terça-feira, 6 de maio de 2008

Pobre na cadeia, rico nos braços da Justiça

Se alguém duvidava da diferença entre o pobre e o rico na hora de enfrentar a Justiça é bom ler o noticiário que começa a ser divulgado de forma lenta pela mídia. Alguns veículos nem vão se preocupar com o fato. Vejam só o absurdo: o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de envolvimento na morte da missionária americana Dorothy Stang, foi absolvido hoje em julgamento no Fórum Criminal de Belém (PA). A missionária americana foi morta a tiros, há três anos, na localidade de Anapu, no sudeste do Pará. Bida havia sido condenado a 30 anos de prisão em outro julgamento como mandante do crime.

O júri entendeu que o fazendeiro não teve participação na morte de Dorothy e o absolveu por cinco votos a dois. Já o pistoleiro Rayfran das Neves foi condenado por unanimidade a 28 anos de prisão, um ano a mais do que no julgamento anterior. Uma das qualificadoras do homicídio, crime mediante promessa de pagamento, foi retirada. Ele confessou ao júri ter executado o crime. Durante o julgamento, o réu confesso Rayfran das Neves negou as versões dadas nos 13 depoimentos prestados por ele anteriormente, para a polícia e à Justiça, assumindo sozinho a autoria do crime. Ele isentou Bida de envolvimento no crime e assumiu sozinho a autoria da morte da missionária.

A coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Luiza Virgínia Moraes, disse que o grupo está indignado com a decisão. "Nossa reação é de muita indignação. É muito fácil condenar o pistoleiro, que é uma pessoa pobre, e absolver o fazendeiro, que tem maior poder aquisitivo", afirmou.

Foto: Luciana Cavalcante/Especial para o Terra