terça-feira, 4 de setembro de 2007

Como funcionam os blogueiros ligados à grande mídia

Um leitor do Blog de Mirian Leitão, Edinho Kunzler, mandou um post no dia 30 de agosto, abordando dois assuntos pertinentes: a comparação da cobertura midiática em relação aos filhos de Renan Calheiros e de Fernando Henrique Cardoso fora do casamento, e a questão da venda da Companhia Vale do Rio Doce por uma míseros tostões. Pediu resposta. Outros leitores seguiram seu raciocínio. No dia 5 de setembro, o Edinho estava novamente lá pedindo uma resposta. Que certamente não veio. Vale a pena acompanhar o esforço - em vão - do leitor.

Edinho Carlos Kunzler - 30 Agosto, 2007

A internet traz para as pessoas inúmeras vantagens que a televisão sequer sonha em disponibilizar. Cito duas, que na minha opinião, são arrebatadoras: a possibilidade de questionar os fatos, as versões, os jornalistas e os próprios meios de comunicação; a possibilidade de se buscar outras versões para os fatos que não sejam apenas a “grande verdade” que a televisão, os jornais e as revistas tentam nos empurrar goela a baixo diariamente e/ou semanalmente.
Dito isso, gostaria que a senhora Miriam Leitão aproveitasse o espaço democrático da internet e expressasse sua opinião sobre três assuntos. Listo-os:
1º - Creio que todos sejamos a favor da cassação do mandato do senador Renan Calheiros, não só pelos crimes cometidos, mas pela representatividade de sua imagem como um dos modelos ainda existentes da velha politicalha que se pratica no país. Contudo, o que se tem como maior prova, é o “financiamento” indevido de seu filho com uma jornalista (que se aceitou o dinheiro de fonte indevida e sabia de tal fato também é criminosa, então, por que não julgá-la?). Porém, lá pelos idos de 1994 um candidato à presidência também deu sua pulada de cerca e, justamente, com uma jornalista. Consta que mãe e filho foram enviados à Europa e sustentados por uma empresa privada de modo que não se criassem motivos para desestabilizar o governo deste senhor. A pergunta: não são casos idênticos? Então, por que não julgar (e expor) também o caso deste ex-candidato/ex-presidente?
2º - Em setembro ocorrerá um plebiscito questionando a validade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Ocorre que, no edital do leilão (em 1999), literalmente sumiram mais de 9 bilhões de toneladas de minério de ferro de suas reservas (estimadas em mais de 12 bilhões de toneladas pela própria empresa em documento encaminhado à Securities and Exchange Commission em 1995). O presidente daquele período, é réu no processo de nº 1999.39.00.007303-9, acusado de dilacerar o patrimônio público. Pergunta: como a senhora vê tal acusação e este sumiço de grande parte do patrimônio da empresa? Faltou competência do governo, ou houve má fé?
3º - No final do seu mandato (em 2001), o antecessor de Lula, assinou um decreto ampliando o foro privilegiado para ex-ocupantes da cadeira do executivo. Todos sabemos que o maior instrumento da impunidade, no Brasil, é o foro privilegiado. Pergunta: como a senhora interpreta a ampliação de tal prerrogativa em benefício próprio do presidente daquele período e será que existe alguma relação com os casos anteriores?
Aguardo respostas ansiosamente.
Abraços, Edinho.

Juscelino Corrêa - 30 Agosto, 2007

Também, pegando uma carona com o Edinho. Por quê Fernando Henrique também não foi julgado por crime de ética quando dentro Palácio do Planalto, ou seja, dentro dem orgão público e uma pessoa pública, chamou eu você e toda nação de tupiniquins sem cultura?

Respostas que não calam: Será que ainda há esses paradigmas de quando tem um presidente que tabalha para o social tem que persegui-lo de todas formas?

Abraços

Laura - 31 Agosto, 2007

Mandou bem Edinho Carlos,
ela vai fingir que não leu, tenho certeza, mas a gente tá sabendo que no fundo, no fundo ela vai ficar incomodada rss
Essa mulher não presta como profissional.

Edinho - 5 Setembro, 2007

Santa Maria, RS, 04 de setembro de 2007 (já se passaram 5 dias)… respostas???

Edinho - 5 Setembro, 2007

À propósito!
O QUE é, PARA QUE, e PARA QUEM serve a liberdade de imprensa?
Para os donos dos meios de comunicação falarem aos quatro ventos O QUE querem, COMO querem e contra (ou a favor) DE QUEM querem?
Ou é a liberdade dos leitores/ouvinte/telespectadores em ter acesso às várias versões sobre os fatos (só lembrando que ninguém é dono da verdade factual; cada um tem a sua versão e a mídia brasileira, com raríssimas exceções, é especialista em misturar fato com opinião e vender como verdade factual, sempre apoiada na tal imparcialidade - seria herança da imparcialidade do planejamento político do regime militar?)?
E, por que a função de jornalista não tem regulamentação? E também não existe um conselho (assim como CREA, por exemplo) de jornalistas, que lute por seus interesses profissionais? Seria por pressão dos patrões?

Resposta deste blogueiro independente ao Edinho:
Sim, não temos ainda um Conselho Federal dos Jornalistas (CFJ) por pressão das grandes empresas, de seus colunistas e de jornalistas mais graduados. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresa. Mas nós, jornalistas da planície, continuamos a luta.

Mídia sempre quis governar

O movimento de boa parcela da mídia nos recentes episódios envolvendo o governo brasileiro não é novidade para quem tem memória. Não esqueçamos que, na história da República, isso é rotineiro e parece não ter fim. A imprensa brasileira, conservadora e elitista, tem um lado, é parcial e age de acordo com os seus interesses. Sempre aconselho a leitura de dois livros essenciais e reveladores do papel decisivo da mídia nos destinos do País. Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando de Morais, e Notícias do Planalto, de Mario Sergio Conti, são obras que exibem tanto o conchavo de governos com a imprensa como o papel desta na derrubada de presidentes. Foi assim com Getúlio Vargas, com Juscelino Kubitschek e com Jango Goulart (na foto, em comício na Central do Brasil, um de seus últimos atos antes do golpe militar). E até com Fernando Collor de Mello, endeusado quando necessário e demonizado no momento em que não servia mais. O povo já estava nas ruas.
A grande imprensa é controlada por meia dúzia de famílias "tradicionais". Foi assim no passado, é no presente e será no futuro, se não houver a necessária democratização dos meios de comunicação. Fazem décadas que a imprensa de São Paulo é controlada pelas famílias Frias, Mesquita e Civita, e a do Rio, pela família Marinho. Mandam e desmandam, elegem e derrubam governantes. Apoiaram ostensivamente o golpe militar de 64, responsável por atrocidades, centenas de mortos e desaparecidos, muita dor...
Mas o inusitado aconteceu em 2002, quando o eleito não fora ungido nos gabinetes dos barões da mídia. Lula, um operário e não um doutor, desafiou o domínio do poderosos e não encontrou mais paz. Voltou em 2006 numa campanha em que o bordão "deixem o homem trabalhar" tinha o endereço certo. Não adiantou: novamente, a mídia avança e ataca com o objetivo de controlar o pensamento da nação. Nada interessa a não ser a opinião dos donos de grupos empresariais. Liberdade de imprensa? Não, de empresa!

Yeda e a Emater