Blog destinado ao Jornalismo, com informações e opiniões nas seguintes áreas: política, sindical, econômica, cultural, esportiva, história, literatura, geral e entretenimento. E o que vier na cabeça... Leia e opine, se quiseres!
quarta-feira, 13 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Olívio Dutra, o anti-Palocci
Por Lucas Azevedo, de Porto Alegre, em CartaCapital
Em velho prédio numa barulhenta avenida de Porto Alegre, em companhia da mulher, vive há quatro décadas o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra. Em três ocasiões, Dutra abandonou seu apartamento: nas duas vezes em que morou em Brasília, uma como deputado federal e outra como ministro, e nos anos em que ocupou o Palácio do Paratini, sede do governo gaúcho. Apesar dos diversos cargos (também foi prefeito de Porto Alegre), o sindicalista de Bossoroca, nos grotões do Rio Grande, leva uma vida simples, incomum para os padrões atuais da porção petista que se refastela no poder.
No momento em que o PT passa por mais uma crise ética, dessa vez causada pela multiplicação extraordinária dos bens de ex-ministro Palocci, Dutra completou 70 anos. Diante de mais uma denúncia que mina o resto da credibilidade da legenda, ele faz uma reflexão: “Política não é profissão, mas uma missão transitória que deve ser assumida com responsabilidade”.
De chinelos, o ex-governador me recebe em seu apartamento na manhã de terça-feira 14. Sugeriu que eu me “aprochegasse”. Seu apartamento, que ele diz ter comprado por meio do extinto BNH e levado 20 anos para quitar, tem 64 metros quadrados, provavelmente menor do que a varanda do apê comprado por Palocci em São Paulo por módicos 6,6 milhões de reais. Além dele, o ex-governador possui a quinta parte de um terreno herdado dos pais em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, e o apartamento térreo que está comprando no mesmo prédio em que vive. “A Judite (sua mulher) não pode mais subir esses três lances de escada. Antes eu subia de dois em dois degraus. Hoje, vou de um em um.” E por que nunca mudou de edifício ou de bairro? “A vida foi me fixando aqui. E fui aceitando e gostando”.
Sobre a mesa, o jornal do dia dividia espaço com vários documentos, uma bergamota (tangerina), e um CD de lições de latim. Depois de exercer um papel de destaque na campanha vitoriosa de Tarso Genro ao governo estadual, atualmente ele se dedica, como presidente de honra do PT gaúcho, à agenda do partido pelos diretórios municipais e às aulas de língua latina no Instituto de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “O latim é belíssimo, porque não tem nenhuma palavra na sentença latina que seja gratuita, sem finalidade. É como deveria ser feita a política”, inicia a conversa, enquanto descasca uma banana durante seu improvisado café da manhã.
Antes de se tornar sindicalista, Dutra graduou-se em Letras. A vontade de estudar sempre foi incentivada pela mãe, que aprendeu a ler com os filhos. E, claro, o nível superior e a fluência em uma língua estrangeira poderiam servir para alcançar um cargo maior no banco. Mas o interior gaúcho nunca o abandonou. Uma de suas características marcantes é o forte sotaque campeiro e suas frases encerradas com um “não é?” “Este é o meu tio Olívio, por isso tenho esse nome, não é? Ele saiu cedo lá daquele fundão de campo por conta do autoritarismo de fazendeiro e capataz que ele não quis se submeter, não é?”, relembra, ao exibir outra velha foto emoldurada na parede, em que posam seus tios e o avô materno com indumentárias gaudérias. “É o gaúcho a pé. Aquele que não está montado no cavalo, o empobrecido, que foi preciso ir pra cidade e deixar a vida campeira”.
Na sala, com exceção da tevê de tela plana, todos os móveis são antigos. O sofá, por exemplo, “tem uns 20 anos”. Pelo apartamento de dois quartos acomodam-se livros e CDs, além de souvenires diversos, presentes de amigos ou lembrança dos tempos em que viajava como ministro das Cidades no primeiro mandato de Lula.
Dutra aposentou-se no Banrisul, o banco estadual, com salário de 3.020 reais. Somado ao vencimento mensal de 18.127 reais de ex-governador, ele leva uma vida tranquila. “Mas não mudei de padrão por causa desses 18 mil. Além do mais, um porcentual sempre vai para o partido. Nunca deixei de contribuir”.
Foi como presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, em 1975, que iniciou sua trajetória política. Em 1980, participou da fundação do PT e presidiu o partido no Rio Grande do Sul até 1986, quando foi eleito deputado federal constituinte. Em 1987, elegeu-se presidente nacional da sigla, época em que dividiu apartamento em Brasília com Lula e com o atual senador Paulo Paim, também do Rio Grande do Sul. “Só a sala daquele já era maior do que todo esse meu apartamento”.
Foi nessa época que Dutra comprou um carro, logo ele que não sabe e nem quer aprender a dirigir. “Meu cunhado, que também era o encarregado da nossa boia, ficava com o carro para me carregar.” Mas ele prefere mesmo é o ônibus. “Essa coisa de cada um ter automóvel é um despropósito, uma impostura da indústria automobilística, do consumismo”. Por isso, ou anda de carona ou de coletivo, que usa para ir à faculdade duas vezes por semana.
“Só pra ir para a universidade, gasto 10,80 reais por dia. Como mais de 16 milhões de brasileiros sobrevivem com 2,30 reais de renda diária? Este país está cheio de desigualdades enraizadas”, avalia, e aproveita a deixa para criticar a administração Lula. “O governo não ajudou a ir fundo nas reformas necessárias. As prioridades não podem ser definidas pela vaidade do governante, pelos interesses de seus amigos e financiadores de campanha. Mas, sim, pelos interesses e necessidades da maioria da população”.
O ex-governador lamenta os deslizes do PT e reconhece que sempre haverá questões delicadas a serem resolvidas. Mas cabe à própria sigla fazer as correções. “Não somos um convento de freiras nem um grupo de varões de Plutarco, mas o partido tem de ter na sua estrutura processos democráticos para evitar que a política seja também um jogo de esperteza”.
Aproveitei a deixa: e o Palocci? “Acho que o Palocci fez tudo dentro da legitimidade e da legalidade do status quo. Mas o PT não veio para legitimar esse status quo, em que o sujeito, pelas regras que estão aí e utilizando de espertezas e habilidades, enriquece”.
E o senhor, com toda a sua experiência política, ainda não foi convidado para prestar consultoria? Dutra sorri e, com seu gestual característico, abrindo os braços e gesticulando bastante, responde: “Tem muita gente com menos experiência que ganha muito dinheiro fazendo as tais assessorias. Mas não quero saber disso”.
Mas o senhor nunca recebeu por uma palestra? “Certa vez, palestrei numa empresa, onde me pagaram a condução, o hotel e, depois, perguntaram quanto eu iria cobrar. Eu disse que não cobro por isso. Então me deram de presente uma caneta. E nem era uma caneta fina”, resumiu, antes de soltar uma boa risada.
sábado, 9 de julho de 2011
Versão dos Jornalistas mostra luta da categoria
A última edição do jornal Versão dos Jornalistas, editado pelo sindicato gaúcho, mostra três momentos da luta dos profissionais: salários ao nível do faturamento das empresas, luta pela retomada do diploma para exercício da profissão e a violência a que são submetidas lideranças e estudantes. É leitura importante.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Espetáculo da natureza
Este é um período lindo em Garopaba (SC) e nas praias vizinhas. Na foto, postada no Facebook pela amiga Marta Regina Schlichting, vemos golfinhos na Praia do Rosa. Amigos que moram lá ou estão de passagem dizem que já foram vistas baleias na Gamboa e na Ribanceira.
O amigo Sérgio Saraiva avisa: uma adulta na Praia do Rosa e uma mãe com filhote na Praia da Ribanceira (Imbituba) estão fazendo a festa na região da APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca nesta quinta-feira. Quem percebe a importância dessa volta da baleia franca à região onde foi caçada e quase dizimada no passado, só pode estar exultante. Da Gamboa, onde o artista plástico e pousadeiro Henrique Schucman registrou na quarta-feira (6), a presença de três adultas, vem a notícia de outra avistagem (pode ser um dos três animais) na Praia do Siriú nesta manhã. Sabrina Litman aponta a presença de uma adulta na Praia do Rosa neste início de tarde.Marta Regina Schlichting, assessora de imprensa do Instituto Baleia Franca (IBF) confirma o par (mãe+baleote) na Ribanceira. A temporada promete!
terça-feira, 5 de julho de 2011
Alegria infantil
Minha sobrinha e afilhada Fernanda está fazendo dois anos hoje. Fui dar um abraço e muitos beijos nela e me senti um guri. Quando ela disse "vamos brincar, dindo", não me contive e caí na gandaia. As fotos mostram tudo.
Bipolaridade gaúcha
No Rio Grande do Sul dos chimangos e maragatos, dos pica-paus e federalistas, da rivalidade Gre-Nal, do petismo e antipetismo, surge uma nova bipolaridade: os amantes do frio e os que odeiam os dias gelados do Inverno. Não importam as peleias. Amamos esta terra forjada nas lutas que ora nos concede glória e, em outro momento, desilusão.
Do meu anjo...
Anjo, pelo brilho da lua fui chegando...
Noite alta, cuidei para não fazer barulhinho...
A janela estava entreaberta...
A sacada parecia fria...
Procurei um lugar especial...
Guri de apartamento!
Cadê o teu quintal?
Vi uma camisa vermelha jogada ( Inter! )...
Uma paixão torcida...
Tua poesia trouxe o meu canto...
E no meu canto a tua voz...
Reciprocidade começa com J...
Meu Jorge amado...
( Mari, obrigada...)
Numa estrada construída de dois jeitos: o meu e o teu...
Num caminho sem volta...
Penduro uma plaquinha:
" - Amor listrado! "
Uma gremista e um colorado...
Se deu certo para Eduardo e Mônica,
não me importo de ser campeã ao teu lado...
Frases soltas, idéias à deriva...
Chão de estrelas sob pés de vento...
Tem sido assim cada vago minuto...
E cada curva do meu pensamento...
Um lugar especial...
Teu coração...
Nele repouso os meus versos todos...
Aqueles que ficaram nos ontens em que te esperei...
A minha poesia de agora...
O que escreveremos juntos...
Eu te amo!
Jaqueline Bernardes
Noite alta, cuidei para não fazer barulhinho...
A janela estava entreaberta...
A sacada parecia fria...
Procurei um lugar especial...
Guri de apartamento!
Cadê o teu quintal?
Vi uma camisa vermelha jogada ( Inter! )...
Uma paixão torcida...
Tua poesia trouxe o meu canto...
E no meu canto a tua voz...
Reciprocidade começa com J...
Meu Jorge amado...
( Mari, obrigada...)
Numa estrada construída de dois jeitos: o meu e o teu...
Num caminho sem volta...
Penduro uma plaquinha:
" - Amor listrado! "
Uma gremista e um colorado...
Se deu certo para Eduardo e Mônica,
não me importo de ser campeã ao teu lado...
Frases soltas, idéias à deriva...
Chão de estrelas sob pés de vento...
Tem sido assim cada vago minuto...
E cada curva do meu pensamento...
Um lugar especial...
Teu coração...
Nele repouso os meus versos todos...
Aqueles que ficaram nos ontens em que te esperei...
A minha poesia de agora...
O que escreveremos juntos...
Eu te amo!
Jaqueline Bernardes
segunda-feira, 4 de julho de 2011
OAB dá apoio a jornalistas
O Pleno do Conselho Federal da OAB aprovou apoio às PECs do Diploma dos Jornalistas que tramitam no Congresso. Trata-se de um apoio importante.
sábado, 2 de julho de 2011
Agrotóxicos sem controle
“Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio”. constata o professor José Juliano de Carvalho, na entrevista a seguir, concedida por telefone para a IHU On-Line.
Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo – USP, Carvalho tem percebido a destruição e a inviabilização da agricultura familiar não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio. “É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão”.
José Juliano de Carvalho Filho possui graduação e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado pela Ohio State University. Além de professor, integra a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual sua opinião em relação ao uso de agrotóxicos no Brasil?
José Juliano de Carvalho – Minha atividade de pesquisa junto das populações camponesas durante muitos anos pôs-me em contato com os efeitos do agrotóxico. Mas o que importa é discutir esse modelo que se chama de agronegócio. Não se trata de uma simples técnica. É um modelo com efeitos perversos para a economia nacional, que nos faz voltar ao passado em relação à exportação de produtos primários e, o pior, com a dependência de poucas empresas multinacionais.
O agrotóxico, evidentemente, está ligado à questão das patentes e dos transgênicos. E os efeitos do enorme consumo de agrotóxicos no Brasil, que chega a 5,7 litros de veneno por habitante, estão ligados a esse modelo.
Isso tudo está dentro de uma questão maior, a questão agrária, que se caracteriza aqui no Brasil pela concentração fundiária, que está crescendo.
Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio. Olhando para o campo, veremos que há um mecanismo que torna o governo refém dos ruralistas. Neste mecanismo está embutida a própria questão macroeconômica, que tem um déficit crescente em contas correntes. Isso implica em pressão para se exportar mais commodities e o governo acaba ficando refém.
Basta olhar para o Congresso Nacional e ver que ali há um domínio muito amplo dessas forças, que eu considero as mais retrógradas do país. Tenho visto muito a destruição e a inviabilização da agricultura familiar. Não só por causa do agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio.
Um caso emblemático no Rio Grande do Sul é a detecção do agrotóxico no leite materno. A mãe, ao amamentar, envenena o filho com o próprio leite. Isso é um absurdo, um descontrole total. Minha opinião sobre o uso de agrotóxicos no Brasil é que é abusivo, exagerado, incontrolável.
Ficou muito mais difícil para a agricultura familiar. Quando se fala em integração da agricultura familiar com a indústria, eu vejo mais uma relação de subordinação. O Brasil se sujeita a se entregar à economia mundial num lugar subalterno e sob o domínio de grandes empresas multinacionais. Elas fazem o que querem aqui, sem regulação e com domínio total. E não são punidas por seus crimes.
IHU On-Line – Então o impacto do uso de agrotóxicos pode prejudicar a economia brasileira?
José Juliano de Carvalho – Penso que sim. E falo do impacto do pacote inteiro do modelo do agronegócio. Existe um eufemismo em torno disso, que vem dos Estados Unidos com o agrobusiness. O modelo inteiro prejudica o agrotóxico, inclusive, visto que ele está junto. É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão.
IHU On-Line – O Brasil é um dos países que mais utilizam agrotóxicos. O que isso revela sobre a posição brasileira em relação ao futuro da agricultura?
José Juliano de Carvalho – Isso revela a subordinação brasileira na nova divisão internacional do trabalho. A nós coube voltar nossa pauta de exportação para os produtos primários, vendendo etanol, massa de celulose, soja, sempre com pouco valor agregado. Estamos nos colocando não como o país do futuro, mas como subalternos. Continuaremos sendo periferia.
IHU On-Line – Por que os países em desenvolvimento são os que mais utilizam agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Porque eles são dominados pelas empresas, que têm um domínio inclusive sobre as terras. E a tática que essas empresas usam é do jogo mais baixo possível. Fazem de tudo, até suborno. Isso está ligado ao avanço do capital financeiro em todo o mundo, sendo que esses países vão perdendo a capacidade de fazer política. Eles fazem apenas a pequena política.
IHU On-Line – Quais são as alternativas aos agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Nós podemos ter uso de química na agricultura, mas tem que ser um uso regulado. O que eu não vejo é alternativa ao modelo do agronegócio. Porque não é um modelo de produção, mas um modelo de domínio econômico, em que nem a reprodução das sementes é mais facultada aos agricultores. Eles têm que pagar pelas sementes e estas implicam no uso do agrotóxico X. É preciso quebrar com o poder de mercado dessas empresas. Um país como o nosso deveria regular a atividade do agronegócio, voltada aos interesses nacionais. Como se podem usar produtos que prejudicam a saúde da própria população trabalhadora?
Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo – USP, Carvalho tem percebido a destruição e a inviabilização da agricultura familiar não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio. “É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão”.
José Juliano de Carvalho Filho possui graduação e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado pela Ohio State University. Além de professor, integra a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual sua opinião em relação ao uso de agrotóxicos no Brasil?
José Juliano de Carvalho – Minha atividade de pesquisa junto das populações camponesas durante muitos anos pôs-me em contato com os efeitos do agrotóxico. Mas o que importa é discutir esse modelo que se chama de agronegócio. Não se trata de uma simples técnica. É um modelo com efeitos perversos para a economia nacional, que nos faz voltar ao passado em relação à exportação de produtos primários e, o pior, com a dependência de poucas empresas multinacionais.
O agrotóxico, evidentemente, está ligado à questão das patentes e dos transgênicos. E os efeitos do enorme consumo de agrotóxicos no Brasil, que chega a 5,7 litros de veneno por habitante, estão ligados a esse modelo.
Isso tudo está dentro de uma questão maior, a questão agrária, que se caracteriza aqui no Brasil pela concentração fundiária, que está crescendo.
Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio. Olhando para o campo, veremos que há um mecanismo que torna o governo refém dos ruralistas. Neste mecanismo está embutida a própria questão macroeconômica, que tem um déficit crescente em contas correntes. Isso implica em pressão para se exportar mais commodities e o governo acaba ficando refém.
Basta olhar para o Congresso Nacional e ver que ali há um domínio muito amplo dessas forças, que eu considero as mais retrógradas do país. Tenho visto muito a destruição e a inviabilização da agricultura familiar. Não só por causa do agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio.
Um caso emblemático no Rio Grande do Sul é a detecção do agrotóxico no leite materno. A mãe, ao amamentar, envenena o filho com o próprio leite. Isso é um absurdo, um descontrole total. Minha opinião sobre o uso de agrotóxicos no Brasil é que é abusivo, exagerado, incontrolável.
Ficou muito mais difícil para a agricultura familiar. Quando se fala em integração da agricultura familiar com a indústria, eu vejo mais uma relação de subordinação. O Brasil se sujeita a se entregar à economia mundial num lugar subalterno e sob o domínio de grandes empresas multinacionais. Elas fazem o que querem aqui, sem regulação e com domínio total. E não são punidas por seus crimes.
IHU On-Line – Então o impacto do uso de agrotóxicos pode prejudicar a economia brasileira?
José Juliano de Carvalho – Penso que sim. E falo do impacto do pacote inteiro do modelo do agronegócio. Existe um eufemismo em torno disso, que vem dos Estados Unidos com o agrobusiness. O modelo inteiro prejudica o agrotóxico, inclusive, visto que ele está junto. É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão.
IHU On-Line – O Brasil é um dos países que mais utilizam agrotóxicos. O que isso revela sobre a posição brasileira em relação ao futuro da agricultura?
José Juliano de Carvalho – Isso revela a subordinação brasileira na nova divisão internacional do trabalho. A nós coube voltar nossa pauta de exportação para os produtos primários, vendendo etanol, massa de celulose, soja, sempre com pouco valor agregado. Estamos nos colocando não como o país do futuro, mas como subalternos. Continuaremos sendo periferia.
IHU On-Line – Por que os países em desenvolvimento são os que mais utilizam agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Porque eles são dominados pelas empresas, que têm um domínio inclusive sobre as terras. E a tática que essas empresas usam é do jogo mais baixo possível. Fazem de tudo, até suborno. Isso está ligado ao avanço do capital financeiro em todo o mundo, sendo que esses países vão perdendo a capacidade de fazer política. Eles fazem apenas a pequena política.
IHU On-Line – Quais são as alternativas aos agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Nós podemos ter uso de química na agricultura, mas tem que ser um uso regulado. O que eu não vejo é alternativa ao modelo do agronegócio. Porque não é um modelo de produção, mas um modelo de domínio econômico, em que nem a reprodução das sementes é mais facultada aos agricultores. Eles têm que pagar pelas sementes e estas implicam no uso do agrotóxico X. É preciso quebrar com o poder de mercado dessas empresas. Um país como o nosso deveria regular a atividade do agronegócio, voltada aos interesses nacionais. Como se podem usar produtos que prejudicam a saúde da própria população trabalhadora?
Jogo com palavras
Jogo com as palavras, colhendo cada letra num cantinho diferente. Juntá-las me provoca inusitado prazer, me oferece a bela oportunidade de unir o que distante estava. O 'J' perdido no meio do alfabeto se aproxima do 'A' inicial e traz junto o 'Q'. E assim vai. Quem sabe, no final, esta sopa de letras se transforme em uma linda sinfonia. Aí não será mais jogo. Será amor.
Assistente do Inter vira titular do Grêmio
Esta situação parece surreal. Em questão horas, o assistente de técnico do Inter, Julinho Camargo, vira técnico titular do Grêmio. O tempo dirá quem ganhará com a troca. Tem gente falando que o colorado não deveria liberar o homem que ajudava Falcão a pensar o Inter (foto). Mas como impedir o avanço profissional do cara? É a hora dele. Que seja feliz...
sexta-feira, 1 de julho de 2011
IGTF e Fapa realizam curso de história do RS
A Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore e a Faculdade Porto-Alegrense promovem o curso 'Caminhos da História: o Rio Grande do Sul Contemporâneo'. As aulas serão ministradas no Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de 18 a 29 de julho, das 18h30min às 22h. O objetivo é promover a reflexão sobre identidade, cultura, sociedade, política e economia do Estado. O valor do curso é R$ 40, e mais informações podem ser obtidas via site www.fapa.com.br, fone (51) 3382-8282, ou e-mail extensao@fapa.com.br.
É abominável ocultar documentos da ditadura, diz porta-voz do WikiLeaks
Em entrevista exclusiva para Terra magazine, o porta-voz da organização WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, condena o sigilo dos documentos da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) e afirma que as recentes, e cada vez mais frequentes, invasões hacker a sites oficiais de órgãos públicos são expressões de "frustração e raiva" motivadas por erros, sejam eles do governo ou de outras corporações.
"É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos", disse para a repórter Marcela Rocha
Em 12 de julho, a justiça britânica decide se extradita para a Suécia o idealizador e principal líder do WikiLeaks, Julian Assange. O islandês Hrafnsson está no projeto desde 2009, quando abandonou o jornalismo no mainstream - como ele mesmo caracteriza -, e é, atualmente, responsável por filtrar documentos e definir estratégias de como publicá-los mundo afora.
No Brasil desde quarta-feira para dar palestras no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj) e na agência parceira Pública, Hrafnsson fez uma pausa de 40 minutos para conceder uma entrevista a Terra Magazine numa charmosa vila na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista.
Confira a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O Wikileaks começou como um grupo de hackers? Hoje, questiona-se se o que a organização faz é jornalismo. O que você acha disso?
Kristinn Hrafnsson - Não é inteiramente verdade que o Wikileaks começou como hacker. Claro que é uma "ideia hacker", de quando Julian Assange era parte de uma comunidade hacker em Melbourne (Austália), há 20 anos. A "ideia hacker" não veio, obviamente, da noção antiga que as pessoas têm de hackear, de invadir e causar desastres, ou até tirar proveitos disso. Não estamos pegando informação para receber benefícios financeiros disso. Basicamente, a ideia é disponibilizar as informações para todos. Meu background é outro, sou jornalista. Mas creio ser essa a ideia que permeou o nascimento do WikiLeaks em 2006.
E agora, o WikiLeaks pode ser considerado jornalismo?
Com certeza. Não há nada de diferente entre o que faz o WikiLeaks e o que fazem os jornalistas, ou o que deveriam estar fazendo. Concordo que nem todos os jornalistas estão fazendo um trabalho apropriado. Temos que admitir que o jornalismo seguiu uma linha que, na minha opinião, foge da ideal. Mas isso não é de agora, foi sempre assim. Sempre houve jornalistas jogando com as mãos de quem detém o poder e sempre houve jornalistas que desconstroem o papel desse poder na sociedade. Ao jornalista, cabe falar as verdades sobre o poder e descobrir o que há de errado. E é isso o que o WikiLeaks vem fazendo: prover uma plataforma para delatores passarem as informações de forma muitíssimo segura, analisar essas informações com precisão para ter certeza de que se tratam de coisas autênticas, para daí então colocarmos para fora, para as pessoas. Antes de 2010, antes de começarmos essa alta quantidade de vazamentos da economia americana e dos departamentos da Defesa e de Estado, estávamos escrevendo as reportagens nós mesmos e publicando no site. Algumas vezes usamos colaborações de jornalistas, mas foram exceções. Por causa dessa vasta informação que conseguimos nos últimos 14 meses, passamos a trabalhar em cooperação com a mídia mainstream.
Você veio ao Brasil participar de um congresso de jornalismo investigativo. Como acredita que o jornalismo vem sendo influenciado pelo WikiLeaks?
De diversas formas. É difícil por o dedo nisso porque há algo na atmosfera do meio jornalístico que vem sendo seguido rapidamente. Eu sei, porque vim do jornalismo mainstream. Há um ano, mais ou menos, os jornalistas ainda achavam que o WikiLeaks estava atacando-os, o que é parcialmente verdade. Isso porque o jornalismo não está funcionando apropriadamente, especialmente nos últimos anos, não estando pronto para descobrir as mentiras.
O governo estuda manter documentos da Ditadura Militar brasileira (1964-1985) sob sigilo porque, segundo justificativas de integrantes da atual gestão, isso poderia trazer problemas à segurança nacional. O que você acha disso?
É abominável que isso seja feito em uma sociedade democrática. A História pertence a todos e é uma parte importantíssima de quem somos. Geralmente, se usam argumentos espúrios para justificar o trancamento de informações dessa natureza. Acredito ser de extrema importância a abertura de todos os arquivos históricos, porque somos muito definidos por nosso passado e não podemos definir nosso presente ou estar em nosso futuro sem conhecer nosso passado. É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos.
Um grupo de hackers tem invadido sites oficiais de órgãos públicos como o do governo federal, o da Petrobras e divulgou dados da presidente da República... O que você acha disso?
Vemos esse tipo de atividade por todo o mundo. Eu não endosso, mas não condeno. Não é algo que o WikiLeaks vem fazendo, mas é uma expressão de raiva e de frustração de coisas erradas que vêm sendo feitas pelos governos e corporações.
Uma série de veículos tentou incorporar o modus operandi do WikiLeaks.
O jornalismo investigativo esteve em declínio por muito tempo, porque é caro e cada vez menos recursos foram sendo colocados nessa prática. Vários veículos vêm tentando reproduzir a nossa forma de trabalhar, por exemplo o Wall Street Journal, que foi uma tentativa patética por não ser seguro. A Al Jazira tentou e outros veículos também tentaram ir por esse caminho. Mudamos também a relação de cooperação. No último ano, começamos uma colaboração com três tipos muito distintos de mídia, depois fomos aumentando o número de veículos. Tantas mídias diferentes trabalhando juntas e analisando o mesmo material, dividindo os recursos, as histórias é algo histórico. Estimulamos a bravura e coragem porque mostramos o que deveria estar sendo feito, sem medo de ir em frente, independentemente de fortes processos movidos contra nós, de violência, não só vindos do governo norte-americano e do Pentágono - que são os superpoderes do Mundo -, mas vindos dos gigantes do universo financeiro. Mesmo assim, continuamos com o espírito jornalístico de seguir adiante.
Bradley Manning foi preso pelo governo dos EUA acusado de ter vazado informações sigilosas do Exército para o WikiLeaks. Como a organização garante a segurança das suas fontes?
WikiLeaks faz tudo para proteger suas fontes. Em 100% dos casos obtivemos sucesso. Mesmo se algumas pessoas foram descobertas, garanto que não houve nada que o WikiLeaks tenha feito que comprometesse suas fontes.
Quantas pessoas trabalham no WikiLeaks e quais são as dificuldades estruturais que enfrentam?
São entre 15 e 20 pessoas que trabalham no WikiLeaks e recebem por isso. Temos muitos voluntários trabalhando conosco pelo mundo. A maior dificuldade é, claro, a reação desproporcional e ridícula dos poderes que mencionei anteriormente. Além disso, temos uma série de processos contra nós e o caso que Julian vem enfrentando de extradição para a Suécia. Esse caso nos deixou em uma situação muito difícil, já faz seis meses. Tem mais uma dificuldade: a financeira, claro.
O governo britânico decide em Julho sobre o destino de Julian Assange. Como o Wikileaks tem lidado com isso? Esse processo tem a ver com o fato de o site estar "fechado"?
Nós não colocamos ênfase em reabrir o site porque temos trabalhado com capacidade total no material que já conseguimos e com a cooperação da imprensa internacional. Seria errado escoar informação por nosso site, não podemos fazer isso apropriadamente. Mas, garanto que não ficará fechado para sempre, claro.
Você tem sofrido algum tipo de retaliação?
Pessoalmente, não. Não sofro mais do que qualquer outra pessoa que trabalha para lutar contra crimes, corrupção...
Daniel Domscheit-Berg, ex-porta-voz do WikiLeaks, escreveu um livro fazendo ataques contra Assange. Você já leu o livro? O que você acha dele?
Não li. Tenho andado muito ocupado, portanto não leio livros de baixa qualidade. Alguém, em quem confio muito, me disse que é uma leitura penosa porque é muito ruim. Eu sei qual é o ingrediente do livro e das críticas de Daniel Domsheit-Berg. Há um ano ele não é parte da organização, período muito importante na história do WikiLeaks. Desde abril do ano passado ele não tem conhecimento do que ocorre ou de como operamos. Ou seja, ele pode falar do começo, mas não pode falar do que veio depois.
Não está preocupado que isso aconteça novamente?
Não me preocupo com isso. Somos uma organização transparente, e as pessoas podem ver o que fazemos. Estamos, basicamente, colocando nosso trabalho aí fora para todo mundo ver.
Hoje já existem vários outros sites tentando fazer o mesmo trabalho que o WikiLeaks. Como lida com a "concorrência"?
Acho fabuloso, muito bom que apareçam mais e mais sites como o WikiLeaks. É ótimo que tenhamos introduzido essa plataforma de denúncias. E espero que não pare por aí. Não estamos tentando competir por atenção, nem tirar ninguém da concorrência. Não estamos vendendo produtos, isso não é uma organização empresarial. Já existem mais de 20 sites: Polanleaks, EnviroLeaks, Unileaks... Esse conceito está se espalhando e espero que se espalhe mesmo. Só espero que seja estabelecido em bases muito fortes para oferecer métodos de proteção seguros.
Como você vê o futuro do Wikileaks?
Nós continuaremos o nosso trabalho e acredito que poderemos continuar colaborando nesse sentido de mudanças sociais. Isso é muito gratificante. Acredito que podemos deixar a nossa marca na história e me sinto muito orgulhoso por fazer parte disso.
"É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos", disse para a repórter Marcela Rocha
Em 12 de julho, a justiça britânica decide se extradita para a Suécia o idealizador e principal líder do WikiLeaks, Julian Assange. O islandês Hrafnsson está no projeto desde 2009, quando abandonou o jornalismo no mainstream - como ele mesmo caracteriza -, e é, atualmente, responsável por filtrar documentos e definir estratégias de como publicá-los mundo afora.
No Brasil desde quarta-feira para dar palestras no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj) e na agência parceira Pública, Hrafnsson fez uma pausa de 40 minutos para conceder uma entrevista a Terra Magazine numa charmosa vila na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista.
Confira a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O Wikileaks começou como um grupo de hackers? Hoje, questiona-se se o que a organização faz é jornalismo. O que você acha disso?
Kristinn Hrafnsson - Não é inteiramente verdade que o Wikileaks começou como hacker. Claro que é uma "ideia hacker", de quando Julian Assange era parte de uma comunidade hacker em Melbourne (Austália), há 20 anos. A "ideia hacker" não veio, obviamente, da noção antiga que as pessoas têm de hackear, de invadir e causar desastres, ou até tirar proveitos disso. Não estamos pegando informação para receber benefícios financeiros disso. Basicamente, a ideia é disponibilizar as informações para todos. Meu background é outro, sou jornalista. Mas creio ser essa a ideia que permeou o nascimento do WikiLeaks em 2006.
E agora, o WikiLeaks pode ser considerado jornalismo?
Com certeza. Não há nada de diferente entre o que faz o WikiLeaks e o que fazem os jornalistas, ou o que deveriam estar fazendo. Concordo que nem todos os jornalistas estão fazendo um trabalho apropriado. Temos que admitir que o jornalismo seguiu uma linha que, na minha opinião, foge da ideal. Mas isso não é de agora, foi sempre assim. Sempre houve jornalistas jogando com as mãos de quem detém o poder e sempre houve jornalistas que desconstroem o papel desse poder na sociedade. Ao jornalista, cabe falar as verdades sobre o poder e descobrir o que há de errado. E é isso o que o WikiLeaks vem fazendo: prover uma plataforma para delatores passarem as informações de forma muitíssimo segura, analisar essas informações com precisão para ter certeza de que se tratam de coisas autênticas, para daí então colocarmos para fora, para as pessoas. Antes de 2010, antes de começarmos essa alta quantidade de vazamentos da economia americana e dos departamentos da Defesa e de Estado, estávamos escrevendo as reportagens nós mesmos e publicando no site. Algumas vezes usamos colaborações de jornalistas, mas foram exceções. Por causa dessa vasta informação que conseguimos nos últimos 14 meses, passamos a trabalhar em cooperação com a mídia mainstream.
Você veio ao Brasil participar de um congresso de jornalismo investigativo. Como acredita que o jornalismo vem sendo influenciado pelo WikiLeaks?
De diversas formas. É difícil por o dedo nisso porque há algo na atmosfera do meio jornalístico que vem sendo seguido rapidamente. Eu sei, porque vim do jornalismo mainstream. Há um ano, mais ou menos, os jornalistas ainda achavam que o WikiLeaks estava atacando-os, o que é parcialmente verdade. Isso porque o jornalismo não está funcionando apropriadamente, especialmente nos últimos anos, não estando pronto para descobrir as mentiras.
O governo estuda manter documentos da Ditadura Militar brasileira (1964-1985) sob sigilo porque, segundo justificativas de integrantes da atual gestão, isso poderia trazer problemas à segurança nacional. O que você acha disso?
É abominável que isso seja feito em uma sociedade democrática. A História pertence a todos e é uma parte importantíssima de quem somos. Geralmente, se usam argumentos espúrios para justificar o trancamento de informações dessa natureza. Acredito ser de extrema importância a abertura de todos os arquivos históricos, porque somos muito definidos por nosso passado e não podemos definir nosso presente ou estar em nosso futuro sem conhecer nosso passado. É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos.
Um grupo de hackers tem invadido sites oficiais de órgãos públicos como o do governo federal, o da Petrobras e divulgou dados da presidente da República... O que você acha disso?
Vemos esse tipo de atividade por todo o mundo. Eu não endosso, mas não condeno. Não é algo que o WikiLeaks vem fazendo, mas é uma expressão de raiva e de frustração de coisas erradas que vêm sendo feitas pelos governos e corporações.
Uma série de veículos tentou incorporar o modus operandi do WikiLeaks.
O jornalismo investigativo esteve em declínio por muito tempo, porque é caro e cada vez menos recursos foram sendo colocados nessa prática. Vários veículos vêm tentando reproduzir a nossa forma de trabalhar, por exemplo o Wall Street Journal, que foi uma tentativa patética por não ser seguro. A Al Jazira tentou e outros veículos também tentaram ir por esse caminho. Mudamos também a relação de cooperação. No último ano, começamos uma colaboração com três tipos muito distintos de mídia, depois fomos aumentando o número de veículos. Tantas mídias diferentes trabalhando juntas e analisando o mesmo material, dividindo os recursos, as histórias é algo histórico. Estimulamos a bravura e coragem porque mostramos o que deveria estar sendo feito, sem medo de ir em frente, independentemente de fortes processos movidos contra nós, de violência, não só vindos do governo norte-americano e do Pentágono - que são os superpoderes do Mundo -, mas vindos dos gigantes do universo financeiro. Mesmo assim, continuamos com o espírito jornalístico de seguir adiante.
Bradley Manning foi preso pelo governo dos EUA acusado de ter vazado informações sigilosas do Exército para o WikiLeaks. Como a organização garante a segurança das suas fontes?
WikiLeaks faz tudo para proteger suas fontes. Em 100% dos casos obtivemos sucesso. Mesmo se algumas pessoas foram descobertas, garanto que não houve nada que o WikiLeaks tenha feito que comprometesse suas fontes.
Quantas pessoas trabalham no WikiLeaks e quais são as dificuldades estruturais que enfrentam?
São entre 15 e 20 pessoas que trabalham no WikiLeaks e recebem por isso. Temos muitos voluntários trabalhando conosco pelo mundo. A maior dificuldade é, claro, a reação desproporcional e ridícula dos poderes que mencionei anteriormente. Além disso, temos uma série de processos contra nós e o caso que Julian vem enfrentando de extradição para a Suécia. Esse caso nos deixou em uma situação muito difícil, já faz seis meses. Tem mais uma dificuldade: a financeira, claro.
O governo britânico decide em Julho sobre o destino de Julian Assange. Como o Wikileaks tem lidado com isso? Esse processo tem a ver com o fato de o site estar "fechado"?
Nós não colocamos ênfase em reabrir o site porque temos trabalhado com capacidade total no material que já conseguimos e com a cooperação da imprensa internacional. Seria errado escoar informação por nosso site, não podemos fazer isso apropriadamente. Mas, garanto que não ficará fechado para sempre, claro.
Você tem sofrido algum tipo de retaliação?
Pessoalmente, não. Não sofro mais do que qualquer outra pessoa que trabalha para lutar contra crimes, corrupção...
Daniel Domscheit-Berg, ex-porta-voz do WikiLeaks, escreveu um livro fazendo ataques contra Assange. Você já leu o livro? O que você acha dele?
Não li. Tenho andado muito ocupado, portanto não leio livros de baixa qualidade. Alguém, em quem confio muito, me disse que é uma leitura penosa porque é muito ruim. Eu sei qual é o ingrediente do livro e das críticas de Daniel Domsheit-Berg. Há um ano ele não é parte da organização, período muito importante na história do WikiLeaks. Desde abril do ano passado ele não tem conhecimento do que ocorre ou de como operamos. Ou seja, ele pode falar do começo, mas não pode falar do que veio depois.
Não está preocupado que isso aconteça novamente?
Não me preocupo com isso. Somos uma organização transparente, e as pessoas podem ver o que fazemos. Estamos, basicamente, colocando nosso trabalho aí fora para todo mundo ver.
Hoje já existem vários outros sites tentando fazer o mesmo trabalho que o WikiLeaks. Como lida com a "concorrência"?
Acho fabuloso, muito bom que apareçam mais e mais sites como o WikiLeaks. É ótimo que tenhamos introduzido essa plataforma de denúncias. E espero que não pare por aí. Não estamos tentando competir por atenção, nem tirar ninguém da concorrência. Não estamos vendendo produtos, isso não é uma organização empresarial. Já existem mais de 20 sites: Polanleaks, EnviroLeaks, Unileaks... Esse conceito está se espalhando e espero que se espalhe mesmo. Só espero que seja estabelecido em bases muito fortes para oferecer métodos de proteção seguros.
Como você vê o futuro do Wikileaks?
Nós continuaremos o nosso trabalho e acredito que poderemos continuar colaborando nesse sentido de mudanças sociais. Isso é muito gratificante. Acredito que podemos deixar a nossa marca na história e me sinto muito orgulhoso por fazer parte disso.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Inter, duas vezes quatro
Galo cai de quatro.
Inter, quatro a quatro...
Oito gols nos dois últimos jogos.
Estamos rumando por uma estrada boa, mas sempre surgirão obstáculos. Temos que seguir no rumo.
Vamos, Inter.
INPE: Amazônia perdeu 268 km² em maio de 2011
O Instituto de Pesquisa Espacial (Inpe) divulgou hoje os dados do desmatamento da Amazônia do mês de maio de 2011. Nesse mês 268 km² de floresta sofreram corte raso ou degradação progressiva.
Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou (93,7 km2), seguido por Rondônia (67,9 km2) e Pará (65,5 km2). Amazonas, Maranhão e Tocantins desmataram 29,7 km2,65 km2 e 4, 3 km2 respectivamente. O Acre perdeu somente 0,4 km2 de sua cobertura florestal.
A maior parte desse desmatamento (106,65 km2) foi considerado pelos satélites como corte raso, que segundo o INPE é processo de remoção total da cobertura florestal.
Os dados eram esperados para a semana passada, mas o governo decidiu divulgar os números somente hoje.
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o INPE não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Fonte: http://www.amazonia.org.br
Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou (93,7 km2), seguido por Rondônia (67,9 km2) e Pará (65,5 km2). Amazonas, Maranhão e Tocantins desmataram 29,7 km2,65 km2 e 4, 3 km2 respectivamente. O Acre perdeu somente 0,4 km2 de sua cobertura florestal.
Os dados eram esperados para a semana passada, mas o governo decidiu divulgar os números somente hoje.
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o INPE não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Fonte: http://www.amazonia.org.br
Tropeço e conquista
Tropeça quem caminha em busca de alguma conquista.
Quem senta e espera, não tropeça e não alcança nada.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Inter quente espanta frio no Beira-Rio
No frio gelado do Beira-Rio, 12 mil almas coloradas tiritavam de frio nas arquibancadas no início da noite de domingo. Fazia 8ºC, mas a sensação térmica indicava menos. O vento frio que vinha do Guaíba penetrava no concreto no estádio e aninhava no rosto de cada torcedor. Mas ele, o Internacional, vermelho da cor do fogo, tratou de esquentar a jornada. Com futebol envolvente, aplicou 4 x 1 no Figueirense e fez todos pularem de alegria. Pela vitória do time e para espantar o frio. Duplo propósito. Vamos, vamos, Inter...
domingo, 26 de junho de 2011
No frio, com o Inter
Bah, vou para o Beira-Rio enfrentar o frio. Aqui, está fazendo 11ºC. No estádio, deve estar abaixo disso.
Às 20h30min, quando o jogo acabar, os termômetros marcarão menos de 5ºC.
Sairemos de lá tiritando de frio. Espero que o colorado nos aqueça. Vamos, Inter!!!!!!!
Sol e boa música na manhã do meu quintal
Manhã gelada, mas de sol brilhando. Assim, não teve jeito senão eu desentocar de meu apartamento e me deslocar até o meu quintal, o Parque da Redenção. Lá, além do brilho de nosso astro maior, encontrei música para esquentar. Primeiro, curti a Banda Marcial Municipal do Balneário Pinhal, que tocou música de diversos estilos em frente ao Monumento do Expedicionário.
Mais adiante, parei para escutar os acordes do Conjunto BlueGrass Porto-Alegre, que executava um repertório de música norte-americana.
Saí dali satisfeito, com a sensação de que tinha feito um bem para mim...
Entusiasmo
O entusiasmo é uma vitamina “E “– de Entusiasmo -, que vem de uma palavra grega que significa “ter os deuses dentro”.
Eduardo Galeano
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