dúzia de entrevistas por semana, e, mais incrível ainda, NENHUM deputado da CPI dos Grampos! Diante de tal quadro de desolação, Manuel Seabra decidiu, então, recolocar o link no site. Vencido, pois, pelo cansaço.

Inacreditável, vale ressaltar, foi a evolução das versões. No dia 19 de março, instado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, o assessor de imprensa do deputado Michel Temer, Márcio Freitas, negou qualquer participação da presidência da Câmara na censura. Argumentou que o programa entrou numa fila, foi seis vezes ao ar e depois foi retirado para dar lugar a outros programas. Nonsense total. Essa regra não existe, nunca existiu. Além disso, o assessor nada falou sobre a retirada do link. Depois, uma funcionária da TV Câmara afirmou que o link foi retirado do ar por conta de um defeito técnico. Aliás, um defeito muito peculiar, porque só atingiu um link do site inteiro - o do debate do qual participei. Não colou. No dia 24 de março, foi a vez do Secretário de Comunicação da Câmara, Sérgio Chacon, emitir uma nota dizendo que o programa foi exibido "cinco vezes" (jornalista é ruim de conta mesmo) e que não houve pressão "de quem quer que seja" para interromper a exibição. Como assim? E os "assessores" (são quantos, afinal?) do ministro Gilmar Mendes??

A entrevista do senhor Manuel Seabra, como qualquer estudante de jornalismo pode perceber, é um ato de confissão: Gilmar Mendes mandou tirar o programa "Comitê de Imprensa" do ar e extirpar o link do site. A alegação de que houve ofensas pessoais é risível, senão patética, porque, mesmo durante o período da censura, diversos blogs veicularam o programa para milhões de internautas, alheios ao devaneio da direção da TV Câmara. No vídeo, atualmente com mais de 10 mil exibições registradas em apenas um dos links do "YouTube", não há uma única ofensa a ninguém. Sobre Gilmar Mendes, me referi, dentro do contexto da Operação Satiagraha (logo, dentro do tema "Protógenes Queiroz"), sobre o profundo desequilíbrio da cobertura da mídia, quase toda voltada para fixar no delegado a pecha de fanático por grampos ilegais (sem uma única prova) e lustrar a imagem do presidente do STF como paladino do Estado Democrático de Direito. Citei, ainda, o fato de Mendes estar me processando, e à CartaCapital, por conta de uma matéria - absolutamente jornalística - sobre o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual o ministro é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, em terreno praticamente doado pelo governo do Distrito Federal e com contratos de mais de 2 milhões de reais firmados, sem licitação, com órgãos públicos e tribunais. Onde está a ofensa nisso?

O que ofende a todos nós, jornalistas, é essa tentativa primária de encerrar um assunto gravíssimo, baseado em prova documental (as imagens do site com e sem o link censurado), a partir de uma defesa confusa, contraditória e tardia, elaborada sem o menor compromisso com o jornalismo, a ética e a boa educação. Leio, estarrecido, que por causa desse episódio, a TV Câmara pretende "reformular" o programa "Comitê de Imprensa", até então considerado um fórum plural e democrático de discussão entre jornalistas de diversos veículos, pensamentos e opiniões. Segundo Manuel Seabra, o programa terá pautas "mais fechadas", seja lá o que isso signifique. E os apresentadores (quais? Não era só um?) estarão avisados "para evitar novos ataques pessoais". Só pode ser piada. O que farão os apresentadores? Darão choques elétricos nos entrevistados? Vão acionar aquele "piiii!" usado para camuflar os palavrões proferidos pelos participantes do Big Brother Brasil?

Mesmo o mais foca dos estagiários sabe o que vai acontecer, de fato: censura prévia. Aos entrevistados, aos temas, ao programa. Algo me diz que o "Comitê de Imprensa" subiu no telhado.

Reitero, pois, meu pedido à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal para que abracem essa causa, não em meu nome, mas de todos os jornalistas e cidadãos brasileiros, cerceados, estes, no seu direito de ter acesso a informação pública em uma emissora do Congresso Nacional, custeada pelo contribuinte. Não é pouca coisa. O Sindicato dos Jornalistas do DF abriu uma investigação pelo Comitê de Ética para apurar os fatos. Apuração, aliás, facílima. Matéria pronta, eu diria.

E viva a liberdade de expressão.

(*) Jornalista - Texto reproduzido do site da CartaCapital

Jornalista, defenda tua profissão e a democracia

quinta-feira, 26 de março de 2009

Associação de Juízes chama Gilmar Mendes de leviano

A Associação dos Juízes Federais do Brasil emitiu uma dura nota contra declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes, na sabatina de quarta-feira na Folha.

Leia a íntegra, que retirei do blog do Fernando Rodrigues.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE, entidade de âmbito nacional da magistratura federal, vem a público manifestar sua veemente discordância em relação à afirmação feita pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que, ao participar de sabatina promovida pelo jornal “Folha de S. Paulo”, disse que, ao ser decretada, pela segunda vez, a prisão do banqueiro Daniel Dantas, houve uma tentativa de desmoralizar-se o Supremo Tribunal Federal e que (sic) “houve uma reunião de juízes que intimidaram os desembargadores a não conceder habeas corpus”.

Conquanto se reconheça ao ministro o direito de expressar livremente sua opinião, essas afirmações são desrespeitosas aos juízes de primeiro grau de São Paulo, aos desembargadores do Tribunal Regional Federal da Terceira Região e também a um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Com efeito, é imperioso lembrar que, ao julgar o habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal em favor do banqueiro Daniel Dantas, um dos membros dessa Corte, o ministro Marco Aurélio, negou a ordem, reconhecendo a existência de fundamento para a decretação da prisão. Não se pode dizer que, ao assim decidir, esse ministro, um dos mais antigos da Corte, o tenha feito para desmoralizá-la. Portanto, rejeita-se com veemência essa lamentável afirmação.

No que toca à afirmação de que juízes se reuniram e intimidaram desembargadores a não conceder habeas corpus, a afirmação não só é desrespeitosa, mas também ofensiva. Em primeiro lugar porque atribui a juízes um poder que não possuem, o de intimidar membros de tribunal. Em segundo lugar porque diminui a capacidade de discernimento dos membros do tribunal, que estariam sujeitos a (sic) “intimidação” por parte de juízes.

Não se sabe como o ministro teria tido conhecimento de qualquer reunião, mas sem dúvida alguma está ele novamente sendo veículo de maledicências. Não é esta a hora para tratar do tema da reunião, mas em nenhum momento, repita-se, em nenhum momento, qualquer juiz tentou intimidar qualquer desembargador. É leviano afirmar o contrário.

Se o ministro reconhece, como o fez ao ser sabatinado, que suas manifestações servem de orientação em razão de seu papel político e institucional de presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, deve reconhecer também que suas afirmações devem ser feitas com a máxima responsabilidade.

Brasília, 24 de março de 2009.
Fernando Cesar Baptista de Mattos
Presidente da AJUFE

SOU JORNALISTA POR FORMAÇÃO

Márcia Martins (*)

O 1º de abril, marcado no calendário mundial como o Dia dos Bobos, começou a ganhar fama no Brasil, em Pernambuco, em 1848, quando ocorreu o lançamento do jornal "A Mentira", informando a morte de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. De vida breve, o periódico saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando seus credores para o acerto de contas no dia 1º de abril de 1850, num local inexistente. E desde então, atire a primeira pedra quem nunca aplicou uma pequena mentira e se justificou, depois, dizendo que era "brincadeira de 1º de abril".

Em nome da informação qualificada, de um jornalismo democrático, exercido com responsabilidade e ética, é que os jornalistas de todo o Brasil precisam unir-se em defesa da exigência do diploma como requisito para o exercício da profissão. E evitar que três séculos depois, o dia 1º de abril fique conhecido como a data em que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a extinção da profissão do jornalista. E na carona, o fechamento de milhares de cursos de comunicação no País. O desespero de universitários que sairão formados em coisa nenhuma. A informação não apurada para a sociedade.

Ao julgar o Recurso Extraordinário sobre a constitucionalidade da exigência do diploma em curso específico para exercer a profissão de jornalista, o STF ameaça uma das conquistas mais importantes da sociedade: o direito à informação independente e plural. A formação superior é uma conquista dos jornalistas, depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos da criação dos cursos de Jornalismo. Na prática, a não obrigatoriedade do diploma significa que qualquer pessoa, mesmo sem terminar o Ensino Fundamental, pode exercer as atividades jornalísticas.

Mais do que um retrocesso perigoso na democracia e na qualidade da informação, a decisão do STF pode abrir um precedente irreversível direcionado a outras profissões que exigem nível superior. E se um belo dia, uma juíza, do alto de seu saber teórico e notório, fechada no seu gabinete, entender que não é preciso ter formação superior para ser assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, enfermeira e outras profissões? Vamos assistir tudo de braços cruzados? E deixar que decidam por nós quais as profissões exigem um aprendizado apurado?

Não se trata, apenas, de uma luta corporativista, como alguns podem julgar, a preocupação das entidades de trabalhadores de jornalistas com a sessão do STF no dia 1º de abril. É a inconformidade com a perda de um direito que todo cidadão brasileiro tem de receber informação apurada por profissionais capacitados, com formação teórica, técnica e ética. É a punhalada que pode ferir a liberdade de expressão e comprometer, no futuro, a continuidade de inúmeras outras profissões. É a não repetição de mentiras como a morte de Dom Pedro e nem a invenção de locais inexistentes para receber dívidas.

Resta acreditar que o bom senso irá prevalecer e que o País seguirá na trilha de um jornalismo profissional em aperfeiçoamento, para melhor informar a sociedade. Pedir que Hugo de Grenobble, Venâncio, Ludovico, Valério, Teodora, Teodorico e Pavoni, os santos de 1º de abril, iluminem os ministros do STF. E que a história, narrada no poema do fluminense Eduardo Alves da Costa, não encontre amparo na decisão do STF: "... Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".



(*Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela PUCRS, trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou carreira profissional, na Zero Hora, em assessorias de comunicação sociais empresariais e públicas e está licenciada do Correio do Povo. É poeta, diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS. E tem o blog marcinhaprodigio.blogspot.com)

terça-feira, 24 de março de 2009

Definida a Caminhada do Centenário


Ontem, em reunião com a EPTC o Internacional aprovou o roteiro da Caminhada do Centenário. A concentração começa às 8h e a caminhada inicia às 9h30min do sábado, 4 de abril de 2009 na Praça Sport Club Internacional.
O trajeto terá 4km.
No final do trajeto no estádio Beira Rio, a massa colorada será recebida com trio elétrico e shows de bandas coloradas.

PARTICIPE DA CAMINHADA!
LEVE BANDEIRAS E FAIXAS!
VENHA EM ALVI-RUBRO PARA COLORIRMOS O RIO GRANDE DO SUL!
FAÇA A SUA CARAVANA DE OUTRAS CIDADES E PARTICIPE TAMBÉM DESTE MOMENTO HISTÓRICO!

Este é o grande momento da festa do Clube do Povo !

*o trajeto está marcado em vermelho