sábado, 7 de junho de 2008

Escândalo inédito no Piratini

O presidente da CPI do Detran, Fabiano Pereira (PT), divulgou nesta sexta-feira a gravação de uma conversa mantida pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM) e o chefe da Casa Civil, Cezar Busatto (PPS). O CD, gravado pelo próprio Feijó dia 26 de maio, foi repassado pelo vice-governador à deputada Stela Farias (PT), que o encaminhou ao presidente da CPI. A parlamentar foi taxativa: “a conversa é estarrecedora e revela o ‘modus operandi’ nefasto deste governo para construir maiorias políticas e financiar os partidos através de corrupção”, avaliou.
Fabiano Pereira classificou o momento de extremamente grave. Segundo ele, o diálogo mostra um modelo de fazer política que compromete as instituições democráticas e que “deve ser varrido da história do Estado”. O presidente da CPI quer que o secretário de Governo, Delson Martini, e o chefe da Casa Civil, Cezar Busatto, compareçam à comissão de inquérito já na próxima segunda-feira (9) para esclarecer os fatos. “Esperamos que venham não mais como secretários de Estado, mas como cidadãos comuns dar as explicações que devem à sociedade gaúcha”.
Pela primeira vez, o impedimento da governadora foi cogitado. Os deputados petistas acreditam que, a partir de agora, a responsabilidade da Assembléia aumenta. “Existem justificativas muito fortes para se pedir o impedimento da governadora”, sintetizou Stela.
O diálogo, ocorrido no Palacinho, sede de trabalho do vice-governador, foi iniciativa do chefe da Casa Civil, que buscava uma reaproximação de Feijó com o Palácio Piratini. No decorrer da conversa, Busatto fala abertamente que o PP se beneficiou com o Detran e o PMDB com o Banrisul, entre outras coisas. “Eu não ouvi todas as frases, pois a gravação estava ruim, mas o que ouvi é suficiente para afirmar que estamos diante de uma crise institucional inédita no Rio Grande do Sul”, sustentou o deputado Elvino Bohn Gass (PT).
O deputado Raul Pont (PT) desafiou o chefe Casa Civil a revelar à CPI quais as campanhas que foram financiadas pelo Detran e pelo DAER, órgãos públicos citados como fonte de financiamento dos partidos num trecho da gravação. “Se isto é verdade, o chefe da Casa Civil é réu confesso e estamos diante não só de um crime de corrupção, mas de um crime eleitoral também”, avaliou o líder do PT.

O diálogo

Apesar da má qualidade da gravação, os deputados que ouviram o áudio foram unânimes em considerar o material de altíssima gravidade. Em um trecho da conversa, Busatto tenta negociar com Paulo Feijó o apoio do vice às políticas do governo. Feijó responde que não quer cargos, apenas participar das decisões do Executivo porque foi eleito para isto. Busatto avança, diz que os partidos sobrevivem da máquina pública e cita o Detran, o Banrisul, o Daer e a CEEE. Feijó diz que não pode compactuar com as irregularidades no Detran, “assim como faz a governadora Yeda Crusius”, e que uma CPI do Banrisul seria positiva.
Minutos antes de começar a sessão da CPI, o vice-governador deu a seguinte declaração à imprensa: “Tenho a obrigação de tornar amplo este fato, é obrigação de homem público tornar estes fatos abertos e reais, e de forma transparente. Eu não posso dar respaldo a coisas de que eu tenho conhecimento. Vejo que nosso governo não tem agido com interesse de terminar com isso.

Confira o áudio em MP3

Confira a transcrição do diálogo entre Feijó e Busatto:


Feijó - Não é verdadeiro, isso aí.

Busatto - eu não acredito nisso.....

Feijó - no quê?

Busatto - este é o modus vivendi de .....

Feijó - não sei, não sei....

Busatto – ....essa guerra que está... e tu tenha elementos para abrir, concordo que isso cria uma situação muito ruim

Feijó – tá, e por isso eu vou dar suporte a tudo isso

Busatto - não, não Feijó, de maneira nenhuma......

Busatto - que possibilidade existiria de nós construirmos uma alternativa de entendimento, não no entendimento no sentido ... porque tem tanta coisa pendente porque tem um passivo que não resolve nunca mais, né, mas eu pergunto para evitar uma ruptura definitiva (...) se houvesse essa possibilidade que condições tu exigiria para isso?

Feijó - eu já disse desde o início não tem condição nenhuma eu só quero, como vice-governador, poder participar das decisões do governo, não quero cargo, não quero secretaria, então ah, eu demonstro que não tenho interesse, eu não tenho interesse por cargo por nomeação nem por secretaria nem por nada, mas eu quero participar, poder participar, eu não quero que as coisas sejam feitas de acordo com o que eu defendo, não, mas eu gostaria, como vice-governador, sentar numa mesa e discutir como a gente discute, ah, tomar a decisão em conjunto? É essa decisão. Agora, eu quero entender o seguinte: por que encobrir o Detran, se sabia que antes de eu entrar na política nós já sabíamos que havia esse esquema no Detran, todo mundo sabia, era público, por que não querer mudar? Desde 2003 eu sei que existe uma quadrilha no Banrisul, por que não querer mudar?

Busatto - por que quando do segundo turno como está sendo hoje com o Rigotto, conviveu com essas duas situações casualmente?

Feijó - Por que? Por que? Por que quem era eu Busatto? Por que não fui com o rigotto? Quem era eu? Era um empresário médio do rio grande do sul presidente da Federasul, eu vou bater de frente com o governador do Estado? Com o secretário do Estado? Que espaço eu tinha na mídia? Que respaldo eu tinha? Nenhum. Agora, hoje, eu me sinto responsável pelo governo que está aí, eu fui eleito junto com a governadora. Ela querendo ou não, ela gostando ou não, eu ajudei a eleger ela, ao menos um voto eu fiz para a chapa, eu trouxe recursos para campanha de amigos meus, empresários, que confiaram em nós, que confiaram no discurso de propriedade, de menos imposto, de menos governo, de menos secretaria, depois que nós passamos para o segundo turno deixa o Feijó lá isolado, ele que se rale, ninguém mais dê ouvido para ele, essa era a reciprocidade que eu tinha, a única coisa que eu sugeri, que eu não exigi, eu sugeri: olha, antes de nomear o presidente do banco eu gostaria de apresentar, ela não quis me ouvir, ela não tinha interesse nisso, então cada um que faça as suas interpretações porque ela não tinha interesse em mexer no Detran. Vamos pegar o Cairoli, se ele sabe alguma coisa do nosso governo que poder ele tem para enfrentar a mim e a governadora? Nenhum, como presidente da Federasul. Nenhum ou muito pouco, vamos dizer assim. Agora, como vice-governador eu tenho obrigação e eu não vou ficar quieto enquanto não mudar ou não demonstrar que nós estamos aqui para fazer o que tem que ser feito.

Busatto - ... tenho bastante convicção nisso. A governadora (ininteligível), eu acho que .. eu sinto muito isso em Porto Alegre, um pequeno partido se ganha uma eleição dessas precisa governar com maioria para poder viabilizar seu governo que é um pouco caso (...) que nunca governou o Estado.

Feijó - sim, não tem base partidária na assembléia.

Busatto – acaba tendo que fazer concessões importantes, os partidos aliados, os partidos grandes do Estado

Feijó - eu não tenho dúvida disso

Busatto - tanto o Banrisul quanto o Detran

Feijó - são os dois maiores, fora o PT

Busatto - tu concorda que são PMDB e PP, né?

Feijó - claro,

Busatto - então não podemos deixar eles fora. Não tenho dúvida de que o Detran é uma grande fonte de financiamento.

Feijó - do PP?

Busatto - isso não é verdade? e o Banrisul, nos últimos 4 anos, com certeza, eu até acho que de repente a governadora poderia até (ininteligível) pensado nisso, né, mas eu te digo uma coisa: os dois partidos (ininteligível) do Estado como é que isso isso ia ficar insustentável.

Feijó - hum, hum

Busatto - então assim eu não creio que a governadora seria totalmente responsável por tudo isso, tu entende? Quer dizer vai .....

Feijó - sim, então é melhor deixar assim então?

Busatto - e outra coisa: o custo que teria ter que romper com o Zé Otávio (ininteligível)

Feijó - sim, pra mim tá claro, ela rompeu comigo e se abraçou no simon na época lá quando ela pediu para que eu renunciasse

Busatto - é, é, eu quero dizer o seguinte: é difícil (ininteligível) ser só maldade dela... esse jogo.

Feijó - agora eu te pergunto o seguinte:

Busatto- (ininteligível)

Feijó - eu entendo, eu entendo. Agora te pergunto o seguinte...

Busatto - se tu tivesse sentado naquela cadeira e .. se eu não tiver 30 votos, 27 votos, 28 votos na Assembléia eu não governo, entende? É uma opção difícil.

Feijó - ok, politicamente, eu concordo, agora, não posso ser conivente com isso não numa questão política, mas numa questão de roubo, desvio, não pode, e ela está sendo. Por questões políticas? Não sei, por interesse financeiro? Não sei. Ou pelos dois juntos.

Busatto - ... se misturar, tu sabe que essa comunhão legislativa não funciona, muitos entraves...

Feijó - eu sei

Busatto – (ininteligível) nesse assunto... e o PDT...

Feijó – Oh, Busatto, eu tô num mundo que não é meu, e eu não me acostumo com isso

Busatto - (ininteligível) tu essencialmente está certo. Te digo assim: (ininteligível) faria se tivesse inviabilizado... isso uma hora se torna insuportável (inintligível) tá doente, tá doente... no sentido que vai ficar uma contradição... tua consciência (ininteligível) tu tá (ininteligível) o Serra ... não quero nem entrar no mérito dela... eu sei que tem desculpa embora a lógica da política ela é cruel... eu não sei se ela não mudará... tão cedo... Ministério Público... não sei se é uma boa saída, aliás, eu não sei se tem como sair... (ininteligível)... eu acho assim, Paulo, não é posição só da Yeda... todos os governadores só chegaram aí com fonte de financiamento ou de Detran, do Daer.. quantos anos o Daer sustentou...

Feijó - não sei

Busatto - Na época das obras... fortunas, depois foi o Banrisul...

Feijó - Na CEEE

Busatto - Na CEEE, se tu vai ver...

Feijó – é onde rendia... é onde os grandes partidos estão... não quero saber... é onde tem as possibilidades de financiamento, pode ter certeza de que tem interesses bem poderosos aí controlando (ininteligível) ...

Busatto - é uma coisa mais profunda que está em jogo... eu não sei se em alguns lugares se superou isso, acho que sim, né? Países mais avançados... mais maduras, norte da Europa, enfim tem lugares em que a atividade pública é mal remunerada

Feijó - sim, por idealismo

Busatto - por idealismo, por voluntariado, as pessoas não deixam de trabalhar, tu é deputado, tu não deixa de ser advogado, tu vai.como advogado, tu dedica... mas aí... na Europa... mas aqui nós estamos muito mal nisso...

Feijó - tá na hora de começar a mudar, em Busatto? Mas qual é tua proposição?

Busatto - não tem nada concreto..(ininteligível) ... a tua decisão, tu tens razões para isso, se pudessémos encontrar um modus vivendi que nos permitisse tu não romper com tuas convicções ... para tu estar dizendo pra ti mesmo, pra tua consciência... qual é o custo disso? Eu não sei. de repente o Fernando faz um gesto concreto para ti, não quero pensar alto porque isso não tá no horizonte acho que tanto a ver uma coisa concreta que pudesse permitir ou outra coisa, quem sabe? ... (ininteligível) ... acho que eu estaria disposto a contar sei que a governadora é muito complicada, mas, se não for assim, ... agüenta esse sofrimento, se tu não vai abrir mão das tuas convicções ... (ininteligível) ... tu tem informações ... ela vai pagar um preço alto por isso, talvez mais que ela merecesse se tu for ver ... Rigotto, Olívio, Britto ... cada um tem o seu jeito de financiar as coisas, então eu acho que... então eu queria te consultar se tem um caminho que o governo.... eu gostaria de tentar... não posso dizer assim, ah, não deu certo

Feijó - eu sempre tive a disposição para contribuir. Agora estou extremanente incomodado com tudo isso, não é nada do que eu esperava dessa atividade política, to aberto aí para qualquer proposição ou uma demonstração efetiva de que é pra valer, não é pra fazer de conta

Busatto - por exemplo, assim, uma coisa que me preocupa muito (ininteligível)

Feijó - sabe uma coisa? Eu sempre defendi a federalização e não a privatização do banco

Busatto - ... a Nossa Caixa, o Serra tá vendendo a Nossa Caixa para o Banco do Brasil.

Feijó - eu sei, mas tu sabe que o Aod, agora em março, abril, teve aqui falando comigo e veio me perguntar: oh, Feijó hoje avaliando a questão do banco é insustentável a médio prazo, eu sou até favorável.

Busatto - desde 2002, quando termina as consignações é o que sustenta ...

Feijó – (Aod) eu apoiaria um projeto desses. Eu sou favorável, tu apoiaria um projeto desses? E eu digo: eu sempre apoiei, Aod. É porque eu estou convencido, me disse o Aod, eu só tenho uma coisa, eu e a governadora nos comprometemos a não fazer isso no nosso governo, então eu vou cumprir com o que eu defendi em campanha, eu me lembro que nós tivemos lá no PSDB, lá no comitê uma reunião com os diretores, com os gerentes de banco e nos comprometemos... então como é que nós vamos defender o contrário? Aod: Ah, nos impostos nós já fizemos o contrário. Aí eu disse: então tá tri, tu levanta essa bandeira que eu não vou levantar. Agora eu concordo que o banco vender uma participação na Serasa e que isso que deu resultado pro teve, não é?

Busatto - Serasa do ...

Feijó - é o Serasa, o Banrisul tinha uma participação no Serasa, ele e outros bancos, me parecesse que foi bastante expressivo o valor apurado, poi, oh,Busatto tu tem muito mais expeiência e visão do que eu.

Busatto – ...é muito complexo de fazer, mas eu gostaria de encontrar formas, então de resolver, né, para que pudesse te dar conforto, criasse um modus vivendi porque eu acho uma loucura o que nós estamos fazendo, é sui generis essa situação fica insustentável ... pode acabar numa puta crise

Feijó - agora eu tenho a convicção se sair uma CPI do Banrisul seria muito bom para a sociedade, não tenho dúvida disso, politicamente não sei avaliar, agora, em termos de chegar à realidade do banco e ver efetivamente se nós, Rio Grande do Sul, precisamos estar pagando esse custo para manter um banco, afinal Santa Catarina não tem banco, Paraná não tem banco, São Paulo não tem Banco, Rio não tem banco, Bahia, nenhum estado representativo tem banco...

Busatto - .... não sei se uma CPI... o prazo é 2011, não é... são 300 mil clientes ativos ...

Feijó - mas eu to aberto, tá Busatto, aguardo uma sinalização

Busatto – vou pensar com muito carinho .... hoje o Sossella pediu a tua convocação para a CPI

Feijó - é, é, o Marquinho me ligou quando eu tava vindo da CEEE. Eu liguei para o Marquinho e pedi que ele fizesse aquela intervenção ...

Busatto .... que te convoque, né.

Feijó - inclusive o presidente da CPI, o Fabiano, quarta-feira, antes de eu viajar...eu tô com investimento lá em Punta Del Leste ....ele me disse olha, vai lá, medita, vamos conversar. Aí o Fabiano disse: se tu vai me convencer que eu tenho algo a agregar, tu me faça um convite que eu vou lá. O Fabiano ficou de me ligar. Aí até me surpreendeu hoje a posição do Sossella.

Busatto – O Sossella ... Paulo Azeredo... então tá, eu vou pensar no que nós conversamos e voltamos a conversar, ok?

Feijó - Ok.

Busatto - obrigado pela tua ajuda.

Feijó - eu tô sempre aberto.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Direção colorada manda Iarley embora. E ele chora...

Do blog do Iarley - aí está a verdade.

O choro de um campeão. Lágrimas de quem conquistou o Mundo com a camiseta colorada. Iarley se despediu do Internacional na tarde fria de ontem. Quando entrou na sala de imprensa do estádio Beira-Rio, sabia que seria o último encontro pessoal com a imprensa gaúcha. Entrou e foi conduzido pelo assessor de imprensa do clube e seu amigo pessoal, José Evaristo Villalobos, o Nobrinho. Dezenas de jornalistas já o esperavam. O convívio, desde 2005, sempre foi o melhor com os profissionais das mídias do Rio Grande do Sul.
A entrevista coletiva começa com a palavra do presidente Vitório Piffero, que falou da importância do craque na história do clube. Depois é a vez de Iarley falar.
“Só tenho que agradecer ao Inter pelos momentos e as glórias que eu vivi. Foi muito mais alegria que tristeza. Não tenho muitas palavras porque a emoção é muito grande”, afirmou o cearense, sem conter as lágrimas.
Depois, lembrou de uma conversa que teve com um torcedor, ainda no aeroporto Salgado Filho, no dia de sua chegada ao Inter.
"No aeroporto, quando eu pisei em Porto Alegre pela primeira vez, um torcedor me falou que não agüentava mais não ser campeão da Libertadores, do Mundial, e as brincadeiras do rival por isso. Ele me disse que a gente tinha que ser campeão, e eu falei para ele, com muita convicção, que nós seríamos campeões da América e do mundo. Acho que aquele torcedor está contente, porque eu cumpri a promessa”, disse, antes de ir às lágrimas novamente.
Sobre sua saída, Iarley sempre foi claro em dizer que sua meta era jogar o centenário pelo clube e de cumprir seu contrato de forma integral.
“Não esperava sair dessa maneira. Pensava em sair cumprindo meu contrato e me despedindo da torcida que tanto amo. Jamais pensei que eu sairia desta maneira. Quero deixar bem claro que é o clube que está me negociando, não fui eu quem pediu para ser negociado”, disse.
Ao falar sobre a torcida do Internacional, mais uma vez, a emoção veio à tona. “Como posso falar sobre os torcedores colorados? O que vou dizer desta nação que foi tão boa pra mim? Não dá. Neste momento o que posso falar é um singelo, mas verdadeiro, ‘muito obrigado’. Sem vocês minha vida aqui no clube não seria tão boa como foi. Não se esqueçam de mim, pois eu jamais me esquecerei de vocês!”, definiu Iarley.
Agora, o desafio é atuando pelo time do Goiás. O craque conhece bem a força da equipe e disse que vai pensando em, mais uma vez, fazer história.
“O Goiás sempre teve time muito bons. Lá, a base é excelente. Vou pra lá com a garra e determinação que sempre mostrei nos clubes por onde passei. Agradeço a oportunidade de defender este clube e, tenho certeza, não vou decepcionar a torcida!”, ressaltou Iarley.

Imprensa mostra momento crítico para governo de Yeda

Imprensa reflete gravidade do escândalo e fragilidade do governo Yeda

Diante dos poucos integrantes da base aliada que permaneceram no plenário da Assembléia Legislativa nesta quinta-feira (5), o deputado Elvino Bohn Gass leu as manchetes dos principais jornais gaúchos sobre as gravações efetuadas pela Operação Rodin e tornadas públicas pela CPI do Detran na tarde desta quarta-feira(4). “A imprensa gaúcha espelha uma reação uníssona da sociedade gaúcha de estarrecimento diante de fatos graves e incontestáveis e revela a fragilidade do governo Yeda”, avaliou.
Ninguém da base governista rebateu o discurso do deputado do PT, que também leu a repercussão do conteúdo das gravações nos blogs. Todos os sites avaliam que o momento é crítico para o governo tucano, cujas estruturas foram seriamente abaladas pelo escândalo. No plenário, os aliados reproduziram o comportamento do Palácio Piratini, que optou por permanecer em silêncio como grande parte dos depoentes que circularam pela CPI do Detran nos últimos três meses.
Na tribuna, Bohn Gass afirmou que o silêncio do governo sobre o conteúdo estarrecedor das gravações de ligações telefônicas entre envolvidos na fraude do Detran é desrespeitoso e ofensivo à sociedade gaúcha. “O governo deve uma explicação ao Rio Grande do Sul, afinal, as gravações mostram que a corrupção chegou ao centro do poder. Hoje, o que todos querem saber é que providências serão tomadas pela governadora em relação ao secretário Delson Martini que, como revelam os áudios, orientava procedimentos do esquema fraudulento”, cobrou.

Manchetes dos principais jornais gaúchos

Diário de Santa Maria
"O Rio Grande escandalizado"

Jornal do Comércio
"Divulgação de escutas escancara fraude"

Correio do Povo
"Vozes do Detran agitam governo - O conteúdo explosivo dos 34 áudios divulgados ontem na CPI provocou reviravolta. Praticamente, todos os que não se calaram, mentiram."

Diário Gaúcho
"Gravações relevadoras. CPI revela escutas da fraude"

Jornal NH (Novo Hamburgo)
"Gravações da Polícia Federal esquentam a CPI do Detran – Pagamentos e beneficiados eram combinados com naturalidade"

Site Vide Versus
"Gravações de telefonemas mostram a desclassificação de grandes nomes da política gaúcha"

O Sul
"Ex-presidente do Detran flagrado negociando propina em gravações feitas pela PF"

Zero Hora
"Escutas convencem CPI a convocar o secretário de Governo de Yeda"

Página 10 – coluna política de Zero Hora – Rosane Oliveira
"Mentiras, mentiras, mentiras" (A dúvida da página 10 é se Delson Martini cai antes ou depois do depoimento na CPI)

Pioneiro (Caxias do Sul)
"Gravações citam Delson – O escudo político que protegia o secretário-geral de Governo, Delson Martini, não resistiu à força das escutas telefônicas da Operação Rodin"

Blog do Gaúcha Hoje (Rádio Gaúcha)
"A revelação das escutas feitas pela Polícia Federal teve impacto muito forte"

Rádio Guaíba – comentarista Gustavo Motta
"Mas se a casa não caiu, ninguém pode ser cego a ponto de não enxergar que, do ponto de vista político, as estruturas ficaram seriamente avariadas"

RBS TV – comentarista Lasier Martins
"Há prostração no governo que está abatido, suspeito na sua credibilidade e necessitado a dar explicações porque vários de seus integrantes vinham traindo a finalidade do Estado, adonando-se da coisa pública, explorando o dinheiro do Detran. Vive-se um momento revoltante, principalmente pelo envolvimento de gente que parecia ilustre, e não era. E por isso, precisa ser punida e afastada. Para um pouco mais de limpeza na política e na gestão pública do Estado."

Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul)
"Gravações deixam governo gaúcho na defensiva"

Beatriz Fagundes (colunista de O Sul)
"Os intestinos do esquema foram expostos e causaram espanto e repúdio devido à sordidez, desfaçatez e arrogância dos envolvidos. Todos mentiram na CPI"

Newsletter Políbio Braga
"A roubalheira do Detran foi exposta ao vivo de forma devastadora. A CPI aproximou-se ameaçadoramente do gabinete da governadora Yeda Crusius"

Por Olga Arnt.

Sujeira chegando ao Palácio Piratini

E agora, dona Yeda? Seus apoiadores na campanha e assessores atuais negaram na CPI qualquer envolvimento no escândalo da Corsan. E atacaram a Polícia federal. Entretanto, provas materais - como telefonemas e correspondências - estão desnudando a fraude. Será que haverá demandada geral em seu governo?
Os próximos capítulos serão emocionantes e tensos para o lado do Palácio Piratini.

Homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia


OS DEZ MANDAMENTOS DA ECOLOGIA

1. Ame a Deus, todas as coisas e a natureza como a ti mesmo.
2. Não defenderás a natureza em vão com palavras, mas através de seus atos.
3. Guardarás as florestas virgens, pois a tua vida depende dela.
4. Honrarás a FLORA e FAUNA e todas as formas de vidas e não apenas as vidas humanas.
5. Não matarás os rios limpos e cristalinos e nem os animais silvestres.
6. Não pecarás contra a pureza do ar, deixando com que as industrias suguem o ar que a criança respira e contamine a água que bebe.
7. Não furtarás da Terra sua camada de HÚMUS, raspando-a com o trator.
8. Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justifiquem teus crimes ECOLÓGICOS.
9. Não cobiçarás objetos e adornos cuja fabricação seja preciso destruir a FAUNA e FLORA.
10. A Terra também pertence aos que ainda estão para nascer.

Foto acima: captei a imagem no parque municipal de Barra do Ribeiro, minha terra, onde parte do verde à beira do Guaíba é preservada.

terça-feira, 3 de junho de 2008

É a idade....

Uma sexagenária resolveu fazer hidroginástica.
Cheia de gás e autoconfiança, entrou na secretaria da academia.
Mal chegou, a professora olhou-a de cima abaixo e avisou:
- Precisamos proceder a uma avaliação.
Pegou uma ficha, preencheu com seu nome e endereço e mandou brasa:
- Então a senhora já tem mais de sessenta anos?
- Pois é, minha filha, há seis anos virei sexy.
- Como? A senhora disse sexy?
- É, sexy de sexagenária, entendeu?
- A senhora tem falta de ar?
- Não, tenho falta de dinheiro.
- Às vezes sofre de tontura?
- Sofro com as tonteiras dos outros.
- Tem hipertensão?
- Não, tenho hipertesão.
- É diabética?
- Não, sou diabólica.
- Tem alergia?
- A mulher.
A esta altura, a moça não se conteve:
- A senhora é doida?
- Por homem!!!

Onde está a ideologia do PC do B?

A candidata do PC do B à prefeitura da Porto Alegre, Manuela D´Ávila, se uniu ao PPS, partido que reúne hoje os seguidores do ex-governador gaúcho Antônio Britto, o maior privatizador da história gaúcha. Na cartilha do partido comunista da jovem política, a condenação às privatizações é uma dos principais pontos. Como Manuela explicará para seus seguidores este casamento de partidos com ideologias e princípios tão antagônicos?
Como se mostrará ao lado de seu vice, Berfran Rosado, braço direito de Brito e de sua política de privatizações, que vendeu patrimônios gaúchos como a CRT e parte da CEEE? Beleza, não é?
Com a palavra os aguerridos comunistas Raul Carrion (deputado estadual) e Jussara Cony (presidente do Grupo Hospitalar Conceição e apoiadora do Governo Lula) ... Foram ouvidos?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Habemos técnico? Sem fumaça...

Será que a direção do Internacional vai "cozinhar" sua torcida a semana toda à procura de um técnico para substituir Abel Braga, o motivador? Pela conversas de Vitorio Piffero e Giovanni Luigi, presidente e diretor de futebol, será assim mesmo. Muricy não vem porque não foi demitido pelo São Paulo. Sobram Leão (arruma confusão), Tite (teórico e orador) e Dorival Júnior (sugerido pelo Abel, mas sem currículo para dirigir o Inter). Eu gostaria de ver Geninho ou Cuca no comando do Inter, mas ambos já acertaram com o Botafogo e o Santos. Portanto, como disse Luigi, não há prazo para anunciar o novo técnico. E temos jogo no próximo fim-de-semana contra a Portuguesa, em São Paulo. Vamos de Guto Ferreira, o interino que tem um campeonato gaúcho no currículo.

domingo, 1 de junho de 2008

Sai Abel. Quem vem?

No sábado à noite, no Beira-Rio, já sentíamos que o mobilizador Abel não ficaria mais no Internacional. Mais uma vez ele inventou - já relatei em tópico anterior - e sua saída era questão de horas. O domingo confirmou isso. Só os repórteres menos experientes engolem esta história de que uma proposta "milionária" das Arábias tiraram Abelão do Inter. Na verdade, a saída já estava acertada e só faltava uma justificativa. Ou seja, a proposta inicial, feita pelos árabes, já estava aceita.
Agora, a grande meta da direção colorada é encontrar o treinador. Pelo que ouvi e li durante o dia, ela está no caminho certo. Não pretende apostar. Por isso, está tentando ganhar tempo, esperando por um técnico que já conheça o time e alcance os resultados no curto prazo. Nesta relação, se impõe o nome de Muricy, desgastado no São Paulo. Ético, ele só sai se for demitido. Até quando a direção irá esperar? No segundo plano, estão Autuori, Cuca e Leão. Todos com ressalvas. Fala-se, ainda, em Tite e Bonamigo. Prefiro Muricy, que conhece o Inter, seus jogadores e os caminhos para seguir bem numa campanha de pontos corridos. Ganhou os dois últimos brasileiros. Esperemos!!!

Para onde vais, Inter?

Por mais colorado que eu seja e apesar de todo o meu apoio, é impossível não mostrar preocupação com o destino do Internacional este ano. O empate com o Sport Recife na fria noite de sábado, no Beira-Rio, mostrou que não temos time, não há esquema tática e estamos órfãos de treinador. Na verdade, temos bons jogadores, muitos deles com dedicação contagiante. Só isso não ganha jogo.
Defendo a saída do treinador Abel, que já não tem motivação e tampouco consegue organizar um time. Exemplos de ontem: colocou um atacante (Adriano) na ala direita, e tirou Nilmar, o melhor do time no jogo, para que entrasse Iarley. Da forma como o time jogou, a imagem que não sai da minha memória são as duas defesas (espetaculares) do goleiro Renan no pênalti. Não fosse ele, teríamos amargado mais uma derrota.
Mudança, urgente!

Magia dentro e fora do Museu Iberê Camargo





Porto Alegre recebeu na sexta-feira - 30 de maio - uma bela obra de arte: a sede da Fundação Iberê Camargo, um prédio de cimento branco desenhado pelo português Álvaro Siza. No sábado, visitei o chamado "bunker", onde realiza-se a exposição Moderno no Limite, com 80 trabalhos de Iberê. Mas o belo não está apenas nos quadros do artista. Das janelas espalhadas por amplos corredores, pequenas e grandes, é possível ver que o prédio localiza-se entre o verde (nos fundos) e o Lago Guaíba (na frente). Um cenário maravilhoso, dentro e fora do museu. Por exemplo, é possível admirar de seus cinco andares alguns patrimônios de Porto Alegre, como o Beira-Rio - estádio do Internacional - e a Usina do Gasômetro, além do centro da cidade. Quem gosta de arte e da natureza deve colocar na sua agenda uma visita à obra, que levou cinco anos para ser concluída e custou R$ 40 milhões. Importante: é possível firmar uma bem sucedida parceria entre governos e empresas privadas.
O prédio tem salas expositivas, átrio, reserva técnica, centro de documentação e pesquisa, ateliê de gravura, ateliê do educativo, auditório, loja, cafeteria, estacionamento e parque ambiental projetado pela Fundação Gaia.


Onde:
Avenida Padre Cacique, 2000 - Porto Alegre
Exposição: Terças a sextas das 10h às 19h, fins de semana e feriados das 11h às 19h
Informações: Telefone (51) 3247-8000 ou site www.iberecamargo.org.br


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Abaixo o cigarro

Pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revela que 23% dos brasileiros fumam. Em média, 14 cigarros por dia. Além de comprometer a saúde, o cigarro representa um alto custo no bolso.
A SBC disponibiliza em seu portal um cálculo onde o fumante consegue saber o quanto ele já gastou com o cigarro. Em poucos segundos, respondendo cinco perguntas, a pessoa contabiliza o quanto é gasto por mês, em um ano e o quanto ela desperdiçou com o cigarro ao longo da vida.

Um exemplo citado no site:

Vejamos o caso de uma pessoa que começou a fumar aos
11 anos, aproximadamente um maço por dia, que custa em torno de R$ 2,60.
Considerando que essa pessoa tenha hoje 21 anos, ela teve um gasto de R$ 9.360 por causa do cigarro.
No final o cigarro, além de prejudicar a saúde do usuário, causou uma despesa alta na vida dela.

Educação? Não é com Yeda!

Os números não mentem. Por meio deles, descobre-se que o processo de deterioração da educação no governo de Yeda Crusius é incrível. As escolas estaduais gaúchas reduziram 8,3 mil turnos no decorrer deste ano, segundo balanço divulgado na manhã de quinta-feira (29 de maio) pela Secretaria Estadual da Educação, que aponta também a redução do número de escolas. Em um ano, a SEC fechou ou transferiu às prefeituras 122 instituições — a maioria localizada em áreas rurais. O processo de "enturmação" usou 47,9 mil turmas para agrupar 1,3 milhão de alunos. Estão todos enlatados.
Uma pergunta que não quer calar: o PDT - cuja principal bandeira é a educação - continua apoiando este governo?
Caro Kayser, permita que eu use uma charge tua para ilustrar bem a situação.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O que é notícia?

Parece que muita gente do meio jornalístico que ainda não aprendeu a velha e surrada lição dos tempos de faculdade: na relação entre o homem e o cachorro, só é motivo de divulgação se o primeiro morder o segundo. Ou seja, merece manchete quando o dono, acometivo de fúria, avançar sobre o animal e lhe desferir umas mordidas. O contrário é corriqueiro. Pois vejam o caso de Abel Braga, treinador do Internacional, após três derrotas consecutivas do time. Na ausência de uma notícia mais forte no Beira-Rio, a tristeza, o mau-humor e a insônia do técnico são sintomas que estão merecendo destaque em jornais, televisões e internet. Entendo que tanta badalação deveria ocorrer se o comandante colorado confessasse estar alegre, exultante e dormisse oito horas por noite, sem qualquer pesadelo. Trata-se de um típico caso de inversão da notícia!

1968 não interessa à mídia de hoje. E aos jornalistas também

O portal Observatório da Imprensa colocou uma enquete na sua página da Internet perguntando se a mídia está sabendo explicar os acontecimentos políticos de maio de 1968. O resultado parcial não me surpreende por duas razões já conhecidas no meio jornalístico:
1. Falta memória nas redações. Com a juvenilização cada vez forte, jornalistas com idades entre 20 e 30 anos não tinham nascido e nem têm interesse em ler publicações a respeito. O dia-a-dia atual lhes toma todo o tempo.
2. Se antes a direita acusava a politização das redações - que seria de esquerda na totalidade -, hoje está acontecendo o inverso. Falta politização (não confundir com militância em partido político) e, por isso, impera o superficialismo na mídia. Tratar o que aconteceu em 1968 implicaria em aprofundar o debate sobre a reação da juventude no período de uma ditadura sanguinária.
Portanto, o resultado da pesquisa abaixo até ao meio-dia de quinta-feira, 29 de maio, é o retrato do que ocorre nas redações de hoje.


Resultado

A mídia tem conseguido explicar o que ocorreu em maio de 1968, quarenta anos depois?

1. Sim 10% 30 votos

2. Não 90% 257 votos

Total: 287 votos

Ser jornalista

Tenho recebido inúmeros questionamentos de pessoas que querem fazer Jornalismo ou estão no início do curso. Os jovens têm dúvida, e entendo que a melhor lição que devemos passá-los é mostrar como é a vida do jornalista na hora em que está numa redação de jornal, na televisão, no rádio, numa assessoria de imprensa e, mais recentemente, na web. Recebi três perguntas de uma curiosa estudante e enviei as seguintes respostas. Se servir para outros jovens que acessarem este blog, estarei recompensado. Aceito também contribuições, acréscimo e contestações...

Para você o que é ser jornalista?

Ser jornalista é gostar das histórias do mundo e ter a oportunidade de transmiti-las pelos meios de comunicação. Jornalista é um dom que adquirimos em um momento de nossa vida, cabendo a nós cultivando-lo com retidão, ética e imparcialidade. Não vejo outra forma de praticarmos o Jornalismo sem paixão, dedicação e o coração pulsando. Sou repórter durante toda a minha carreira e acho esta função a mais nobre da profissão. Nesta condição, tive a oportunidade de visitar pessoas desconhecidas em lugares desconhecidos e, de um dia para o outro, a história delas e de suas atividades estavam na página do jornal.

O que te motivou a escolher esta profissão?

Gostava de ler e escrever muito, mesmo que a condição financeira de minha família não me permitisse comprar livros, jornais e revistas. Fui atrás deles. Queria ser jornalista esportivo porque eu adorava ouvir as narrações e coberturas de futebol pelo rádio. Formado, fui trabalhar em jornal e, em raras ocasiões, fiz matérias esportivas. Meu caminho se direcionou para a editoria de economia e não me arrependo de tê-lo seguido. Detalhe: não pense em ficar rico com a profissão. Este é um privilégio de poucos. O segredo é dedicar-se e fazer o melhor que se gosta para conquistar avanços em seu local de trabalho.


Dá para conciliar numa boa a corridíssima vida de jornalista com a vida pessoal?

Quem decide ser jornalista deve preparar-se para ter uma vida diferente da que é desfrutada por outros profissionais. O jornalista tem que estar disponível 24 horas porque, a qualquer momento, pode ser chamado para fazer cobertura de um fato importante. Normalmente, as pessoas falam dos bons momentos que é chegar cedo em casa ou passar em um barzinho para relaxar da labuta diária. Pois é neste momento que a maioria dos jornalistas está trabalhando duro: ou na entrega das matérias, ou na edição delas. O "baixamento" - jargão das redações - de boa parte dos jornais vai até a meia-noite. Mais: não pense em domingos e feriados. Os jornais circulam todos os dias, e o trabalho também. É claro que existem escalas e o jornalista terá folga em algum fim de semana. Por isso, quem convive com um jornalista (marido, mulher, pais e filhos) deve estar preparado para esta rotina.

Quem está em grande enrascada: a Igreja, a Ciência ou a Humanidade?

Importante a artigo deste bispo mineiro a respeito do emprego das células-tronco. Quem ler, saberá que a Igreja não tem uma posição tão consensual como parecia.

A Igreja numa grande enrascada

Dom Paulo Francisco Machado

Bispo Diocesano de Uberlândia

Continuamente a Igreja vem sendo questionada acerca do emprego das células-tronco nas pesquisas científicas para descobertas de curas e terapias de alguns graves problemas de saúde que afligem a humanidade, como: diabetes, doenças neurodegenerativas, hematológicas, renais, acidentes vasculares do coração e do cérebro, traumas na medula espinhal. O grande mérito de tais estudos é a possibilidade de livrar-nos de uma série de doenças relacionadas aos tecidos ósseos, nervoso, muscular, sanguíneos. As tão famosas células são encontradas no cordão umbilical, na placenta, na medula óssea, etc.

É claro que a possibilidade de tais conquistas, anunciadas entusiasticamente pelos meios de comunicação de massa, enchem de esperança tantas pessoas acometidas por tais males. E, é claro que a Igreja não pode de modo algum deixar de se regozijar com tão importantes conquistas da humanidade, uma vez que ela é anunciadora do Evangelho da Vida: "Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida... Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham abundantemente". Diante disso não podemos ter outro caminho que acolher a proposta do Senhor, escolhendo a vida ("Escolhe, pois a vida").

Dito isto, cabe-nos esclarecer que as células-tronco podem ser extraídas de células adultas, encontradas no sangue, no cordão umbilical, na medula óssea ou, de células embrionárias que parecem ter alto poder de diferenciação na formação de células de outros tecidos do nosso organismo. As pesquisas e aplicações das células adultas não ferem a moral, portanto merecem todo louvor os cientistas que, respeitando o valor da vida, atuam nesse campo. Já o uso de células embrionárias para pesquisas contraria a moral, porquanto, até a presente data, é necessário destruir, matar o embrião para sua aquisição.

Na verdade não há o suposto conflito entre a Igreja e a Ciência: esse se encontra entre a Ciência e a Moral. Acontece que a Ciência, junto com a sua homenageada irmã siamesa, a Tecnologia, não tem autoridade no campo Moral. A Ciência e a Tecnologia produziram as armas – pense, por exemplo, no famoso punhal de Toledo ou na bomba H – mas é a Moral que, delimitando as fronteiras do verdadeiro bem, vai nos apontar o que devemos fazer. A ela compete delimitar o campo de pesquisa de uma Ciência, dizendo-nos se essa corresponde ao bem da humanidade. Há muitos anos guardo um texto de um cientista alemão naturalizado americano, Werner von Braun, que insiste, para a sobrevivência da humanidade, na necessidade de nos atermos aos princípios Morais, Éticos. Dizia-nos: "Hoje, mais do que nunca, a sobrevivência – a sua, a minha, a dos nossos filhos – depende de nossa adesão aos princípios Éticos. Só a Ética decidirá se a energia atômica vai ser uma bênção ou a origem da destruição total da Humanidade". Continuando o pensamento desse grande cientista, tecnólogo e sábio posso dizer que a Ética já tem uma resposta quanto ao uso das células embrionárias: "Não se pode matar um embrião, destruir uma vida humana que vem se desenvolvendo, para se produzir órgãos "sobressalentes" para curar, ou mesmo, salvar um adulto". Se o primitivo antropófago se alimentava da carne dos seus inimigos com a expectativa de reter sua força, os novos antropófagos estão na ânsia de comer o fígado, cérebro, pâncreas, coração de seus irmãos para conservar suas vidas.

Não se pode interromper o misterioso processo, a audaciosa e grande aventura de prosseguir o caminho já iniciado da vida humana. O embrião não é um cristal, um tumor, não é algo, é alguém que deu a partida para o mais fantástico grande prêmio, tem amplas possibilidades de subir ao pódio do parto e, assim celebrar mais uma vitória da vida. Afinal de contas o embrião humano não é a célula mater de uma barata ou de um orangotango, pois tem a estrutura genética própria dos humanos. É, sem dúvida, um organismo imaturo, mas tem em si as potencialidades de prosseguir a sua aventura vital e, assim, um dia poderá pronunciar as mais queridas palavras forjadas na nossa linguagem: "papai...mamãe ... eu te amo...". Logo no seu início distingue-se da célula paterna e materna: é alguém único no mundo.

Talvez tenha que advertir que o desprezo da Ética e da Moral terá efeitos desastrosos para o futuro humano. Se incentivarmos a "Cultura da Morte" e, hoje, não defendermos o "Evangelho da Vida", não faltará quem irá propor uma injusta lei de eliminação de todos quantos são pesados para o erário público, que tornam os impostos tão altos.

Deixo ao caro leitor as questões para reflexão:

1. Um ser humano, no início de sua vida, de sua existência é ou não sujeito de direitos, inclusive do fundamental direito a prosseguir na sua admirável aventura de mostrar o seu rosto e fazer sua peregrinação vital, como todos nós neste mundo?

2. Quando se inicia para alguém o direito de existir?

3. A quem compete o direito de determinar quando começa a vida humana, para que essa possa gozar dos direitos de cidadania?

Não penso que possamos barrar, com as nossas ponderações, todo o processo de pesquisas com as células embrionárias. Faço votos para que se possam encontrar meios eficientes de extraí-las sem danificar ou matar o embrião, que já é sujeito do grande direito de viver, de crescer, um dia mostrar seu rosto para todos. Se não conseguirmos, a Ciência e a Tecnologia serão julgadas pela História. Há anos a Igreja reconheceu o erro de alguns de seus membros em condenar Galileu. Será que a Ciência terá a humildade de, no futuro, reconhecer seu erro e seu crime?

Afinal de contas, quem está em grande enrascada: a Igreja, a Ciência ou a Humanidade?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ao lado das taças, com orgulho


Ontem estive no Beira-Rio e fiz algo que almejava faz tempo. Me deixei fotografar ao lado dos troféus da Libertadores e do Mundial Fifa. O guardião dos importantes das taças aceitou clicar, mas avisou que eu não poderia tocar em nada. Cumpri o trato, mas confesso que deu uma vontade de abraçar os objetos que representam as maiores conquistas do meu Sport Club Internacional. Na foto acima, da esquerda para a direita, estão as taças da Dubai Cup, do Mundial e da Libertadores da América, além de um belo prato desta última competição.

Novo vizinho, nova realidade

Um posto de gasolina e três casas não farão mais parte do cenário da rua Lima e Silva, aqui perto de casa. No lugar, em frente ao centro de compras Nova Olaria, será construído um moderno edifício com 14 andares destinados a moradia. Serão apartamentos de um, dois e três dormitórios com áreas entre 49 metros quadrados e 83 metros quadrados. Tudo pequeno, mas moderno, luxuoso. Assim vivem as famílias atualmente. Não existem mais aquelas apartamentos espaçosos, com cozinhas, salas e quartos para os moradores se esparramarem. Ah, na nova edificação não faltarão cinema, bar, lojas, piscina e todas as comodidades para quem adquirir uma unidade. Mesmo que o banheiro no interior do apartamento tenha apenas 4 ou 5 metros quadrados.

Torcida pelo adversário

O adversário do Internacional no Rio Grande do Sul, o Porto-Alegrense, está em terceiro lugar no Brasileirão, graças a duas vitórias e um empate. Ao contrário do que poderiam supor os amigos gremistas, estou torcendo pelo time deles neste início de campeonato. Com a boa colocação, o técnico Celso Roth permanece no cargo, que quase lhe foi tirado após cair fora do Gauchão. Com Roth, o Grêmio irá bem até metade do campeonato e depois despencará na tabela. É assim que acontece com todos os times treinados pelo turrão e retranqueiro Roth. Quando o Porto-Alegrense estiver em declínio, o treinador cairá. Mas o time permanecerá em posição intermediária do campeonato. Se não rondar a zona do rebaixamento. Portanto, fica Roth.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Era Glacial do Jornalismo – Volume 2

A Era Glacial do Jornalismo volume 2 reúne autores da vertente norte-americana que compõem as Teorias Sociais da Imprensa. A coletânea organizada por Christa Berger e Beatriz Marocco mostra a força crítica de autores como Robert Park, E. Ross e W. Lippmann, voltada às práticas do jornalismo capitalista e às funções da comunicação numa democracia, mais concretamente, da imprensa como voz do povo.
Seus artigos também refletem a tensão entre os avanços da tecnologia e a prática da democracia numa sociedade em rápido processo de mudança, na qual a industrialização, a urbanização e a migração se constituíam em forças sociais motoras do desenvolvimento cultural, político e econômico, acompanhadas por uma complexidade crescente da vida e do significado do conhecimento especializado. O livro engloba ainda textos analíticos de autores contemporâneos que contribuem para enriquecer a discussão e a reinterpretação dessas teorias. Assim, esse livro se torna fundamental para compreender o jornalismo em suas complexas relações com a sociedade e para entender, como diz Park, a nossa era como “a era da notícia” e o surgimento do repórter como “um dos mais importantes eventos na civilização americana”.

Capa: Danni Calixto
Páginas: 191
Preço: R$ 32,00

domingo, 25 de maio de 2008

Memória: quando um torturador falou a verdade

Sábado, 24 de Maio de 2008

Confissões de um torturador: - Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Entrevista feita em 9 de dezembro de 1998 com Marcelo Paixão de Araújo, que, em 1968, servia como tenente no 12º Regimento de Infantaria do Exército em Belo Horizonte, um dos três centros mais conhecidos de tortura da capital mineira durante a ditadura militar. Ali, permaneceu até 1971.

Revista Durante a ditadura, em depoimentos na Justiça Militar, 22 presos políticos acusam o senhor de tortura. É verdade?
Araújo
— Quem lhe disse isso?

Revista Vi nos processos na Justiça Militar. E, pela quantidade de presos que o citaram, o senhor é o agente da repressão que mais praticou torturas. É verdade?
Araújo
— Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Revista O senhor fez isso cumprindo ordens ou achava que deveria fazê-lo?
Araújo
— Eu poderia alegar questões de consciência e não participar. Fiz porque achava que era necessário. É evidente que eu cumpria ordens. Mas aceitei as ordens. Não quero passar a idéia de que era um bitolado. Recebi ordens, diretrizes, mas eu estava pronto para aceitá-las e cumpri-las. Não pense que eu fui forçado ou envolvido. Nada disso. Se deixássemos VPR, Polop (organizações terroristas) ou o que fosse tomar o poder ou entregá-lo a alguém, quem se aproveitaria disso seriam os comunistas. Não queríamos que o Brasil virasse o Chile de Salvador Allende. Nessa época, eu tinha 21 anos, mas não era nenhum menino ingênuo (risos). O pau comia mesmo. Quem falar que não havia tortura é um idiota.

Revista Como o senhor aprendeu a torturar?
Araújo
— Vendo.

Revista O que o senhor fazia?
Araújo
— A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar a gritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros), os militantes do grupo. Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era, vamos dizer assim, mais porrada. Um dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Um terceiro, soco no rim. Tudo para ver se ele falava. Se não falava, tinha dois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicar a palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. Eu era muito bom na palmatória.

Revista Como funciona a palmatória?
Araújo
Você manda o sujeito abrir a mão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos na mão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das Forças Armadas. Tinha gente que dizia que no telefone vinha inscrito US Army (indicando que era produto das Forças Armadas americanas). Balela. Era 100% brasileiro. O método foi muito usado nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas o nosso equipamento era brasileiro.

Revista E o que é o telefone?
Araújo
— É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem.

Revista De quanto?
Araújo
— Posso pegar o manual para informar com certeza. Mas não tem perigo de fazer mal. Eu gostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, mas sempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não se pode fazer é deixar a corrente passar pelo coração. Aí mata.

Revista Qual era o estágio seguinte quando o preso não falava?
Araújo
— O último estágio em que cheguei foi o pau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapas anteriores. Mas pau-de-arara é um negócio meio complicado. No Rio e em São Paulo gostavam mais de usar o pau-de-arara do que em Minas Gerais. Mas a gente usava, sim. O pau-de-arara não é vantagem. Primeiro, porque deixa marca. Depois, porque é trabalhoso. Tem de montar a estrutura. Em terceiro, é necessário tomar conta do indivíduo porque ele pode passar mal. Também tinha o afogamento. Você mete o preso dentro da água e tira. Quando ele vai respirar, coloca dentro de novo, e vai por aí afora. É como um caldo, como se faz na piscina. Era eficiente. Mas eu não gostava. Achava que o risco era muito alto. Afogamento não era a minha praia (risos). A geladeira, uma câmara fria em que se coloca o preso, não funcionava em Belo Horizonte. Era muito caro. O que tinha era o trivial caseiro. O menu mineiro.

Revista O que mais tinha no menu mineiro?
Araújo
— A dança da lata eu praticava muito.

Revista Como era?
Araújo
— Eu pegava duas latinhas de ervilha e abria. Depois, colocava o cara de pé, em cima.

Revista Sangrava?
Araújo
— Não. Ele falava antes disso (gargalhadas). Mas quem era mais leve agüentava mais tempo.

Revista E quem não tinha o que dizer?
Araújo
— Ia para a lata igual. Mas é muito fácil identificar quem tinha e quem não tinha o que falar.

Revista Como?
Araújo
— Militante é diferente. Jornalista é diferente de militar, que é diferente de empresário, que é diferente de militante. Ele se deixa trair por uma série de coisas. O linguajar, para começar, é diferente. Então, inocente só era torturado quando o agente era muito cru, sem conhecimento algum da práxis marxista, ou quando era um sádico. É muito fácil identificar uma pessoa que não é de esquerda. Vou dar um exemplo. Há algum tempo fui comprar dólares no Banespa, no câmbio turismo. Como até hoje tenho minha carteira militar, apresentei-a no lugar da identidade. O atendente viu a carteira, olhou para mim e perguntou:

— O senhor serviu no colégio militar?
— Tive uma época lá. Por quê? Você foi aluno lá?
— Não.
— Você foi soldado?
— Não.
— Escuta, eu te prendi?
— Não foi bem assim. Fui preso e o senhor foi o único que acreditou em mim. Apanhei com palmatória antes de o senhor chegar e me liberar.
— Sorte, hein? Já pensou se fosse o contrário? (risos).

Revista O senhor já reencontrou alguma pessoa que torturou?
Araújo
— Sim. Eventualmente, eu encontro ex-presos meus, inclusive os que apanharam. E o relacionamento não é muito ruim, não. Não é aquele negócio de dar beijinhos e abraços. Mas é um relacionamento de respeito. Há pouco tempo, aqui em Belo Horizonte, encontrei o Lamartine Sacramento Filho, que é professor em uma faculdade local. Segurei ele no ombro e disse: 'Você não me conhece, não?' Ele levou um susto. Aí eu disse: 'Você tá bom?' Ele disse que sim e não quis mais conversa. Mas também não passa batido, não (risos). Não deixo passar batido (sério).

Revista Por quê?
Araújo
— É o meu esquema. Não deixo passar batido. Não vai passar batido. Não passa batido. Vou lá, coloco a mão no ombro dele e digo: Não me esqueci de você, não. Você lembra de mim? Estamos aí. A vida continua.

Revista Quantas pessoas o senhor já torturou?
Araújo
— Não tenho idéia. Não sou igual a matador que faz talho na coronha do revólver para cada um que mata. Mas você quer um número aproximado?

Revista Sim.
Araújo
— Uns trinta.

Revista O senhor matou alguém em sessões de tortura?
Araújo
— Não. Já atirei, mas não matei.

Revista Mas morreu gente onde o senhor servia.
Araújo
— Pouca gente. O João Lucas Alves, que era um ex-sargento da FAB, foi um deles. Ele morreu na tortura.

Revista O senhor participou?
Araújo
— Não. Isso foi alguns dias antes de eu ser convocado. Depois que eu saí, se morreu alguém eu não sei.

Revista O que é besteira e o que é verdade no que já se escreveu sobre tortura no Brasil?
Araújo
— Há algumas pequenas inverdades. Mas a maioria dos fatos é correta. Há pouca besteira e muita verdade. As pessoas que participaram desse período até hoje não falaram abertamente. As altas autoridades do país foram as primeiras a tirar o seu da reta. Morri de rir ao ler o livro sobre o Geisel (refere-se ao livro que reúne as memórias do ex-presidente Ernesto Geisel, publicado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas). Segundo o depoimento de Geisel, ele não sabia de nada, mandava apurar tudo, era um inocente. É uma gracinha isso tudo. Todos os agentes do governo que escreveram sobre a época do regime militar foram muito comedidos. Farisaicos, até. Não sabiam de nada, eram santos, achavam a tortura um absurdo. Quem assinou o AI-5? Não fui eu. Ao suspender garantias constitucionais, permitiu-se tudo o que aconteceu nos porões. É claro que havia diversas pessoas envolvidas nisso. Mas eu não vou citar o nome de ninguém. Falo apenas de mim.

Bom, pra mim, chega de tortura. Confesso que me enoja e entristece saber que um sujeito como esse está solto e impune. A tortura é um crime hediondo, uma ignomínia, ainda mais quando aplicada por um agente do Estado, que existe, teoricamente, para nos proteger.

Mas, quem quiser prosseguir lendo a entrevista, depoimentos de presos que foram torturados por Paixão, e também os de outros torturadores, clique aqui e leia a reportagem de Alexandre Oltramari para a Veja, na época em que ainda valia a pena ler a revista.

Não aceito desculpas. Quero resultados!

Sou um torcedor colorado que torce e cobra resultados. Afinal, dirigentes, atletas e a imprensa têm alardeado que o Internacional tem um dos melhores plantéis do Brasil e está sempre na linha de frente para conquista de títulos. Ganhou o Gauchão com a grande goleada contra o Juventude, mas foi eliminado pelo Sport Recife ao perder por 3 a 1 na Ilha do Retiro. Lá começaram as justificativas de que o time tinha cometido algumas falhas e estava sem alguns jogadores titulares. Veio o jogo contra o Palmeiras, para quem também perdemos, e o mesmo discurso foi repetido. Passada uma semana e, diante do Flamengo, nova derrota. E o discurso? Não mudou!
Portanto, onde está um dos melhores plantéis do País? A meu ver, nesta condição estaria um clube com dois jogadores do mesmo nível para cada posição. Definitivamente, o Inter não tem. Tampouco um time é armado pelo treinador Abel, que nunca teve a minha simpatia (mesmo nos títulos da América e Mundial). No primeiro, houve o comando do Fernando Carvalho e, no segundo, superação de um grupo ante um adversário marcado pela empáfia.
Agora, eu quero plantel, time e treinador. Apenas o título do Gauchão não me serve. E não venham me dizer que a Dubai Cup tem o valor de uma Copa do Brasil ou Brasileirão. Por favor, não é por aí!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Contra o protecionismo a atletas

Leio que a ginasta Daniele Hypólito abandonou a Seleção Brasileira de ginástica, que treina no Centro de Treinamento em Curitiba, e retornou para o seu clube, o Flamengo. Alega que passa por um momento emocionalmente ruim. Vai treinar com o irmão Diego, visando recuperar a motivação. Já vi casos como estes em outros esportes e a solução foi o corte da seleção. Afinal, a atleta desrespeitou regras e ignorou que colegas suas treinam duro para as Olimpíadas de Pequim. Juntas. Não separadas.

No entanto, vejo que há uma espécie de "vistas grossas" por parte de integrantes da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mesmo que o abandono tenha pego todos de surpresa. Daniele não é nenhum gênio em seu esporte para achar que pode deixar o grupo e ter vaga garantida. Imaginem se a gaúcha Daniane dos Santos fizesse o mesmo e retornasse para o União, seu clube de origem em Porto Alegre. As entidades teriam a mesma complacência?
Aliás, lembro que a mesma Daniele já abandonou este clube em Porto Alegre para competir pelo Flamengo. Questão de caráter (ou falta dele).


Rio Grande Vermelho

O Sport Club Internacional está convocando a todos os colorados a ajudar a pintar o Rio Grande de Vermelho. Se tua cidade ainda não tem um consulado do clube, cadastre-se. Mande teu cadastro para o e-mail riograndevermelho@internacional.com.br e receba as orientações para criação do consulado. Tu és fundamental para conseguirmos chegar à meta de 100 mil sócios.
Participe!
Nosso time de consulados faz toda a diferença. Venha fazer parte desta história!

Sites copiam Globo News e noticiam falsa queda de avião

Um incêndio na Zona Sul de São Paulo colocou a imprensa da capital em uma situação delicada. Na tarde desta terça-feira (20), por volta das 17h20min, sites como Terra, UOL, Folha Online, Estadão e iG noticiaram a queda de um avião da Pantanal Linhas Aéreas em cima de um prédio no bairro do Campo Belo. Todos os portais publicaram manchetes sobre o possível acidente, alguns, inclusive, com a confirmação da Infraero, empresa responsável pelo sistema aeroviário do Brasil.
No UOL, às 17h19min, a manchete com o título "Avião da Pantanal cai na zona sul de São Paulo" informava que um avião da empresa Pantanal havia se chocado contra um prédio residencial.
De acordo com o portal, as informações eram da Globo News. "Segundo a TV, o acidente aconteceu no bairro de Campo Belo. O avião teria caído em um prédio residencial e provocado um incêndio. A Infraero ainda não confirma a informação", dizia a nota do UOL, que saiu do ar instantes depois para dar lugar à manchete "Líderes governistas selam acordo para volta da CPMF".
Na verdade, o incêndio atingiu uma loja de colchões, sem a presença do suposto avião. Dez carros do Corpo de Bombeiros foram ao local para tentar controlar o fogo e, segundo a Polícia Militar, não há notícias sobre mortos ou feridos. Já o Terra noticiava "Avião cai em prédio na região sul de São Paulo" e "Infraero não confirma queda de avião", ambas pautadas também pelas informações da Globo News.
Procurada pelo Portal IMPRENSA, a assessoria da Infraero afirmou que "em nenhum momento, confirmou a queda de um avião". "Não tínhamos nenhuma informação sobre problemas com aeronaves, de maneira nenhuma". A assessoria declara ainda que a Pantanal também não havia confirmado a queda do avião e, portanto, "nada disso saiu da gente", finaliza.
http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2008/05/20/imprensa19533.shtml

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Veranico" de maio não surpreende gaúchos

Li recentemente em um portal do Centro do País que o calor está surpreendendo os gaúchos. Certamente, o autor do texto não conhece o Rio Grande do Sul e suas mudanças climáticas. Mesmo com o adventos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña, a população do Estado mais meridional do Brasil já se acostumou com o calor de maio. Tanto que já apelidou o calor da época como "veranico de maio". Está certo que, neste ano, houve oscilações climáticas, com ocorrência de frio no mês. Mas nenhum gaúcho foi pego de surpresa com o o "veranico". Ele tardou, mas chegou. Para alegria de uns e tristeza de outros.

Boa notícia: You Tube lança canal de notícias cidadãs

O portal de compartilhamento de vídeos YouTube lançou um canal de notícias cidadãs em forma de videoblog para destacar alguns dos melhores conteúdos noticiosos produzidos pelos usuários e publicados no site.
O novo videoblog noticioso, batizado de Citizen News, já reúne algumas produções feitas por pessoas comuns e faz ligação com vídeos que falam sobre o potencial do jornalismo cidadão.
Em comunicado oficial em forma de vídeo, Olivia Ma, gerente de notícias do YouTube, dá as boas vindas, explica o objetivo do canal e cita exemplos de reportagens cidadãs importantes feitas pelo mundo.

Boff com Dalai Lama: ensinamentos

BREVE DIÁLOGO ENTRE O DALAI LAMA E O TEOLÓGO BRASILEIRO LEONARDO BOFF

Leonardo Boff explica: "No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?"
Esperava que ele dissesse:
- "É o budismo tibetano ou são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na minha pergunta. E afirmou:
- "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele: (e então eu senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta)
- "Aquilo que te faz mais compassivo,
aquilo que te faz mais sensível,
mais desapegado,
mais amoroso,
mais humanitário,
mais responsável...
A religião que consegue fazer isso de ti é a melhor religião..."

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável."

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Perdemos essa para nós mesmos

“O fundamental é ter seriedade no contra-ataque e não dar o contra-ataque para o adversário. Temos que estar bem posicionados”, afirmou o técnico Abel Braga, na entrada do campo, ontem na Ilha do Retiro.
O Inter tinha uma vantagem mínima contra o Sport - 1 a 0 em Porto Alegre - e dava a impressão de que, fazendo um gol, conseguiria seguir adiante na Copa do Brasil. Não aconteceu nada disso. O time foi mal no contra-ataque, permitiu que o Sport fizesse isso e tinha muita gente mal posicionada em campo.
O colorado levou um gol no início da partida, mas teve garra para buscar o empate aos 28 minutos do primeiro tempo. Pensei: "Está pelada a coruja". Não estava. Poucas vezes eu vi o Inter jogar tão mal como na etapa complementar. Mesmo com um homem a mais - um jogador do Sport foi expulso - recuou e cedeu espaço para que o razoável time do Sport arriscasse. E tanto arriscou que fez mais dois, fixando o resultado em 3 a 1, placar necessário para classificá-lo.
Abel disse que o Inter entregou o jogo. Concordo, mas será que ele não teve um pouco de responsabilidade? Agora, é continuar apostando no time no longo campeonato brasileiro, com o objetivo de ganhá-lo. Não apenas fazer figuração ou buscar uma vaga na Libertadores da América. O Inter é muito grande e tem um excelente plantel, capaz de conquistar o quarto título brasileiro.
Confio que o Inter aprenderá com o insucesso de ontem, que alegrou os gremistas de Porto Alegre. Foguetes foram estourados e as buzinas dos automóveis acionadas. Quem não tem time, torce contra os outros.

Na foto de Alexandre Lops, do Inter, aparece Sidnei, que fez um belo gol.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Amor

Não acabarão nunca

com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo firme,
fiel
e verdadeiramente.

Vladimir Mayakovski

terça-feira, 13 de maio de 2008

As cruzes de Yeda

Revista Carta Capital expõe
esquema de corrupção no Detran


A fraude no Detran e outras agruras enfrentadas pela governadora Yeda Crusius mereceram a matéria de capa da revista Carta Capital desta semana. Na edição especial para o Rio Grande do Sul, a publicação estampa uma foto da governadora com a seguinte manchete: " As Cruzes de Yeda - O esquema de corrupção no Detran atinge auxiliares próximos da governadora gaúcha e complica ainda mais a sua administração".
A reportagem de quatro páginas, assinada pelo repórter Leandro Fortes, disseca o esquema de desvio de recursos do Detran através da contratação de fundações e empresas sistemistas. O lobista Lair Ferst, indiciado pela Operação Rodim, aparece em uma foto ao lado de Yeda em uma atividade da campanha eleitoral de 2006, da qual foi um dos coordenadores. Confira a matéria na íntegra:

A via-crúcis de Yeda

A vida da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB, não tem sido fácil. Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários de servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

Até o fim de 2007, Yeda Crusius reclamava apenas de uma herança maldita dos governos anteriores do PT e do PMDB: a dívida estrutural do estado, origem de todos os problemas políticos enfrentados por ela até ali. Apenas com precatórios (títulos de dívidas judiciais do governo), o rombo do Rio Grande do Sul chega a quase 5 bilhões de reais. Isso porque, nos últimos dez anos, o estado conseguiu pagar menos de 400 milhões de reais – valor inferior à correção da dívida de um único ano.

Para enfrentar o problema, antes mesmo de tomar posse, a governadora anunciou um pacote com aumento de impostos e congelamento de salários, um tal "jeito novo de governar", cantarolado na campanha de 2006, mas transformado em imensa dor de cabeça política para ela e o PSDB. Dois secretários estaduais renunciaram antes de assumir, o vice-governador, Paulo Afonso Feijó, do ex-PFL, foi para a oposição e, seis meses depois, 60% dos gaúchos desaprovavam o governo Yeda Crusius, segundo pesquisa do Instituto Dataulbra, da Universidade Luterana do Brasil.

Mas foi a Operação Rodin, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado, que colocou o governo em outro patamar, o da corrupção endêmica. Trata-se de uma ação criminosa herdada da gestão anterior, do peemedebista Germano Rigotto, e aperfeiçoada no governo tucano, depois da nomeação, pela governadora, de Flávio Vaz Netto para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Em vez de apurar e denunciar a bandalha instalada no órgão pela turma do PMDB, Netto, indicado pelo PP, decidiu se inserir e dominar o esquema. Acabou preso e indiciado, como os demais comparsas envolvidos nas fraudes.

A ação policial desmontou uma quadrilha ligada a fundações de apoio vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para prática de diversos crimes, especialmente contra licitações, no Detran gaúcho. No rastro da operação, a oposição a ela, capitaneada pelo PT, emplacou a CPI do Detran e se apegou, sem provas, a uma denúncia de suposta utilização de 400 mil reais de sobras de campanha, por parte da governadora, para a compra mal explicada de uma casa num bairro nobre de Porto Alegre, logo depois das eleições de 2006.

No epicentro do esquema criminoso investigado pela PF está o empresário e lobista Lair Ferst, figurinha carimbada do PSDB gaúcho, apontado sem ressalvas, por gente do governo e da oposição, como principal operador da engrenagem de arrecadação de fundos da campanha tucana de 2006 no estado. Hoje, a luta de Yeda Crusius é basicamente descolar-se do nome e da má sina de Ferst, um dos 13 quadrilheiros presos na operação e figura proeminente entre os 39 indiciados pela Polícia Federal.

Na base do escândalo estão a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), ambas da Universidade Federal de Santa Maria. A fraude, de acordo com as investigações da PF, do Ministério Público Federal e do Ministério Especial do Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode ter custado 40 milhões de reais aos cofres públicos do Rio Grande do Sul. Para ajudar no caso, a Receita Federal e o Coaf, ligado ao Ministério da Fazenda, foram convocados para garantir acesso a sigilos fiscal e bancário dos indiciados até agora.

Até 2003, o Detran do Rio Grande do Sul realizava os exames práticos e teóricos de direção por meio de um contrato com a Fundação Carlos Chagas (FCC). Ao assumir, o então governador do estado Germano Rigotto nomeou como secretário de Segurança Pública o deputado federal José Otávio Germano, do PP, a quem o Detran ficou subordinado. O secretário Germano não abriu nova licitação e encerrou o contrato com a FCC. Nomeou, então, para o cargo de presidente do Detran um aliado, Carlos Ubiratan dos Santos, e para diretor-financeiro do órgão, Hermínio Gomes Junior. Ambos decidiram contratar, em caráter emergencial, a Fatec, embora houvesse tempo hábil para licitar o processo. Mais tarde, a Fundação acabou contratada sem licitação e tornou-se um quartel-general onde se planejavam os desvios de dinheiro e a distribuição de propinas entre os participantes das fraudes.

De acordo com a investigação da PF, a intermediação do contrato foi feita pelo então reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis, com a ajuda do lobista José Antônio Fernandes e do tucano Lair Ferst. Os delegados do inquérito não hesitam em colocar Ferst como o curinga de toda esta história, baseados nas informações apuradas pelos agentes federais, após seis meses de investigação, inclusive com a gravação de quase 20 mil horas feitas por escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal de Santa Maria, no interior do estado.

Chamado de "companheiro" por Yeda Crusius, Ferst é também politicamente ligado a Carlos Ubiratan, ex-presidente do Detran. Ele é apontado como o responsável pela engenharia de subcontratações feitas pela Fatec, até o fim de 2007, junto a empresas de consultoria (designadas de "sistemistas") formadas por parentes, correligionários e "laranjas". Uma delas, a Newmark, tem como sócios Elci Terezinha Ferst, irmã de Lair, e o cunhado, Alfredo Pinto Telles. Outra, a Rio Del Sur, abriga duas irmãs do lobista tucano, Rosana Cristina Ferst e Cenira Maria Ferst Ferreira. Para a PF, Ferst é o verdadeiro dono das empresas.

Também por intermédio de Ferst, o outro lobista do esquema, José Antônio Fernandes, conseguiu emplacar entre as empresas "sistemistas" a Pensant Consultores, da qual é sócio com dois filhos, Ferdinando e Fernando Fernandes. A quarta subcontratada, a Carlos Rosa Advogados Associados, foi indicação direta de Ubiratan. Entre os sócios do escritório estão Carlos Dahlem da Rosa e Luiz Paulo Germano, conhecido como "Buti", irmão do então secretário de Segurança Pública José Otávio Germano – a quem o Detran estava subordinado.

De acordo com o levantamento feito pela Polícia Federal, as quatro "sistemistas" subcontratadas pela Fatec receberam, juntas, 31 milhões de reais entre 2003 e 2006. Por meio da Fundação, acreditam os investigadores, estabeleceu-se um propinoduto fixado bem no meio das gestões de Germano Rigotto e Yeda Crusius, desvendado graças a uma denúncia anônima, feita no fim de 2007, no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, por um professor da universidade.
Ao se debruçar sobre as atividades de Ferst, a PF descobriu, ainda, que o lobista do PSDB gaúcho também agregou ao grupo criminoso a empresa NT Pereira, administrada por Patrícia Jonara dos Santos, mulher de – sempre ele – Carlos Ubiratan. Em 2006, a firma efetivou um empréstimo, sem garantias, ao mesmo Ubiratan, no valor de 500 mil reais. A operação, de acordo com a investigação policial, teria servido para lavar dinheiro desviado e, posteriormente, utilizado para o pagamento de propinas e formação de caixa 2.

O ex-reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis também conseguiu que uma empresa da família, montada em nome da mulher e dos filhos, acabasse subcontratada por uma das subcontratadas da Fatec, a Pensant, do lobista José Antônio Fernandes. Entre 2004 e 2005, a Sarkis Engenharia Estrutural recebeu da Pensant 74 mil reais por serviços de consultoria. A Polícia Federal investiga, ainda, a participação de outra empresa da família Sarkis, a World Travel Turismo, nas fraudes contra o Detran.

No início de 2007, o esquema sofreria uma ruptura importante com a mudança na reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, mas também por conta dos riscos provocados pela alta exposição dos negócios de Ferst. Entre os tucanos temiam-se, com razão, futuros problemas políticos para a governadora. Arrumou-se, então, um detalhe técnico para tirar a Fatec da jogada. Sob o argumento de aumento nos custos da prestação de serviço, a fundação exigiu mais dinheiro do Detran.

O pedido foi indeferido pelo novo presidente do órgão, Flávio Vaz Netto, recém-nomeado por Yeda Crusius, e, exatamente um dia depois da decisão, a Fundae, também ligada à UFSM, foi contratada. Mas era só espuma. Imediatamente, a Fatec foi subcontratada para prestar parte dos serviços que fazia antes como cabeça do sistema, e com os mesmos executivos. Foi uma forma de manter a quadrilha unida e evitar ressentimentos capazes de expor os movimentos do bando.

Não adiantou muito. Indiciado pela PF, Vaz Netto não aceita ser responsabilizado sozinho pelos crimes e nem ser largado à própria sorte. Nos dias 7 e 14 de abril, ele enviou dois e-mails para o secretário de governo de Yeda Crusius, Delson Martini, com quem tentou marcar uma audiência por 15 dias, sem sucesso. Nas mensagens, interceptadas pela polícia, ele ameaça fazer um "retorno voluntário" à CPI, onde depôs logo depois de ser preso, para falar de "imputações" feitas a ele "cujos pontos são de inteiro conhecimento do governo".

A mudança na rotina de fraudes e desvios no Detran ocorreu porque o novo reitor da UFSM, Clóvis Silva Lima, colocou-se contra a atuação das "sistemistas" e recusou-se a assinar documentos da Fatec, enquanto o esquema de Ferst não fosse desmontado. Por esta razão, Vaz Netto optou por contratar a Fundae, entidade sem ligações administrativas com a reitoria. Sem a Fatec, o lobista Fernandes, dono da Pensant, e Sarkis, ex-reitor da UFSM, perderam influência na quadrilha. Assim como Ubiratan, ao deixar o Detran. Iniciou-se, então, um movimento para afastar Ferst do esquema e deixar os contratos das "sistemistas" nas mãos apenas do novo presidente do Detran. O lobista, é claro, reagiu.

De acordo com informações levadas à CPI do Detran pela Polícia Federal, para sair do esquema, Ferst teria pedido 6% do faturamento mensal dos pagamentos feitos às empresas sistemistas, inclusive à Fatec, o equivalente a 120 mil reais mensais. O dinheiro seria entregue por Rubem Höher, coordenador do Projeto Detran junto à Fundae e sócio da Doctus, nova "sistemista" integrada ao esquema de prestação de serviços do órgão pela fundação, administrada pelo filho dele, Ricardo Höher. Ferst teria recebido os pagamentos por seis meses (720 mil reais), segundo depoimento de Rubem Höher à PF.

Sob o comando de Vaz Netto, o esquema fraudulento do Detran assumiu uma nova configuração. As empresas ligadas à Ferst (Newmark e Rio Del Sur) foram excluídas, mas no lugar delas entraram a Doctus (subcontratada pela Fatec), da família Höher, e a IGPL (subcontratada pela Fundae), também ligada ao lobista José Antônio Fernandes, o mesmo da Pensant. E mais: outro escritório de advocacia entrou na farra, o Nachtigall Advogados Associados, do qual é sócia Denise Nachtigall Luz, esposa de Ferdinando Fernandes – ele mesmo, filho de José Fernandes, da Pensant.

Como em uma disputa de máfias, a família Fernandes se sobrepôs ao poder da família Ferst no esquema de fraudes do Detran, a partir do segundo semestre de 2007. Isso porque, de um lado, a Pensant, conforme contrato firmado com a Fundae, passou a abocanhar 14% do faturamento da prestação de serviço no órgão (em torno de 2,5 milhões de reais por mês). De outro, aumentou a participação com o ingresso da IGPL e do escritório Nachtigall. As investigações tocadas pelo Ministério Público Especial do TCE, no entanto, obrigaram o Detran a rever essas contratações. À frente da autarquia, Vaz Netto fez novas adequações contratuais e realizou reuniões para tratar, também, de troca de linhas telefônicas por conta de uma preocupação flagrante com escutas.

Mais adiante, Vaz Netto optou, ainda, por se livrar da família Fernandes. Para tal, rescindiu os contratos com a IGPL e a Nachtingall, firmados pela Fatec (esta, é bom lembrar, subcontratada pela Fundae), mas permitiu a entrada de outra empresa, a Pakt. Curiosamente, a nova "sistemista" tinha como sócios quatro funcionários da Fatec – Luciana Carneiro, Marilei de Fátima Brandão Leal, Damiana Machado de Almeida e Fernando Osvaldo Oliveira Júnior. Mais estranho ainda, apurou a PF, é o fato de Luciana Carneiro ser secretária-executiva do Projeto Detran na Fatec e responsável pela proposta de rompimento do contrato com a IGPL. Na mesma investigação, a PF descobriu, por meio de interceptação de e-mails, o plano de contratação de outro escritório de advocacia, o Höher & Cioccari Advogados, da família Höher, dona da "sistemista" Doctus. Ou seja, a quadrilha criou uma espécie de rodízio criminoso para se perpetuar no esquema.

Em um dos momentos mais tensos da crise, na semana passada, o delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil no governo do petista Olívio Dutra, depôs na CPI do Detran e acusou Yeda Crusius de ter recebido 400 mil reais de Ferst para comprar uma casa em Porto Alegre. O dinheiro seria sobra de campanha da eleição de 2006, arrecadado em esquema de caixa 2. Tubino, na verdade, verbalizou uma fofoca antiga nos meios políticos gaúchos. O delegado costuma atirar para todo lado. Ainda no governo do PT, ele chegou a acusar Dutra de se beneficiar com dinheiro da máfia do jogo do bicho no estado.

Assessor de imprensa da governadora tucana, o jornalista Paulo Fona não vê sentido algum na acusação de compra da casa. "Isso é uma politização absurda", diz Fona. De fato, ele tem um argumento poderoso: um documento da Polícia Federal no qual é negada a existência de qualquer investigação sobre a casa da governadora. No papel, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, apoiado em ofícios dos delegados responsáveis pela Operação Rodin, Sérgio Busato e Gustavo Schneider, afirma desconhecer a origem das declarações feitas pelo delegado Tubino na CPI do Detran. Yeda Crusius, no entanto, ainda não se livrou da suspeita de ter se beneficiado com dinheiro de caixa 2 arrecadado pela quadrilha do Detran, base das acusações feitas pela oposição na CPI do Detran. A PF só analisou, até agora, 20% das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.

A informação do delegado sobre a casa de Yeda Crusius ganhou força por agradar a oposição, mas também por conta de um acontecimento paralelo. No mesmo dia do depoimento de Tubino, o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Ariosto Culau, foi flagrado por repórteres do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, enquanto tomava chope em um shopping com Ferst. Segundo diálogo reproduzido pelo jornal, Culau foi ao lobista para acalmar e dar apoio ao aliado tucano. O secretário foi demitido. Para o presidente da CPI do Detran, o deputado estadual Fabiano Pereira (PT), a intenção era mesmo a de manter Ferst sob controle. "Foi um deboche", afirma.

Fabiano Pereira também não está numa cruzada fácil. Dos 55 deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 35 votam com Yeda Crusius. A base governista é formada por parlamentares do PSDB, PTB, PP e PMDB. A oposição conta uma base flutuante de 19 a 20 deputados, a depender do tema de votação, porque um dos parlamentares, do PDT, costuma fechar também com o governo estadual. E há três deputados do ex-PFL, ligados ao vice-governador, instados a votar, eventualmente, contra a governadora. É uma confusão e tanto.

Na CPI, o equilíbrio de forças também é precário. Dos 12 integrantes, cinco estão, normalmente, com a oposição, e sete com o governo. Mas quando há empate, vale o voto de Minerva do presidente da comissão, que é do PT. Não tem sido fácil, portanto, vencer os governistas. Por duas vezes, o plenário da CPI refutou a tentativa do deputado Fabiano Pereira de prorrogar os trabalhos da comissão. Sem essa prorrogação, dificilmente a oposição vai ter fôlego para dar conseqüência às denúncias do Detran. "Não queremos que isso seja uma guerra entre oposição e governo", afirma Pereira. "Estamos divididos entre os que querem e os que não querem investigar o caso."

Por Leandro Fortes - Revista Carta Capital.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe, um anjo pertinho de nós

Está certo: o dia é comercial. Mas somos levados pela onda e no dia das mães queremos estar perto da nossa. Retribuindo o olhar que ela sempre dirige a nós e lhe oferecendo o mesmo carinho que ela nunca deixa de nos dar.
Na figura de minha querida Suely (foto acima, com netos), com quem estarei amanhã, quero homenagear a todas amigas que tiveram o privilégio de serem mães.
Verdadeiramente, vocês são anjos porque tiveram a ousadia de dar a vida a alguém. Nada pode ser mais belo.
Parabéns e um beijo no coração de cada uma!