sexta-feira, 17 de abril de 2009

Carajás: 13 anos de um massacre sem punição



Graças ao Jornalismo, o dia 17 de abril de 1996 continua vivo na memória dos brasileiros. Naquele dia, 150 policiais militares tentaram desobstruir a rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, no Pará, ocupada por sem-terras. A ação dos policiais foi truculenta e resultou na morte de 19 pessoas e mais de 60 feridos. Os corpos dos sem-terra apresentavam indícios de execução, sendo que vários deles tinham sido baleados pelas costas. Na tarde desta sexta-feira, 17, na Esquina Democrática, em Porto Alegre, 19 integrantes de um grupo teatral lembraram a matança de 13 anos atrás que teve repercussão mundial, mas que permanece impune.

A manifestação na Capital gaúcha era acompanhada por panfletos, distribuídos aos pedestres que passavam pelo local. Caracterizados como agricultores, de preto, os manifestantes do grupo 'Cambada de Teatro em Ação Direta Levante Favela' ficaram cerca de 30 minutos inertes em um pano vermelho, como se estivessem mortos. O grupo argumentava que nenhum dos policiais que participou da ação ou o Governo pagaram pelo crime. "Exigimos justiça. Nossa memória não esquece e nem perdoa!", dizia o manifesto.

Ainda em 1996, o Masssacre de Eldorado dos Carajás - como ficou conhecido - emocionou os jornalistas e convidados que participavam da abertura do 27º Congresso Nacional dos Jornalistas, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. No dia 1º de março, um filme do episódio, realizado durante a cobertura jornalística do confronto, foi exibido e todos pediram justiça. "O coronel que ordenou a matança foi condenado a mais de 200 anos de prisão e, graças a vários recursos, está solto até hoje. Como naquele Dia dos Trabalhadores, voltamos a clamar por justiça. Chega de impunidade", pede Jorge Correa, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul à época e hoje segundo vice-presidente da entidade.

Publicada originalmente no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul: http://www.jornalistas-rs.org.br/

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O acerto no erro

* Susana Vernieri

O prédio era destinado a ser um almoxarifado e foi transformado a fórceps em Faculdade. A sala de redação era recheada com máquinas de escrever antigas. As câmeras de TV eram pesadas e velhas. A ilha de edição, quase que analógica. O laboratório fotográfico, uma peneira. A biblioteca desatualizada. Nada parecia convidar a entrada naquela casa.

O atrativo era o erro. A liberdade de exercitar a falha. Não é teoria, técnica, arte que a Universidade de Jornalismo ensina, mas a possibilidade de se acreditar ser um humano. É esta sua justificativa maior. Dentro dela encontramos a geléia real da vida. O professor bom ensaia o espelho do futuro chefe exemplar. O ruim, nos alerta para os perigos do futuro. O coleguismo é amostra do que se poderá contar no ombro a ombro da jornada. Como norte de toda esta experiência está a tão desgastada palavra Ética.

O diploma serve para que se ateste perante a nós mesmos e aos outros, que empreendemos uma aventura ao centro da questão e estamos aptos a seguir viagem. Ele é documento imprescindível, passaporte para um mundo onde há menos tolerância para o erro. O espaço do profissionalismo não perdoa os fracos. A sociedade, muito em breve, irá cobrar do Supremo a decisão de acabar com a exigência do diploma para o exercício legal da profissão de jornalista caso isso venha acontecer. Toda população, em seu íntimo, quer uma Imprensa forte, pois sem palavra forte, o povo é escravo.

* Doutora pela Ufrgs, ex-professora de Jornalismo da Famecos, Fabico e Unisinos, trabalhou dez anos em Zero Hora

- Publicado originalmente no site do Sindicato dos Jornalistas/RS (http://www.jornalistas-rs.org.br/)

Os 15 filmes clássicos mais influentes

Para celebrar os 15 anos do TCM (Turner Movie Classics), o canal apresentou uma lista com os 15 filmes clássicos mais influentes do cinema. A relação segue de acordo com a ordem cronológica e, segundo a emissora esclareceu, não se trata, necessariamente, dos títulos mais importantes, mas, sim, daqueles que moldaram o cinema e o público que os assistiram.

1. O Nascimento de uma Nação (1915), de D.W. Griffith
2. O Encouraçado Potemkin (1925), de Sergei M. Eisenstein
3. Metrópolis (1927), Fritz Lang
4. Rua 42 (1933), de Lloyd Bacon
5. Aconteceu Naquela Noite (1934), de Frank Capra
6. Branca de Neve e os Sete Anões (1937), de David Hand
7. …E o Vento Levou (1939), de Victor Fleming
8. No Tempo das Diligências (1939), de John Ford
9. Cidadão Kane (1941), de Orson Welles
10. Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica
11. Rashomon (1950), de Akira Kurosawa
12. Rastros de Ódio (1956), de John Ford
13. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock
14. Psicose (1960), de Alfred Hitchcock
15. Guerra nas Estrelas (1977), de George Lucas

Quantos filmes desta lista você já assistiu?

Eu respondo de imediato: assisti O Encouraçado Potenkin,...E o Vento Levou, Cidadão Kane, Ladrões de Bicicleta, Psicose e Guerra nas Estrelas. Ou seja: 40% da lita do TCM.

Razoável!

quarta-feira, 15 de abril de 2009


Ética, Jornalismo e Nova Mídia - uma moral provisória", de Caio Túlio Costa, investiga como o jornalismo tem sido praticado do ponto de vista da moralidade, desde seu surgimento até os dias de hoje, marcados por um intenso fogo cruzado de novos meios de comunicação, a nova mídia. Na obra, o autor sustenta que, apesar de todas as novidades na mídia, o modo de fazer jornalismo não mudou. O que tem mudado, diz, "é a forma de comunicação e o grau de importância atribuído ao jornalista".

Redação - Carta Maior

Já está nas livrarias o mais recente livro do jornalista e professor Caio Túlio Costa, "Ética, Jornalismo e Nova Mídia - uma moral provisória". Editado pela Zahar, está à venda por R$ 39,90. O livro emerge da tese de doutorado defendida na USP em junho de 2008 e é fruto do curso de ética jornalística que Caio Túlio Costa ministra na Cásper Líbero desde 2003 - quando herdou a disciplina de Eugênio Bucci, inspirador do curso e da tese.

Conforme a apresentação da obra, o objetivo não é apresentar um manual com listas de certo e errado nem oferecer lições de conduta para os profissionais da mídia. "Longe disso, o objetivo é investigar como o jornalismo tem sido praticado do ponto de vista da moralidade – desde seu surgimento até os dias de hoje, marcados por um intenso fogo cruzado de novos meios de comunicação, a nova mídia".

A pedra fundamental dessa reflexão sobre a imprensa foi lançada em 1690, quando o alemão Tobias Peucer defendeu uma pioneira tese de doutorado sobre o tema. Nesta pesquisa, ele já apontava questões que continuam na ordem do dia e são abordadas no livro de Caio Túlio Costa. Entre elas destacam-se as contradições do jornalismo como “negócio” e como atividade de interesse público, os limites da objetividade e da imparcialidade; a busca da precisão num cotidiano premido pela urgência, os ideais de verdade, justiça e credibilidade.

"O grande desafio do jornalismo no século XXI", diz ainda a apresentação, "é manter sua identidade em uma rede saturada de informações emitidas pelos mais diversos meios. Nessa rede intrincada, nunca foram tão tensas as relações entre “fonte”, jornalista, empresa de comunicação e público – e não por acaso, ética e antiética têm andado assustadoramente próximas".

Ao relacionar filosofia, dramaturgia e literatura, estabelecendo surpreendentes ligações entre eventos distintos – como o julgamento de Sócrates, na Antiguidade, e recentes atentados promovidos em São Paulo pelo crime organizado –, o autor sustenta que, apesar de todas as novidades na mídia, o modo de fazer jornalismo não mudou.

O que tem mudado, defende, "é a forma de comunicação e o grau de importância atribuído ao jornalista, já que agora qualquer indivíduo pode criar e veicular produtos noticiosos, atingindo on-line milhões de pessoas". "Essa possibilidade sim é inédita e espantosa. Mais do que nunca, portanto, é oportuno manter em pauta uma discussão aprofundada sobre ética, jornalismo e novas mídias".

Veja o que diz a quarta capa do livro:

Jean-Paul Sartre dizia que, para conseguir administrar tantas namoradas, era obrigado a recorrer constantemente a um “código moral temporário”, que envolvia mentirinhas e meias verdades. Partindo dessa saborosa revelação do grande filósofo, o jornalista Caio Túlio Costa afirma que um “código” semelhante costuma ser utilizado no jornalismo, em situações diversas, para justificar comportamentos tidos como condenáveis.

Por exemplo quando se usam gravadores e câmeras ocultos para investigar um assassinato ou fraudes no mercado financeiro. Nesse caso, vale mentir, ocultar e omitir porque a causa é nobre? Essa “moral provisória” – oportunista, para uns; necessária, para outros –, que se adequa às circunstâncias, não faz parte apenas do dia-a-dia do repórter. Integra o fazer da própria indústria da comunicação. Num mercado saturado de informações digitalizadas, no qual o consumidor também as produz e veicula, a pergunta é: verdade, justiça e ética ainda são os pilares do jornalismo?

Yeda... Humor do amigo Eugênio Neves

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lula é o presidente mais popular das Américas, mostra pesquisa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em primeiro lugar na lista de líderes com melhor aprovação da América, com 70% de popularidade, de acordo com um estudo publicado hoje na internet pela empresa mexicana Consulta Mitofsky.

O relatório, correspondente a abril, indica que pouco atrás de Lula está o governante colombiano, Álvaro Uribe, com 69%, seguido pelo mexicano Felipe Calderón, com 68%, e pelo salvadorenho Elías Antonio Saca, com 66%. Em um segundo bloco aparecem os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, com 61%; Equador, Rafael Correa, e Paraguai, Fernando Lugo, com 60%; Chile, Michelle Bachelet, com 59%; e Bolívia, Evo Morales, com 58%.

Pouco atrás estão o governante uruguaio, Tabaré Vázquez, com 53%; o costarriquenho Óscar Arias, com 49%; o panamenho Martín Torrijos, com 48%; o guatemalteco Álvaro Colom, com 45%; o dominicano Leonel Fernández e o nicaraguense Daniel Ortega, com 48%; e o peruano Alan García, com 34%. No fim da lista estão a argentina Cristina Kirchner, com 29%, e o hondurenho Manuel Zelaya, com 25%.

A Consulta Mitofsky destacou que a aprovação média dos presidentes americanos em março foi de 52%, só superada pelos resultados de janeiro e maio de 2007, que alcançaram 53% e 54%, respectivamente. No estudo anterior, divulgado em janeiro, Lula, Uribe e Correa dividiam o primeiro lugar, com 70% de aprovação.

EFE

A gramática não foi feita para humilhar ninguém

Recebi o texto abaixo e vesti a carapuça. Muitas vezes cometi o "golpe baixo" de corrigir a gramática ou a ortografia do outro. Só porque tive a pretensão de entender que sabia mais. É claro que, no dia-a-dia do meu exercício profissional - o Jornalismo -, a gramática, a ortografia e sintaxe são essenciais. Nunca na conversa com parentes ou amigos. Ou num bate-papo na internet. Foi bom ler este artigo encontrado no endereço:

http://www.interney.net/blogs/lll/2009/02/06/gramatica/

Prometo me policiar para não cometer novos deslizes deste tipo. Espero que tu, leitor, faço o mesmo caso tenha entrado neste jogo. Vamos à leitura:



Alex Castro

Um dos golpes mais baixos (e mais idiotas) que alguém pode fazer durante uma discussão é criticar a gramática, ortografia ou sintaxe do outro.

É baixo sobretudo por ser inútil.

Pra começar, ou sua platéia viu o erro ou não viu. Se viram, já sabiam que o outro cara errou, já sabiam que ele não domina as regras básicas da língua e isso já ficou registrado - a seu favor. Mencionar ou zombar do erro não vai fazê-los ficar mais ao seu lado do que já estão, mas pode fazê-los pensar que você é um idiota arrogante. Eu sou assim.

Pior ainda, se a sua platéia não viu o erro, então há boas chances de eles serem tão ignorantes quanto a pessoa que você está corrigindo. Ao lhe ver corrigindo o outro, eles vão se colocar no lugar dele e se imaginar também sendo humilhados por você. Gol contra.

Mais importante, a não ser que a discussão seja sobre gramática, sintaxe ou ortografia (às vezes, nem mesmo nesses casos), tais erros não fazem diferença prática alguma. Seja num debate sobre política, engenharia química ou klingons em Star Trek, alguém que diz "nós vai" tem tanta possibilidade de estar certo, ou de ter uma boa idéia, ou de ter toda a razão do mundo, quanto qualquer outro.

Tanto sua platéia quanto seu interlocutor vão perceber que você, de forma pedante e arrogante, está apenas querendo desviar a discussão do seu verdadeiro assunto para um outro campo não relacionado, irrelevante para a assunto, mas que você domina.

Você não prova nada e ainda aliena os espectadores. Sempre uma má estratégia.
Na verdade, não dominar as sutilezas da língua não faz de ninguém burro. Talvez somente num aspecto.

A gramática, a sintaxe e a ortografia (e também a crase) não foram feitas para humilhar ninguém. Elas não são perversas nem aleatórias. A existência de normas padronizadas e universalmente aceitas tem como único objetivo facilitar a comunicação entre o maior número possível de falantes.
Enquanto cumprem esse objetivo, são úteis e saudáveis. Quando já não comunicam, tornam-se obsoletas.
E mesmo quando a língua torna-se um dialeto, como a das meninas ki falaum axxim, o novo dialeto também obedece à regras próprias e intrínsecas, para que possa ser mutuamente inteligível pelos falantes.
Então, não dominar essas regras não faz uma pessoa ser burra. Ou melhor, faz, mas só se você considerar que é uma burrice não se preocupar em aprender as regras que regem (e sobretudo facilitam) a comunicação entre seus pares.

Da próxima vez em que você vir alguém corrigindo publicamente qualquer pessoa, seja em fóruns, blogs ou até mesmo em chats, não diga nada.

Fale que conhece um site muito legal, que ele vai adorar, e mande o link desse post: http://www.interney.net/blogs/lll/2009/02/06/gramatica/

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Jornalismo: só com diploma

Tite, único técnico campeão gaúcho por três equipes diferentes


O técnico Adenor Bacchi, o Tite, poderá conquistar no domingo um título especial. Levantando a taça pelo Internacional, será o primeiro técnico a ganhar o campeonato gaúcho por três equipes diferentes. Foi vitorioso em 2000 com o Caxias - desbancando o Grêmio de Ronaldinho -, voltando a ganhar em 2001 com o adversário do ano anterior. Agora, seria com o colorado. É um título no qual eu acredito muito, mesmo respeitando o Caxias. Discordo de Tite em muitas decisões, mas o considero um bom treinador. Merece continuidade!
Contando com a providencial ajuda do professor Raul Pons, colorado que habita como eu a comunidade do Inter no Orkut, relaciono abaixo os treinadores campeões por dois clubes até o ano passado:

Teté
9º Regimento (atual Farroupilha) - 1935
Internacional - 1951, 1952, 1953 e 1955

Ricardo Díaz
Santanense - 1937
Internacional - 1942

Sérgio Moacir Torres
Internacional - 1961
Grêmio - 1962, 1963 e 1968

Rubens Minelli
Internacional - 1974, 1975 e 1976
Grêmio - 1985

Otacílio Gonçalves
Internacional - 1984
Grêmio - 1988

Celso Roth
Internacional - 1997
Grêmio - 1999

Lori Sandri
Juventude - 1998
Internacional - 2004

Tite
Caxias - 2000
Grêmio - 2001

Vidas jovens perdidas

Na internet ou nos jornais impressos, as notícias são as mesmas: jovens gaúchos perdem a vida por razões diversas:
- um, drogadito, é morto pela própria mãe.
- outro, amante do surf, fica enredado em rede de pesca no mar.
- um terceiro, jornalista como eu, morre afogado enquanto pescava no Uruguai.
- Mais um: voltava da praia, adormece e sai da pista na auto-estrada.
- três são atropelados por um motorista que fugiu.

As idades variam entre 14 e 24 anos. Gente que tinha um imenso horizonte pela frente, mas o destino cortou-lhes a frente. Alguém dirá que muitos deles foram ao encontro dele (destino). Eu digo: estavam vivendo. Mesmo o dependente de drogas.
Uma pena que não tenham podido viver tanto como o escultor Xico Stockinger, que faleceu ontem em pleno sono, aos 89 anos, deixando como herança uma invejável obra.

Internacional: em busca de mais um campeonato invicto no ano do Centenário

O Internacional poderá sagrar-se bicampeão gaúcho no próximo domingo se ganhar do Caxias, conquistando o segundo turno do campeonato gaúcho. Como já venceu o primeiro, torna desnecessárias as duas partidas finais. Ontem à noite, domingo de Páscoa, o time passeou em campo para dobrar a Ulbra por 4 a 0 no Beira-Rio. Os gols foram de Nilmar, Alecsandro, D'Alessandro e Rosinei. O goleiro Lauro ainda fez duas defesas espetaculares na mesma cobrança de pênalti da Ulbra.
Com a vitória, o colorado chega à décima sétima vitória na competição em 20 jogos (empatou três). O Inter tem agora a incrível marca de 59 gols em 20 partidas, o que equivale a quase três gols por jogo. Taison, com 14 gols, e Nilmar, com 11, são os principais goleadores do Inter na competição até o momento. Poderá repetir o feito de 1974, quando ganhou o campeonato de forma invicta - a diferença é que o time de Minelli ganhou todas as 18 partidas disputadas na época.
O detalhe é que ontem não estavam em campo dois dos melhores jogadores da atual campanha: Taison e Guiñazu. Diante do Caxias, teremos mais poderio ofensivo com o guri pelotense e segurança defensiva e garra com El Cholo argentino.
Avante, Inter. Este será mais um ano de glórias. Na aldeia e fora dela...


D'Alessandro, o irrequieto craque argentino, foi um dos mais importantes jogadores na goleada e marcou um gol de pênalti
(foto: Lucas Uebel/Vipcomm)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia do Jornalista, dia de luta



Hoje, 7 de abril, é o Dia do Jornalista. Comemoramos porque escolhemos uma profissão muito especial, que nos dá prazer e a possibilidade de expressarmos nossos princípios democráticos, éticos e morais onde trabalhamos. Como é bom fecharmos uma matéria rica em fontes, imparcial e recheada de lados (no caso, dando oportunidade para que todos se manifestem). Como é gratificante vermos publicada uma foto que prescinde de leganda. Ou um título que convida o leitor a ler a matéria com interesse.
Companheiros, o dia também é de luta sem tréguas. E devem festejar todos aqueles que estão na trincheira em defesa da manutenção da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo. São eles colegas aposentados ou da ativa. Juntos, estudantes das diversas faculdades de Jornalismo do Estado. Todos têm participado de reuniões, palestras e manifestações nas redações, nas assessorias ou na rua com o mesmo ideal de quando conquistamos a nossa regulamentação há 40 anos.
Não tivemos a votação do Recurso Extraordinário 511961 - que questiona a legitimidade de nossa regulamentação - no dia 1º de abril, mas não devemos baixar a guarda. As mobilizações devem continuar em todo o Brasil, visando convencer os 11 juízes do Supremo Tribunal Federal que o diploma é essencial para nós, jornalistas, e também para a sociedade. Informação com qualidade é garantida apenas por profissional preparado.
Contamos com o apoio essencial da sociedade ao nosso pleito. Em recente pesquisa nacional, mais de 70% dos entrevistados posicionaram-se a favor da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo e da constituição de um Conselho Federal dos Jornalistas. Não estamos sós, portanto.
À luta, companheiros. É dessa forma que devemos comemorar o nosso dia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Internacional fecha com chave de ouro o fim de semana do Centenário

Não poderia ser melhor o domingo que precedeu os grandes festejos de rua, de salões, de ginásios promovidos pela nação colorada em todo o Brasil, em especial em Porto Alegre. O Gre-Nal, vencido pelo colorado por 2 a 1, serviu para mostrar quem é o melhor. Os gremistas reclamaram das bolas na traves, dos gols tirado em cima da risca ou perdido com a goleira aberta. Em suma, choraram como sempre. E nós saímos vencedores e poderemos ser mais uma vez campeões gaúchos em dois jogos no Beira-Rio, nosso salão de festas. Os colorados, que quase lotaram o estádio (foto abaixo) só lamentam a falta de sensibilidade da direção gremista, que demitiu o técnico Celso Roth.



O gol de Índio foi um primor. Primeiro, pelo passe do argentino D`Alessandro. Ele deu um gancho sensacional em direção ao zagueiro goleador, que esperou o tempo certo e venceu o bom goleiro gremista Victor. Prêmio para um atleta que brilha em todos os Gre-Nais. E vejam a cara de espanto dos zagueiros gremistas na foto abaixo.

sábado, 4 de abril de 2009

Mais de 30 mil pessoas na comemoração do Centenário do Inter

Os gremistas não acreditavam, mas nós colocamos mais de 30 mil colorados nas ruas durante a festa de nossa Centenário Foi uma das manhãs mais vermelhas da história de Porto Alegre. Assim podem ser consideradas as primeiras horas de sol sobre a capital quando torcedores do Inter foram às ruas para a Marcha Colorada, preenchendo vermelho, branco, alegria e orgulho todo os espaços do trajeto. Nem o calor de cerca de 30 graus e o sol escaldante arrefeceram o ânimo da maior torcida do Rio Grande. Foi uma festa inesquecível.



A caminhada partiu da Praça Sport Club Internacional, na Rua Sebastião Leão com a Rua Jornal do Brasil, ao lado do Hospital Porto Alegre e foi até o Beira-Rio. No trajeto cerca de 30 mil pessoas vestidas com camisas e portando bandeiras acompanharam felizes da vida a marcha. Um trio elétrico animou ainda mais com músicas de incentivo e relacionadas ao Inter, como as da banda Ataque Colorado, o hino do Clube e os cânticos dos torcedores, além da narração de inúmeros gols históricos.



No trio elétrico estiveram presentes dirigentes, conselheiros, políticos, ex-jogadores e celebridades coloradas. A apresentadora da TV Bandeirantes e ex-miss Brasil Renata Fan foi uma das mais celebradas e teve que passar o trajeto todo distribuindo autógrafos para as camisas e bandeiras que eram arremessadas ao alto do trio elétrico. A musa colorada Alessandra Pinho seguiu o mesmo caminho esbanjando simpatia para os torcedores
Em seguida, o conselheiro Tiago Vaz entregou uma placa para a neta de Luiz Poppe, um dos fundadores do Internacional. Rosane Poppe recebeu a placa aos gritos de “Muito obrigado” por parte dos torcedores. Renata Fan falou ao microfone para a massa também: “Vocês são a minha família. É muito orgulho ser colorada”, festejou a bela apresentadora. O jornalista Kenny Braga foi às lágrimas quando saudou Nena, o lendário zagueiro do Rolo Compressor, da década de 40. Aos 85 anos, Nena acompanhou do alto do trio elétrico todo o trajeto ao lado de outros ex-atletas.





Durante a caminhada, o visual era impressionante. As ruas eram tomadas por milhares de colorados em celebração. Ao adentrar na Avenida Padre Cacique não se podia enxergar, do alto do trio elétrico, o asfalto no horizonte porque era coberto de vermelho e branco dos torcedores. Os trabalhadores paravam durante a caravana para acompanhar a alegria colorada. Os operários de um prédio em construção em frente ao Shopping Praia de Belas foram para as laterais para poder observar aquele mar vermelho.
Quando passou em frente à residência do técnico Tite, a torcida gritou o nome do treinador e saudou os seus familiares que estavam na janela. O mesmo fizeram ao avistar o apartamento do goleiro Clemer, localizado próximo ao Beira-Rio. O ex-presidente Arthur Dallegrave, falecido ano passado, também foi lembrado e teve seu nome cantado pela multidão.
De repente, um pequeno avião surgiu no céu com uma faixa e uma saudação do Grêmio ao Centenário do Inter. Enquanto isso, a torcida colorada abria uma enorme bandeira que tomava vários metros quadrados da Avenida Padre Cacique. A chegada ao Beira-Rio foi apoteótica com direito a narração de gols de Nilson e Fabiano, em Gre-Nais famosos e aplausos ao presidente Piffero e ao ex-presidente Fernando Carvalho. Eu estava lá. Veja foto abaixo.





Os colorados então se dirigiram para as arquibancadas do Beira-Rio para acompanhar o show da Banda Ataque Colorado e da Escola de Samba Imperadores do Samba. O Ataque Colorado levantou a massa com seus hits e hinos de celebração ao Inter e contou com a participação dos músicos Rafael Malenotti, Armandinho e Neto Fagundes. Durante o show, o presidente Vitorio Piffero entregou um Disco de Ouro à banda pela venda de 77 mil discos do álbum As melhores do Ataque Colorado I e II.
O presidente aproveitou também para convocar para o grande show que será realizado no dia 17 de dezembro, no Beira-Rio, com a presença de Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila, entre outros. “Sabe quando vai custar esse show para os sócios? Nada!”, disse o presidente, para a vibração de todos.
Por fim, a Imperadores encerrou o evento com muito samba e o enredo vencedor do último carnaval de Porto Alegre, que homenageou o Centenário do Inter. Uma festa democrática para o mais democrático dos clubes brasileiros.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Recurso contra o diploma de jornalista é retirado da pauta do STF

O recurso contra o diploma foi retirado da pauta de votações do STF. Prossegue no plenário a apreciação da Adin contra a Lei de Imprensa. O Ato Público Nacional continua. A Executiva da Federação Nacional dos Jornalistas e a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma vão se reunir para traçar novas estratégias de continuidade do movimento.
Às 16h45min desta quarta-feira, dia 1º de abril, a coordenação do movimento foi informada que, a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do RE 511961, ministro Gilmar Mendes, o advogado que representa a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na ação foi oficialmente comunicado da retirada do tema da pauta. Não foi divulgada nova data para julgamento do recurso contra o diploma.
Dirigentes da campanha continuam no plenário do STF acompanhando a votação da Adin contra a Lei de Imprensa. “Após o Ato Nacional, a Executiva da Fenaj e a Coordenação da Campanha vão definir novas ações, mas desde já a orientação é para que a movimentação nos Estados e os preparativos para o Dia do Jornalista, 7 de abril, prossigam”, explicou Luiz Spada, diretor da Fenaj.

Tropa de choque vigiou manifestantes

Faixas, cartazes, apitaço e palavras de ordem compuseram o cenário do Ato Nacional em Defesa do Diploma. O movimento próximo ao STF foi vigiado por policiais da ROTAM, a tropa de choque de Brasília. O ato em Brasília já contou com manifestantes de diversos Estados. Dois ex-presidentes da Fenaj, Armando Rollemberg e Américo Antunes, e os presidentes do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo - FNPJ - e da Associação Brasileira de Imprensa - ABI, Edson Spenthof e Maurício Azêdo, respectivamente, também participaram das manifestações. Palavras de ordem como “Gilmar Mendes, preste atenção, jornalista é profissão” e “Supremo Tribunal, Diploma é legal” sintetizaram o desejo de ver rejeitado o recurso que questiona a constitucionalidade do diploma.
No plenário, onde foi possível ver o ouvir a manifestação, está sendo apreciada a Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei de Imprensa. Neste momento, há um intervalo. A TV Justiça só pode ser sintonizada por antena parabólica se esta possuir receptor digital. Muitas pessoas estão reclamando que não conseguem assistir a transmissão online do julgamento. A área técnica da TV Justiça explica que o número de acessos ao site é limitado. Como muitos estão conectados, outros podem ter dificuldade.

* Fenaj

terça-feira, 31 de março de 2009

Viva o Jornalismo, viva a informação precisa, imparcial e com ética...



Colegas jornalistas e de outras profissões, chegou o dia especial para aqueles que estão na mídia e também para a sociedade em geral.
A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), está ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará neste 1º de abril o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação profissional do jornalista.
O ataque à profissão é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.
Meus amigos e minhas amigas, defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível.
Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros ue não o do real compromisso com a função social da mídia.
A formação superior específica para o exercício do Jornalismo há muito é uma necessidade defendida não só pela categoria dos jornalistas. A própria sociedade, recentemente, já deixou bem claro que quer jornalista com diploma. Pesquisa do Instituto Sensus, realizada em setembro de 2008, em todo o país, mostrou que 74,3 % dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo. E a população tem reafirmado diariamente esta sua posição, sempre que reclama por mais qualidade e democracia no Jornalismo.
Peço que os amigos jornalistas e de outras profissões que torçam muito hoje. Se perdemos, perderão todos. Se ganharmos, vitoriosos serão todos. Não queremos que este 1º de abril seja de mentira. Mas de verdade em defesa da informação.

Defensores do diploma foram às ruas. Destaque para jornalistas e estudantes em Porto Alegre



Apoiadores da Campanha em Defesa do Diploma como requisito para o exercício da profissão de jornalista foram às ruas em todo o País nesta terça-feira (31/3). O movimento reforça a reivindicação dos jornalistas brasileiros e da sociedade para que no julgamento, que começa quarta-feira (1º/4), os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitem o recurso que questiona a constitucionalidade do diploma. A mobilização ganhou eco na Câmara dos Deputados. Um Ato Público Nacional em frente ao STF e vigílias nos Estados marcarão o dia 1º de abril de 2009.





No Rio Grande do Sul, uma marcha em defesa do diploma movimentou algumas das principais ruas de Porto Alegre na manhã desta terça-feira. Dezenas de jornalistas, sindicalistas e estudantes se concentraram na Praça da Matriz, Centro da capital gaúcha, às 10 horas, e iniciaram uma caminhada de 2 quilômetros até a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. No trecho, distribuíram panfletos e a edição extra do jornal Versão dos Jornalistas, com matérias sobre a votação do Recurso Extraordinário nº 511.961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma para o exercício de Jornalismo.



Ao final da passeata, diversos oradores manifestaram a confiança de que o STF atenderá aos anseios da população, votando favoravelmente à manutenção do diploma. "Há 45 anos, tivemos um golpe que culminou em uma ditadura. Não queremos que outro golpe atinja a nossa democracia", pediu o presidente do Sindicato gaúcho, José Nunes. O ato que mais emocionou os participantes foi quando o carro de som tocou o Hino Nacional Brasileiro. De imediato, todos se deram as mãos e cantaram o Hino. Houve atividades durante todo o dia em várias cidades gaúchas. Em Bagé, estudantes da Urcamp iniciaram, às 19 horas, uma caminhada pelas principais ruas da cidade. Uma delegação do RS já está em trânsito, rumo a Brasília.

APIJOR lança manifesto em defesa do diploma

Em manifesto lançado nesta terça-feira (31/03) a direção da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais (APIJOR) voltou a defender a exigência do diploma para o exercício profissional do Jornalismo. Para a entidade, “a exigência do diploma em jornalismo está em consonância com a Constituição. Mais do que isso, está em consonância com a necessidade de um jornalismo feito com ética profissional, com autonomia e com responsabilidade”. Veja, a seguir, a íntegra do documento.

Jornalismo com ética e responsabilidade, só com jornalistas bem formados
Amanhã (1º de abril) o Supremo Tribunal Federal começa o julgamento para definir se a regra que exige a formação específica para alguém que pretenda exercer a profissão de jornalista é constitucional. A resposta positiva – ou seja, o reconhecimento de que o Decreto-Lei 972/69, que exige o diploma em jornalismo para o exercício da profissão, está de acordo com a Constituição Federal de 1988 – implica o reconhecimento simultâneo e automático de que a sociedade brasileira merece um jornalismo feito por profissionais com no mínimo a formação universitária de graduação em jornalismo.

A APIJOR apóia o diploma
Para a Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais – APIJOR a exigência do diploma em jornalismo está em consonância com a Constituição. Mais do que isso, está em consonância com a necessidade de um jornalismo feito com ética profissional, com autonomia e com responsabilidade.

O jornalista deve ser cada vez mais bem formado. A luta para melhorar a formação dos futuros profissionais jornalistas é do interesse de toda a sociedade. É uma das condições para os jornalistas poderem assumir a responsabilidade de produzir um jornalismo que atenda aos interesses de todos os cidadãos: o de serem bem informados.

Autonomia para o jornalista
O caminho em direção a este ideal é longo. Um jornalismo com essa característica exige, além de profissionais bem formados, jornalistas que tenham autonomia para exercer a profissão.

Em vez de se pautarem pelos interesses dos proprietários dos veículos, de governos e governantes ou de interesses privados, os profissionais devem se pautar pelo código de ética da profissão.

O Código contempla as preocupações, atitudes e procedimentos para o exercício de um jornalismo plural, que busque oferecer à sociedade as notícias vistas de diferentes ângulos e as interpretações divergentes sobre os fatos, assim como as diversas correntes de opinião existentes na sociedade.

Trata-se de uma necessidade para a plena cidadania dos brasileiros. Não pode haver verdadeiros cidadãos e cidadãs sem um jornalismo que forneça informação jornalística de boa qualidade e plural.

Fim dos monopólios e oligopólios
Essa condição exige mudanças profundas na atual estrutura da propriedade dos meios de comunicação no Brasil.

Inicialmente, é preciso regular por lei o que já está na Constituição, a proibição ao monopólio e ao oligopólio, assim como a regionalização da produção cultural, artística e jornalística. Com mudanças concretas nesta realidade teremos um jornalismo verdadeiramente pluralista.

Aí sim poderemos dizer que haverá plena liberdade de expressão e de imprensa no Brasil. Enquanto as distorções atuais permanecerem, essa liberdade será restrita a uns poucos. Será mais uma liberdade de empresa do que de imprensa.

O direito autoral do jornalista neste contexto
As condições acima são necessárias para que se realize em sua plenitude a responsabilidade do jornalista enquanto autor. Não que ele necessite dessa autonomia para que seu trabalho seja protegido pela Lei 9610/89, dos direitos autorais. Essa proteção já está garantida aos jornalistas, e a APIJOR existe para fazer a defesa desse direito.

Mas, para que se possa cobrar do jornalista profissional a responsabilidade integral pelo seu trabalho – o que está em consonância com a idéia de autoria –, há que se oferecer uma formação e condições adequadas para o exercício da profissão: salários, contratos decentes e condizentes com a legislação, respeito à sua dignidade e autonomia de trabalho.
Em resumo, é preciso que o jornalista tenha tudo o que lhe é negado nas atuais condições do mercado de trabalho e de acordo com a atual estrutura dos meios de comunicação jornalística no país.

A responsabilidade do STF
Por tudo o que está dito, e ainda no momento em que se inicia uma mobilização de toda a sociedade pela realização de uma Conferência Nacional de Comunicação, a negação da exigência da formação específica seria um tremendo passo atrás na luta que os jornalistas brasileiros – e a própria sociedade – vêm travando por uma informação jornalística de maior qualidade.

Essa é a posição da APIJOR. Entendemos que não pode ser outra, também, a posição da mais alta corte do país, responsável por preservar a Constituição e as conquistas que ela representa em termos da cidadania dos brasileiros.

São Paulo, 31 de março de 2009,
Diretoria da Apijor.

Jornalista, só com diploma

*Sérgio Murillo de Andrade

Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1º de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil. Naquela época, todos os setores, inclusive o Jornalismo, e liberdades democráticas foram atingidas e sofreram por mais de duas décadas.

Em 2009, a sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe, mais direcionado que então. Desta vez, especificamente contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados a exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), encontra-se ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará, também em 1º de abril, o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação profissional do jornalista. O ataque à profissão é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.

É importante esclarecer: defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão unicamente corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível. Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

O ofício de levar informação à sociedade já existe há quatro séculos. Ao longo deste tempo foi-se construindo a profissão de jornalista que, por ter tamanha responsabilidade, à medida que se desenvolveu o ofício, adquiriu uma função social cada vez mais fundamental para a sociedade. E para dar conta do seu papel, nestes quatro séculos, o Jornalismo se transformou e precisou desenvolver habilidades técnicas e teóricas complexas e específicas, além de exigir, também sempre mais, um exercício baseado em preceitos éticos e que expresse a diversidade de opiniões e pensamentos da sociedade.

Por isso, a formação superior específica para o exercício do Jornalismo há muito é uma necessidade defendida não só pela categoria dos jornalistas. A própria sociedade, recentemente, já deixou bem claro que quer jornalista com diploma. Pesquisa do Instituto Sensus, realizada em setembro de 2008, em todo o país, mostrou que 74,3 % dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo. E a população tem reafirmado diariamente esta sua posição, sempre que reclama por mais qualidade e democracia no Jornalismo.

A Constituição, ao garantir a liberdade de informação jornalística e do exercício das profissões, reserva à lei dispor sobre a qualificação profissional. A regulamentação das profissões é bastante salutar em qualquer área do conhecimento humano. É meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certificação social de qualidade e segurança ao cidadão. Impor aos profissionais do Jornalismo a satisfação de requisitos mínimos, indispensáveis ao bom desempenho do ofício, longe de ameaçar à liberdade de Imprensa, é um dos meios pelos quais, no estado democrático de direito, se garante à população qualidade na informação prestada - base para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas.

A existência de uma Imprensa livre, comprometida com os valores éticos e os princípios fundamentais da cidadania, portanto cumpridora da função social do Jornalismo de atender ao interesse público, depende também de uma prática profissional responsável. A melhor forma, a mais democrática, de se preparar jornalistas capazes a desenvolver tal prática é através de um curso superior de graduação em Jornalismo.

A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática.

Somos mais de 60 mil jornalistas em todo o país. Milhares de profissionais que somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão, e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o Jornalismo praticado hoje no Brasil.

E não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos de interesses privados e motivações particulares. Os jornalistas esperam que o STF não vire as costas aos anseios da população e vote pela manutenção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Para o bem do Jornalismo e da própria democracia.


* Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

segunda-feira, 30 de março de 2009

A marcha pelo diploma e pela democracia será nesta terça em Porto Alegre

Uma grande marcha em defesa do diploma para o exercício do Jornalismo sairá nesta terça-feira, dia 31 de março, às 10h, da Praça da Matriz, Centro de Porto Alegre. Profissionais, sindicalistas e estudantes mostrarão à população porque a formação universitária é importante também para a sociedade, e não apenas para os jornalistas. "Não é um ato apenas corporativo, mas a defesa da democracia. O jornalista com formação faz bem para a sociedade", explica o segundo vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Jorge Correa.

A passeata servirá para distribuição de panfletos e da edição extra do jornal Versão dos Jornalistas, produzido especialmente para a ocasião, e terá faixas e cartazes. O percurso será de aproximadamente dois quilômetros, seguindo pela rua Jerônimo Coelho, avenida Borges de Medeiros, avenida Aureliano de Figueiredo Pinto e rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, sede do Supremo Tribunal Federal da 4ª Região. No local, o grupo fará um ato simbólico em defesa do diploma. Informações pelo telefone 51-3228-8146.

Sindicato movimenta jornalistas em favor do diploma

O Rio Grande do Sul vive uma mobilização intensa nos dias que antecedem a votação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Recurso Extraordinário nº 511961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão. Manifestações públicas, reuniões em faculdades e em redações têm dado o tom da campanha que quer sensibilizar os 11 juízes do STF a manterem a exigência da formação universitária, na reunião marcada para a tarde desta quarta-feira, 1º de abril.



Veja o que já foi feito:

No dia 27 de março, sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, José Maria Rodrigues Nunes, e o presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Ercy Torma, foram recebidos pelo vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Surreaux Chagas. O desembargador elogiou o trabalho dos jornalistas gaúchos, e desejou "boa sorte" na decisão que será tomada em Brasília.

No sábado, 28, o Núcleo de Estudantes do Sindicato dos Jornalistas do RS reuniu-se com o diretor Léo Nuñez na sede da entidade e definiu que, pelo menos, duas centenas de estudantes gaúchos deverão participar da Marcha Pelo Diploma, marcada para esta terça-feira, dia 31 de março.

A Redenção foi palco de duas mobilizações. No sábado, 28, durante o Baile da Cidade, em comemoração ao aniversário de Porto Alegre, foram distribuídos exemplares da edição extra do jornal Versão dos Jornalistas. No domingo, 29, no tradicional Brique da Redenção, diretores do Sindicato distribuíram o jornal e explicaram a situação para a população. Nas duas atividades, estiveram presentes os diretores Marcia Camarano, Márcia Martins, Jorge Correa, Roberto Santos, Luiz Armando Vaz e Jeanice Ramos.

Na manhã desta segunda-feira, 30, aproveitando um ato unificado das centrais sindicais em defesa do emprego, dos direitos trabalhistas e sociais, e contra as demissões e os juros, o presidente do Sindicato, José Nunes, e membros do Núcleo de Estudantes da entidade, distribuíram o jornal Versão dos Jornalistas e ganharam apoio dos demais trabalhadores. A caminhada da CUT saiu da empresa Gerdau, na avenida Farrapos, e foi até o Palácio Piratini.

Ainda na tarde desta segunda-feira, uma ação para dois públicos mobilizou a direção do Sindicato na avenida Erico Verissimo, sede de algumas empresas do Grupo RBS - jornal Zero Hora, Rádio Gaúcha e ClicRBS. De megafone em punho e distribuindo o Versão dos Jornalistas, os diretores José Nunes, Marcia Camarano, Jorge Correa, Márcia Martins e Arfio Mazzei (foto acima) explicaram as razões da luta da categoria. Foram entregues centenas de jornais para funcionários e para a população que circulava pelo local, a pé ou de carro