sábado, 28 de fevereiro de 2009

Arrogância gremista continua

Nas ruas, nos bares e na mídia, a arrogância gremista se mantém firme. Apesar dos últimos resultados em Gre-Nais - todos desfavoráveis para o Porto-Alegrense - o grito geral é de que "eles" vão ganhar fácil o clássico de amanhã. Não aprendem a lição, e insinuam que o time deles é melhor. Não acho que o Inter está jogando bem, mas o Gre-Nal é a nossa casa e a torcida pesa muito. Acredito na vitória, mas não estufo o peito dizendo que sou melhor, mais encorcopado, com melhor atributo tático, etc. Esperarei o fim do jogo.

Montevideo, a pequena grande metrópole








No Carnaval, estive em Montevideu com meu filho Marco. Foi uma viagem escolhida por ele - apreciador de outras culturas -, mas eu também aproveitei muito. Fomos em uma excursão terrestre que incluiu ainda Punta del Este e Chuy. Este foi o nosso trunfo. Em outras ocasiões, estive no Uruguay a trabalho e sempre via aérea. Agora, pude conhecer melhor a capital uruguaia e constatei que ela é uma Buenos Aires menor, com cara de capital e estilo de interior. Começamos por um tour pelo centro da cidade e pela sua parte antiga e histórica.
É uma bela cidade, com construções antigas que se espalham por toda a sua extensão. A guia avisou que Montevideo é a cidade com a melhor qualidade de vida na América Latina e a mais arborizada. A primeira parte necessita de comprovação posterior, a segunda eu conferi in loco. É muito verde por todos os cantos. Pequena, Montevidéu concentra a maior parte de seus pontos turísticos próximos ao centro. Assim, os visitantes que se hospedam na região, que dista 24 quilômetros do aeroporto, podem curtir a maioria das atrações a pé ou em pequenos trajetos de táxi, que custam bem menos que no Brasil. No centro se localiza a Plaza Independencia, onde se encontra um dos maiores símbolos uruguaios, o Palacio Salvo, que durante décadas foi o prédio mais alto da América do Sul. Nela, está também o famoso Teatro Solis, em que há grandes apresentações de música erudita.
A praça é o limite para outro tradicional bairro de Montevideo, a Ciudad Vieja, onde se concentram galerias de arte e uma ampla zona comercial. A Puerta de la Ciudadela está em frente à praça mais importante da capital e, conseqüentemente, lugar escolhido para abrigar o monumento, em bronze, granito e cimento, que homenageia o prócer do país, o general José Gervasio Artigas (1764-1850), que liderou os primeiros movimentos de libertação desse território em relação ao domínio ibérico. O mausoléu onde repousam os restos do herói nacional se encontra no subsolo da praça e está aberto à visitação. Há, também, um ônibus antigo que faz o chamado Paseo Historico pelas ruas da cidade. Vale a pena visitar esta pequena metrópole. Nos próximos tópicos apresento mais razões para afirmar isso.

Estádio Centenário, um monumento histórico





Nunca tinha passado pelo Estádio Centenário, um monumento do futebol mundial. Desta vez, fiquei de frente para o majestoso. Mas tive azar porque fazia um tour quando passamos por lá e o Peñarol estava jogando uma partida do campeonato nacional. Deu uma vontade de ficar... No outro dia, voltamos lá, mas era domingo e o museu do futebol estava fechado. Então, só pude tirar fotos externas deste monumento histórico, oficializado pela Fifa. O estádio para 70 mil pessoas foi o primeiro do mundo desenhado especialmente para um campeonato de futebol. Concluído em 1930, recebeu o nome de Centenário por conta da data de sua inauguração, 18 de julho, feriado uruguaio em que se recorda o juramento da Constituição do país, que então completava cem anos. Ali se realizou a primeira Copa do Mundo, em que o Uruguai fois campeão. Está localizado no Parque Battle, onde existem belas praças para outros esportes.

As praias do rio que parece mar




Chama-se La Rambla a avenida costeira em Montevideo, que tem praias de ponta a ponta. Com 18 quilômetros de extensão, tem de um lado o Rio de La Plata e, no outro, a cidade. Suas praias não poluídas dão um toque especial para os turistas, que observam o rio como se fosse o mar. É possível caminhar, pedalar ou simplesmente respirar o ar puro pelas calçadas, todas elas sem interrupção. Assistir ao pôr-do-sol na rambla é imperdível.
Existem várias prainhas, mas a que mais me agradou foi a de Pocitos, no bairro do mesmo nome. Tem bom espaço para prática de esportes, a areia é branca e recebe tanto os moradores locais quanto os turistas. A Praia Buceo permite a prática do windsurfe e é vizinha Museu Oceanográfico de Montevideo (antigo cabaré). A Praia de Punta Carretas é próxima do Centro e abriga um charmoso centro de compras. De uma antiga prisão com muros grossos e fama de inexpugnável, foi erguido hoje um shopping center muito visitado pelos turistas. As praias de Malvin e de Carrasco ficam mais distantes, mas são igualmente lindas e com bela visão da orla. Percorrendo a La Rambla pode-se ver o Hotel Casino Carrasco, sede do Mercosul, e mais adiante a Ponte das Américas.

Mercado del Puerto, o pólo gastronômico da capital






O endereço da boa culinária uruguaia é conhecido de todos os brasileiros que já foram à Montevideo. O Mercado del Puerto, situado na Cidade Vieja (parte velha) da capital é uma sedução para carnívoros como eu. Ali é possível encontrar todos os cortes de carne, dependendo da fome. Meu prato favorito e de 99% dos clientes que vão ao local é a parrillada completa (morcella, molleja, riñones, chincholines, salsicha parrillera, costela e miúdos bovinos) assada na lenha. Tem gente que prefere o delicioso entrecot (contra-filé para nós) ou pescados (paella é uma opção).
O acompanhamento fica a critério do cliente, que pode escolher batatas fritas, saladas e pães (servidos como entrada e cobrados mesmo que ninguém mexa neles). Mas é impossível não pegá-los e comê-los com manteiga. Ah, não dá para esquecer das cervejas - Patrícia, Pilsen e outras. Ou o "medio y medio", drinque à base de vinho, regalo oferecido antes das refeições. Conforme a tradição, um cantor circula entre as mesas e abre o gogó com repertório local. E ali fica até receber a gorjeta.
Para quem não sabe, o Mercado del Puerto foi construído entre 1865 e 1869 para servir de estação de trem, como indica um relógio no seu interior e balada a cada meia hora. Agora, é um pólo gastronômico da capital uruguaia.
Detalhe importante: ali, colorados e gremistas confraternizam e discutem futebol com civilidade.

El Milongón, a mescla de três estilos culturais







Uma visita obrigatória para quem vai a Montevideo é uma visita à casa de espetáculos El Milongón, que reúne tango, milonga, danças folclóricas e camdomble (música e dança típica dos negros uruguaios). O turista pode jantar e assistir ao show de duas horas, ou optar apenas pelo último. O tango, exibido por meio da interpretação musical de artistas locais ou pela dança de casais, é imperdível. Também a música típica, semelhante a dos gaúchos, é bastante apreciada. Violão, tambores, boleadeiras e a pilcha fazem parte do espetáculo. O camdomble é quase um carnaval, com muito batuque, cores, adereços, mulatas e a interpretação de um típico negro uruguaio. Parece um embrião do samba. Vale a pena.

Punta del Este, que já foi dos indígenas e dos pescadores, agora é dos famosos. Mas continua linda...







É impossível ficar indiferente à observação do guia na chegada a Punta del Este, que chama a atenção pela beleza natural e pela sofisticada arquitetura. Diz ele que o local já foi reduto de indígenas, colônia de pescadores e agora é estação de verão de famosos do mundo inteiror. Distante 134 quilômetros de Montevidéu, localizada numa península que avança entre as águas do Rio da Prata e do Oceano Atlântico, no extremo sul do Uruguai, Punta tem uma diversidade de cenários e de atrações que deslumbra todo visitante. São quilômetros de praias, bosques de eucaliptos e pinheiros e,especialmente, belas mansões e hotéis luxuosos. Por quatro meses (de dezembro a março), vira cosmopolita. De uma população local de 10 mil habitantes, salta para mais de 300 mil. É o momento em que o balneário ferve. Cassinos de luxo, desfiles de moda, campeonatos esportivos e intensa programação cultural transformam Punta numa interminável festa que vai além da dobradinha sol e praia.
No porto, já é possível ver a exuberância: milhares de barcos de tiversos tamanhos e preços formam um belo cenário. Nada que espante os lobos marinhos que chegam perto dos pescadores - ávidos por um peixe - e do turistas. Na praia, dá para posar para fotos ao lado de esculturas como a de sereais ou da tradicional mão de pedra emergindo da areia.
Uma das edificações que chamam a atenção é o Hotel Conrad, com 302 quartos, todos com vista para a praia Mansa. Tem quatro restaurantes, cassino -liberado no país - e spa com cinco tipos de massagens, jacuzzi, sauna e piscina aquecida.
O Conrad tem apartamentos de várias categorias, desde o quarto superior até a Suite Conrad, que mede 608 m2, onde já se hospedaram Shakira, Maradona e Fittipaldi. No dia em que estivemos lá, estavam esperando Julias Iglesias. E já anunciavam Liza Minelli.

O fascínio da Casapueblo





A fascinante Casapueblo, em Punta Ballena, foi criada e modelada pelas próprias mãos do artista plástico uruguaio Carlos Paez Villaró, premiado no mundo inteiro. Ele mora lá e seu ateliê fica na parte mais alta da casa, que tem ainda um restaurante e um hotel. A obra arquitetônica é nada convencional e está há 15 quilômetros do centro de Punta del Começou a ser construída em 1958, a partir de um cômodo feito de latas. Mais tarde foi revestido com ripas de madeiras que vinham de navios naufragados. O guia que nos acompanhou disse que Villaron chegou pedir desculpas aos arquitetos pelo inusitado de sua obra.
Vilaró faz de tudo: tapeçaria, pintura em mural, cerâmica, arquitetura, pintura e escultura. A visita é liberada ao público, mediante o pagamento de um valor irrisório considerando-se a qualidade que o visitante usufruirá. Estive lá, quase me perdi e sai revigorado. Vale a pena!