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segunda-feira, 4 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
Agrotóxicos sem controle
“Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio”. constata o professor José Juliano de Carvalho, na entrevista a seguir, concedida por telefone para a IHU On-Line.
Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo – USP, Carvalho tem percebido a destruição e a inviabilização da agricultura familiar não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio. “É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão”.
José Juliano de Carvalho Filho possui graduação e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado pela Ohio State University. Além de professor, integra a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual sua opinião em relação ao uso de agrotóxicos no Brasil?
José Juliano de Carvalho – Minha atividade de pesquisa junto das populações camponesas durante muitos anos pôs-me em contato com os efeitos do agrotóxico. Mas o que importa é discutir esse modelo que se chama de agronegócio. Não se trata de uma simples técnica. É um modelo com efeitos perversos para a economia nacional, que nos faz voltar ao passado em relação à exportação de produtos primários e, o pior, com a dependência de poucas empresas multinacionais.
O agrotóxico, evidentemente, está ligado à questão das patentes e dos transgênicos. E os efeitos do enorme consumo de agrotóxicos no Brasil, que chega a 5,7 litros de veneno por habitante, estão ligados a esse modelo.
Isso tudo está dentro de uma questão maior, a questão agrária, que se caracteriza aqui no Brasil pela concentração fundiária, que está crescendo.
Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio. Olhando para o campo, veremos que há um mecanismo que torna o governo refém dos ruralistas. Neste mecanismo está embutida a própria questão macroeconômica, que tem um déficit crescente em contas correntes. Isso implica em pressão para se exportar mais commodities e o governo acaba ficando refém.
Basta olhar para o Congresso Nacional e ver que ali há um domínio muito amplo dessas forças, que eu considero as mais retrógradas do país. Tenho visto muito a destruição e a inviabilização da agricultura familiar. Não só por causa do agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio.
Um caso emblemático no Rio Grande do Sul é a detecção do agrotóxico no leite materno. A mãe, ao amamentar, envenena o filho com o próprio leite. Isso é um absurdo, um descontrole total. Minha opinião sobre o uso de agrotóxicos no Brasil é que é abusivo, exagerado, incontrolável.
Ficou muito mais difícil para a agricultura familiar. Quando se fala em integração da agricultura familiar com a indústria, eu vejo mais uma relação de subordinação. O Brasil se sujeita a se entregar à economia mundial num lugar subalterno e sob o domínio de grandes empresas multinacionais. Elas fazem o que querem aqui, sem regulação e com domínio total. E não são punidas por seus crimes.
IHU On-Line – Então o impacto do uso de agrotóxicos pode prejudicar a economia brasileira?
José Juliano de Carvalho – Penso que sim. E falo do impacto do pacote inteiro do modelo do agronegócio. Existe um eufemismo em torno disso, que vem dos Estados Unidos com o agrobusiness. O modelo inteiro prejudica o agrotóxico, inclusive, visto que ele está junto. É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão.
IHU On-Line – O Brasil é um dos países que mais utilizam agrotóxicos. O que isso revela sobre a posição brasileira em relação ao futuro da agricultura?
José Juliano de Carvalho – Isso revela a subordinação brasileira na nova divisão internacional do trabalho. A nós coube voltar nossa pauta de exportação para os produtos primários, vendendo etanol, massa de celulose, soja, sempre com pouco valor agregado. Estamos nos colocando não como o país do futuro, mas como subalternos. Continuaremos sendo periferia.
IHU On-Line – Por que os países em desenvolvimento são os que mais utilizam agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Porque eles são dominados pelas empresas, que têm um domínio inclusive sobre as terras. E a tática que essas empresas usam é do jogo mais baixo possível. Fazem de tudo, até suborno. Isso está ligado ao avanço do capital financeiro em todo o mundo, sendo que esses países vão perdendo a capacidade de fazer política. Eles fazem apenas a pequena política.
IHU On-Line – Quais são as alternativas aos agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Nós podemos ter uso de química na agricultura, mas tem que ser um uso regulado. O que eu não vejo é alternativa ao modelo do agronegócio. Porque não é um modelo de produção, mas um modelo de domínio econômico, em que nem a reprodução das sementes é mais facultada aos agricultores. Eles têm que pagar pelas sementes e estas implicam no uso do agrotóxico X. É preciso quebrar com o poder de mercado dessas empresas. Um país como o nosso deveria regular a atividade do agronegócio, voltada aos interesses nacionais. Como se podem usar produtos que prejudicam a saúde da própria população trabalhadora?
Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo – USP, Carvalho tem percebido a destruição e a inviabilização da agricultura familiar não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio. “É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão”.
José Juliano de Carvalho Filho possui graduação e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado pela Ohio State University. Além de professor, integra a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual sua opinião em relação ao uso de agrotóxicos no Brasil?
José Juliano de Carvalho – Minha atividade de pesquisa junto das populações camponesas durante muitos anos pôs-me em contato com os efeitos do agrotóxico. Mas o que importa é discutir esse modelo que se chama de agronegócio. Não se trata de uma simples técnica. É um modelo com efeitos perversos para a economia nacional, que nos faz voltar ao passado em relação à exportação de produtos primários e, o pior, com a dependência de poucas empresas multinacionais.
O agrotóxico, evidentemente, está ligado à questão das patentes e dos transgênicos. E os efeitos do enorme consumo de agrotóxicos no Brasil, que chega a 5,7 litros de veneno por habitante, estão ligados a esse modelo.
Isso tudo está dentro de uma questão maior, a questão agrária, que se caracteriza aqui no Brasil pela concentração fundiária, que está crescendo.
Os agrotóxicos são usados sem nenhum controle pela sociedade brasileira. Seu uso está sob os interesses do que se chama de agronegócio. Olhando para o campo, veremos que há um mecanismo que torna o governo refém dos ruralistas. Neste mecanismo está embutida a própria questão macroeconômica, que tem um déficit crescente em contas correntes. Isso implica em pressão para se exportar mais commodities e o governo acaba ficando refém.
Basta olhar para o Congresso Nacional e ver que ali há um domínio muito amplo dessas forças, que eu considero as mais retrógradas do país. Tenho visto muito a destruição e a inviabilização da agricultura familiar. Não só por causa do agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio.
Um caso emblemático no Rio Grande do Sul é a detecção do agrotóxico no leite materno. A mãe, ao amamentar, envenena o filho com o próprio leite. Isso é um absurdo, um descontrole total. Minha opinião sobre o uso de agrotóxicos no Brasil é que é abusivo, exagerado, incontrolável.
Ficou muito mais difícil para a agricultura familiar. Quando se fala em integração da agricultura familiar com a indústria, eu vejo mais uma relação de subordinação. O Brasil se sujeita a se entregar à economia mundial num lugar subalterno e sob o domínio de grandes empresas multinacionais. Elas fazem o que querem aqui, sem regulação e com domínio total. E não são punidas por seus crimes.
IHU On-Line – Então o impacto do uso de agrotóxicos pode prejudicar a economia brasileira?
José Juliano de Carvalho – Penso que sim. E falo do impacto do pacote inteiro do modelo do agronegócio. Existe um eufemismo em torno disso, que vem dos Estados Unidos com o agrobusiness. O modelo inteiro prejudica o agrotóxico, inclusive, visto que ele está junto. É preciso que se institua a regulação do agronegócio. Senão, pega-se um investimento público feito para a agricultura familiar ou para áreas de assentamento e deixa-se que essa área seja dominada por monoculturas ligadas ao agronegócio, com uso de agrotóxicos, transgênicos, prejudicando assim todas as pessoas que ali estão.
IHU On-Line – O Brasil é um dos países que mais utilizam agrotóxicos. O que isso revela sobre a posição brasileira em relação ao futuro da agricultura?
José Juliano de Carvalho – Isso revela a subordinação brasileira na nova divisão internacional do trabalho. A nós coube voltar nossa pauta de exportação para os produtos primários, vendendo etanol, massa de celulose, soja, sempre com pouco valor agregado. Estamos nos colocando não como o país do futuro, mas como subalternos. Continuaremos sendo periferia.
IHU On-Line – Por que os países em desenvolvimento são os que mais utilizam agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Porque eles são dominados pelas empresas, que têm um domínio inclusive sobre as terras. E a tática que essas empresas usam é do jogo mais baixo possível. Fazem de tudo, até suborno. Isso está ligado ao avanço do capital financeiro em todo o mundo, sendo que esses países vão perdendo a capacidade de fazer política. Eles fazem apenas a pequena política.
IHU On-Line – Quais são as alternativas aos agrotóxicos?
José Juliano de Carvalho – Nós podemos ter uso de química na agricultura, mas tem que ser um uso regulado. O que eu não vejo é alternativa ao modelo do agronegócio. Porque não é um modelo de produção, mas um modelo de domínio econômico, em que nem a reprodução das sementes é mais facultada aos agricultores. Eles têm que pagar pelas sementes e estas implicam no uso do agrotóxico X. É preciso quebrar com o poder de mercado dessas empresas. Um país como o nosso deveria regular a atividade do agronegócio, voltada aos interesses nacionais. Como se podem usar produtos que prejudicam a saúde da própria população trabalhadora?
Jogo com palavras
Jogo com as palavras, colhendo cada letra num cantinho diferente. Juntá-las me provoca inusitado prazer, me oferece a bela oportunidade de unir o que distante estava. O 'J' perdido no meio do alfabeto se aproxima do 'A' inicial e traz junto o 'Q'. E assim vai. Quem sabe, no final, esta sopa de letras se transforme em uma linda sinfonia. Aí não será mais jogo. Será amor.
Assistente do Inter vira titular do Grêmio
Esta situação parece surreal. Em questão horas, o assistente de técnico do Inter, Julinho Camargo, vira técnico titular do Grêmio. O tempo dirá quem ganhará com a troca. Tem gente falando que o colorado não deveria liberar o homem que ajudava Falcão a pensar o Inter (foto). Mas como impedir o avanço profissional do cara? É a hora dele. Que seja feliz...
sexta-feira, 1 de julho de 2011
IGTF e Fapa realizam curso de história do RS
A Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore e a Faculdade Porto-Alegrense promovem o curso 'Caminhos da História: o Rio Grande do Sul Contemporâneo'. As aulas serão ministradas no Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de 18 a 29 de julho, das 18h30min às 22h. O objetivo é promover a reflexão sobre identidade, cultura, sociedade, política e economia do Estado. O valor do curso é R$ 40, e mais informações podem ser obtidas via site www.fapa.com.br, fone (51) 3382-8282, ou e-mail extensao@fapa.com.br.
É abominável ocultar documentos da ditadura, diz porta-voz do WikiLeaks
Em entrevista exclusiva para Terra magazine, o porta-voz da organização WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, condena o sigilo dos documentos da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) e afirma que as recentes, e cada vez mais frequentes, invasões hacker a sites oficiais de órgãos públicos são expressões de "frustração e raiva" motivadas por erros, sejam eles do governo ou de outras corporações.
"É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos", disse para a repórter Marcela Rocha
Em 12 de julho, a justiça britânica decide se extradita para a Suécia o idealizador e principal líder do WikiLeaks, Julian Assange. O islandês Hrafnsson está no projeto desde 2009, quando abandonou o jornalismo no mainstream - como ele mesmo caracteriza -, e é, atualmente, responsável por filtrar documentos e definir estratégias de como publicá-los mundo afora.
No Brasil desde quarta-feira para dar palestras no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj) e na agência parceira Pública, Hrafnsson fez uma pausa de 40 minutos para conceder uma entrevista a Terra Magazine numa charmosa vila na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista.
Confira a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O Wikileaks começou como um grupo de hackers? Hoje, questiona-se se o que a organização faz é jornalismo. O que você acha disso?
Kristinn Hrafnsson - Não é inteiramente verdade que o Wikileaks começou como hacker. Claro que é uma "ideia hacker", de quando Julian Assange era parte de uma comunidade hacker em Melbourne (Austália), há 20 anos. A "ideia hacker" não veio, obviamente, da noção antiga que as pessoas têm de hackear, de invadir e causar desastres, ou até tirar proveitos disso. Não estamos pegando informação para receber benefícios financeiros disso. Basicamente, a ideia é disponibilizar as informações para todos. Meu background é outro, sou jornalista. Mas creio ser essa a ideia que permeou o nascimento do WikiLeaks em 2006.
E agora, o WikiLeaks pode ser considerado jornalismo?
Com certeza. Não há nada de diferente entre o que faz o WikiLeaks e o que fazem os jornalistas, ou o que deveriam estar fazendo. Concordo que nem todos os jornalistas estão fazendo um trabalho apropriado. Temos que admitir que o jornalismo seguiu uma linha que, na minha opinião, foge da ideal. Mas isso não é de agora, foi sempre assim. Sempre houve jornalistas jogando com as mãos de quem detém o poder e sempre houve jornalistas que desconstroem o papel desse poder na sociedade. Ao jornalista, cabe falar as verdades sobre o poder e descobrir o que há de errado. E é isso o que o WikiLeaks vem fazendo: prover uma plataforma para delatores passarem as informações de forma muitíssimo segura, analisar essas informações com precisão para ter certeza de que se tratam de coisas autênticas, para daí então colocarmos para fora, para as pessoas. Antes de 2010, antes de começarmos essa alta quantidade de vazamentos da economia americana e dos departamentos da Defesa e de Estado, estávamos escrevendo as reportagens nós mesmos e publicando no site. Algumas vezes usamos colaborações de jornalistas, mas foram exceções. Por causa dessa vasta informação que conseguimos nos últimos 14 meses, passamos a trabalhar em cooperação com a mídia mainstream.
Você veio ao Brasil participar de um congresso de jornalismo investigativo. Como acredita que o jornalismo vem sendo influenciado pelo WikiLeaks?
De diversas formas. É difícil por o dedo nisso porque há algo na atmosfera do meio jornalístico que vem sendo seguido rapidamente. Eu sei, porque vim do jornalismo mainstream. Há um ano, mais ou menos, os jornalistas ainda achavam que o WikiLeaks estava atacando-os, o que é parcialmente verdade. Isso porque o jornalismo não está funcionando apropriadamente, especialmente nos últimos anos, não estando pronto para descobrir as mentiras.
O governo estuda manter documentos da Ditadura Militar brasileira (1964-1985) sob sigilo porque, segundo justificativas de integrantes da atual gestão, isso poderia trazer problemas à segurança nacional. O que você acha disso?
É abominável que isso seja feito em uma sociedade democrática. A História pertence a todos e é uma parte importantíssima de quem somos. Geralmente, se usam argumentos espúrios para justificar o trancamento de informações dessa natureza. Acredito ser de extrema importância a abertura de todos os arquivos históricos, porque somos muito definidos por nosso passado e não podemos definir nosso presente ou estar em nosso futuro sem conhecer nosso passado. É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos.
Um grupo de hackers tem invadido sites oficiais de órgãos públicos como o do governo federal, o da Petrobras e divulgou dados da presidente da República... O que você acha disso?
Vemos esse tipo de atividade por todo o mundo. Eu não endosso, mas não condeno. Não é algo que o WikiLeaks vem fazendo, mas é uma expressão de raiva e de frustração de coisas erradas que vêm sendo feitas pelos governos e corporações.
Uma série de veículos tentou incorporar o modus operandi do WikiLeaks.
O jornalismo investigativo esteve em declínio por muito tempo, porque é caro e cada vez menos recursos foram sendo colocados nessa prática. Vários veículos vêm tentando reproduzir a nossa forma de trabalhar, por exemplo o Wall Street Journal, que foi uma tentativa patética por não ser seguro. A Al Jazira tentou e outros veículos também tentaram ir por esse caminho. Mudamos também a relação de cooperação. No último ano, começamos uma colaboração com três tipos muito distintos de mídia, depois fomos aumentando o número de veículos. Tantas mídias diferentes trabalhando juntas e analisando o mesmo material, dividindo os recursos, as histórias é algo histórico. Estimulamos a bravura e coragem porque mostramos o que deveria estar sendo feito, sem medo de ir em frente, independentemente de fortes processos movidos contra nós, de violência, não só vindos do governo norte-americano e do Pentágono - que são os superpoderes do Mundo -, mas vindos dos gigantes do universo financeiro. Mesmo assim, continuamos com o espírito jornalístico de seguir adiante.
Bradley Manning foi preso pelo governo dos EUA acusado de ter vazado informações sigilosas do Exército para o WikiLeaks. Como a organização garante a segurança das suas fontes?
WikiLeaks faz tudo para proteger suas fontes. Em 100% dos casos obtivemos sucesso. Mesmo se algumas pessoas foram descobertas, garanto que não houve nada que o WikiLeaks tenha feito que comprometesse suas fontes.
Quantas pessoas trabalham no WikiLeaks e quais são as dificuldades estruturais que enfrentam?
São entre 15 e 20 pessoas que trabalham no WikiLeaks e recebem por isso. Temos muitos voluntários trabalhando conosco pelo mundo. A maior dificuldade é, claro, a reação desproporcional e ridícula dos poderes que mencionei anteriormente. Além disso, temos uma série de processos contra nós e o caso que Julian vem enfrentando de extradição para a Suécia. Esse caso nos deixou em uma situação muito difícil, já faz seis meses. Tem mais uma dificuldade: a financeira, claro.
O governo britânico decide em Julho sobre o destino de Julian Assange. Como o Wikileaks tem lidado com isso? Esse processo tem a ver com o fato de o site estar "fechado"?
Nós não colocamos ênfase em reabrir o site porque temos trabalhado com capacidade total no material que já conseguimos e com a cooperação da imprensa internacional. Seria errado escoar informação por nosso site, não podemos fazer isso apropriadamente. Mas, garanto que não ficará fechado para sempre, claro.
Você tem sofrido algum tipo de retaliação?
Pessoalmente, não. Não sofro mais do que qualquer outra pessoa que trabalha para lutar contra crimes, corrupção...
Daniel Domscheit-Berg, ex-porta-voz do WikiLeaks, escreveu um livro fazendo ataques contra Assange. Você já leu o livro? O que você acha dele?
Não li. Tenho andado muito ocupado, portanto não leio livros de baixa qualidade. Alguém, em quem confio muito, me disse que é uma leitura penosa porque é muito ruim. Eu sei qual é o ingrediente do livro e das críticas de Daniel Domsheit-Berg. Há um ano ele não é parte da organização, período muito importante na história do WikiLeaks. Desde abril do ano passado ele não tem conhecimento do que ocorre ou de como operamos. Ou seja, ele pode falar do começo, mas não pode falar do que veio depois.
Não está preocupado que isso aconteça novamente?
Não me preocupo com isso. Somos uma organização transparente, e as pessoas podem ver o que fazemos. Estamos, basicamente, colocando nosso trabalho aí fora para todo mundo ver.
Hoje já existem vários outros sites tentando fazer o mesmo trabalho que o WikiLeaks. Como lida com a "concorrência"?
Acho fabuloso, muito bom que apareçam mais e mais sites como o WikiLeaks. É ótimo que tenhamos introduzido essa plataforma de denúncias. E espero que não pare por aí. Não estamos tentando competir por atenção, nem tirar ninguém da concorrência. Não estamos vendendo produtos, isso não é uma organização empresarial. Já existem mais de 20 sites: Polanleaks, EnviroLeaks, Unileaks... Esse conceito está se espalhando e espero que se espalhe mesmo. Só espero que seja estabelecido em bases muito fortes para oferecer métodos de proteção seguros.
Como você vê o futuro do Wikileaks?
Nós continuaremos o nosso trabalho e acredito que poderemos continuar colaborando nesse sentido de mudanças sociais. Isso é muito gratificante. Acredito que podemos deixar a nossa marca na história e me sinto muito orgulhoso por fazer parte disso.
"É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos", disse para a repórter Marcela Rocha
Em 12 de julho, a justiça britânica decide se extradita para a Suécia o idealizador e principal líder do WikiLeaks, Julian Assange. O islandês Hrafnsson está no projeto desde 2009, quando abandonou o jornalismo no mainstream - como ele mesmo caracteriza -, e é, atualmente, responsável por filtrar documentos e definir estratégias de como publicá-los mundo afora.
No Brasil desde quarta-feira para dar palestras no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj) e na agência parceira Pública, Hrafnsson fez uma pausa de 40 minutos para conceder uma entrevista a Terra Magazine numa charmosa vila na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista.
Confira a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O Wikileaks começou como um grupo de hackers? Hoje, questiona-se se o que a organização faz é jornalismo. O que você acha disso?
Kristinn Hrafnsson - Não é inteiramente verdade que o Wikileaks começou como hacker. Claro que é uma "ideia hacker", de quando Julian Assange era parte de uma comunidade hacker em Melbourne (Austália), há 20 anos. A "ideia hacker" não veio, obviamente, da noção antiga que as pessoas têm de hackear, de invadir e causar desastres, ou até tirar proveitos disso. Não estamos pegando informação para receber benefícios financeiros disso. Basicamente, a ideia é disponibilizar as informações para todos. Meu background é outro, sou jornalista. Mas creio ser essa a ideia que permeou o nascimento do WikiLeaks em 2006.
E agora, o WikiLeaks pode ser considerado jornalismo?
Com certeza. Não há nada de diferente entre o que faz o WikiLeaks e o que fazem os jornalistas, ou o que deveriam estar fazendo. Concordo que nem todos os jornalistas estão fazendo um trabalho apropriado. Temos que admitir que o jornalismo seguiu uma linha que, na minha opinião, foge da ideal. Mas isso não é de agora, foi sempre assim. Sempre houve jornalistas jogando com as mãos de quem detém o poder e sempre houve jornalistas que desconstroem o papel desse poder na sociedade. Ao jornalista, cabe falar as verdades sobre o poder e descobrir o que há de errado. E é isso o que o WikiLeaks vem fazendo: prover uma plataforma para delatores passarem as informações de forma muitíssimo segura, analisar essas informações com precisão para ter certeza de que se tratam de coisas autênticas, para daí então colocarmos para fora, para as pessoas. Antes de 2010, antes de começarmos essa alta quantidade de vazamentos da economia americana e dos departamentos da Defesa e de Estado, estávamos escrevendo as reportagens nós mesmos e publicando no site. Algumas vezes usamos colaborações de jornalistas, mas foram exceções. Por causa dessa vasta informação que conseguimos nos últimos 14 meses, passamos a trabalhar em cooperação com a mídia mainstream.
Você veio ao Brasil participar de um congresso de jornalismo investigativo. Como acredita que o jornalismo vem sendo influenciado pelo WikiLeaks?
De diversas formas. É difícil por o dedo nisso porque há algo na atmosfera do meio jornalístico que vem sendo seguido rapidamente. Eu sei, porque vim do jornalismo mainstream. Há um ano, mais ou menos, os jornalistas ainda achavam que o WikiLeaks estava atacando-os, o que é parcialmente verdade. Isso porque o jornalismo não está funcionando apropriadamente, especialmente nos últimos anos, não estando pronto para descobrir as mentiras.
O governo estuda manter documentos da Ditadura Militar brasileira (1964-1985) sob sigilo porque, segundo justificativas de integrantes da atual gestão, isso poderia trazer problemas à segurança nacional. O que você acha disso?
É abominável que isso seja feito em uma sociedade democrática. A História pertence a todos e é uma parte importantíssima de quem somos. Geralmente, se usam argumentos espúrios para justificar o trancamento de informações dessa natureza. Acredito ser de extrema importância a abertura de todos os arquivos históricos, porque somos muito definidos por nosso passado e não podemos definir nosso presente ou estar em nosso futuro sem conhecer nosso passado. É uma traição com a geração atual não dar acesso aos arquivos históricos.
Um grupo de hackers tem invadido sites oficiais de órgãos públicos como o do governo federal, o da Petrobras e divulgou dados da presidente da República... O que você acha disso?
Vemos esse tipo de atividade por todo o mundo. Eu não endosso, mas não condeno. Não é algo que o WikiLeaks vem fazendo, mas é uma expressão de raiva e de frustração de coisas erradas que vêm sendo feitas pelos governos e corporações.
Uma série de veículos tentou incorporar o modus operandi do WikiLeaks.
O jornalismo investigativo esteve em declínio por muito tempo, porque é caro e cada vez menos recursos foram sendo colocados nessa prática. Vários veículos vêm tentando reproduzir a nossa forma de trabalhar, por exemplo o Wall Street Journal, que foi uma tentativa patética por não ser seguro. A Al Jazira tentou e outros veículos também tentaram ir por esse caminho. Mudamos também a relação de cooperação. No último ano, começamos uma colaboração com três tipos muito distintos de mídia, depois fomos aumentando o número de veículos. Tantas mídias diferentes trabalhando juntas e analisando o mesmo material, dividindo os recursos, as histórias é algo histórico. Estimulamos a bravura e coragem porque mostramos o que deveria estar sendo feito, sem medo de ir em frente, independentemente de fortes processos movidos contra nós, de violência, não só vindos do governo norte-americano e do Pentágono - que são os superpoderes do Mundo -, mas vindos dos gigantes do universo financeiro. Mesmo assim, continuamos com o espírito jornalístico de seguir adiante.
Bradley Manning foi preso pelo governo dos EUA acusado de ter vazado informações sigilosas do Exército para o WikiLeaks. Como a organização garante a segurança das suas fontes?
WikiLeaks faz tudo para proteger suas fontes. Em 100% dos casos obtivemos sucesso. Mesmo se algumas pessoas foram descobertas, garanto que não houve nada que o WikiLeaks tenha feito que comprometesse suas fontes.
Quantas pessoas trabalham no WikiLeaks e quais são as dificuldades estruturais que enfrentam?
São entre 15 e 20 pessoas que trabalham no WikiLeaks e recebem por isso. Temos muitos voluntários trabalhando conosco pelo mundo. A maior dificuldade é, claro, a reação desproporcional e ridícula dos poderes que mencionei anteriormente. Além disso, temos uma série de processos contra nós e o caso que Julian vem enfrentando de extradição para a Suécia. Esse caso nos deixou em uma situação muito difícil, já faz seis meses. Tem mais uma dificuldade: a financeira, claro.
O governo britânico decide em Julho sobre o destino de Julian Assange. Como o Wikileaks tem lidado com isso? Esse processo tem a ver com o fato de o site estar "fechado"?
Nós não colocamos ênfase em reabrir o site porque temos trabalhado com capacidade total no material que já conseguimos e com a cooperação da imprensa internacional. Seria errado escoar informação por nosso site, não podemos fazer isso apropriadamente. Mas, garanto que não ficará fechado para sempre, claro.
Você tem sofrido algum tipo de retaliação?
Pessoalmente, não. Não sofro mais do que qualquer outra pessoa que trabalha para lutar contra crimes, corrupção...
Daniel Domscheit-Berg, ex-porta-voz do WikiLeaks, escreveu um livro fazendo ataques contra Assange. Você já leu o livro? O que você acha dele?
Não li. Tenho andado muito ocupado, portanto não leio livros de baixa qualidade. Alguém, em quem confio muito, me disse que é uma leitura penosa porque é muito ruim. Eu sei qual é o ingrediente do livro e das críticas de Daniel Domsheit-Berg. Há um ano ele não é parte da organização, período muito importante na história do WikiLeaks. Desde abril do ano passado ele não tem conhecimento do que ocorre ou de como operamos. Ou seja, ele pode falar do começo, mas não pode falar do que veio depois.
Não está preocupado que isso aconteça novamente?
Não me preocupo com isso. Somos uma organização transparente, e as pessoas podem ver o que fazemos. Estamos, basicamente, colocando nosso trabalho aí fora para todo mundo ver.
Hoje já existem vários outros sites tentando fazer o mesmo trabalho que o WikiLeaks. Como lida com a "concorrência"?
Acho fabuloso, muito bom que apareçam mais e mais sites como o WikiLeaks. É ótimo que tenhamos introduzido essa plataforma de denúncias. E espero que não pare por aí. Não estamos tentando competir por atenção, nem tirar ninguém da concorrência. Não estamos vendendo produtos, isso não é uma organização empresarial. Já existem mais de 20 sites: Polanleaks, EnviroLeaks, Unileaks... Esse conceito está se espalhando e espero que se espalhe mesmo. Só espero que seja estabelecido em bases muito fortes para oferecer métodos de proteção seguros.
Como você vê o futuro do Wikileaks?
Nós continuaremos o nosso trabalho e acredito que poderemos continuar colaborando nesse sentido de mudanças sociais. Isso é muito gratificante. Acredito que podemos deixar a nossa marca na história e me sinto muito orgulhoso por fazer parte disso.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Inter, duas vezes quatro
Galo cai de quatro.
Inter, quatro a quatro...
Oito gols nos dois últimos jogos.
Estamos rumando por uma estrada boa, mas sempre surgirão obstáculos. Temos que seguir no rumo.
Vamos, Inter.
INPE: Amazônia perdeu 268 km² em maio de 2011
O Instituto de Pesquisa Espacial (Inpe) divulgou hoje os dados do desmatamento da Amazônia do mês de maio de 2011. Nesse mês 268 km² de floresta sofreram corte raso ou degradação progressiva.
Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou (93,7 km2), seguido por Rondônia (67,9 km2) e Pará (65,5 km2). Amazonas, Maranhão e Tocantins desmataram 29,7 km2,65 km2 e 4, 3 km2 respectivamente. O Acre perdeu somente 0,4 km2 de sua cobertura florestal.
A maior parte desse desmatamento (106,65 km2) foi considerado pelos satélites como corte raso, que segundo o INPE é processo de remoção total da cobertura florestal.
Os dados eram esperados para a semana passada, mas o governo decidiu divulgar os números somente hoje.
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o INPE não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Fonte: http://www.amazonia.org.br
Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou (93,7 km2), seguido por Rondônia (67,9 km2) e Pará (65,5 km2). Amazonas, Maranhão e Tocantins desmataram 29,7 km2,65 km2 e 4, 3 km2 respectivamente. O Acre perdeu somente 0,4 km2 de sua cobertura florestal.
Os dados eram esperados para a semana passada, mas o governo decidiu divulgar os números somente hoje.
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o INPE não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Fonte: http://www.amazonia.org.br
Tropeço e conquista
Tropeça quem caminha em busca de alguma conquista.
Quem senta e espera, não tropeça e não alcança nada.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Inter quente espanta frio no Beira-Rio
No frio gelado do Beira-Rio, 12 mil almas coloradas tiritavam de frio nas arquibancadas no início da noite de domingo. Fazia 8ºC, mas a sensação térmica indicava menos. O vento frio que vinha do Guaíba penetrava no concreto no estádio e aninhava no rosto de cada torcedor. Mas ele, o Internacional, vermelho da cor do fogo, tratou de esquentar a jornada. Com futebol envolvente, aplicou 4 x 1 no Figueirense e fez todos pularem de alegria. Pela vitória do time e para espantar o frio. Duplo propósito. Vamos, vamos, Inter...
domingo, 26 de junho de 2011
No frio, com o Inter
Bah, vou para o Beira-Rio enfrentar o frio. Aqui, está fazendo 11ºC. No estádio, deve estar abaixo disso.
Às 20h30min, quando o jogo acabar, os termômetros marcarão menos de 5ºC.
Sairemos de lá tiritando de frio. Espero que o colorado nos aqueça. Vamos, Inter!!!!!!!
Sol e boa música na manhã do meu quintal
Manhã gelada, mas de sol brilhando. Assim, não teve jeito senão eu desentocar de meu apartamento e me deslocar até o meu quintal, o Parque da Redenção. Lá, além do brilho de nosso astro maior, encontrei música para esquentar. Primeiro, curti a Banda Marcial Municipal do Balneário Pinhal, que tocou música de diversos estilos em frente ao Monumento do Expedicionário.
Mais adiante, parei para escutar os acordes do Conjunto BlueGrass Porto-Alegre, que executava um repertório de música norte-americana.
Saí dali satisfeito, com a sensação de que tinha feito um bem para mim...
Entusiasmo
O entusiasmo é uma vitamina “E “– de Entusiasmo -, que vem de uma palavra grega que significa “ter os deuses dentro”.
Eduardo Galeano
A lição de Gleisi
Gostei muito da resposta da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, à nota da revista lixo Veja. Com dados precisos e mostrando conhecimento deu nos dedos do dono da coluna Radar. Espero que ele aprenda a lição. Leiam e tirem suas conclusões:
Sr. Lauro Jardim
Editor da Coluna Radar
Revista Veja
O apartamento que possuo em Curitiba tem menos de 190 metros quadrados de tamanho e não 412 metros, como afirma nota divulgada hoje, 25, no Radar on-line. Há outros erros na nota. A saber: diferentemente do que informa Lauro Jardim, a lei não permite, mas DETERMINA que o valor declarado ao Imposto de Renda seja o de compra. Assim, o apartamento, que adquiri em 2003, tem sido declarado pelo valor de compra desde a declaração de 2004. Sobre o valor de R$ 900 mil, citado na nota: é claro que meu apartamento valorizou-se nestes oito anos após a compra, mas, se Lauro Jardim ou o corretor que, diz ele, avaliou o imóvel, desejarem comprá-lo por este preço, podemos conversar.
Gleisi Hoffmann
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Ponto final
.
O que fazes aí tão escondido?
Ah, estás saliente.
Mas és apenas um ponto final.
Ok, sem você as frases não terminam.
Os amores malsucedidos não acabam.
Os times ruins não ficam pelo meio do caminho.
Mas és apenas um ponto final.
Opa...
.
domingo, 19 de junho de 2011
20 anos na segunda
A história não mente. Na foto acima, a manchete do Correio do Povo do dia 20 de maio de 1991 é clara e dolorosa para a massa tricolor: Grêmio na Segunda Divisão.
O resto todo mundo já sabe. O time voltou depois daquela batalha que eles teimam em recordar e nunca mais ganhou nada da expressivo.
A banda do Chico
Chico Buarque de Hollanda está completando hoje 67 anos, a maior parte dedicada à música popular brasileira. É o nosso maior compositor, sem a mínima dúvida. Na foto, o seu álbum de estréia, lançado em 1966 pela extinta gravadora RGE. O disco traz os clássicos como A Banda, Rita e Olé, Olá.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Participe do ato público em defesa do diploma de jornalista
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul prepara para esta sexta-feira, 17 de junho, uma manifestação de protesto pelos dois anos da decisão do STF pela não-exigência do diploma em Jornalismo para exercício da profissão. Estudantes, profissionais, lideranças e simpatizantes farão concentração a partir das 10h na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, portando faixas e distribuindo o jornal Versão dos Jornalistas. Ao meio-dia, haverá marcha pela rua dos Andradas, com cartazes em defesa do diploma. A entidade conta com a presença de toda a categoria para o ato pacífico em prol da formação dos jornalistas, da profissão e da informação de qualidade para a sociedade.
terça-feira, 14 de junho de 2011
A lua cheia
Pois é, tu estás aí na espreita
Esperando que a gente te olhe
Muitos dizem que ainda não és cheia.
Mas eu te vejo exuberante,
sem nenhum pedaço sobrando.
Lua cheia, estou sozinho e te observo.
Ela, aqui ou acolá, também te olha.
Não seria o caso de, unidos, te espiarmos?
Esperando que a gente te olhe
Muitos dizem que ainda não és cheia.
Mas eu te vejo exuberante,
sem nenhum pedaço sobrando.
Lua cheia, estou sozinho e te observo.
Ela, aqui ou acolá, também te olha.
Não seria o caso de, unidos, te espiarmos?
Aos professores, meu apoio
Todas as campanhas são justas, mas a de um salário digno para os professores merece o meu apoio irrestrito.
Pedido de Gilmar Mendes atrasa ação por trabalho escravo no STF
Pedido de vista feito pelo ministro Gilmar Mendes há oito meses impede que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida se transforma em réu por trabalho escravo o senador João Ribeiro (PR-TO), ex-DEM. Ele é acusado de ter submetido 35 trabalhadores a condições degradantes e jornada exaustiva numa fazenda de sua propriedade no interior do Pará.
Em 7 de outubro do ano passado, a relatora do inquérito, a ministra Ellen Gracie, acolheu o parecer da Procuradoria-Geral da República e votou a favor da instauração de uma ação penal contra o senador pelos crimes de redução à condição análoga à de escravo, aliciamento fraudulento de trabalhadores e frustração de direito assegurado pela legislação trabalhista. Esses crimes podem ser punidos com até 13 anos de prisão.
No julgamento do inquérito, Gilmar Mendes pediu mais tempo para analisar os autos e prometeu devolvê-los rapidamente. Segundo ele, era preciso avaliar melhor a denúncia por aliciamento, fazendo “uma análise detida do seu significado na ordem jurídica”. Desde então, o caso está parado. De acordo com o gabinete do ministro, ele ainda estuda o processo.
Para a relatora, no entanto, as provas reunidas na fase preliminar de investigação comprometem o senador ao apontar para um quadro de condições degradantes, jornada exaustiva, restrição de locomoção, servidão por dívida e falta de cumprimento de promessas salariais e obrigações trabalhistas.
Um cenário que, segundo ela, pode ficar ainda mais claro com a continuidade das apurações por meio de uma ação penal, processo que pode resultar na condenação. Ellen Gracie apresentou seu relatório apenas quatro dias após João Ribeiro ter renovado seu mandato no Senado por mais oito anos, graças aos 375 mil votos recebidos.
Em fevereiro de 2004, integrantes do Grupo Móvel resgataram 35 trabalhadores da Fazenda Ouro Verde, de 1,7 mil hectares. Entre eles, havia duas mulheres e um menor de 18 anos. A propriedade do senador está localizada no município de Piçarra, no Sudeste do Pará, na divisa com o Tocantins, a 555 quilômetros de Belém.
Leia mais no Blog da Dilma: BLOG DA DILMA: Pedido de Gilmar Mendes atrasa ação por trabalho escravo no STF
Vermelho / Congresso em Foco
Em 7 de outubro do ano passado, a relatora do inquérito, a ministra Ellen Gracie, acolheu o parecer da Procuradoria-Geral da República e votou a favor da instauração de uma ação penal contra o senador pelos crimes de redução à condição análoga à de escravo, aliciamento fraudulento de trabalhadores e frustração de direito assegurado pela legislação trabalhista. Esses crimes podem ser punidos com até 13 anos de prisão.
No julgamento do inquérito, Gilmar Mendes pediu mais tempo para analisar os autos e prometeu devolvê-los rapidamente. Segundo ele, era preciso avaliar melhor a denúncia por aliciamento, fazendo “uma análise detida do seu significado na ordem jurídica”. Desde então, o caso está parado. De acordo com o gabinete do ministro, ele ainda estuda o processo.
Para a relatora, no entanto, as provas reunidas na fase preliminar de investigação comprometem o senador ao apontar para um quadro de condições degradantes, jornada exaustiva, restrição de locomoção, servidão por dívida e falta de cumprimento de promessas salariais e obrigações trabalhistas.
Um cenário que, segundo ela, pode ficar ainda mais claro com a continuidade das apurações por meio de uma ação penal, processo que pode resultar na condenação. Ellen Gracie apresentou seu relatório apenas quatro dias após João Ribeiro ter renovado seu mandato no Senado por mais oito anos, graças aos 375 mil votos recebidos.
Em fevereiro de 2004, integrantes do Grupo Móvel resgataram 35 trabalhadores da Fazenda Ouro Verde, de 1,7 mil hectares. Entre eles, havia duas mulheres e um menor de 18 anos. A propriedade do senador está localizada no município de Piçarra, no Sudeste do Pará, na divisa com o Tocantins, a 555 quilômetros de Belém.
Leia mais no Blog da Dilma: BLOG DA DILMA: Pedido de Gilmar Mendes atrasa ação por trabalho escravo no STF
Na madrugada...
É madrugada escura, a noite ainda dorme. Meu sono fugiu depois do último sonho, que não recordo qual foi. Só sei que, metido a poeta nos últimos tempos, fui procurar alguma coisa parecida nas profundezas desta tal de web. Notei que outras almas como a minha também perambulam pelo este mundo imenso que se abre em frente à tela. Agora, ...no escurinho, sem uma luz que não a do PC, dedilho procurando letras. E letras são tão especiais que formam palavras que brotam mesmo quando recém saímos da anestesia do sono. É quando encontro um caminho entre as teclas, como se pedras fossem, para procurar entender o que a junção de dois "J" dizem. A dúvida, a incerteza, o medo do desconhecido existem. Mas é disso que nós, humanos sedentos de palavras, vivemos. Senão, não haveria sentido para a existência. Não haveriam motivos para buscarmos pedrinhas em cada canto, para tentarmos alcançar cada estrela no universo ou sonharmos com a chegada dela, a lua cheia, a cada invervalo de tempo entre as fases lunares. É, J, foi teu recado que li em primeiro lugar. Mexeu lá dentro de mim, de minhas entranhas, de onde bate um coração. É para ti este momento que chamam de insônia mas que para mim é inspiração. Olhe ao redor, respire fundo e veja que alguma coisa está brotando. E não é qualquer coisa.
Foto: noite de lua cheia, São Mateus do Sul (PR), Elias Iesen
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Eu tenho turma
Li e reli várias vezes o brilhante artigo do colega Vitor Necchi em contraponto a uma crônica que desce o pau nos movimentos organizados, nas ONGs, nas pessoas lutam. Valeu, Vitor. Lavaste a minha alma. Leiam e vejam que ainda é necessário defender quem defende belas causas.
Vitor Necchi (*)
Quando me sinto cansado demais, quando tenho muito o que fazer, quando fico tenso, quando o dia e a semana exigem e parece que o tempo não será suficiente para tudo, nesses momentos fraquejo e tenho vontade de chorar. Hoje foi um dia assim. Pelo menos em dois momentos quase chorei, mas me contive, porque frescura tem hora, né? Mas o fato é que esta sexta-feira, que nem diria um saudoso e sensível ex-aluno, esta sexta-feira veio de gangue pra cima de mim.
Logo cedo me irritei profundamente com a crônica do David Coimbra em ZH. Intitulada “Eu não tenho turma”, ele dispara sua cólera retórica contra petistas, ecologistas, budistas meditadores, veganos, feministas e defensores dos animais, todos perfilados sob o mesmo adjetivo: malas. Seguindo a verve de cronista esperto, ele dispara contra alguns religiosos, liberais, saudosistas da ditadura, racistas, integrantes do movimento negro, antitabagistas, o pessoal da Massa Crítica e linguistas e intelectuais que discutem preconceito linguístico. David Coimbra se mostra irritado com os malas organizados que enchem o saco dele. E dispara: “Eu não tenho turma, eu não quero ter turma, com exceção das pessoas de quem gosto, que não formam uma associação, que não são ONG (malas!), nem movimento de coisa nenhuma”.
Pois num dia que se iniciou me irritando com o texto do David Coimbra e que me deu vontade de chorar durante seu desenrolar em razão da loucura da vida, esse dia terminou há pouco e eu sorri porque sou um mala. Tive vontade de sorrir, sobretudo, porque tenho amigos malas que acreditam no poder que têm de transformar o mundo, por mais clichê que isso possa soar para os espertos que não gostam dos malas que se agrupam em torno de causas comuns.
É madrugada de sábado. Moro no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil onde o frio não é retórica. Mais do que chamariz para turistas encasacados, o frio sulino fere a carne e a dignidade de quem vive nas ruas. O povo das ruas, que muitos chamam de mendigos, desocupados, bêbados, viciados ou vagabundos, são pessoas que em algum momento da vida perderam o vínculo com a formalidade do mundo. A família, o teto, o trabalho, a capacidade produtiva, os afetos, o orgulho, as posses, tudo ficou para trás, e a rua, sedutora e perigosa, se tornou abrigo desse contigente. A rua, dizem, é de todos, e ela recebe quem se esquiva da vida pretérita ou quem teve seu futuro subtraído.
É madrugada de sábado em Porto Alegre e pela primeira vez em muitos intermináveis anos o seu Valdir terá um teto. Em Viamão, município vizinho desta Porto Alegre gelada, seu Valdir e sua cadela, a Princesa, se encontram abrigados numa casa. Deve estar meio escuro, pois a correria e a excitação causadas pela bondade impediram que os benfeitores se lembrassem de solicitar à CEEE que a eletricidade fosse restabelecida na casa humilde, mas tudo bem. O escuro não deve assustar quem sobreviveu no hiato da vida mimetizada sob a curva de um viaduto cinza.
É madrugada. Na sexta-feira que se encerrou há pouco, fiquei irritado com o David Coimbra e a exaustão me deu vontade de chorar, mas em poucos minutos deitarei sorrindo porque tenho amigos malas que formam um grupo e compartilham crenças. Entre esses malas, há aqueles que salvam animais. A Thiane, por exemplo, é muito mala, essa guria. Vocês não imaginam quantos animais ela já salvou e conduziu a uma casa onde fossem bem tratados. Dezenas de malas doam dinheiro para a Thiane, compram as rifas da Thiane, comparecem aos bazares organizados por ela com o único propósito de ajudar gatos. Cada vez que eu faço uma doação para ela, sei que a causa desta mala dá mais um passo. Confio cegamente nessa mala e seguirei contribuindo com suas loucuras. Há outros malas que conheço e que abrigam em suas casas animais enxovalhados por seres humanos. Eu mesmo sou um mala. O Rufus e seus três irmãos foram resgatados de dentro de um saco amarrado jogado num mato. A morte era certa, mas a Candice resgatou a prole e cuidou dos gatinhos até eles completarem dois meses. Um deles é o Rufus, que há mais de dois anos mia todo dia quando pressente minha chegada. Outra mala é a Cleide, que resgatou a Yolanda na beira de um esgoto na Região Metropolitana. Quando a trouxe para casa, ela tinha medo das pessoas, do vento, de espirro. Com o tempo, a vilania dos chutes e pedradas restou no passado e ela foi se chegando, se aninhando. Hoje, a linda gata plúmbea lambe minha barba antes de deitar ao meu lado e esfrega a cabeça na mão das visitas.
Mas a mala suprema da semana e de todos os dias é a Katarina, amiga exuberante que transborda afeto e indignação. Essa mala tem uma turma de malas que compartilham sentimentos. A Katarina, mala como sempre, descobriu seu Valdir e sua Princesa na rua. A força do seu olhar insubordinado detectou que a dignidade podia ser devolvida para este cidadão que vive na rua mas não é da rua. Ela descobriu que seu Valdir teria direito a benefícios sociais e foi atrás deles. Ela acenou e os amigos malas atenderam. Uns deram dinheiro, outros, móveis e roupas. Foram dias e dias de mobilização, e o resultado é que o seu Valdir se encontra, nesta madrugada gelada, abrigado sob um teto que pode chamar de seu.
Nesta madrugada gelada que sucede um dia tenso de uma semana louca que me deu vontade de chorar, vou para a cama sorrindo porque a Thiane é uma mala, a Candice é uma mala, a Cleide é uma mala. Deito sorrindo porque tenho amigos malas. Deito emocionado porque a Katarina é uma mala imensa. A bondade e o amor não são clichê, nem cafonice, muito menos retórica na vida da exuberante Katarina. E essa malice contagia.
David Coimbra, eu amo meus amigos malas. Eu me inspiro nos militantes malas. Eu respeito as ONGs malas. Eu financio malas que cuidam de bichos escorraçados. Eu defendo malas negros, gays, deficientes, travestis, ambientalistas. Eu me somo aos malas que ampararam seu Valdir e sua cadela. Eu tenho uma amiga chamada Katarina que tem o coração do tamanho de uma Kombi anos 70 e, de tão mala que é, de tão obstinada, de tão desbragadamente mala, conseguiu dar dignidade a um homem que precisava apenas de um aceno para recompor sua vida.
David Coimbra, mais do que amigos, eu tenho uma turma de malas. E isso me dá um baita orgulho.
(*) Jornalista (texto publicado originalmente na página de Vitor Necchi no Facebook)
Quando me sinto cansado demais, quando tenho muito o que fazer, quando fico tenso, quando o dia e a semana exigem e parece que o tempo não será suficiente para tudo, nesses momentos fraquejo e tenho vontade de chorar. Hoje foi um dia assim. Pelo menos em dois momentos quase chorei, mas me contive, porque frescura tem hora, né? Mas o fato é que esta sexta-feira, que nem diria um saudoso e sensível ex-aluno, esta sexta-feira veio de gangue pra cima de mim.
Logo cedo me irritei profundamente com a crônica do David Coimbra em ZH. Intitulada “Eu não tenho turma”, ele dispara sua cólera retórica contra petistas, ecologistas, budistas meditadores, veganos, feministas e defensores dos animais, todos perfilados sob o mesmo adjetivo: malas. Seguindo a verve de cronista esperto, ele dispara contra alguns religiosos, liberais, saudosistas da ditadura, racistas, integrantes do movimento negro, antitabagistas, o pessoal da Massa Crítica e linguistas e intelectuais que discutem preconceito linguístico. David Coimbra se mostra irritado com os malas organizados que enchem o saco dele. E dispara: “Eu não tenho turma, eu não quero ter turma, com exceção das pessoas de quem gosto, que não formam uma associação, que não são ONG (malas!), nem movimento de coisa nenhuma”.
Pois num dia que se iniciou me irritando com o texto do David Coimbra e que me deu vontade de chorar durante seu desenrolar em razão da loucura da vida, esse dia terminou há pouco e eu sorri porque sou um mala. Tive vontade de sorrir, sobretudo, porque tenho amigos malas que acreditam no poder que têm de transformar o mundo, por mais clichê que isso possa soar para os espertos que não gostam dos malas que se agrupam em torno de causas comuns.
É madrugada de sábado. Moro no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil onde o frio não é retórica. Mais do que chamariz para turistas encasacados, o frio sulino fere a carne e a dignidade de quem vive nas ruas. O povo das ruas, que muitos chamam de mendigos, desocupados, bêbados, viciados ou vagabundos, são pessoas que em algum momento da vida perderam o vínculo com a formalidade do mundo. A família, o teto, o trabalho, a capacidade produtiva, os afetos, o orgulho, as posses, tudo ficou para trás, e a rua, sedutora e perigosa, se tornou abrigo desse contigente. A rua, dizem, é de todos, e ela recebe quem se esquiva da vida pretérita ou quem teve seu futuro subtraído.
É madrugada de sábado em Porto Alegre e pela primeira vez em muitos intermináveis anos o seu Valdir terá um teto. Em Viamão, município vizinho desta Porto Alegre gelada, seu Valdir e sua cadela, a Princesa, se encontram abrigados numa casa. Deve estar meio escuro, pois a correria e a excitação causadas pela bondade impediram que os benfeitores se lembrassem de solicitar à CEEE que a eletricidade fosse restabelecida na casa humilde, mas tudo bem. O escuro não deve assustar quem sobreviveu no hiato da vida mimetizada sob a curva de um viaduto cinza.
É madrugada. Na sexta-feira que se encerrou há pouco, fiquei irritado com o David Coimbra e a exaustão me deu vontade de chorar, mas em poucos minutos deitarei sorrindo porque tenho amigos malas que formam um grupo e compartilham crenças. Entre esses malas, há aqueles que salvam animais. A Thiane, por exemplo, é muito mala, essa guria. Vocês não imaginam quantos animais ela já salvou e conduziu a uma casa onde fossem bem tratados. Dezenas de malas doam dinheiro para a Thiane, compram as rifas da Thiane, comparecem aos bazares organizados por ela com o único propósito de ajudar gatos. Cada vez que eu faço uma doação para ela, sei que a causa desta mala dá mais um passo. Confio cegamente nessa mala e seguirei contribuindo com suas loucuras. Há outros malas que conheço e que abrigam em suas casas animais enxovalhados por seres humanos. Eu mesmo sou um mala. O Rufus e seus três irmãos foram resgatados de dentro de um saco amarrado jogado num mato. A morte era certa, mas a Candice resgatou a prole e cuidou dos gatinhos até eles completarem dois meses. Um deles é o Rufus, que há mais de dois anos mia todo dia quando pressente minha chegada. Outra mala é a Cleide, que resgatou a Yolanda na beira de um esgoto na Região Metropolitana. Quando a trouxe para casa, ela tinha medo das pessoas, do vento, de espirro. Com o tempo, a vilania dos chutes e pedradas restou no passado e ela foi se chegando, se aninhando. Hoje, a linda gata plúmbea lambe minha barba antes de deitar ao meu lado e esfrega a cabeça na mão das visitas.
Mas a mala suprema da semana e de todos os dias é a Katarina, amiga exuberante que transborda afeto e indignação. Essa mala tem uma turma de malas que compartilham sentimentos. A Katarina, mala como sempre, descobriu seu Valdir e sua Princesa na rua. A força do seu olhar insubordinado detectou que a dignidade podia ser devolvida para este cidadão que vive na rua mas não é da rua. Ela descobriu que seu Valdir teria direito a benefícios sociais e foi atrás deles. Ela acenou e os amigos malas atenderam. Uns deram dinheiro, outros, móveis e roupas. Foram dias e dias de mobilização, e o resultado é que o seu Valdir se encontra, nesta madrugada gelada, abrigado sob um teto que pode chamar de seu.
Nesta madrugada gelada que sucede um dia tenso de uma semana louca que me deu vontade de chorar, vou para a cama sorrindo porque a Thiane é uma mala, a Candice é uma mala, a Cleide é uma mala. Deito sorrindo porque tenho amigos malas. Deito emocionado porque a Katarina é uma mala imensa. A bondade e o amor não são clichê, nem cafonice, muito menos retórica na vida da exuberante Katarina. E essa malice contagia.
David Coimbra, eu amo meus amigos malas. Eu me inspiro nos militantes malas. Eu respeito as ONGs malas. Eu financio malas que cuidam de bichos escorraçados. Eu defendo malas negros, gays, deficientes, travestis, ambientalistas. Eu me somo aos malas que ampararam seu Valdir e sua cadela. Eu tenho uma amiga chamada Katarina que tem o coração do tamanho de uma Kombi anos 70 e, de tão mala que é, de tão obstinada, de tão desbragadamente mala, conseguiu dar dignidade a um homem que precisava apenas de um aceno para recompor sua vida.
David Coimbra, mais do que amigos, eu tenho uma turma de malas. E isso me dá um baita orgulho.
(*) Jornalista (texto publicado originalmente na página de Vitor Necchi no Facebook)
domingo, 12 de junho de 2011
Inter: sem comentários
Podem me amarrar, me torturar, me ameaçar... Mas não comentarei o jogo do Inter contra o Palmeiras hoje.
Grande festa para Olívio
O ex-governador e presidente de honra do PT-RS Olívio Dutra ganhou neste sábado à noite uma festa à altura de sua importância. O clube Farrapos ficou pequeno para receber mais de 1,5 pessoas, todas amigas e admiradoras do índio de Bossoroca, que ganhou parabéns em diversos estilos. Na foto, ele acompanha um destes momentos ao lado do deputado Raul Pont, da mulher Judith e do senador Paulo Paim.
Tive a honra de estar ao lado deste militante, que recebeu inicialmente uma homenagem especial da presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher. A Osquestra Sinfônica dos Amigos do teatro tocou Mozart, Bach e uma canção popular nodestina. Depois, puxou o parabéns em versão gaudéria. A filha de Olívio, Laura, recitou versos de Drummond de Andrade.
Os políticos que falaram foram convidados a serem breves, mas o aniversariantes não conseguiu, como é seu costume, Ninguém reclamou, pois ouviu Olívio contando causos e histórias hilárias de campanhas. Mantendo o estilo, conclamou a militância a continuar firme na luta. Ou seja, na boa luta, como ele define. Sói parou quando a mulher Judith chegou pela terceira vez ao pé do ouvindo, certamente dizendo que ele estava se passando.
Foi, de fato, emocionante o jantar/baile, que varou a madrugada. Aliás, a parte bailante do evento começou com um hino que mexe com o coração do aniversariante: o do seu Internacional.
Quem foi à festa dos 70 anos do Olívio Dutra ganhou muita coisa: a festa do parceiro e companheiro, uma boa paella campeira, música, causos, reencontros com amigos, etc... E também levou para casa uma lembrança especial: um copo comemorativo, que mostro na foto. Valeu, Olívio. Que venham os 80 anos. Os 90 anos...
Com os colegas e amigos Thaís e Baiano...
... e brindando com a colega de tudo e amigona Márcia Martins.
Jornalistas e sociedade seguem lutando pela volta da exigência de diploma
Na próxima quarta-feira, dia 15 de junho, uma comitiva do Rio Grande do Sul vai a Brasília para participar da mobilização pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 33/09, de autoria do senador Antonio Carlos Valadares, do PSB de Sergipe, que restabelece a obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo. Na Câmara de Deputados, corre também a PEC 386/09, de autorida do deputado gaúcho Paulo Pimenta. A 'PEC do diploma' poderá ser votada naqueles dias, e a Federação Nacional dos Jornalista promove uma mobilização nacional da categoria em prolo do retorno da exigência de formação superior para a profissão. Do Estado estarão presentes o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, José Maria Rodrigues Nunes, o vice-presidente Milton Simas, a diretora Vera Dayse Barcellos e o acadêmico Guilherme de Oliveira, representante do Núcleo de Estudantes de Jornalismo do Sindicato.
Movimentação semelhante ocorrera em 1º de junho, Dia da Imprensa, quando um grupo de jornalistas de todo o país pediu a votação da PEC do Diploma no Congresso Nacional. Na ocasião, representantes da Fenaj e Sindicatos de Jornalistas marcaram presença na Capital Federal em prol das PECs do Diploma que tramitam na Câmara e no Senado. Os profissionais circularam por gabinetes parlamentares conversando com os legisladores, e o Sindicato gaúcho se fez presente na pessoa de seu presidente José Nunes.
Na próxima sexta-feira, dia 17 de junho, completam-se dois anos da decisão do Supremo Tribunal Federal de abolir a exigência de diploma em curso superior de Jornalismo para exercício da profissão. O Sindicato dos Jornalistas do RS prepara uma grande manifestação para esse dia, com ato público a ser realizdo na Esquina Democrática, Centro de Porto Alegre, com concentração a partir das 10h. Ao meio-dia inicia a caminhada pela rua dos Andradas, reunindo jornalistas, universitários e simpatizantes, com manifestação das lideranças.
Foto: Arfio Mazzei

Em 2009, Porto Alegre teve a mais forte reação de estudantes e profissionais à decisão do STF
Desde o fatídico 17 de junho de 2009, Fenaj e Sindicatos lutam pela volta da exigência de diploma, buscando apoios na sociedade, entre os legisladores e mantendo vivo o espírito de seriedade entre a categoria. Muitas foram as atividades promovidas pelas entidades a fim de esclarecer sobre a necessidade de diploma para o bom Jornalismo, que de forma alguma se contrapõe à liberdade de expressão, argumento usado pelos ministros do STF para a derrubada da necessidade de formação superios em Jornalismo. Brasília foi o ponto de encontro para trabalho de repesentantes dos jornalistas de todos os pontos do Brasil, em reuniões com a presidência do Senado, José Sarney, da Câmara, Marco Maia, e de inúmeros parlamentares que concordam com as exigências propostas pelos próprios profissionais da Imprensa.
Em muitos Estados e Capitais, existe lei obrigando o diploma em Jornalismo para os aprovados em concursos públicos governamentais. Mensalmente, novas localidades aderem ao pensamento da categoria, por perceberem que a formação teórica, técnica e ética de um profissional não pode ser desconsiderada, para prejuízo de uma sociedade cada vez mais voltada à informação. A mais recente foi Campina Grande, na Paraíba, cujos vereadores aprovaram o projeto de lei 097/2010, de autoria do vereador Fernando Carvalho, do PMDB, que dispõe sobre a exigência do diploma de Jornalismo em concursos públicos. Nesta sexta-feira, 10 de junho, o presidente da Fenaj, Celso Augusto Schröder, esteve participando de audiência pública com proposta semelhante na Câmara de Curitiba, no Paraná, que poderá ser a próxima capital a exigir jornalistas diplomados nas funções públicas. Até o momento, o debate e a opinião dos setores da sociedade têm sido o diferencial para a volta da obrigatoriedade do diploma para a profissão de jornalista.
Mais informações no site do Sindicato: http://www.jornalistas-rs.org.br/
sábado, 11 de junho de 2011
Olívio Dutra, 70 anos
Daqui a pouco, rumarei para o Clube Farrapos para abraçar o grande companheiro Olívio Dutra.
São 70 anos do Galo Missioneiro. O ex-presidente Lula estará junto.
Já ouço lá longe o grito: Olívio, Olívio, Olívio...
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Sugestão de leitura: Histórias Íntimas
Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque "a concentração de calor na região lombar" excitava os órgãos sexuais. E nos momentos a dois - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem... sem pasta e escova de dentes, difícil...
Gostarão? Pois é, esta sugestão é da amiga Lu Villela, da Livraria Bamboletras, localizada aqui no Nova Olaria, em Porto Alegre. Vejam o que ela diz mais sobre a obra da historiadora Mary Del Priore, Histórias Íntimas, que narra as formas de sexualidade e erotismo na história do Brasil. Quem puder, vá comprar:
Mas como o proibido aguça a vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente, acabou se tornando o templo da perdição. Onde mais as pessoas poderiam se encontrar, trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar suspeitas, senão no escurinho... das igrejas?!
Casos saborosos como esses são narrados por uma das maiores historiadoras do País, Mary del Priore. Em Histórias Íntimas, ela mostra como a sexualidade e a noção de intimidade foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas, econômicas e culturais, passando de um assunto a ser evitado a todo custo para um dos mais comentados nos dias de hoje.
Da Editora Planeta, custa R$ 29,90.
STF diz sim à soberania brasileira
O Superior Tribunal Federal (STF) julgou que a decisão do ex-presidente Lula de não extraditar Cesare Battisti não pode ser questionada pela Itália. Por seis votos a três, os ministros do STF rejeitaram a ação do governo da Itália contra a decisão do ex-presidente Lula, que no ano passado negou o pedido para extraditar Battisti.
Votaram a favor da soberania brasileira:
- Marco Aurélio
- Ricardo Lewandowski
- Luiz Fux
- Cármen Lúcia
- Joaquim Barbosa
- Ayres Britto
Votaram a favor do governo da Itália mandar mais no Brasil do que o então presidente Lula:
- Gilmar Mendes
- Ellen Gracie
- Cezar Peluso
Votaram a favor da soberania brasileira:
- Marco Aurélio
- Ricardo Lewandowski
- Luiz Fux
- Cármen Lúcia
- Joaquim Barbosa
- Ayres Britto
Votaram a favor do governo da Itália mandar mais no Brasil do que o então presidente Lula:
- Gilmar Mendes
- Ellen Gracie
- Cezar Peluso
Manchete de jornalista
Hoje é dia iluminado.
Companheiros e companheiras jornalistas de longa data ou de períodos mais recentes fazem aniversário hoje.
Seria o momento de parar as máquinas, mudar a manchete e encher as páginas com histórias deles e delas.
Daria uma linda edição...
Não acham, aniversariantes?
terça-feira, 7 de junho de 2011
Sindicato dos Jornalistas/RS repudia agressão a estudantes em Santa Cruz
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul repudia com veemência a atitude de alguns seguranças que agrediram deliberadamente estudantes do curso de Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul - Unisc, que faziam uma manifestação pacifica durante a passagem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pela universidade na noite da última sexta-feira, 3 de junho. Relator do Recurso Extraordinário que deu fim à obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, Mendes - sócio proprietário do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) fundado em 1998, um dos maiores cursos preparatórios para as provas da OAB, em Brasília, fazia palestra no curso de Direito da Unisc.
Na Semana da Imprensa, o Sindicato entende que a manifestação dos estudantes nada mais é que o legítimo direito de manifestação pública, assegurada pela Constituição Federal, e que de maneira alguma pode ser reprimida, da forma como ocorreu. Neste sentido, o Sindicato vai encaminhar documento à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para exigir explicações do STF, no que diz respeito às palestras do então ministro empresário. No entendimento da direção deste Sindicato, o ministro não pode usar o cargo para propagar palestras, com às quais é beneficiado, uma vez que é sócio-proprietário do curso preparatório para provas da OAB.
O Sindicato encaminha, ainda, documento à reitoria da universidade para buscar esclarecimento sobre os fatos e solicitar punição imediata dos seguranças envolvidos na ação contra os estudantes. Informada sobre a presença de policiais militares à paisana nas agressões, a direção vai notificar também o comando da Brigada Militar para os esclarecimentos devidos. Por último, a direção conclama a união de todos os jornalistas e estudantes de Jornalismo do Brasil para que continuem suas manifestações de forma pacífica contra o ministro Gilmar Mendes, lembrando que neste dia 17 de junho fazem exatos dois anos da decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal, que ao extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, disse 'não' à educação no Brasil.
Na Semana da Imprensa, o Sindicato entende que a manifestação dos estudantes nada mais é que o legítimo direito de manifestação pública, assegurada pela Constituição Federal, e que de maneira alguma pode ser reprimida, da forma como ocorreu. Neste sentido, o Sindicato vai encaminhar documento à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para exigir explicações do STF, no que diz respeito às palestras do então ministro empresário. No entendimento da direção deste Sindicato, o ministro não pode usar o cargo para propagar palestras, com às quais é beneficiado, uma vez que é sócio-proprietário do curso preparatório para provas da OAB.
O Sindicato encaminha, ainda, documento à reitoria da universidade para buscar esclarecimento sobre os fatos e solicitar punição imediata dos seguranças envolvidos na ação contra os estudantes. Informada sobre a presença de policiais militares à paisana nas agressões, a direção vai notificar também o comando da Brigada Militar para os esclarecimentos devidos. Por último, a direção conclama a união de todos os jornalistas e estudantes de Jornalismo do Brasil para que continuem suas manifestações de forma pacífica contra o ministro Gilmar Mendes, lembrando que neste dia 17 de junho fazem exatos dois anos da decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal, que ao extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, disse 'não' à educação no Brasil.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Semana da Comunicação da Unisinos convida profissionais e estudantes
Com o tema Assessoria de imprensa e o Uso das Redes Sociais, o Núcleo de Assessores de Comunicação e a Delegacia Regional do Vale dos Sinos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais RS, em parceria com o Curso de Jornalismo da Unisinos, promovem um bate-papo jornalístico na Semana da Comunicação da instituição de ensino. O evento será realizado, no próximo dia 7 de junho (terça-feira), a partir das 19h30min, na Sala 3D 104, no Centro 3.
O bate-papo reunirá os jornalistas José Eduardo de Zotti , que atua na De Zotti Comunicações de São Leopoldo; Raquel Guimarães, diretora da Informação Comunicação de Novo Hamburgo e Adriana Paranhos, assessora de comunicação do Prefeitura de Canoas. “Será uma ótima oportunidade para avaliar a abrangência e utilização das mídias sociais na assessoria. Municípios como São Leopoldo, Santa Maria, Passo Fundo, Porto Alegre e Caxias também estão sediando encontros semelhantes”, adianta a delegada regional do Sindijors, Clarissa Collares.
O encontro é gratuito e voltado para jornalistas que atuam na área da assessoria de imprensa e estudantes de comunicação. Informações pelos telefones: 8114.1710 ou 9371.1734.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Fenaj: no Dia da Imprensa, jornalistas pedem a aprovação das PECs do Diploma
Celebrado desde o ano 2000 como “Dia Nacional da Imprensa”, este 1º de junho enseja a reflexão sobre a realidade da comunicação no Brasil. E, particularmente para os jornalistas, remete à centralidade das lutas em defesa do diploma, de uma nova e democrática Lei de Imprensa e de um novo marco regulatório do setor como indispensáveis para se inaugurar um novo ciclo de prosperidade democrática e de consagração do direito da sociedade à informação de qualidade.
Instituído pela Lei 9.831/1999, o Dia Nacional da Imprensa alude à primeira circulação do jornal Correio Braziliense, de Hipólito da Costa, em contraposição à oficialesca Imprensa Régia do Brasil Império do século XIX. Portadora de contradições e conflitos de sua época, tal publicação trazia em seu cerne ideais libertários de uma imprensa livre e de mudanças que contribuíram para fortalecer a perspectiva do Brasil republicano que temos hoje.
Mas é preciso reafirmar que a plena liberdade de imprensa, embora assegurada constitucionalmente, é cotidianamente agredida no Brasil e no mundo, por motivações políticas, econômicas e ideológicas que se expressam em ações de governantes, entes do Judiciário, do parlamento e mesmo dos proprietários dos veículos de comunicação. A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas defendem a aprovação de uma legislação de conteúdo democrático que regule as relações entre os veículos de comunicação, os profissionais e a sociedade. Nesta terra sem Lei de Imprensa, o substitutivo ao Projeto de Lei nº 3.232/1992 está pronto para votação há quase duas décadas na Câmara dos Deputados.
Maior e mais democrático espaço de debates sobre as comunicações no Brasil que envolveu representações do governo, dos empresários e da sociedade civil, a 1ª Conferência Nacional de Comunicação produziu deliberações que avançam na democratização do setor, superando a legislação obsoleta que permanece em vigor desde a década de 1960. A FENAJ, os Sindicatos de Jornalistas e demais entidades que se articulam em torno do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, prosseguem na defesa de que o governo federal apresente sua proposta de novo Marco Regulatório para dialogar com a sociedade, com vistas a apresentar para apreciação do Congresso Nacional um projeto mais aperfeiçoado.
Formação profissional é fundamental para garantir o direito da sociedade à informação qualificada. E cabe à Câmara dos Deputados e ao Senado restituir aos jornalistas e à sociedade o que o STF suprimiu ao confundir direito de opinião com o exercício profissional do Jornalismo. As Propostas de Emenda Constitucional 386/09 – que tramita na Câmara – e 33/09 – que tramita no Senado – já têm pareceres pela sua aprovação e estão prontas para votação.
Neste 1º de junho, comemorar o Dia da Imprensa significa, também, valorizar o Jornalismo, os jornalistas e a sociedade. Por isso pedimos que o parlamento brasileiro não renuncie à sua prerrogativa republicana, legisle e aprove as PECs do Diploma.
Brasília, 1º de junho de 2011.
Diretoria da FENAJ
Instituído pela Lei 9.831/1999, o Dia Nacional da Imprensa alude à primeira circulação do jornal Correio Braziliense, de Hipólito da Costa, em contraposição à oficialesca Imprensa Régia do Brasil Império do século XIX. Portadora de contradições e conflitos de sua época, tal publicação trazia em seu cerne ideais libertários de uma imprensa livre e de mudanças que contribuíram para fortalecer a perspectiva do Brasil republicano que temos hoje.
Mas é preciso reafirmar que a plena liberdade de imprensa, embora assegurada constitucionalmente, é cotidianamente agredida no Brasil e no mundo, por motivações políticas, econômicas e ideológicas que se expressam em ações de governantes, entes do Judiciário, do parlamento e mesmo dos proprietários dos veículos de comunicação. A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas defendem a aprovação de uma legislação de conteúdo democrático que regule as relações entre os veículos de comunicação, os profissionais e a sociedade. Nesta terra sem Lei de Imprensa, o substitutivo ao Projeto de Lei nº 3.232/1992 está pronto para votação há quase duas décadas na Câmara dos Deputados.
Maior e mais democrático espaço de debates sobre as comunicações no Brasil que envolveu representações do governo, dos empresários e da sociedade civil, a 1ª Conferência Nacional de Comunicação produziu deliberações que avançam na democratização do setor, superando a legislação obsoleta que permanece em vigor desde a década de 1960. A FENAJ, os Sindicatos de Jornalistas e demais entidades que se articulam em torno do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, prosseguem na defesa de que o governo federal apresente sua proposta de novo Marco Regulatório para dialogar com a sociedade, com vistas a apresentar para apreciação do Congresso Nacional um projeto mais aperfeiçoado.
Formação profissional é fundamental para garantir o direito da sociedade à informação qualificada. E cabe à Câmara dos Deputados e ao Senado restituir aos jornalistas e à sociedade o que o STF suprimiu ao confundir direito de opinião com o exercício profissional do Jornalismo. As Propostas de Emenda Constitucional 386/09 – que tramita na Câmara – e 33/09 – que tramita no Senado – já têm pareceres pela sua aprovação e estão prontas para votação.
Neste 1º de junho, comemorar o Dia da Imprensa significa, também, valorizar o Jornalismo, os jornalistas e a sociedade. Por isso pedimos que o parlamento brasileiro não renuncie à sua prerrogativa republicana, legisle e aprove as PECs do Diploma.
Brasília, 1º de junho de 2011.
Diretoria da FENAJ
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Fumaça na História
Meios de comunicação de massa no século XX foram os grandes aliados da indústria tabagista na fabricação de uma imagem positiva do cigarro. Publicação interessante do site Café História.
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-fumaca
Nos últimos anos, os altos índices de mortes ocasionadas pelo consumo do cigarro vêem levando países do mundo inteiro a endurecerem suas legislações antifumo. No Brasil, por exemplo, desde dezembro de 2000, nenhum meio de comunicação pode exibir propaganda de cigarros e todo maço do produto deve conter imagens fortes alertando para as doenças e para o vício decorrente do fumo. Enquanto isso, nos Estados Unidos, cresce todos os anos o número de pessoas que movem processos judiciais contra a indústria tabagista. Esse cenário de total hostilidade ao cigarro, entretanto, é bastante recente. Durante boa parte do século XX, a indústria cultural e da propaganda fabricaram uma imagem do cigarro e do fumante muito diferente, associando ambos a valores que iam da virilidade ao romantismo.
No século XX, a mensagem das propagandas de cigarro sempre foi muito clara: associava o produto a um estilo de vida glamoroso, rico e, principalmente, moderno. Fumar era o mesmo que desprender-se do conservadorismo, era ter estilo próprio e independência. O discurso, que visava, claro, conquistar o público mais jovem, em pleno processo de construção identitária. Nos filmes, quase todos os protagonistas e bandidos tinham a sua própria maneira de fumar, algo inclusive que os diferenciava. Humphrey Bogart, Paul Henreid, Bete Davis. As maiores estrelas de cada época apareciam em seus filmes fumando. Para o famoso "cinema noir", a fumaça dava inclusive um toque extra de classe.
Historicamente, este tipo de associação consagrou-se após a Segunda Guerra Mundial, quando a televisão e o cinema massificaram a comunicação social. Não fortuitamente, uma das principais marcas de cigarro do mundo levava (e leva ainda hoje) o nome de "Hollywood". Segundo José Benedito Pinho, em seu livro "O Poder das Marcas", o "Hollywood" explorava no início dos anos 1950 as relações entre o seu nome com o universo cinematográfico, através de slogans como “um "um Oscar de qualidade” ou ainda "um Oscar de Sabor". No Brasil, uma propaganda da marca trazia um pianista ensaiando um número musical e um slogan nada inocente que dizia que o cigarro era "uma inspiração".
Pinho, sublinha, porém, que a partir de 1973, a marca adotou uma nova fórmula. Era a época do "Ao sucesso com Hollywood", feito sob medida para englobar jovens, cigarros e esporte. O autor cita o texto publicitário abaixo, vinculado no Brasil, como exemplo desta fórmula:
Hollywood, o cigarro bem como você gosta: no tamanho certo, na embalagem vibrante, com o filtro perfeito, na exata combinação de fumos que dá aquele sabor inconfundível. Acenda seu Hollywood King Size Filtro e vá em frente: no estudo, no trabalho, na competição esportiva. Vá para vencer. Ao sucesso! (Souza Cruz, 1974: 156. Apud, Pinho, 1996: 96)
Na década de 1950, outras marcas de cigarro também conquistaram um forte posicionamento no mercado tabagista. É o caso da “Marlboro”. Os pesquisadores Camila Beaumord e Rafael Bona ajudam a explicar isso aconteceu:
Uma pesquisa de mercado revelou que os habitantes das grandes metrópoles, isto é, os executivos e empresários modernos, tinham saudades da vida no campo, do ambiente rural, da natureza e do espírito de aventura. Assim, a campanha “Tattooed Man” da Leo Burnett utilizou a imagem de velejadores tatuados, atletas, pilotos e, principalmente, caubóis. Rapidamente, as pessoas começaram a acreditar que poderiam ter acesso a esse País Marlboro – o Marlboro Country – onde habitavam os solitários, os corajosos e os livres, em meio a pradarias e canyons. Ainda que se encontrassem presos em uma reunião de trabalho, ou no meio de um grande congestionamento em Nova York, era só comprar um maço da marca para desfrutar de uma estimulante peripécia que é apenas possível no Marlboro Country. O resultado foi positivo. A Marlboro se tornou a marca de cigarro mais vendida em Nova York, com um incremento de 5.000% nas vendas em apenas oito meses de campanha, segundo O Mundo das Marcas (2010). O caubói se tornou o mais popular dos personagens que foi adotado como garoto-propaganda.
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