domingo, 24 de agosto de 2008

Os ianques não sabem perder

Historicamente, o EUA sempre rivalizaram com o URSS em Olimpíadas. Com a queda do regime comunista no último país, a hegemonia norte-americana foi total nos últimos jogos. E ninguém constestava que a posição na tabela leva em conta, primeiramente, o número de medalhas de ouro. Bastou a China avançar e conquistar o maior número de "douradas" nos jogos de Pequim, encerrados hoje, para que boa parte da mídia dos EUA passasse a valorizar a classificação pelo número total de medalhas.
Estes ianques não sabem perder. Por isso, levam tombos como no Vietnã e no Iraque.

Em tempo: o número de medalhas dos dois países:
1º - China - 51 ouros, 21 pratas e 28 bronzes. Total: 100
2º - EUA - 36 ouros, 38 pratas e 36 bronzes. Total: 110

Olimpíadas: o valor de cada um

Detesto generalizações a como a que o site Terra costuma fazer.
Hoje, depois de encerrada a
Olímpiada de Pequim, a melhor de todos os tempos, eles fazem um enquete seca e direta, com três opções:

No geral, os atletas brasileiros...
- Decepcionaram - 22.235% (61,12%)
- Surpreenderam - 2.079 (5,71%)
- Fizeram o esperado - 12.066 (33,17%)

No meu entendimento, não vale para os brasileiros esta pergunta que inclui "no geral". Os torcedores pensam sempre no futebol, o esporte preferido da maioria. Na opinião de boa parcela da população, se não ganhamos ouro com a bola nos pés, as Olimpíadas foram um fracasso para nossos atletas em geral. Esquecem da grande Maurren Maggi no salto em distância, das incansáveis meninas do vôlei e do jovem César Cielo na natação (campeões olímpicos) e das quatro medalhas de prata e das oito de bronze. Totalizamos 15 pódios. Eles concordarão com o termo "decepção"?
É pouco? Concordo que o desempenho do Brasil deveria ser melhor levando em consideração o investimento realizado, mas ficamos à frente de Cuba, Argentina e México. Não podemos nos comparar comparar com países como Quênia, Etiópia e Jamaica, que dependem de valores individuais como o Usain Bolt, que ganhou sozinho metade das medalhas do seu país. Imaginem se o Michael Phelps fosse boliviano: a Bolívia teria 8 medalhas de ouro... É que a natação, atletismo e outros esportes dão dezenas de medalhas. Até a peteca e o tiro oferece as suas.
Gente, o futebol da multidões só dá duas medalhas de ouro no masculino e no feminino. Entendo que, em Olimpíadas, o segundo e o terceiro lugar não são sinônimos de fracasso. Ganhamos prata no feminino e bronze no masculino. E já querem a cabeça do técnico...
Porém, também não concordo com o intragável
e "eterno" presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, ao declarar que esta foi a "melhor participação do País na história dos Jogos". Tem é que parar de fazer discurso e preparar os atletas para fazerem o melhor em suas modalidades nas próximas edições. O Brasil conquistou três medalhas de ouro (natação, salto em distância e vôlei feminino), quatro de prata (vôlei de quadra e praia masculino, vela e futebol feminino) e oito de bronze (três no judô, taekwondo, natação, futebol masculino, vôlei de praia masculino e feminino) durante a competição. Muitas foram inéditas, e outras virão nos próximos jogos.
O problema é que os donos da mídia e o mundo que os rodeia querem um desempenho à altura de seus investimentos. Sabemos que toda a aposta é de risco. Isso acontece aqui e em outros países. Ou será que a Argentina, eterna rival do Brasil em tudo, está satisfeita com as suas duas medalhas de ouro e quatro de bronze? Pode ser. Mas lá deve estar acontecendo o contrário do Brasil. Eles ganharam o ouro no futebol pela segunda Olimpíca consecutiva. O resto não deve interessar.

Moradores lutam pela manutenção da identidade da Cidade Baixa em Porto Alegre




Entre idas e vindas, moro na Cidade Baixa, em Porto Alegre, há mais de 20 anos. É o bairro do meu coração, onde tenho familiares, amigos e conhecidos. Este pedaço de Porto Alegre sofreu modificações ao longo de duas décadas. Era um bairro familiar, com moradores tomando chimarrão ou batendo papo nas calçadas. A gurizada jogava bola em ruas como a Alberto Torres entre a passavam e um ou outro carro.
Mudou! A Cidade Baixa, da Rua Lima e Silva e adjacências, foi tomada por um comércio efervecente, especialmente de bares noturnos. O movimento cresceu, a alegria é vista dia e noite em todos os cantos. Com isso, aumentou o interesse dos empreendedores imobiliários. Edifícios novos foram construídos, mas sempre obedecendo um certo limite.
A mudança aconteceu no final do primeiro semestre deste ano. Começou a surgir o zum-zum-zum de que a Lima e Silva abrigaria um espigão com 18 andares, o que certamente tiraria a luz dos quintais de muitas casas e das janelas de alguns prédios. O primeiro sinal foi a transferência do bar cubano Sierra Maestra - muito freqüentado - para outro lugar da cidade. Inclusive, no dia 15 de julho, tirei uma foto do prédio (imagem 3), muito bonito por fora, por dentro e no seu quintal, que abriga árvores e dezenas de pássaros.
Ontem, 23 de agosto, fizemos um ato em frente aos destroços de dois prédios - falta derrubar ainda o posto de gasolina/garagem - e recebemos apoio de moradores e de motoristas que transitavam pela Lima e Silva. Ninguém é contra o progresso e desenvolvimento, mas a favor da preservação e da qualidade de vida. A Lima e Silva, rua estreita, já não agüenta tanto trânsito e ficará pior com o espigão. O sol não nos iluminará. O ato foi o primeiro de uma série que visa impedir a construir ou, pelo menos diminuir o número de andares da prédios. Um abaixo-assinado circulará por estabelecimentos contrários à construção. Participe desta luta de moradores e freqüentares da Cidade Baixa, bairro que quer sobrevir como ponto de encontro e lazer.