Entidades se solidarizam e cobram medidas
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e a
Federação Nacional dos Jornalistas manifesta sua solidariedade aos
parentes e amigos de Ezequiel Barbosa, 27 anos, e Enildo Paulo Pereira,
59, repórter cinematográfico e apresentador da TV Bandeirantes,
respectivamente, falecidos na manhã desta sexta-feira (27/04), quando se
dirigiam para o município de Farroupilha onde iriam cobrir uma operação
do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC). No acidente
que envolveu três carros com jornalistas e três viaturas policiais e um
caminhão carregado com laranjas, deixou feridos ainda o repórter
fotográfico Marcelo Oliveira, o repórter Eduardo Torres e o motorista
Anderson Samuel Belmonte Alves, todos do jornal Diário Gaúcho, além do
repórter Cid Martins e do motorista Lúcio Pereira de Moraes, ambos da
Rádio Gaúcha.
Em face do ocorrido as entidades exigem a
imediata apuração sobre o acidente e maior segurança de trabalho dadas
aos profissionais, com a instituição imediata do adicional de risco de
vida. No mesmo sentido cobramos do Governo do Rio Grande do Sul medidas
mais eficazes para garantir a segurança de todos os cidadãos que
transitam por esse local da rodovia que seguidamente vem ceifando a vida
de dezenas de pessoas.
Conforme o comprovado, além da função
de repórter cinematográfico, Ezequiel era obrigado também a dirigir o
veículo da empresa, o que contraria normas de segurança na cobertura
jornalística. Vale lembrar que esta é uma prática ilegal desta emissora
que há pouco mais de 5 meses teve o repórter cinematográfico Gelson
Domingos, morto em uma favela do Rio de Janeiro, sendo que na época
também exercia a função de motorista. As entidades buscam esclarecer
como Ezequiel era contratado, uma vez que as empresas usam o desvio de
função de “operador de câmera”, recurso utilizado para burlar a
regulamentação profissional dos jornalistas, registrar os profissionais
indevidamente e, assim, pagar salários mais baixos.
Fatos como
esse já foram denunciados junto a Superintendência Regional do Trabalho
(SRT-RS), que infelizmente tem preferido fazer a fiscalização
protocolar, sem ao menos verificar a atual atribuição do profissional. O
Sindicato e a FENAJ conclamam os jornalistas brasileiros e a sociedade a
denunciarem essa prática ilegal dos empresários da comunicação.
Juntamente com os demais Sindicatos de Jornalistas, trabalharemos para
fazer com que este episódio seja um marco nacional na luta para que as
empresas de comunicação definitivamente abram mão de sua negligência,
adotem normas de segurança em comum acordo com as entidades sindicais
representativas da categoria e assegurem aos profissionais condições de
trabalho dignas, além da imediata inclusão do adicional de risco de vida
a todos os jornalistas brasileiros.
Aliada à crescente
violência contra jornalistas no Brasil, a ausência de proteção aos
profissionais na cobertura de atividades de risco atinge um momento
inaceitável e preocupante, exigindo das entidades representativas dos
profissionais e daquelas representativas das empresas da comunicação uma
atitude inadiável. Para que se assegure o direito da sociedade à
informação de qualidade, faz-se necessária maior proteção e segurança
aos profissionais de comunicação. Por isso os Sindicatos de Jornalistas
do Brasil e a FENAJ cobram das entidades empresariais de comunicação a
imediata discussão e negociação de um Protocolo Nacional de Segurança
aos jornalistas.
Igualmente, as entidades cobram das
autoridades federais iniciativas neste sentido, convicta de que para que
chegue a mensagem é preciso proteger o mensageiro.
Porto Alegre, 27 de abril de 2012
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
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