sábado, 6 de outubro de 2007

Caminhada, chuva e abrigo da natureza





























Sábado, 15h, tarde cinzenta e quente em Porto Alegre. Para me livrar do abafamento, resolvi caminhar pelo Parque Farroupilha - a tradicional Redenção. Andei cerca de meia hora em meio a belas e frondosas árvores até que notei a mudança do tempo. A chuva caiu miúda e logo se transformou em chuvarada. De pronto, sentei à mesa do tradicional Zé do Passaporte, encravado no mercadinho do Bom Fim, um dos mais belos bairros da capital gaúcha. Para minha sorte, o pequeno bar fica em meio a floriculturas, onde centenas de folhagens e flores servem de deleite para nossos olhos. Enquanto tomava uma cerveja gelada e papeava com colorados e gremistas que convivem de forma civilizada no local, aproveitei para tirar algumas fotos, três das quais exibo para vocês.
De tudo, restou uma licão: muitas vezes saímos de casa com um objetivo, mas nos deparamos com uma situação que, a princípio, não nos agrada. Em seguida, desfrutamos de algo tão bom como aquilo que planejamos. O resultado de minha experiência foram estes flagrantes fotográficos. Espero que gostem.

SOS Amazônia


Uma reportagem do jornal britânico The Independent afirma nesta sexta-feira que "várias áreas do Brasil e do Paraguai, e a maior parte da Bolívia estão sufocando sob espessas camadas de fumaça", por causa de incêndios que se multiplicam pela Amazônia.

Segundo o jornal, imagens de satélite mostraram "grandes nuvens de fumaça" causadas pela disseminação das queimadas. "A cada ano, no fim da estação seca, em antecipação às primeiras chuvas do inverno, fazendeiros e pecuaristas em toda a América do Sul fazem queimadas para 'renovar' as áreas de pasto", escreve o repórter do diário. "Mas esse ciclo histórico saiu do controle, porque o desflorestamento e a mudança climática criaram um barril de pólvora."
Uma ONG ouvida pelo Independent estima que há mais de 10 mil focos de incêndio em uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados nos lados brasileiro e boliviano da Amazônia, e que "90% deles" resultam da expansão da criação de gado. Além disso, afirma o jornal, a atividade pecuária tem se expandido para dentro de áreas de floresta, levando consigo a técnica de "limpar" a terra com as queimadas.
O diário nota que a atividade econômica na Amazônia se expande com o apoio e os benefícios do governo brasileiro, e que o país não tem metas de redução de emissões de gases que causam o efeito estufa, embora esteja entre os primeiros em emissões de gás carbônico por causa do desflorestamento.

O ranking da corrupção, segundo o TSE


Não li esta notícia nos grandes jornais e nas revistas semanais. Aliás, não tenho esperança de vê-la publicada na grande mídia, por motivos óbvios. O MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE)) lançou o dossiê Políticos Cassados por Corrupção Eleitoral, relacionando 623 pessoas cassadas em 339 processos julgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 2000 e 2006. O blog Vermelho publicou com exclusividade o ranking dos partidos que mais se envolveram. O primeiro colocado é o DEM (ex-PFL), com 69 casos, mais de um quinto do total. DEM, PMDB e PSDB somam 193 casos, 57% do total. O PT tem 10 casos (2,9%) e o PCdoB nenhum.
As cassações ocorreram em todas as unidades da Federação, com destque para Minas Gerais (11,4% do total), Rio Grande do Norte (9,6%) e São Paulo (8,8%). Foram cassados quatro governadores e vices, seis senadores e suplentes, oito deputados federais, 13 estaduais e 58 vereadores, mas o grosso dos cassados foram prefeitos e vices, que somaram 508 casos.


A onda dos fãs clubes

Tenho recebido convites para ingressar em comunidades de exaltação a determinadas pessoas no Orkut. Geralmente a iniciativa parte de um amigo do bajulado. Em outras, é o próprio quem convida. Respeito quem "sonha" com uma comunidade tipo "Nós adoramos fulana", "Sicrano é o tal" ou "Somos fãs de beltrano". Possivelmente isso represente um afago no ego do homenageado, mas não solicitem que eu integre uma comunidade destas. Quem usa o Orkut para divulgação de suas idéias e debate de temas envolvendo assuntos sérios não tem tempo para integrar estes fãs clubes. O trabalho, a participação conseqüente e amizade demonstrada já evidenciam o valor de uma pessoa, sem necessidade das comunidades bajuladoras.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Sociólogo quer um grande jornal de esquerda no país

Sob o título "A necessidade de uma nova imprensa", o sociólogo Gilson Caroni Filho, professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa, divulgou um artigo, onde defende a construção de um grande jornal de esquerda no país.Para ele, essa é a questão central da democracia brasileira. "Precisamos inventar a imprensa democrática", defendeu. O importante é que sua idéia está sendo disseminada. Já vi o artigo em dezenas de sites e blogs de entidades sindicais e partidos políticos.


Veja a íntegra do artigo de Caroni:

A necessidade de uma nova imprensa

O deputado federal Ciro Gomes (PSB) foi certeiro ao definir a importância do holofote no comportamento político da oposição, em entrevista concedida à revista Imprensa, em dezembro de 2005. Em meio a crises que pareciam anunciar novos retrocessos político-institucionais, o então ministro da Integração Nacional diagnosticou com precisão: "eu participo da vida pública brasileira há 30 anos e é a primeira crise pautada por garotos alucinados por aparecer na televisão. E eles estão tocando a República! Eu acompanho a CPI, vejo parlamentares que olham para a câmera e dizem: "senhor presidente, senhores deputados, senhores depoentes e senhores telespectadores"! O que é isso? Os excessos são mais prováveis, pois há uma sensação de que as informações são descartáveis. Só que não é bem assim, há valores imateriais fundamentais em jogo e eu gostaria de ressaltar aqui a importância da linguagem".
Dois anos se passaram, os atores fizeram novas oficinas, ensaiaram textos no plenário, armazenaram informações, mas, a julgar pelos resultados, a teatralização da política não logrou os resultados esperados. A construção de representações sociais dominantes não obteve o êxito habitual. A velha mídia não descobriu o novo público. E foi aí que começou a história de sua coleção de derrotas.
Alguma fratura travou o espetáculo. Ao contrário das últimas décadas, produções como o " Mensalão", " Aloprados" e " Apagão Aéreo" se tornaram, passado o impacto inicial, fracassos de crítica e de público. Organizaçôes Globo, Civitas, Mesquitas e outros barões da imprensa brasileira parecem não ter acertado a mão, e o resultado são melancólicos folhetins sem qualquer vestígio de arte. Farsas baratas para produções que exigiram vultuosas somas e transformismos colossais.
Péssima direção e elenco de baixíssimo nível? Certamente, mas isso não é tudo. Nem sempre basta a imagem como critério da história. Às vezes, a trama, por mais recurso visuais que disponha, requer retórica convincente. Sem ela, inexiste a legitimação que precede o êxtase, e o plano que oculta o golpismo latente das elites se torna se torna visível demais.
A crença em um desmesurado poder manipulatório da mídia revela indigência de análise. O espetáculo só é possível porque a produção simbólica não se esgota em seu campo. Como destaca Silverstone, a circulação de significados, sua rica intertextualidade, não faz do senso comum um alvo passivo de versões deliberadamente distorcidas. Ele também produz, significa a partir de mediações da sua própria vida concreta. Não auscultar seu cambiante sistema simbólico custa caro aos pretensos "formadores de opinião".
Em suma, o êxito de qualquer projeto ideológico depende de profunda afinidade eletiva entre produtores-consumidores e consumidores-produtores de bens simbólicos. Sem troca não há fluxo eficaz.
O que a grande imprensa ignorou - e parece continuar ignorando - é a crescente organização da sociedade civil. Sua capacidade de não só recusar a narrativa oferecida, como construir uma eficiente articulação contra-hegemônica. A mídia se perdeu de si mesma quando acreditou que seus estatutos de verdade eram imunes a qualquer alteração substantiva da formação social onde pretende interferir.
Cabe ao campo democrático-popular não alimentar ilusões. Se os meios de comunicação são fatores centrais e constitutivos de uma nova esfera pública em formação, não se deve esperar conversões éticas de uma imprensa cuja estruturação está umbilicalmente ligada ao destino de conhecidas oligarquias. Trabalhar com contradições internas do campo comunicativo existente é uma aposta fadada ao fracasso.
Com a experiência acumulada em veículos como Carta Maior, Caros Amigos e Brasil de Fato, entre tantos outros, talvez tenha chegado a hora de investir em um grande jornal de esquerda. Como viabilizá-lo operacionalmente não cabe no espaço desse artigo, mas com a massa crítica acumulada já passou da hora. Essa é a questão central da democracia brasileira. Precisamos inventar a imprensa democrática.

Fonte: Agência Carta Maior

Big Brother lidera o 13º Ranking da Baixaria na TV



A coordenação da campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania" divulgou ontem o 13º Ranking da Baixaria na TV, que analisa os programas televisivos que receberam maior número de reclamações. O campeão de denúncias foi o Big Brother Brasil 7, da Rede Globo, em razão de reclamações que incluem a exposição de pessoas ao ridículo, discriminação, vocabulário inadequado e apelo sexual.
Em segundo lugar, vem o programa Pra Valer, da Rede Bandeirantes, que recebeu muitas das reclamações, a maioria por incitar a discriminação religiosa e a violência contra animais. A novela Pé na Jaca (Rede Globo) ficou em terceiro lugar no ranking da baixaria, seguido pelo programa A Tarde é Sua (Rede TV). Em quinto lugar, figurou outra novela Paraíso Tropical, da Globo.

A campanha foi lançada em novembro de 2002 e já registrou um total de 31.875 denúncias, sendo que, de janeiro a agosto deste ano, foram contabilizadas aproximadamente 2 mil reclamações de telespectadores insatisfeitos com a qualidade e a falta de ética da programação televisiva, além do desrespeito aos direitos humanos. As denúncias foram analisadas pelo Comitê de Acompanhamento da Programação, formado por representantes das mais de 60 entidades que assessoram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara na campanha.

O presidente da comissão, deputado Luiz Couto (PT-PB), destacou que a sociedade brasileira "quer dar um basta" à baixaria. "Os resultados mostram que a campanha é muito importante para o país. A população não aceita mais cenas de sexo, desonestidades e incitação à violência", afirmou.

Segundo Luiz Couto, a população está atenta à programação da televisão. "Ela quer programas de qualidade. Quer programas que tragam o reforço a valores como honestidade, liberdade, paz, justiça e dignidade do ser humano. Isso prova que a própria campanha vai levando as pessoas a perceber que é preciso combater esse tipo de programa. Afinal de contas, somos nós que estamos financiando", disse.

Couto defendeu ainda a necessidade de classificação indicativa dos programas de televisão. "É preciso ter algum critério. Não podemos aceitar que um programa como o Big Brother, que em Brasília passa às 21h, passe no Acre às 19h. É preciso ter adequação do horário de acordo com o fuso horário", disse.

Para o presidente da comissão, a TV Pública, anunciada pelo governo federal, deve provocar a elevação da qualidade da programação. "Será um elemento de confronto. E isso explica a reação da mídia privada, que não quer um sistema público de comunicação", afirmou.


O que é
A campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania" tem como um de seus principais instrumentos de atuação a divulgação do ranking dos programas que receberam maior número de reclamações, fazendo assim ecoar a voz da opinião pública que é decisiva para provocar mudanças na programação televisiva.
A décima terceira sistematização dos programas mais denunciados estão disponíveis no site www.eticanatv.org.br.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Quinze anos do massacre de Carandiru

Nesta terça-feira, 2 de outubro, quando o relógio marcou 11 horas, o início de um dos episódios de maior violência e desrespeito aos direitos humanos da história do Brasil completou 15 anos: o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram assassinados em 1992 por policiais na casa de detenção da Zona Norte paulistana. A UNE, ao lado de entidades estudantis de todo país, fez uma matéria especial para lembrar o massacre e cobrar justiça nesta terça em sua página, o EstudanteNet.
A data servirá também para lembrar que serão completados 15 anos de impunidade dos policiais envolvidos nos crimes. Mais de 80 deles, acusados de homicídio, ainda esperam pela decisão do júri e a defesa quer estender a absolvição. Ninguém até hoje foi punido. Pelo contrário. A cidade de São Paulo entregou, na sede da Câmara Municipal de São Paulo, no último dia 21 de setembro, o título de cidadão paulistano ao coronel aposentado da Polícia Militar Luiz Nakaharada.
Nakaharada, um dos denunciados pelo Ministério Público pelos crimes no Carandiru, teria entrado atirando com uma metralhadora Beretta 9 milímetros. Ele comandou 74 homens, dos 325 policiais militares que ingressaram no pavilhão 9 da casa de detenção, todos sem as respectivas insígnias e crachás de identificação.

O massacre

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre dois presos -Coelho e Barba- deu início a um tumulto no pavilhão 9, que culminou com o Massacre do Carandiru. Segundo a pesquisa das professoras Sandra Carvalho e Evanize Sydow, tendo como fonte o estudo "Massacre do Carandiru, Chega de Impunidade", elaborado pela Comissão Organizadora de Acompanhamento para os Julgamentos do Caso do Carandiru, apesar do tumulto e de sinais de fogo, não havia perigo de fuga de presos.
Os presos, inclusive, quando perceberam a chegada da polícia começaram a jogar estiletes e facas para fora, demonstrando que não resistiriam à invasão. Alguns colocaram faixas nas janelas, pedindo trégua. A tomada do térreo do prédio pelos policiais foi feita sem resistência ou reação com armas de fogo por parte dos presos, segundo o depoimento dos próprios oficiais envolvidos na ação.
Mas soldados do Grupo de Ações Táticas Especiais –desrespeitando a ordem das autoridades reunidas de tentar uma última negociação– quebram o cadeado e correntes do portão do pavilhão e invadiram o local. Não foi permitida a presença de autoridades civis durante a invasão.

111 mortos, todos detentos

"Os PMs dispararam contra os presos com metralhadoras, fuzis e pistolas automáticas, visando principalmente a cabeça e o tórax. Na operação também foram usados cachorros para atacar os detentos feridos. Ao final do confronto foram encontrados 111 detentos mortos: 103 vítimas de disparos (515 tiros ao todo) e 8 mortos devido a ferimentos promovidos por objetos cortantes", constatou a pesquisa. Houve ainda 153 feridos, sendo 130 detentos e 23 policiais militares. Nenhum policial foi morto.
Cerca de 80% das vítimas do massacre esperavam por uma sentença definitiva da Justiça, ou seja, não tinham sido condenados. Só nove deles haviam recebido penas acima de 20 anos. Do total de presos mortos, 51 deles tinham menos de 25 anos e 35 tinham entre 29 e 30 anos. Dos detentos recolhidos na Casa de Detenção, 66% eram condenados por assalto e 8% por homicídio.
Quando a perícia chegou ao local da violência policial, os responsáveis pelo massacre haviam modificado a cena do crime, destruindo provas valiosas que teriam possibilitado a atribuição de responsabilidade pelas mortes a indivíduos específicos. Civis foram proibidos de irem até os andares superiores do Pavilhão 9, enquanto a PM dava ordens aos detentos para que removessem os corpos dos corredores e celas a fim de empilhá-los no 1° andar.

Intenção de matar


De acordo com a análise da perícia, só 26 detentos foram mortos fora de suas celas. A maioria deles foi atingida na parte superior do corpo, em regiões letais como cabeça e coração. Dos 103 mortos por arma de fogo, 126 receberam balas na cabeça. O pescoço foi alvo de 31 balas, e as nádegas 17. Os troncos tiveram 223 tiros. "Os exames de balística informam que os alvos sugerem a intenção premeditada de matar", disse a pesquisa.
O estudo acrescenta ainda: "A tese de que houve confronto armado entre policias militares e detentos não é sustentada pelas provas dos autos do processo. A legítima defesa alegada pela cúpula da Polícia Militar não tem fundamento nos fatos". O laudo do Instituto de Criminalística concluiu que: "Em todas as celas examinadas, as trajetórias dos projéteis disparados indicavam atirador (es) posicionado(s) na soleira das celas, apontando sua arma para os fundos ou laterais. Não se observou quaisquer vestígios que pudessem denotar disparos de armas de fogo realizados de dentro para fora das celas".

Na justiça


No comando da operação policial estava o coronel Ubiratan Guimarães, morto em setembro do ano passado. Em 2001, ele chegou a ser condenado a 632 anos de prisão por co-autoria em 102 mortes e em cinco tentativas de homicídio. Ele recorreu da condenação em liberdade e, cinco anos mais tarde, a sentença foi anulada e Ubiratan absolvido pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Os desembargadores entenderam que o coronel agiu em estrito cumprimento da ordem e em legítima defesa. "A Justiça já reconheceu que não ocorreu esse massacre. Houve um confronto entre 2.069 presos que atacaram 80 e poucos policiais que estavam cumprindo ordens superiores para salvar presos de um incêndio", diz o advogado Vicente Cascione, que defendeu o coronel nos tribunais.
"Para nós, continua existindo o massacre porque há 84 réus no processo. Mortes de presos não têm um grande clamor social, por isso até hoje ninguém foi punido. Existe omissão por parte da Justiça", acusa Ariel de Castro Alves, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos. Nem mesmo por meio da PM os policiais receberam qualquer tipo de punição, segundo Norberto Jóia, promotor do caso. "O pior é saber que ninguém foi punido. Ou que a tentativa de punição do comandante foi frustrada", lamenta ele. O promotor aponta que o resultado da ação é citado em "estatuto" da organização criminosa que age a partir dos presídios paulistas como uma motivação para a união dos presos.

Dano moral

Na outra ponta, familiares dos mortos reclamam até hoje ressarcimento na Justiça. A extinta Procuradoria de Assistência Judiciária de São Paulo ajuizou 59 ações, acompanhadas atualmente pela Defensoria Pública. De acordo com o órgão, quase 20% delas ainda estão em discussão nos tribunais. Os demais casos obtiveram de cem a 200 salários mínimos por dano moral, de R$ 38 mil a R$ 76 mil em valores atuais. Mas quem teve sentença favorável entrou na chamada "fila do precatório" (dívida judicial do estado) e teve a indenização dividida em dez parcelas. As primeiras famílias começaram a receber o ressarcimento há quatro anos – 11 anos após as mortes. Alguns parentes conseguiram ainda na Justiça direito à pensão mensal vitalícia.
"Nada substitui uma vida. Independente de ser pouco ou muito (o valor do dano moral) não vai trazer ele de volta. Se for por danos morais é pouco, eu tenho três filhos com ele. Bem ou mal, de lá de dentro ele me ajudava", diz uma viúva de um preso que preferiu não ter a identidade revelada.

Livro, filme, musica e uma triste memória

Passados 15 anos, a história tratou de registrar para sempre o massacre do Carandiru. O triste episódio virou música pelas letras de Mano Brown; livro pelas mãos do médico Drauzio Varella e filme pelas lentes dos diretores Hector Babenco e Paulo Sacramento.

Fonte: Portal Vermelho

www.vermelho.org.br




segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Doando Vida em fotografia


Uma iniciativa meritória de profissionais de fotografia merece o apoio de todos. Na quarta-feira, dia 3 de outubro, será lançado em Porto Alegre o livro Doando Vida - Livro e Mostra Fotográfica.
Uma das escritoras que o apresentam é a colega Claudia Cardoso, enquanto as fotografias são assinadas pelos profissionais Elda franco, Júlio Appel, Maria Clara Adams, Marta Morales e Walter Karwatzki. O convite ao lado é uma mostra da qualidade do trabalho, que será mostrado em primeira mão para quem for ao coquetel na quarta-feira, a partir das 18h30min, na Letras e Cia Livraria-Café, na Avenida Osvaldo Aranha, 444.
Detalhe: o preço da obra custará R$ 30 e sua venda auxiliará na manutenção da Pousada Via Vida.
Não percam, portanto!

Inter: caminho difícil pela frente

Ontem, saí orgulhoso do Beira-Rio, onde meu time lutou e suou muito no embate contra o São Paulo, virtual campeão brasileiro de 2007. Ao lado das quase 40 mil pessoas que estavam no estádio, gritei, vibrei e incentivei meu time. Pulei de alegria com o nosso gol, e lamentei a expulsão do Índio em seguida. Depois, xinguei o juiz no momento em que deixou de expulsar o Dagoberto e quando não marcou pênalti em Alex. Nós merecíamos mais porque o time lutou muito, mesmo com um jogador a menos em campo.
No entanto, ao acordar hoje e ler os jornais, fui direto na tabela de classificação e confirmei que estamos em situação difícil. A primeira imagem que vi à frente foi a de uma cerca com arame farpado, como a foto acima, tentando impedir nosso avanço. Sei que faltam dez rodadas e temos jogadores para reverter a situação. Mas os obstáculos serão difíceis e teremos que vibrar com cada vitória a partir de agora como se fosse igual a que obtivemos no campeonato mundial do ano passado. Vamos ultrapassar esta cerca, Inter!

domingo, 30 de setembro de 2007

"Veja" mira Guevara e dá tiro no pé

Importante a leitura do companheiro Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político, no site do jornal o Rebate sobre a última capa da tendenciosa Veja. É uma recuperação da história...

Os 40 anos da morte de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, a se completarem no próximo dia 9, dão ensejo a uma nova temporada de caça ao mito Che Guevara por parte da imprensa reacionária, começando por Veja, que acaba de produzir uma das matérias-de-capa mais tendenciosas de sua trajetória.
"Veja conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na guerrilha e no governo cubano na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas”, afirma a revista, numa admissão involuntária de que não praticou jornalismo, mas, tão-somente, produziu uma peça de propaganda anticomunista, mais apropriada para os tempos da guerra fria do que para a época atual, quando já se pode olhar de forma desapaixonada e analítica para os acontecimentos dos anos de chumbo. Não houve, em momento algum, a intenção de se fazer justiça ao homem e dimensionar o mito. A avaliação negativa precedeu e orientou a garimpagem dos elementos comprobatórios. Tratou-se apenas de coletar, em todo o planeta, quaisquer informações, boatos, deturpações, afirmações invejosas, difamações, calúnias e frases soltas que pudessem ser utilizadas na montagem de uma furibunda catalinária contra o personagem histórico Ernesto Guevara, com o propósito assumido de se demonstrar que o mito Che Guevara seria uma farsa.
Assim, por exemplo, a Veja faz um verdadeiro contorcionismo retórico para tentar tornar crível que, ao ser preso, o comandante guerrilheiro teria dito: "Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto". Ora, uma frase tão discrepante de tudo que se conhece sobre a personalidade de Guevara jamais poderá ser levada a sério tendo como única fonte a palavra de quem posou como seu captor, um capitão do Exército boliviano (na verdade, eram oficiais estadunidenses que comandavam a caçada).
É tão inverossímil e pouco confiável quanto a “sei quando perco” atribuída a Carlos Lamarca, também capturado com vida e abatido como um animal pelas forças repressivas. E são simplesmente risíveis as lágrimas de crocodilo que a Veja derrama sobre o túmulo dos “49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia” e morreram perseguindo os guerrilheiros. Além de combater um inimigo que tinha esmagadora superioridade de forças e incluía combatentes de elite da maior potência militar do planeta, Guevara ainda deveria ordenar a seus comandados que fizessem uma cuidadosa triagem dos alvos, só disparando contra oficiais...
É o mesmo raciocínio tortuoso que a extrema-direita utiliza para tentar fazer crer que a morte de seus dois únicos e involuntários mártires (Mário Kozel Filho e Alberto Mendes Jr.) tenha tanto peso quanto a de quatro centenas de idealistas que arriscaram conscientemente a vida e a liberdade na resistência à tirania, confrontando a ditadura mais brutal que o Brasil conheceu.
Típica também – e não por acaso -- da retórica das viúvas da ditadura é esta afirmação da Veja sobre o legado de Guevara: “No rastro de suas concepções de revolução pela revolução, a América Latina foi lançada em um banho de sangue e uma onda de destruição ainda não inteiramente avaliada e, pior, não totalmente assentada. O mito em torno de Che constitui-se numa muralha que impediu até agora a correta observação de alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Assim, a onda revolucionária que se avolumou na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 teria como causa “as concepções de revolução pela revolução” de Guevara e não a miséria, a degradação e o despotismo a que eram submetidos seus povos. E a responsabilidade pelos banhos de sangue com que as várias ditaduras sufocaram anseios de liberdade e justiça social caberia às vítimas, não aos carrascos.
É o que a propaganda enganosa dos sites fascistas martela dia e noite, tentando desmentir o veredicto definitivo da História sobre os Médicis e Pinochets que protagonizaram “alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas”.
Não existe muralha nenhuma impedindo a correta observação desses episódios, tanto que ela já foi feita pelos historiadores mais conceituados e por braços do Estado brasileiro como as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos. Há, isto sim, a relutância dos verdugos, de seus cúmplices e de seus seguidores, em aceitarem a verdade histórica indiscutível. E a matéria-de-capa da Veja não passa de mais um exercício do jus esperneandi a que se entregam os que têm esqueletos no armário e os que anseiam por uma recaída totalitária, com os eventos desastrosos e os banhos de sangue correspondentes.

* Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político.
Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com

Obrigado pelo vice, gurias

As jogadoras brasileiras estão de parabéns. Não importa se pararam diante da marcação alemã e, especialmente, da excelente goleira Angerer. Tampouco se Marta, nossa camisa 10 e melhor jogadora da Copa do Mundo, perdeu um pênalti. O importante é que as atletas brasileiras mostraram ao mundo que sabem jogar um refinado futebol e deixam a China com a sua melhor campanha na história da competição. Antes, o melhor desempenho havia sido o terceiro lugar na edição de 1999, nos Estados Unidos. Espero que as vice-campeãs mundiais sejam recepcionadas no retorno ao Brasil, e a CBF cumpra a promessa de organizar um campeonato nacional. Sim, nós temos futebol feminimo e da melhor qualidade. Avante, Brasil. Na foto da Reuters, Marta enfrenta a muralha Angerer.


Mundo pede paz em Mianmar


Não podemos ficar calados enquanto a ditadura militar manda espancar e matar cidadãos que protestam de forma pacifica em Mianmar (antiga Birmânia). Liderados por monges budistas, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas do país, pedindo democracia e o fim da repressão militar .Os protestos, realizados há vários dias consecutivos, já são considerados o maior levante popular dos últimos anos contra a junta militar que governa o país do Sudeste Asiático.
O governo já impôs um toque de recolher nas duas principais cidades do país, Yangun (a antiga capital) e Mandalay, proibiu a reunião de grupos de mais de cinco pessoas e colocou tropas para patrulhar ruas e templos. Há temores de que se repitam os episódios de 1988, quando as últimas manifestações pró-democracia realizadas em Mianmar foram reprimidas violentamente pela junta militar, em confrontos que deixaram cerca de 3 mil mortos. Os protestos são contra o aumento de alimento de 500% nos combustíveis e, por conseqüência, nos alimentos.
As passeatas dos monges começaram para pedir que o Governo se desculpasse pela agressão a vários bonzos pelas forças de segurança, no princípio deste mês, em Pakokku. No entanto, tornaram-se um clamor pela liberdade política no país, onde os militares estão no poder há mais de 40 anos.
Organizações étnicas como a União Nacional Karen, que representa 7 milhões de membros da minoria Karen e é o braço político da maior guerrilha do leste de Mianmar, aderiram aos protestos. As últimas manifestações também contaram com a presença de membros da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido de oposição liderado por Aung San Suu Kyi, sob prisão domiciliar desde 2003 e Prêmio Nobel da Paz. As fotos da Reuters e da AFP (acima) mostram momentos da repressão.

sábado, 29 de setembro de 2007

Caros Amigos nas bancas


Uma grande idéia que merece ser apoiada: a revista Caros Amigos está republicando edições antigas. Trazem grandes entrevistas como as de Caco Barcellos, Leonardo Boff, Chico Buarque, Sócrates, Franklin Martins, Ciro Gomes e outros. A que está à venda agora é a de Ariano Suassuna, edição 75, de junho de 2003 (capa ao lado). Entrem no site da revista e se abasteçam:

http://carosamigos.terra.com.br/






Jornalista é trabalhador

Recentemente, coloquei uma enquete nas quatro comunidades que administro na Internet querendo saber em que patamar social o jornalista se colocava. Pelo resultado, há dúvida na cabeça dos colegas. Vejam os números:

Jornalista é intelectual ou trabalhador?

Intelectual: 23 - 6% das respostas
Trabalhador: 66 - 17,3%
As duas opções: 293 - 76,7%
Total: 383

Entendo que a maioria preferiu optar pela opção mais cômoda porque, na verdade, boa parcela dos jornalistas não se vê como um trabalhador. Se acha um intelectual porque freqüentou a faculdade e se graduou. Ou um profissional liberal, muitas vezes sendo contratado como pessoa jurídica. No entanto, tenho convicção de que somos tão trabalhadores quanto os profissionais de outras categorias e, portanto, sujeitos aos mesmos atropelos praticados por alguns grupos empresariais ou pelos poderes públicos.
Diante deste cenário, vemos indiferença às lutas sindicais que, na prática, significa a defesa do salário e das condições de trabalho de cada um. Na hora da pauta, é recomendável que companheiros jornalistas refletirem sobre o importante papel social que representam perante a sociedade. E olhem também para o meio em que atuam. Ou seja, estão vendendo sua força de trabalho, mesmo que dedilhem no teclado de um computador. São trabalhadores, portanto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Eles não querem ser demônios.....

O companheiro Paulo Ávila ouviu pela manhã, na rádio CBN São Paulo, que o antigo PFL - que mudou para Democratas (DEM) - vai trocar de nome novamente.
Isso porque porque DEM no Nordeste está sendo associado como partido do demônio. Alguma mentira nisso?

Economia brasileira naveja tranqüila, apesar da turbulância norte-americana

A torcida dos pessimistas não deu certo.
Enquanto a economia norte-americana está em desaceleração, a brasileira se mostra sólida.
Ontem, a Bolsa de São Paulo (Bovespa) subiu 61 mil pontos pela primeira vez - quarto recorde consecutivo - e o dólar comercial fechou negociado a R$ 1,8430 na venda, menor valor em sete anos.
Ou seja, turbulência lá fora, navegação tranqüila aqui.
Isso não é obra do acaso e sim de uma bem planejada condução da economia.
Cadê a crise propalada por alguns?

Elas ganharam manchete e foto nas capas dos jornais


Como eu já previra ontem, os jornais, televisões, rádios e Internet dedicaram generosos espaços para a brilhante vitória da seleção feminina do Brasil contra os EUA. Deixaram os rodapés e cantos de página para exibirem fotos das gurias nas capas dos periódicos. É sempre assim. Nas últimas Olimpíadas - onde foram medalha de prata - e no recente Pan do Rio - medalha de ouro - o futebol feminino ganhou minutos de fama. Depois foi esquecido. Agora, a sempre oportunista CBF anuncia a criação de uma campeonato brasileiro. Não é novidade porque já tinha feito o mesmo antes. Tudo ficou no blá-blá-blá dos dirigentes. Para nós, brasileiros amantes da arte e da garra no futebol, resta esperar o confronto contra a organizada seleção da Alemanha no domingo. Como já escrevi antes, o que vier é lucro. Mas uma vitória de Marta & Cia nos encherá de orgulho. Ou isso só acontece quando os homens alcançam triunfos? Na foto da Reuters, a vibração da melhor jogadora do Mundo - nossa camisa 10- ao lado das companheiras.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Participe do congresso ambiental

Não esqueça que o 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental está chegando.
Vai de 10 a 12 de outubro em Porto Alegre.
Confirme tua presença.

Valeu, Marta & Cia. O que vier agora é lucro

Tive o privilégio de ver a seleção brasileira feminina de futebol hoje pela manhã. Escrevo só agora porque o dia foi corrido, mas pude constatar que muito mais gente está maravilhada com a mistura de talento e força demonstrada pelas nossas atletas. O Brasil goleou os EUA por 4 a 0, exibindo um futebol de encher os olhos, com direito a dois golaços de Marta - especialmente o último. Com justiça, é a maior jogadora do Mundo. Na foto da Reuters ao lado, ela vibra depois de um dos gols.
Para mim, basta. O que vier na final da Copa do Mundo com a Alemanha às 8h da "madrugada" de domingo, na China, será lucro. Afinal, as jogadas do Brasil já estão sendo mostradas em todo o mundo e nossas representantes chegaram onde nunca tinham ido. O bom desta partida foi ver a habilidade de nossas atletas diante do burocrático futebol norte-americano. Foi uma resposta ao técnico deles, que acusara a violência do Brasil. O troco foi um show de bola. E legal que tenha sido contra um time com um currículo de causar inveja: desde 2004, não teve nenhum revés em 49 jogos.
Avante Marta, Cristiane, Formiga, Andréia e Pretinha, entre outras. Tomara que, agora, os jornais dêem mais destaque do que vinham oferecendo à campanha brasileira: rodapés e cantos de páginas. Afinal, as gurias merecem mais espaço que muitos times de machos que disputam o atual Brasileirão.

O caminho para Samarra

Maravilhoso, como sempre, este texto do Leonardo Boff, teólogo e professor emérito de ética da UERJ, publicado originalmente no site Correio da Cidadania. Vale a pena ler até o final.

Um soldado da antiga Bassora, na Mesopotânia, cheio de medo, foi ao rei e lhe disse: "Meu Senhor, salva-me, ajuda-me a fugir daqui; estava na praça do mercado e encontrei a Morte vestida toda de preto que me mirou com um olhar mortal; empresta-me seu cavalo real para que possa correr depressa para Samarra que fica longe daqui; temo por minha vida se ficar na cidade". O rei fez-lhe a vontade. Mais tarde o rei encontrou a Morte na rua e lhe disse: " O meu soldado estava apavorado; contou-me que te encontrou e que tu o olhavas de forma estranhíssima". "Oh não", respondeu a Morte, "o meu olhar era apenas de estupefação, pois me perguntava como esse homem iria chegar a Samarra que fica tão longe daqui, porque o esperava esta noite lá".

Essa estória é uma parábola da aceleração do crescimento feito à custa da devastação da natureza e da exclusão das grandes maiorias. Ele nos está levando para Samarra. Em outras palavras: temos pouquíssimo tempo à disposição para entender o caos no sistema-Terra e tomar as medidas necessárias antes que ela desencadeie conseqüências irreversíveis. Já sabemos que não podemos mais evitar o aquecimento global, apenas impedir que seja catastrófico. No âmbito dos governos, não se está fazendo nada de realmente significativo que responda à gravidade do desafio. Muitos crêem na capacidade mágica da tecno-ciência: no momento decisivo ela seria capaz de sustar os efeitos destrutivos. Mas a coisa não é bem assim. Há danos que uma vez ocorridos produzem um efeito-avalanche.

A natureza no campo físico-químico e mesmo as doenças humanas nos servem de exemplo. Uma vez desencadeada, não se pode mais bloquear uma explosão nuclear. Rompidos os diques de Nova Orleans nos USA, não é mais possível frear a invasão do mar. Na maioria das doenças humanas ocorre a mesma lógica. O abuso de álcool e de fumo, o excesso na alimentação e a vida sedentária começam a princípio produzindo efeitos sem maior significação. Mas o organismo lentamente vai acumulando modificações, primeiramente funcionais, depois orgânicas e, por fim, atingindo certo patamar, surge uma doença não mais reversível.

É o que está ocorrendo com a Terra. A "colônia" humana em relação ao organismo-Terra está se comportando como um grupo de células que, num dado momento, começa a se replicar caoticamente, a invadir os tecidos circundantes, a produzir substâncias tóxicas que acaba por envenenar todo o organismo. Nós fizemos isso, ocupando 83% do planeta.


O sistema econômico e produtivo se desenvolveu já há três séculos sem tomar em conta sua compatibilidade com o sistema ecológico. Hoje nos damos conta de que ecologia e modo industrialista de produção que implica o saque desertificante da natureza são contraditórios. Ou mudamos ou chegaremos à Samarra, onde nos espera algo sinistro.

A Terra como um todo é a fronteira. Ela coloca em crise os atuais modos de produção que sacrificam o capital natural e as formações sociais construídas sobre o consumismo, o desperdício, o mau trato dos rejeitos e a exclusão social. Três problemas básicos nos afligem: a alimentação que inclui a água potável, as fontes de energia e a superpopulação. Para cada um destes problemas não temos soluções globais à vista. E o tempo do relógio corrre contra nós. Agora é o momento de crise coletiva que nos obriga a pensar, a madurar e a tomar decisões de vida ou de morte.