segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Não basta ser mãe

O interessante texto do colega Duda Rangel no blog Desilusões Perdidas me faz lembrar das inúmeras vezes que consersei com estudantes de Jornalismo por este Rio Grande afora. O sonho da gurizada - a maioria mulher, que fazia a sala ou auditório parecer local de concurso de beleza - é a Globo, a Vênus Platinada. Não adiantava dizer que o mercado estava em outros lugares. O texto abaixo, do Duda, é um retrato do que vi e ouvi. Ou melhor, continuo vendo e ouvindo...

Dona Maria torceu o nariz quando a filha, Luiza, revelou que seria jornalista. Só ficou mais calma quando Luiza explicou que a profissão dava futuro, sim! Disse mais: um dia, seria famosa, trabalharia numa TV – quem sabe na Globo? –, e sua mãe teria o maior orgulho dela. O emprego na Globo nunca chegou, mas Luiza, depois de perambular por umas publicações impressas, virou repórter em um canal fechado especializado em informações para o mercado financeiro.

- Mas, minha filha, alguém vê este canal?

- A senhora quer saber quem assiste? A nata do mercado financeiro! Só gente bambambã, os caras cheios do dinheiro.

Dona Maria sentiu-se novamente mais calma. Teve de ampliar a venda de produtos da Avon às amigas para conseguir pagar a assinatura de uma TV a cabo. Não queria perder um programa com as reportagens da filha. Mudou a rotina. Sentada no sofá, não piscava os olhos. Vez ou outra tinha a companhia da faxineira que ficava em pé ao seu lado, apoiada na vassoura.

- Ô, dona Maria, o que é comode?

- Não é comode, Cleuza! É comodite!

- E o que é isso?

- Eu sei lá o que é isso. Vai trabalhar, Cleuza, vai, vai...

Dona Maria não sabia o que era commodity, hedge fund ou alavancagem, mas isso tudo não importava. O que importava era ver Luiza todo dia em seus boletins financeiros. Chegava a fazer cafuné na cabeça da filha pela tela da televisão. Beijar suas bochechas. Checava se a maquiagem estava correta. Dona Maria sabia até quando a filha havia dormido mal – as olheiras não mentiam –, ou quando estava triste – pela melancolia de sua voz.

- Mãe, eu tô bem, sim. A minha voz estava triste, porque a notícia era ruim. Só isso. A gente só se empolga quando o fato é positivo. Pode ficar calma.

Dona Maria passou a gravar os programas da filha e fazer a maior propaganda de Luiza pela vizinhança, pros parentes, pras amigas que compravam Avon. E ai de quem ousasse falar mal da filha.

- Eu nunca vi a Luiza, dona Maria. Onde ela trabalha mesmo?, quis saber Laura, a mulher que arrumava o cabelo de Dona Maria.

- É no canal 59, só sobre notícias financeiras.

- Ah, sei, é tipo Canal do Boi, né, daqueles que ninguém assiste?

- Tá despeitada, hein, Laura? Sabe quem vê a Luiza? A nata do mercado financeiro. Só os caras do dinheiro, só os caras do dinheiro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O papelão de assessores de imprensa na ditadura

O colega Urariano Motta, pernambucano de Recife, nos brinda com excelente artigo no site Direto da Redação de hoje. O enfoque é o papel  dos jornalistas que se tornarem assessores dos generais de plantão. Vale a pena ler a análise do autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio do marido. Boa leitura!

Do livro “No Planalto, com a imprensa”, cujos dois volumes reúnem entrevistas de secretários de imprensa e porta-vozes de JK até Lula, prefiro ressaltar frases de assessores que serviram à ditadura brasileira. Nas passagens que o eufemismo recomendaria chamar de momentos menos honrosos, são indicadas  ações vis como se fossem coisas bobas, ossos do ofício de experientes assessores,  entre um riso e outro. 
É sintomático do nível geral do jornalismo que ninguém mais se espante com informações graves, como estas cândidas palavras de Carlos Chagas, assessor de Costa e Silva, ao lembrar seus tempos de O Globo:  
“As informações sobre o que podia ser veiculado vinham dele, Roberto Marinho. Mas era esporádico, vinham de vez em quando, porque o Roberto Marinho era daqueles jornalistas antigos que não admitiam notícia política, vamos dizer, elaborada pelo repórter. Ele tinha uma orientação clara: ‘Tem que escrever: fulano de tal disse a O Globo, disse a O Globo, disse a O Globo. Aí, publique tudo o que você quiser, na boca do outro’. Era esperto, não? Para O Globo não ser acusado de nada”
Não há sequer um tímido parêntese ou palidez de itálico para o ato de enfiar palavras não ouvidas na boca de terceiros. Nem mesmo para este comportamento de repórteres, no depoimento de Humberto Barrada, assessor de Geisel:
“... Certa vez, um jornalista de O Estado de São Paulo, havia escrito uma matéria com uma declaração do presidente em uma reunião e veio me mostrar. Eu disse: ‘Não foi isso o que ele falou. O senhor está enganado’. E ele insistiu: ‘Foi, sim’. Então, disse eu: ‘Dê-me o papel e espere aí’. Fui ao gabinete do presidente e lhe mostrei a matéria, e ele corrigiu de próprio punho, a lápis... Corrigido o texto pelo próprio presidente voltei ao jornalista e disse: ‘Pronto, está aqui. Com a letra dele. Está satisfeito?’  ‘Pô, é mesmo, foi ele mesmo quem escreveu’.  ‘Claro!’.”
Ou de Saïd Farhat, antes de ser porta-voz de Figueiredo:
“Fui procurado pelo Severo Gomes, então Ministro da Indústria e Comércio. Ele disse: ‘O presidente Geisel me autorizou a convidar você para ser presidente da Embratur. Você aceita?”. Eu respondi: ‘Aceito, sim. O que a Embratur faz?’.” Em outro ponto, ele, assim como todos assessores da ditadura, se refere à campanha para a presidência. Mais de uma vez fala “durante a campanha”... Isso para lembrar a circulação do ditador escolhido, eleito com voto de cartas marcadas, no Congresso Nacional. Como a ditadura gostava de parecer democrática.
Ainda que o livro não tenha qualquer espírito investigativo, pois as palavras dos entrevistados são sempre as últimas, e se aceitam sem qualquer contraditório, aqui e ali saltam atos falhos. A primeira coisa que se ressalta é a banalização da ditadura. É como se um golpe de estado, censura, clima de terror, torturas e assassinatos não fossem o preço necessário para o acesso agradável aos ditadores. Um serviço à ditadura que assim é justificado por Carlos Chagas:   
 “...ser Secretário de Imprensa do Presidente era um posto no qual se ficava no foco, importante, um passo adiante na carreira... porque era bom conhecer o outro lado, como é que funciona, porque até então eu só conhecia o lado de cá.. eu iria participar da abertura e ia acabar com o AI-5”.
Ou aqui em Marco Antônio Kraemer, segundo assessor de Figueiredo: “Todos nós queríamos liberdade, tinha que acontecer. E era melhor acontecer, como vou dizer... sob controle. Era melhor do que explodir”.
Mas nada se compara a Alexandre Garcia, que esteve numa posição intermediária entre assessor do assessor e secretário do secretário de imprensa de Figueiredo. Ele assim se dirigiu, em suas primeiras horas de poder,  ao general Rubem Ludwig: “Agora, gostaria de ouvir os seus conselhos de como proceder lá dentro, porque costumo vestir a camisa dos lugares onde trabalho”. Sincero o jornalista, sem dúvida.
Para Alexandre Garcia, enfim, nada é mais honroso que  isto, exibido com orgulho em seu currículo: “Condecorado com a OBE (Ordem do Império Britânico) pela Rainha Elizabeth”.  Salve, Rainha. Por tal honra, John Reed e semelhantes se torcem até hoje de inveja.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza

Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam, que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar.

Por Leonardo Boff



 O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco, pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação, nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que aí viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d'água. Chico Mendes, com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre, sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais frequentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam, que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes, e outro maior, que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da Mata Atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
Leonardo Boff é teólogo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As Veias Abertas da América Latina, de Galeano, é relançado

Recebi da colega e amiga Lu Vilella, da Livraria Bamboletras, a informação de que o livro As Veias Abertas da América Latina, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, acaba de ser relançado pela L&PM Editores. A fabulosa obra, lançada pela primeira vez em 1978,  vem com muitas novidades. A nova tradução, feita por Sergio Faraco, um dos mais importantes contistas do Brasil, fez com que Galeano dissesse que sua obra "soa melhor em português do que em espanhol". Além disso, o livro ostenta uma nova capa e um completo índice analítico. É lançado em formato pocket e em edição tradicional. 
No prefácio, escrito em agosto de 2010, especialmente para esta edição,  Galeano lamenta "que o livro não tenha perdido a atualidade". Remontando a 1970, quando a maioria dos países do continente padecia facinorosas ditaduras, este livro tornou-se um autêntico "clássico libertário", um inventário da dependência e da vassalagem de que a América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus, no final do século XV. No começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram ingleses, holandeses, franceses e, modernamente, os norte-americanos. Desde então o ancestral cenário permanece: a mesma submissão, a mesma miséria, a mesma espoliação.
As Veias Abertas da América Latina vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Com seu texto lírico e amargo a um só tempo, Galeano sabe ser suave e duro, e invariavelmente transmite, com sua consagrada maestria, uma mensagem que transborda humanismo, solidariedade e amor pela liberdade e pelos desvalidos. 

Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1940. Em sua cidade natal, foi chefe de redação do semanário Marcha e diretor do jornal Época. Fundou e dirigiu a revista Crisis, em Buenos Aires. A partir de 1973, esteve exilado na Argentina e na Espanha; no início de 1985, voltou ao Uruguai, residindo desde então em Montevidéu.A trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989. Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). É autor de De pernas pro ar, Dias e noites de amor e de guerra, Futebol ao sol e à sombra, O livro dos abraços, Memória do fogo (que engloba Os nascimentos, As caras e as máscaras e O século do vento), Mulheres, As palavras andantes, Vagamundo e As Veias Abertas da América Latina (todos pela L&PM Editores).

domingo, 16 de janeiro de 2011

Porto Alegre também tem posto para recebimento de doações

Quem está em Porto Alegre pode ir até o Armazém do 7 do Cais do Porto, na Avenida Mauá, e fazer a sua contribuição para os atingidos pela tragédia no Rio. A Cruz Vermelha listou uma série de coisas básicas que serão úteis para quem está desabrigado. Não é só alimentos que eles estão precisando. 
Veja abaixo:
- velas
- fósforos
- escova e pasta dental
- fralda para bebês e geriátrica
- massa instantânea

- garrafas de água de 1 ou 1,5 litros (facilita o transporte)
- leite em pó
- sabonete
- sabão
- luvas descartáveis ( pode ser daquelas caixas que as manicures usam)
- álcool gel


Repassem para seus contatos! 


Saiba como ajudar os desabrigados da chuva na Região Serrana do Rio

Estou no Rio Grande do Sul, mas quero colaborar por meio deste blog com as vítimas da tragédia na Região Serrana do Rio. Postos rodoviários, supermercados e abrigos estão recebendo donativos para ajudar os desabrigados e os desalojados. Eles precisam de doações de água potável, alimentos, roupas, cobertores, colchonetes e itens de higiene pessoal, como sabonete, pasta de dente e fralda descartável. Leia abaixo como proceder:

Para doar sangue

O HemoRio montou um esquema especial de atendimento. Para doar é preciso estar bem de saúde, ter entre 18 e 65 anos e pesar mais de 50 kg. Não é necessário estar em jejum. A única recomendação é evitar alimentos gordurosos antes da coleta. Interessados devem se apresentar com um documento de identidade. Quem preferir, pode agendar um horário para fazer a doação no telefone 0800 282-0708. O HemoRio fica na Rua Frei Caneca 8, no Centro, e funciona de segunda a domingo, das 7h às 18h.

Postos para doações

Teresópolis
Em Teresópolis foi montado um outro posto para receber donativos. As contribuições podem ser levadas para o Ginásio Pedrão, onde foi montado um abrigo de ajuda às vítimas. O local fica na Rua Tenente Luiz Meirelles 211, no bairro Várzea, no centro da cidade.
Petrópolis
Foram montados três postos para doação de água, colchão e material de limpeza e higiene na região de Itaipava: na Igreja Wesleyana, no Vale do Cuiabá; na Igreja de Santa Luzia, na Estrada das Arcas; e no centro de Petrópolis, na sede da Secretaria de Trabalho, Ação Social e Cidadania (R. Aureliano Coutinho, número 81).
Museu Imperial
O Museu Imperial montou um posto de coleta de donativos. Além disso, os visitantes poem opatar por pagar a entrada com uma doação diretamente na bilheteria. O item de maior urgência é água potável, que pode ser trocada pelo ingresso com uma doação de, no mínimo, 1,5 litro. Também são recebidos itens de higiene pessoal, roupas, alimentos não perecíveis, roupa de cama, cobertores, colchonetes e toalhas. O ponto de coleta do museu é no prédio da biblioteca, no saguão em frente à sala multimídia, com acesso pelo bosque do imperador (praça do Cenip). Para trocas de doações por ingressos, os visitantes devem se dirigir diretamente à bilheteria.
Polícia Militar
Todos os batalhões da PM do Rio de Janeiro vão receber doações a partir desta quinta-feira (13). Os comandantes dos batalhões recomendam a doação de água mineral, alimentos não perecíveis e material de higiene pessoal.
Rodoviária
A Rodoviária Novo Rio recebe doações para a Cruz Vermelha. Os donativos serão recebidos no piso de embarque inferior, das 9h às 17h.
Cruz Vermelha
A Cruz Vermelha está cadastrando voluntários para ajudar na triagem do material arrecadado para vítimas das chuvas na Região Serrana. Quem quiser colaborar deve procurar a sede da entidade no Rio, na Praça da Cruz Vermelha 10, no Centro.

Segundo o presidente da filial Rio, Luiz Alberto Lemos Sampaio, o mais importante agora é coletar alimentos não perecíveis, água, leite, além de roupa de cama e banho. Os donativos podem ser entregues no posto instalado na Rodoviária Novo Rio, na sede da Cruz Vermelha e nos quartéis do Corpo de Bombeiros.
Estádios
A Secretaria estadual de Esporte e Lazer montou uma rede de solidariedade. Os estádios do Maracanãzinho e Caio Martins (em Niterói) recolhem doações. As contribuições podem ser: garrafas de água potável, fraldas, material de higiene pessoal, colchonetes, alimentos não perecíveis, roupas e agasalhos. O Maracanãzinho recebe doações das 8h às 20h - Entrada pelo portão 12A. No Caio Martinns, o horário é o mesmo e a entrada é pelo portão principal na Avenida Roberto Silveira, em Icaraí.

Viva Rio
O Programa de Voluntariado do Viva Rio também iniciou uma campanha de arrecadação de roupas e mantimentos para a região serrana do Rio de Janeiro, especialmente Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Para ajudar, basta fazer a doação na sede do Viva Rio (Rua do Russel, 76, Glória) ou através de depósito bancário na conta do Viva Rio, no Banco do Brasil, agência 1769-8, conta-corrente 411396-9 e CNPJ: 00343941/0001-28. Para mais informações o Viva Rio disponibiliza os telefones (21) 2555-3750 e (21) 2555-3785.
A ONG também estará recebendo donativos em todas as unidades das Lojas Americanas no Rio e nas estações do metrô de General Osório, Siqueira Campos, Botafogo, Carioca, Glória, Largo do Machado, Catete, Central do Brasil, Saens Peña, Nova América e Pavuna
Postos em supermercados e rodovias
O grupo de supermercados Pão de Açúcar montou postos de arrecadação em todas as 100 lojas da rede no estado do Rio. As doações podem ser feitas nos estabelecimentos Pão de Açúcar, ABC Compre Bem, Sendas , Extra Supermercados e Assaí. De acordo com o grupo, os donativos serão entregues até 26 de janeiro.
A Polícia Rodoviária Federal recebe doações nos seus 25 postos ao longo de 1.400 km de rodovias federais fluminsenses. Quem quiser colaborar pode ligar para o telefone 191 da PRF, que funciona 24h, e saber onde fica o ponto mais próximo de sua casa. Os donativos serão repassados à Cruz Vermelha.
A Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) está recebendo doações de garrafas de água potável, remédios, alimentos não perecíveis, roupas, cobertores, colchonetes e itens de higiene pessoal como sabonete, pasta de dente e fralda descartável, nas cabines da Praça de Pedágio no km-133,5 da Rio-Teresópolis-Além Paraíba (BR-116/RJ), em Piabetá. Para grandes quantidades, os doadores devem dirigir-se ao Centro de Atendimento ao Usuário, que fica na pista sentido Rio a 300 metros da praça de pedágio.
MP
O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro recebe doações na portaria do edifício-sede, na Av. Marechal Câmara, 370, no centro do Rio, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.
Inea
A sede do Instituto Estadual do Ambiente recebe doações de alimentos não perecíveis, colchonete, material de higiene e limpeza, sobretudo fraldas, e principalmente água. O endereço é Av. Venezuela, 110, Praça Mauá - centro do Rio.
Salgueiro
A escola de samba arrecada alimentos não perecíveis, água, roupas e cobertores. As doações podem ser levadas à quadra da escola, que fica na Rua Silva Teles, 104, no Andaraí.
Tijuca Tênis Clube
A sede do clube recebe doações. O endereço é Rua Conde do Bonfim, 451 -- Tijuca. IInformações pelo telefone: 3294-9300.
AMaLeblon
A Associação de Moradores do Leblon criou um posto de coleta de donativos, que podem ser entregues no 23º Batalhão, localizado na Av. Bartolomeu Mitre.
Estações do metrô
O Metrô Rio vai disponibilizar a partir de sexta-feira (14), pontos de arrecadação em 11 estações nas linhas 1 e 2. Água, alimentos e produtos de higiene pessoal podem ser doados nas estações Carioca, Central, Largo do Machado, Catete, Glória, Ipanema/General Osório, Pavuna, Saens Peña, Botafogo, Nova América/Del Castilho e Siqueira Campos.
Flamengo
A presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, anunciou que o clube também receberá, na sede da Gávea, donativos para desabrigados pelas chuvas na Região Serrana.
FIA
A Fundação da Infância e Adolescência abriu dois postos de doação: Rua Voluntários da Pátria, 120, Botafogo e Rua General Castrioto, 589, Barreto, em Niterói. Desde ontem (12) a entidade enviou 60 toneladas de alimentos e dois mil colchões para a região.
Shoppings também vão receber donativos
A partir desta quinta-feira (13) oito dos principais shoppings do Grande Rio também recolherão material para ajudar as pessoas que foram afetadas pelos temporais na Reigião Serrana. Haverá caixas de coleta recebendo comida, roupas, água e colchões para os desabrigados. Além disso, a rede que administra os estabelecimentos doará o equivalente a R$ 100 mil em mantimentos. Os locais para doações são:
Bangu Shopping - Rua Fonseca, 240 - Bangu. Tel.: 2430-5130.
Carioca Shopping - Av. Vicente de Carvalho, 909 - Vila da Penha. Tel.: 2430-5120.
Caxias Shopping - Rodovia Washington Luiz, 2895, Duque de Caxias. Tel: 2430-5110
Passeio Shopping - Rua Viúva Dantas 100 - Campo Grande. Tel.: 2414-0003.
Santa Cruz Shopping - Rua Felipe Cardoso 540 - Santa Cruz. Tel.: 2418-9400.
Shopping Grande Rio - Rodovia Presidente Dutra, 4.200 - São João de Meriti. Tel.: 2430-5111
Via Parque Shopping - Av. Ayrton Senna, 3.000 - Barra da Tijuca. Tel.: 2430-5100.
Shopping Leblon - Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - Leblon. Tel.: 2430-5122.
O Boulevard Shopping São Gonçalo, que faz parte de outra rede, também montou um posto de arrecadação, que funcionará no SAC, no 1o andar do estabelecimento.
Arquidiocese envia R$ 40 mil para a região
A Cáritas Arquidiocesana do Rio já enviou R$ 20 mil para a Arquidiocese de Petrópolis e o mesmo montante para a de Nova Friburgo (que engloba Teresópolis). A entidade também recebe doações em dinheiro em duas contas: Bradesco, Agência 0814-1, conta corrente 48500-4 e Banco do Brasil, Agência 3114-3, conta corrente 30000-4. Doações em espécie podem ser deixadas na Catedral de São Sebastião (Avenida Chile 245, no Centro). Haverá pontos de recolhimento na Cáritas e também na entrada da igreja, de 9h às 18h.
Ponte Rio-Niterói
A concessionária que administra a Ponte Rio-Niterói colocou um container para receber doações junto à praça de pedágio, à direita de quem segue no sentido Niterói. Mais informações: (21) 2620-9333.
Sesc, Senac e Fecomércio
As unidades do Sesc Rio e Senac Rio e a sede do Sistema Fecomércio-RJ estão coletando água mineral, alimento não perecível, roupas de cama e banho, material de limpeza e de higiene pessoal e colchões para as vítimas das enchentes na região serrana. As unidades do Sesc receberão as doações de terça a domingo, das 9h às 17h. Os pontos de coleta são:
Sede do Sistema Fecomércio-RJ - Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo, de segunda a sexta, das 9h às 18h
Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160
SescTijuca – Rua Barão de Mesquita, 539
Sesc Ramos – Rua Teixeira Franco, 38
Sesc Madureira – Rua Ewbanck da Câmara , 90
Sesc São Gonçalo – Avenida Presidente Kennedy, 755
Sesc Niterói – Rua Padre Anchieta, 56 – Centro
Sesc São João de Meriti – Avenida Automóvel Clube, 66 –
Sesc Nova Iguaçu – Rua Dom Adriano Hipólito, 10 – Moquetá
Sesc Teresópolis – Av. Delfim Moreira, 749 – Centro
Sesc Quitandinha (Petrópolis) – Avenida Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha

Unidades Senac Rio:
Horários de coleta das 9h às 19h, de segunda a sexta. Aos sábados, das 9h às 12h.
Niterói – Rua Almirante Teffé, 680 – Centro
Copacabana – Rua Pompeu Loureiro, 45
Marapendi – Avenida das Américas, 3959 – Barra da Tijuca
Faculdade Senac Rio – Rua Santa Luzia, 735 – Centro
Botafogo – Rua Bambina, 107
Sesi e Senai

O Sesi iniciou campanha de arrecadação de donativos para as vítimas das chuvas na Região Serrana, instalando postos de coletas e suas unidades no estado.
O horário de funcionamento é das 8h às 17. Veja os endereços:
Sesi - Barra do Piraí - Av. Mário Salgueiro, 1.065 - Bairro Belvedere - Barra do Piraí
Senai - Barra do Piraí - Rua Alan Kardeck, s/nº - Muqueca - Barra do Piraí
Sesi - Barra Mansa - Av. Dário Aragão, 2 - Centro - Barra Mansa
Senai - Barra Mansa - Rua Senhor do Bonfim, 130 - Saudade - Barra Mansa
Sesi/Senai Benfica - Praça Natividade Saldanha, 19 - Benfica. Tel.: (21) 2587-4800
Senai - Campos - Rua Bruno de Azevedo, 37 - Pq. Tamandaré Campos dos Goytacazes
Sesi - Campos - Av. Deputado Bartolomeu Lysandro, 862 - Guarus – Campos dos Goytacazes
Sesi/Senai - Cinelândia - Rua Santa Luzia, 685 - 5º andar - Centro - Rio de Janeiro

SesiI - Duque de Caxias - Rua Artur Neiva, 100 - Bairro 25 de Agosto - Duque de Caxias
Senai - Duque de Caxias - Rua Arthur Goulart, 124 - Centro - Duque de Caxias
Sesi - Honório - Rua Loreto do Couto, 673 – Honório Gurgel
Sesi - Itaperuna - Av. Dep. José de Cerqueira Garcia, 883 - Bairro Presidente Costa e Silva - Itaperuna
Senai - Itaperuna - Av. Zulamith Bittencourt, 190 – 1º e 2º andar - Cidade Nova – Itaperuna
Sesi - Jacarepaguá - Av. Geremário Dantas, 342 - Tanque - Jacarepaguá - Tel.: (21) 3382-9999/9950
Senai - Jacarepaguá - Av. Geremário Dantas, 940 – Freguesia – Jacarepaguá
Sesi/Senai - Laranjeiras - Rua Esteves Júnior, 47 - Laranjeiras e Rua Ipiranga, 75 - Laranjeiras
Sesi - Macaé - Alameda Etelvino Gomes, 155 - Riviera Fluminense - Macaé
Senai - Macaé - Av. Prefeito Aristeu Ferreira da Silva, 70 - Novo Cavaleiro - Macaé
Senai - Maracanã - Rua São Francisco Xavier, 417 – Maracanã
Senai - Mendes - Rua Professor Paulo Sérgio Nader Pereira, nº 250 - Centro - Mendes
Senai - Niterói - Rua General Castrioto, 460 - Barreto - Niterói
Sesi/Senai - Nova Iguaçu - Rua Gerson Chernicharo, s/nº - Bairro da Luz - Nova Iguaçu
Sesi - Petrópolis - Av. Barão do Rio Branco, 2.564 - Centro - Petrópolis
Senai - Petrópolis - Rua Bingen, 130 - Bingen - Petrópolis
Sesi - Resende - Rua Marcílio Dias, 468 - Jardim Jalisco - Resende

Senai - Resende - Rua Sarquis José Sarquis, 156 - Jardim Jalisco - Resende
Sesi/Senai – Santa Cruz - Rua Felipe Cardoso, 713 – Santa Cruz
Senai -Solda - Rua São Francisco Xavier, 601 - Maracanã - Tel.: (21) 3978-8700
Sesi/Senai - Tijuca - Rua Morais e Silva, nº 53 - Tijuca - Rio de Janeiro

Sesi/Senai - Vicente de Carvalho - Av. Pastor Martin Luther King Jr. (antiga Av. Automóvel Clube), 6475 - Vicente de Carvalho - Rio de Janeiro
Sesi/Senai - São Gonçalo - Rua Nilo Peçanha, 134 – Centro - São Gonçalo
Sesi - Três Rios - Av. Tenente Enéas Torno, s/no Margem Esquerda - Centro - Três Rios

Senai - Três Rios - Rua Izaltino de Oliveira, 90 - Centro - Três Rios
Sesi/Senai - Santo Antônio de Pádua - Av. João Jazbik, S/N - Bairro 17 - Santo Antonio de Pádua
Senai - Valença - Rua Comendador Araújo Leite, 320 - Valença - Rio de Janeiro
Senai - Vassouras - Rua Nilo Peçanha, 85 - Vassouras - Rio de Janeiro
Sesi - Volta Redonda - Avenida Lucas Evangelista, 595 - Aterrado - Volta Redonda
Senai - Volta Redonda - Rua Nicanor Teixeira de Carvalho, 1 - Barreira Cravo - Volta Redonda
BR-101
Autopista Fluminense, concessionária que administra a BR-101 Norte também abriu postos para o recolhimento de doações, na sede administrativa, da empresa, no KM 313, em São Gonçalo, na Região Metropolitano e na sede da Latina Manutenção, no Km 206, em Casimiro de Abreu .
Praça de pedágio:
Km 40 – Campos dos Goytacazes
Km 123 – Campos dos Goytacazes
Km 192 – Casimiro de Abreu
Km 252 – Rio Bonito
Km 299 – São Gonçalo
Bases operacionais:
Km 40 – Campos dos Goytacazes
Km 123 – Campos dos Goytacazes
Km 163 – Macaé
Km 235 – Silva Jardim
Km 282 – Itaboraí
Km 299 – São Gonçalo
Km 319 – Niterói
RJ-116
As quatro praças de pedágio da RJ-116 vão arrecadar donativos. Os locais são Itaboraí, Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo e Macuco. A Rota 116, que administra a via, está usando veículos da empresa para levar o material até as cidades atingidas.
Parada Solidária

Os sindicadtos e empresas de transporte do também montaram postos para receber doações para as vítimas da tragédia da Região Serrana, no Rio, na Baixada Fluminense , em Niterói e em Petrópolis. Foram colocados ônibus para recolher alimentos, roupas, colchonetes e água. Veja onde os ônibus estarão posicionados, do dia 14 ao dia 21, das 8h às 20h.
No Rio:
Largo da Carioca, Centro
Cinelândia (a partir de 2ª feira, dia 17, em frente à Câmara dos Vereadores)
Terminal Alvorada, Barra da Tijuca (a coleta não será feita em ônibus, mas na Administração)
Ilha do Governador – sede da Sub-Prefeitura em frente ao posto RioCard
Praça General Osório, Ipanema (a partir de sábado, dia 15)
Em Duque de Caxias e Magé:
Terminal Rodoviário Plínio Casado, Duque de Caxias
Terminal Rodoviário do Shopping Center, Duque de Caxias
Rodoviária de Piabetá, Magé
Praça da Prefeitura de Magé
Em Niterói
Terminal João Goulart (em frente ao posto do Setrerj)
Em Petrópolis
Sede do Setranspetro – Rua do Imperador, 100 - Centro

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/chuvas-no-rj/noticia/2011/01/saiba-como-ajudar-os-desabrigados-da-chuva-na-regiao-serrana-do-rio.html

sábado, 15 de janeiro de 2011

SOS Mata Atlântica constata que 30% das fontes de água do país têm qualidade ruim ou péssima

Pesquisa da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica mostra que as fontes de água no país estão cada vez mais poluídas e que, diante disso, a saúde da população corre risco. Ao analisar amostras de 43 corpos d'água, em 12 estados e no Distrito Federal, a ONG verificou que nenhuma amostra foi considerada boa ou ótima.
As análises foram feitas ao longo de 2010. Com base em parâmetros definidos pelo Ministério do Meio Ambiente, o estudo revela que em 70% das coletas feitas em rios, córregos, lagos e outros corpos hídricos, a qualidade da água foi considerada regular. Em 25%, a qualidade era ruim e em 5%, péssima.
Em visitas a pontos de educação ambiental da ONG, foi avaliada a qualidade da água para consumo e concluiu-se que as águas precisam de tratamento para qualquer uso, seja para o consumo ou para indústria. Nos locais visitados, também foi constado que o principal agente de poluição é o esgoto doméstico.
Indicadores da falta de saneamento básico, como a presença coliformes, larvas e vermes, lixo e baixa quantidade de oxigênio na água, além de dez propriedades físico-químicas foram testadas pela ONG. Das 43 coletas analisadas, o pior resultado foi a do Rio Verruga, em Vitória da Conquista (BA), e a do Lago da Quinta da Boa Vista, no Rio.
"Em condição um pouco melhor, mas ainda considerada regular e, consequentemente imprópria para consumo, estavam as amostras coletadas no Rio Doce, no município de Linhares (ES), e na Lagoa de Maracajá, em Lagoa dos Gatos (PE). "A poluição está muito mais vinculada à emissão de efluentes domésticos que industriais, ultimamente", disse o geógrafo do projeto, Vinicius Madazio. "É um problema porque 60% dos brasileiros vivem na [região de] Mata Atlântica", completou, reivindicando que as políticas públicas de saneamento básico sejam prioridade do governo e da sociedade.
A qualidade da água é um das preocupações da Organização das Nações Unidas (ONU), que declarou o período entre 2005 e 2015 a década internacional Água para Vida. Em 2006, a instituição estimou que 1,6 milhão de pessoas, principalmente crianças menores de cinco anos, morram anualmente por causa de doenças transmitidas pela água.
Procurados, o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas (ANA) não comentaram a pesquisa.
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina

BBB-11: a ética pelo ralo


Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no site Carta Maior:

No dia 11/1/2011 a TV Globo levou ao ar seu programa de maior audiência no verão brasileiro: Big Brother Brasil 11. Sucesso de público, sucesso de marketing, sucesso financeiro, sempre na casa dos milhões de reais. Fracasso ético, fracasso de cidadania, fracasso de respeito aos direitos humanos fundamentais.
O prêmio será de R$ 1,5 milhão para o vencedor. O segundo e terceiro lugares levam, respectivamente, R$ 150 mil e R$ 50 mil. As inscrições para a próxima edição do BBB já estão encerradas. Ao todo, nas dez edições, foram 140 participantes. E já foram entregues mais de R$ 8,5 milhões em prêmios. Balanço raquítico, tanto numérico quanto financeiro para seus participantes, para um programa que se especializou em degradar a condição humana.
Aos 11 anos de existência, roubando sempre 25% do ano (janeiro a março) e agora entrando na puberdade como se humano fosse, o BBB começa anunciando que passará por mudanças na edição 2011. Se você pensou que as mudanças seriam para melhorar o que não tem como ser melhorado se enganou redondamente. O formato será sempre o mesmo, consagrado pelo público e pelos anunciantes: invasão de privacidade com a venda de corpos quase sempre sarados, bronzeados e bem torneados e com a exposição de mentes vazias a abrigar ideias que trafegam entre a futilidade e a galeria de preconceitos contra negros, pobres, analfabetos funcionais.
Após dez anos seguidos, sabemos que a receita do reality show inclui em sua base de sustentação as antivirtudes da mentira, da deslealdade, dos conluios e... da cafajestagem. Aos poucos, todos irão se despir de sua condição humana tão logo um deles diga que "isto aqui é um jogo". Outros ensaiarão frases pretensamente fincadas na moral: "Mas nem tudo vou fazer para ganhar esse jogo."
Como miquinhos amestrados, os participantes estarão ali para serem desrespeitados, não poucas vezes humilhados e muitas vezes objeto de escárnio e lições filosóficas extraídas de diferentes placas de caminhões e compartilhadas quase diariamente pelo jornalista Pedro Bial, ao que parece, senhor absoluto do reality show. Não faltarão "provas" grotescas, como colocar uma participante para botar ovo a cada trinta minutos; outra para latir ou miar a cada hora cheia; algum outro para passar 24 horas de sua vida fantasiado de bailarina ou para pular e coaxar como sapo sempre que for ativado determinado sinal acústico. O domador, que terá como chicote sua lábia de ocasião ou nalgumas vezes sua língua afiada, continuará sendo Pedro Bial que, a meu ver, representa um claro sinal de como as engrenagens que movem a televisão guardam estreita semelhança com aqueles velhos moedores de carne.

O último a sair da jaula

É inegável que Bial é talentoso. É inegável que passou parte de sua vida tendo páginas de livros ao alcance das mãos e dos olhos. É inegável também que parece inconsciente dos prejuízos éticos e morais que haverá de carregar vida afora. Isto porque a cada nova edição do reality mais se plasmam os nomes BBB e Pedro Bial. E será difícil ao ouvir um não lembrar imediatamente o outro. Porque lançamos aqui nosso nome, que poderá ter vida fugaz de cigarra ou ecoará pela eternidade. Imagino, daqui a uns 25 anos, em 2035, quando um descendente deste Pedro for reconhecido como bisneto daquele homem engraçado que fazia o Big Brother no Brasil. E os milhares de vídeos armazenados virtualmente no YouTube darão conta de ilustrar as gerações do porvir.
E, no entanto, essas quase duas dezenas de jovens estarão ali para ganhar fama instantânea, como se estivessem acondicionados naqueles pacotinhos de sopa da marca Miojo. Imagino cada um deles a envergar letreiro imaginário a nos dizer com a tristeza possível que "Coloco à venda meu corpo sem alma, meu coração quebrado e minha inteligência esgotada; vendo tudo isso muito barato porque vejo que há muita oferta no mercado". E teremos aquele interminável desfile de senso comum. Afinal, serão 90 dias de vida desperdiçada, ou melhor, de vida em que a principal atividade humana será jogar conversa fora. O que dá no mesmo. E não será o senso comum exatamente aquele conjunto de preconceitos adquiridos antes de completarmos 15 anos de vida?
Friederich Nietzsche (1844-1900) parecia ter o dom da premonição. É que o filósofo alemão se antecipava muito quando se tratava de projetar ideias sobre a condição humana. É dele esta percepção: "O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele". Isto porque Nietzsche foi poupado de atrações quase sérias e semi-circenses, como o BBB. No picadeiro, o macaco é aplaudido por sua imitação do humano: se equilibra e passeia de triciclo e de bicicleta, se veste de gente, com casaca e gravata, sabe usar vaso sanitário, descasca alimentos. No picadeiro do BBB, os seres humanos são aplaudidos por se mostrarem intolerantes uns com os outros, se vestem de papagaios, ladram, miam, coaxam, zumbem – e tudo como se animais fossem. Chegam a botar ovo em momento predeterminado. Se vestem de esponja e se encharcam de detergente a limpar pratos descomunais noite afora.
Em sua imitação de animal, o humano que se sobressai no BBB é aquele que consegue ficar engaiolado – digo, literalmente engaiolado – junto com outros bípedes não emplumados – por grande quantidade de horas. E sem poder satisfazer as necessidades humanas básicas, muitas vezes tendo que ficar em uma mesma posição, como seriemas destreinadas. E são os únicos animais que demonstram imensa felicidade em permanecer por mais tempo na gaiola. Não lhes jogam bananas nem pipocas, mas quem for o último a sair da jaula semi-humana ganha uma prenda. Pode ser um passeio de helicóptero, pode ser um carro, pode ser uma noite na Marquês de Sapucaí.

Heidegger reconheceria

O leitor atento deve ter percebido que em algum momento deste texto mencionei que o BBB 11 terá mudanças. Nem vou me dar ao trabalho de editar. Eis o que copiei do site G1:
"Boninho, diretor do BBB, falou em seu Twitter nesta quarta-feira, 24/11, sobre a nova edição do programa, a 11ª, que estreará em janeiro de 2011. E ele adianta que, desta vez, as coisas vão mudar. ‘Esse ano tudo vai ser diferente... Nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser’, postou Boninho em seu microblog. Questionado sobre o que estaria liberado no confinamento que não estava em edições anteriores, ele respondeu: ‘Esse ano... liberado! Vai valer tudo, até porrada’. Boninho também comentou sobre as bebidas no reality show: ‘Acabou o ice no BBB... Vai ser power... chega de bebida de criança’, escreveu."
Não terá chegado a hora de o portentoso império Globo de comunicação negociar com o governo italiano a cessão do Coliseu romano para parte das locações, ao menos aquelas em que murros e safanões, sob efeito de álcool ou não, certamente ocorrerão? E como nada compreendo de Heidegger, só me resta dizer que ao longo de toda sua vida madura Heidegger esteve obcecado pela possibilidade de haver um sentido básico do verbo "ser" que estaria por trás de sua variedade de usos. E são recorrentes suas concepções quanto ao que existe, o estudo do que é, do que existe: a questão do Ser (i.e. uma Ontologia) dependente dos filósofos antes de Sócrates, da filosofia de Platão e de Aristóteles e dos Gnósticos.
Quem sabe tivesse assistido uma única noite do BBB – caso o formato da Endemol estivesse em cena antes de 1976 –, o filósofo, por muitos cultuado, não apenas teria uma confirmação segura de que não valia mesmo a pena publicar o segundo volume de sua obra principal, O Ser e o Tempo, como também haveria de reconhecer a inexistência de algo anterior ao ser. Mas, com certeza, se fartaria com a miríade de usos dados ao verbo "ser".

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O humano deve prevalecer sobre o econômico

Não quero ouvir governantes prometendo recursos em meio a tragédias, como a do Rio. Quero ações de longo prazo, como impedir que projetos turísticos e casas de populares se localizem em áreas de risco. A questão econômica não deve se sobrepor à humana. Hoje, vi representante do setor hoteleiro chorando perda por causa da tragédia. E ainda dão espaço para isso...

Presidente Dilma tem foto oficial

 
A foto oficial da presidente Dilma Rousseff foi apresentada nesta sexta-feira no Palácio Planalto. Vestida com um blaser de cor "off white" e usando batom cereja, sombra clara e brincos de pérolas, Dilma foi fotografada no domingo, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Ao fundo, a foto oficial mostra os arcos do palácio.
A imagem foi feita pelo fotógrafo oficial da Presidência, Roberto Stuckert Filho, que passou cerca de uma semana estudando a luz e o cenário ideais.

Joelho estourado, praia boicotada

Meu fisioterapeuta proclamou ontem: tenho mais quatro semanas de tratamento no joelho. Disse que inflamações - como as que adquiri ao caminhar em excesso - são mais difíceis de curar do que uma cirurgia. Isso significa que, além do mês que já estou no estaleiro, deverei ficar mais este tempo na fisioterapia, sem musculação e sem hidroginástica. Pior: adeus, praia. Não concebo um veraneio sem caminhada e partidas de futebol. Outro esporte praiano - levantamento de copo - já não me atrai muito. A barriga aumenta...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Profissionais de comunicação são agredidos na Paraíba, em Santa Catarina e no Ceará

No início de 2011, três agressões a profissionais de comunicação evidenciam a necessidade de fortalecer as liberdades de imprensa e de expressão. Em Campina Grande (PB), um repórter cinematográfico foi agredido ao captar imagens sobre a sublocação irregular de boxes num shopping popular. Em Indaial (SC), uma equipe da RBS TV foi ameaçada e agredida ao apurar denúncias contra comerciantes da região. E em Fortaleza, sindicalistas foram agredidos por empregados do marketing do jornal o Povo. As entidades representativas dos profissionais exigiram a apuração dos fatos e punição dos agressores.

Na segunda-feira, 3, o repórter cinematográfico Joacil de Brito, da TV Paraíba, foi agredido quando registrava imagens em Campina Grande sobre a sublocação irregular de boxes num shopping popular da cidade. O comerciante Rawalison Rodrigues da Silva questionou o motivo da filmagem e, descontrolado, surpreendeu o repórter, agredindo-lhe covardemente com um soco no rosto e quebrando parte do equipamento. Outra integrante da equipe, a jornalista Denise Delmiro, foi agredida verbalmente. Após ter sido detido pela polícia, o agressor foi encaminhado à 2ª Delegacia Distrital de Campina Grande, onde assinou Termo de Ocorrência e foi liberado.

Já em Indaial, o repórter Francis Silvy, o repórter cinematográfico Marcio Ramos e o motorista Andrei Luís, foram acuados, mantidos em cárcere privado e agredidos no dia 6, enquanto apuravam denúncias contra comerciantes investigados pelo Ministério Público por formação de cartel.

A agressão mais recente ocorreu em Fortaleza, no dia 7. Dois dirigentes do Sindicato dos Gráficos foram agredidos ao realizarem panfletagem após a cerimônia de celebração dos 83 anos do jornal O Povo. Os panfletos denunciavam casos de violência cometida pelo jornal contra profissionais e dirigentes sindicais. Os agressores também tentaram tomar a máquina fotográfica da ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas no Ceará e diretora da FENAJ, Déborah Lima. Diversas entidades emitiram nota repudiando o caso.

Os Sindicatos dos Jornalistas da Paraíba, de Santa Catarina e do Ceará repudiaram as agressões, se solidarizaram com os colegas e cobraram providências das autoridades. “Os três fatos são emblemáticos de que a sensação da impunidade ameaça a própria democracia no Brasil”, registra o presidente da FENAJ, Celso Schröder. Para ele, o caso cearense evidencia a contradição das empresas de comunicação, que se autoproclamam defensoras das liberdades de imprensa e expressão, mas desrespeitam o movimento sindical dos trabalhadores. “Além da denúncia nacional e internacional dessas agressões, prosseguiremos cobrando dos órgãos responsáveis a devida punição dos agressores”, finaliza.

Fonte: FENAJ

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A natureza reage

Penso nas pessoas que perderem a vida em razão da fúria da natureza, modificada pela mão do homem. Vivam suas praias, suas piscinas e suas férias, mas não esqueçam que temos que modificar o estilo de vida em nosso benefício, de nossos irmãos, de nossos netos e daqueles que viverão neste planeta no futuro. Muitos antepassados não pensaram nisso...

Menos carros na rua

Assustam as manchetes dos jornais que anunciam, com ufanismo, o crescimento da venda de carros. Dizem que isso é sinal de que a economia vai bem. Verdade! 
No entanto, sou favorável à redução da circulação de veículos nas ruas. A natureza agradece se o cidadão utilizar mais o transporte coletivo. Além disso, é possível assegurar mais saúde caminhando ou pedalando. 
Tem gente que vai de carro de casa ao trabalho (ou ao supermercado), cujo trajeto é inferior a um quilômetro. Um absurdo!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eles enlouqueceram

O que leio na Internet e na mídia em geral nos últimos dias após o não do Ronaldinho ao Grêmio oferece a dimensão da loucura que a paixão futebolística provoca em muitas pessoas. Muitas delas eleitas pelo povo. Até aceito que torcedores mordidos criem comunidades no Orkut querendo tirar o apelido "gaúcho" do nome do jogador nascido e criado em Porto Alegre. Mas um deputado tem mais o que fazer do que tentar votar na Assembléia Legislativa uma moção que torna o atleta persona non grata no Estado. É o cúmulo do oportunismo e da falta de ideias. Em tempo: o nome dele é Gilmar Sossela, do PDT, que justifica a barbaridade:
- No Rio Grande do Sul, a palavra e o fio do bigode valem mais do que um contrato.
Caro deputado, aqui nos pampas a política também já foi tratada com mais seridade.

Nunca se detenha

"Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo.
Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desistas.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.
Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você.
Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
Mas nunca se detenha."

(Madre Teresa de Calcutá)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas

O texto abaixo, elegante e reconhecido, foi escrito pela mais respeitada colunista social do Brasil, Hildegard Angel. Poucos no meio jornalístico não a conhecem, pois ela foi, durante mais de 30 anos, colunista no jornal O Globo, quer cobrindo a sociedade (com seu nome e também com o pseudônimo Perla Sigaud), quer cobrindo comportamento, artes e TV, tendo assinado por mais de uma década a primeira coluna de TV daquele jornal. Nos últimos anos, manteve uma coluna diária no Jornal do Brasil, onde também criou e editou um caderno semanal à sua imagem e semelhança, o Caderno H. Com passagem pelas publicações das grandes editoras brasileiras - Bloch, Três, Abril, Carta, Rio Gráfica - e colaborações também em veículos internacionais, Hildegard é a colunista social com maior trânsito no país. Apresentá-la aqui é desnecessário para muitos, mas torna-se importante pelo texto que ela escreveu em seu blog R7. Vale a pena.
Foto reprodução do blog R7
Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!
 Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.
Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A flauta é livre


Quando o Inter perdeu no Mundial de Clubes, os gremistas enlouqueceram, postando imagens do goleiro do Mazembe sentado e dando voltas. Buscavam humilhar os colorados. Agora, com a perda do Ronaldinho para o Flamengo, os colorados criaram uma simulação da mesma dança. Só que o protagonista é Ronaldinho com a camiseta flamenguista. É a eterna flauta do futebol gaúcho, mas deve ser ruim para os gremistas, traídos pela segunda vez pelo jogador que o clube formou e tornou-se o melhor do mundo. O sonho gremista já tinha até festa programada. 
Só o tempo dirá, mas acho que o Grêmio teve mais sorte do que juízo. O filho da dona Miguelina quer unir futebol com pagode, impossível de se conceber nos dias atuais. O Flamengo acredita...

AS MARSELHESAS DO "FRONT - parte 1

Recebo e agradeço a correspondência da historiadora Tânia Machado Morin, autora do artigo "As Marselhesas no Front", publicado na revista de Histórica da Biblioteca Nacional. Recentemente, comentei neste blog a excelência do trabalho de Tânia, que merece ser apreciado melhor, como ela própria sugere. Eis o texto da colega:
 
Prezado Jorge,
 
Agradeço seu interesse e comentários a respeito do meu artigo "As Marselhesas no Front", que saiu no número de dezembro da Revista de História da Biblioteca Nacional.  
Elogiadas ou censuradas, as mulheres soldadas  marcaram presença nas guerras da Revolução Francesa,  enfrentando preconceitos, arriscando a vida  e lutando ao lado de seus homens. A maioria não deixou nome na História,  mas  achei que valia a pena divulgar a atuação daquelas cujos nomes sobreviveram nos arquivos.  Se você quiser, pode acessar minha dissertação completa :  "Práticas e representações das mulheres na Revolução Francesa - 1789-1795" (USP, dezembro de 2009) publicada no banco de teses da USP. Mais fácil ainda é digitar meu nome completo no Google: Tania Machado Morin.  Lá estão todas as imagens do trabalho, que inclui, além das guerreiras, as militantes políticas  e as mães republicanas.  Como aquelas mulheres conseguiram participar de maneira tão significativa na Revolução?  Apresento as vozes das protagonistas femininas e o contraponto da visão masculina sobre a questão.   
 
Parabéns pelo  blog  Correando,
 
Tania Machado Morin

Fenaj repudia agressão à equipe da RBS TV em Santa Catarina

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestou-se na tarde desta sexta-feira, 7, sobre a agressão que a equipe da RBS TV sofreu em Santa Catarina. O presidente da entidade, Celso Schröder considerou o ato ‘uma covardia’ e exigiu, através do site da Fenaj, “que as autoridades estaduais tomem imediatamente providência para punir os agressores”. “A Fenaj e o Sindicato de Santa Catarina não vão aceitar que os culpados não sejam identificados e devidamente punidos”, disse.
Em nota oficial, o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) relata o fato e declara “repúdio ao uso da violência à profissionais”. “O SJSC está a postos para defender os colegas que, no dever da profissão, sofrem no seu cotidiano, diversas formas de violência física e moral”, diz parte do texto.
O episódio ocorreu em Indaial, no Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina e envolveu o repórter Francis Silvy, o repórter cinematográfico Marcio Ramos e o motorista auxiliar Andrei Luís, que investigavam denúncia do Ministério Público sobre formação de cartel por parte de um shopping da região.

A novela Ronaldinho tem novo capítulo hoje

Nesta charge, o cartunista Amorim captou bem o "drama" que se cerca em torno da novela Ronaldinho. Tem gremista sofrendo, flamengista otimista e palmeirense olhando por fora. O craque conseguiu, ao lado do irmão Assis, manter o Brasil sob supense até hoje, quando é prometido um novo e inédito capítulo. 
Como colorado, estou tranquilo. Ronaldinho é fruto do marketing e será visto mais em rodas de pagade do que nos campos de futebol, onde poderia ainda estar exibindo seu vistoso futebol. Mas tem muito dinheiro e acha que pode misturar os dois gostos - futebol e festa. Não, um esporte de alto nível e que exige performance elevada não permite isso. Será que o Grêmio faz certo em brigar tanto pelo jogador que criou e mostrou ao mundo?

Cuba e a Imprensa estarão em debate na quarta-feira

Um grupo de jornalistas gaúchos esteve em Cuba recentemente integrando a I Brigada Mundial Contra o Terrorismo Midiático à ilha. Integrantes dessa atividade estarão reunidos na próxima quarta-feira, dia 12 de janeiro, às 19h, no SindBancários, para um bate-papo sobre as impressões da realidade cubana. A entrada é franca.
No encontro, será exibitdo o documentário 'O dia que a diplomacia morreu', da jornalista irlandesa Bernie Dwyer, mostrando o financiamento dos Estados Unidos a grupos antirevolucionários em Cuba. A liberdade de Imprensa, as mudanças no modelo econômico da ilha e os 50 anos do bloqueio econômico estão entre os temas deste diálogo. 

O SindBancários fica na rua Genaral Câmara, 424, Centro de Porto Alegre

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

AS MARSELHESAS DO "FRONT"

Gente, todos sabem que sou acadêmico de História e, como tal, devoro tudo que acho sobre o tema. Comprei hoje numa banca a última revista da História da Biblioteca Nacional, onde um dos temas tratados é a participação da mulher nas guerras, especialmente durante a Revolução Francesa. Um artigo da colega Tania Machado Morim chamou a atenção pelo seu lead:
"Não fiz a guerra como mulher, fiz a guerra como um bravo!", declarou Marie-Henriquiette Xintrailles em carta ao imperador Napoleão Bonaparte. Indignada por lhe recusarem pensão de ex-combatente do exército "porque era mulher", ela lembrou que, quando fez sete campanhas do Reno como ajudante do campo, o que importava era o cumprimento do dever, e não o sexo de quem o desempenhava.
Quem não achar a revista numa banca, pode tentar ler o conteúdo no site www.revistadahistoria.com.br.
Vale a pena!!!! 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vai começar a baixaria chamada BBB

 
Sites anunciam a escolha dos participantes do próximo Big Brother Brasil. Impossível não ler. Vai começar a baixaria e o lixo representados pela sigla BBB e tendo como capitão o jornalista Pedro Bial, que um dia foi um grande repórter. Lamentável.

Saudade de Garopaba

O colega Sérgio Saraiva postou no Facebook esta imagem de Garopaba, a minha praia de todos os anos. Me deixou com água na boca, querendo ir correndo para lá...
Especialmente porque aqui em Porto os termômetros marcam 35ºC.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Grande mídia em lua-de-mel com Dilma

  A grande mídia começou leve e saudou a chegada da primeira mulher ao poder, como mostra a edição especial da Época. 
Vejamos até onde vai a lua-de-mel com Dilma Rousseff.

O show da virada no Gasômetro, em Porto Alegre

Eu e parte de meus familiares assistimos a um belo show pirotécnico na Usina do Gasômetro, à beira do Guaíba, em Porto Alegre, na virada de 2010 para 2011. Milhares de pessoas curtiram shows e, depois, brindaram a chegada do novo ano com imagens como a que estou postando. 

  











domingo, 2 de janeiro de 2011

A subordinação dos torturadores

Imagem simbólica: Dilma recebe a subordinação dos representantes daqueles que a torturaram no passado.

Lula e o povo: união mostrada no clique do fotógrafo

Foto de Urias Macedo, postada pelo  colega  jornalista Sergio Saraiva no Facebook. 
É impressionante a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva emocionado no contato com o povo.

Helena Chagas: “Ser jornalista é servir ao público em qualquer lugar"

Ao assumir a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas comparou os desafios que terá no comando da pasta ao compromisso profissional que teve ao longo dos anos como jornalista, ao destacar a importância do acesso à informação. “Ser jornalista é servir ao público em qualquer lugar. A partir da informação, o cidadão poderá formar sua opinião e tomar as decisões que considerar mais acertadas”, disse hoje (2), durante o discurso de posse.
Helena Chagas ressaltou que tanto o jornalismo público quanto o privado têm como objetivo o direito do cidadão à informação. “Resgatar 20 milhões de pobres e elevar 16 milhões para a classe média vai muito além da distribuição de renda. Há cada vez mais brasileiros com acesso à informação e com capacidade de questioná-las.” Helena Chagas assume o cargo de ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em substituição a outro jornalista, Franklin Martins. Em diversos momentos,os dois reafirmaram o compromisso com a liberdade de imprensa.
“Apesar de ter sido um período excepcionalmente tenso, jamais liguei para uma redação a fim de reclamar de uma matéria ou de um repórter. Escreveu-se sobre o que se quis. Opinou-se sobre o que se quis”, disse Franklin Martins, que defendeu também a liberdade de opinião do governo, nos casos de erros por manipulação cometidos por alguns veículos. “Cabe ao governo manifestar também sua opinião”, argumentou.Em discurso, Helena Chagas lembrou que cresceu durante o período da ditadura e que costumava ler trechos da obra Os Lusíadas, de Camões, publicados em substituição a matérias censuradas, no jornal O Estado de S. Paulo. “Abrir mão da liberdade de imprensa é impensável para a minha geração”, disse a jornalista.“O governo Lula representou um regime de plenitude da democracia”, afirmou, e, citando discursos da presidenta Dilma, reafirmou o compromisso com a liberdade de imprensa. “Apesar das mazelas e imperfeições, o Brasil é, de fato, uma das maiores democracias do planeta.”

Da AGÊNCIA BRASIL

Lula e Dilma em fotos

Os colegas fotógrafos têm razão quando dizem que muitas fotos prescindem de um texto e de uma legenda. A posse de Dilma Rousseff na presidência da República - tendo como "coadjuvante" o ex-presidente Lula - confirmam isso. Eu poderia escrever muita coisa sobre o ato lindo em Brasília, que reuniu políticos de todo o mundo e mais de 30 mil pessoas no entorno do Congresso e do Palácio do Planalto. 
Exibo as fotos, que dizem tudo. 
Foi lindo.