sexta-feira, 4 de março de 2011

A ética das crianças

Na véspera do feriadão, enfrentei fila naquele canto dos supermercados destinado aos bancos. Eu e dezenas de pessoas, entre os quais um menino com cerca de 10 anos. Ele é o objeto desta crônica. Merecida, por sinal. Todos estávamos nervosos com os correntistas da frente, que demoravam. Aliás, na nossa visão de  humanos apressados, sempre demoram. São uns chatos. Não sabem operar ou querem fazer diversas operações. A mãe, atrás de mim, se mexia mais do que os outros. Tanto que fez uma sugestão ao filho. Nervosa, pediu:
- Filho, vai para a caixa do Banco do Brasil. 
- Por que, mãe? - perguntou, surpreso. 
- Ora, porque não sei se tenho dinheiro suficiente aqui. Se ficas na fila, podes me garantir o lugar lá - justificou a mãe aflita. 
- Mas não posso fazer isso. É injusto com as outras pessoas - justificou o menino, ouvindo de imediato o resmungo da mãe.
Fiz a minha operação e não me contive. Fiquei observando para saber se a mulher conseguiria tirar o dinheiro no caixa do meu banco. Ou melhor, da instiutuição da qual somos correntistas. Pensei: se isso não ocorrer, o guri levará um pito, pois a fila do outro estava grande. Estava preparado para xingar a mulher, que eu nunca tinha visto. Seria um erro meu, do tamanho do dela.
Ufa, não foi preciso. O dinheiro estava garantido no primeiro banco. Mas a lição do menino foi apresentada para mim e para outras pessoas que observaram a cena. Não sei se a mãe entendeu a ética dele. Tomara.

Ah, o carnaval...

Lembro de um tempo em que a marchinha dizia: 
Vou beijar-te agora/
Não me leve a mal/
Hoje é carnaval. 
Permanecem as boas recordações, que não voltam mais.