Marco Weissheimer, reforça minhas convicções. Vale a pena ler.
Como se sabe, Raul Pont desistiu de concorrer à prefeitura de Porto Alegre. O candidato do PT será mesmo o deputado Adão Villaverde, atual presidente da Assembleia Legislativa. Raul não queria ser candidato. Entrou nessa em função do crescimento dentro do PT de Porto Alegre dos discursos contra a candidatura própria. Emprestou, mais uma vez, seu nome, sua cara e energia para garantir a candidatura própria. Teve a grandeza de sempre, tratada com desprezo e utilitarismo rasteiro pelos filisteus habituais que agora derretem-se em elogios ao “velho dinossauro”.
Sinceramente, não tenho mais nenhuma paciência, disposição ou, para usar um termo jurídico, saco, para escrever sobre a vida (sic) interna do PT. Como a inadequação é minha, vou enfiar a viola no saco e procurar a minha turma. Gostaria de fazer dois registros somente: em primeiro lugar, lembrar as palavras do historiador Russel Jacoby, no livro “o Fim da Utopia – Política e Cultura na era da Apatia” (Ed. Record): .
“O problema não é a derrota, mas o desânimo e a dissimulação intelectual, fingir que cada passo para trás ou para o lado significa dez passos à frente”.
E em segundo, mandar um grande abraço ao Raul Pont que, além de ser um quadro político de primeira grandeza da esquerda brasileira, é um homem extraordinário. A política é uma estrada cheia de armadilhas e desvios. Um dos ganhos em andar ao lado do Raul é a confiança e a fortaleza que se conquista para atravessar essa estrada. Pode-se até errar o caminho aqui e ali, mas não se perderá nunca de vista qual é o horizonte, como ele próprio lembrou no dia em que lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre:
“Para nós, a democracia não fica velha, não se aposenta. Estamos vendo agora, na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas pedindo democracia real, já. Elas não estão pedindo um novo aparelho tecnológico ou algo do tipo, estão pedindo democracia real. Porto Alegre tornou-se referência para o Fórum Social Mundial por causa disso e essa referência foi tão forte que hoje há redes de democracia participativa espalhadas por vários países. Isso é que é novo e moderno. O capitalismo é incapaz de sobreviver com democracia. Estamos vendo isso acontecer agora na Grécia, que foi impedida pelo mercado de realizar uma consulta junto à população. Somos internacionalistas, mas não podem os aceitar um sistema mundial dominado pelo capital financeiro. É por isso que não podemos ficar presos a mesquinharias e coisas pequenas”.
Segue a nota de Raul Pont à imprensa e ao Partido dos Trabalhadores, divulgada hoje:
1) Minha pré-candidatura foi colocada ao Diretório Municipal do PT-POA na defesa da tese de que o Partido deveria ter candidato próprio à Prefeitura da capital. Isso se justificava por não encontrarmos em outras candidaturas a integralidade do nosso projeto político programático e a existência de posições de que devíamos abrir mão da cabeça de chapa.
2) Afirmamos, igualmente, que esta candidatura deveria ser fruto de uma construção consensual ou largamente majoritária para garantir a maior unidade possível no Encontro Municipal do PT e para a difícil campanha eleitoral de 2012.
3) Chegamos ao Encontro Municipal com uma grande vitória. A tese da candidatura própria sai vitoriosa e é hoje um consenso partidário. Todas as correntes e os pré-candidatos a defenderam na plenária com mais de 800 militantes ocorrida no final de outubro. Fomos importantes para essa definição.
4) Isso não ocorreu entre os pré-candidatos. O debate e as decisões parciais das correntes não construiu o mesmo consenso. Chegamos ao Encontro com os pré-candidatos tendo apoio em torno de 50 % dos delegados para cada candidatura. O consenso que perseguimos na candidatura própria orientava para que o foco da escolha do candidato fosse nos elementos objetivos do reconhecimento público, da densidade eleitoral, da experiência administrativa acumulada e também do programa e da tática eleitoral que defendemos no último período. Vimos, no entanto, nas declarações à imprensa, que algumas correntes definiram-se mais por compromissos passados ou futuros do que acreditamos ser o centro da disputa que realizaremos: nosso compromisso com a cidade de Porto Alegre, a defesa dos governos Dilma e Tarso na eleição 2012 e num contexto de candidaturas fortes de outros Partidos.
5) Diante deste quadro, por não ter alcançado um consenso que julgamos necessário para uma boa representação partidária no pleito eleitoral, retiro a minha pré-candidatura ao Encontro, em comum acordo com as correntes que me apoiaram nesse processo. É nossa intenção e gesto para ajudarmos na construção da unidade partidária.
6) No dia 3, próximo sábado, todos (as) nossos (as) delegados (as) e correntes estarão fortalecendo o Encontro Municipal do PT e cumprindo sua pauta. Defendemos no Encontro uma política de alianças apoiada em um programa democrático-popular, a manutenção da tese da candidatura própria, as diretrizes de um programa de governo municipal, os avanços aprovados no 4º Congresso do PT e, principalmente, para construir a unidade em torno da candidatura do PT à Prefeitura de Porto Alegre.
Porto Alegre, 30/11/2011
Raul Pont
Correntes: Democracia Socialista, Articulação de Esquerda, PT Amplo e Democrático, Esquerda Democrática, O Trabalho
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