quarta-feira, 15 de abril de 2009


Ética, Jornalismo e Nova Mídia - uma moral provisória", de Caio Túlio Costa, investiga como o jornalismo tem sido praticado do ponto de vista da moralidade, desde seu surgimento até os dias de hoje, marcados por um intenso fogo cruzado de novos meios de comunicação, a nova mídia. Na obra, o autor sustenta que, apesar de todas as novidades na mídia, o modo de fazer jornalismo não mudou. O que tem mudado, diz, "é a forma de comunicação e o grau de importância atribuído ao jornalista".

Redação - Carta Maior

Já está nas livrarias o mais recente livro do jornalista e professor Caio Túlio Costa, "Ética, Jornalismo e Nova Mídia - uma moral provisória". Editado pela Zahar, está à venda por R$ 39,90. O livro emerge da tese de doutorado defendida na USP em junho de 2008 e é fruto do curso de ética jornalística que Caio Túlio Costa ministra na Cásper Líbero desde 2003 - quando herdou a disciplina de Eugênio Bucci, inspirador do curso e da tese.

Conforme a apresentação da obra, o objetivo não é apresentar um manual com listas de certo e errado nem oferecer lições de conduta para os profissionais da mídia. "Longe disso, o objetivo é investigar como o jornalismo tem sido praticado do ponto de vista da moralidade – desde seu surgimento até os dias de hoje, marcados por um intenso fogo cruzado de novos meios de comunicação, a nova mídia".

A pedra fundamental dessa reflexão sobre a imprensa foi lançada em 1690, quando o alemão Tobias Peucer defendeu uma pioneira tese de doutorado sobre o tema. Nesta pesquisa, ele já apontava questões que continuam na ordem do dia e são abordadas no livro de Caio Túlio Costa. Entre elas destacam-se as contradições do jornalismo como “negócio” e como atividade de interesse público, os limites da objetividade e da imparcialidade; a busca da precisão num cotidiano premido pela urgência, os ideais de verdade, justiça e credibilidade.

"O grande desafio do jornalismo no século XXI", diz ainda a apresentação, "é manter sua identidade em uma rede saturada de informações emitidas pelos mais diversos meios. Nessa rede intrincada, nunca foram tão tensas as relações entre “fonte”, jornalista, empresa de comunicação e público – e não por acaso, ética e antiética têm andado assustadoramente próximas".

Ao relacionar filosofia, dramaturgia e literatura, estabelecendo surpreendentes ligações entre eventos distintos – como o julgamento de Sócrates, na Antiguidade, e recentes atentados promovidos em São Paulo pelo crime organizado –, o autor sustenta que, apesar de todas as novidades na mídia, o modo de fazer jornalismo não mudou.

O que tem mudado, defende, "é a forma de comunicação e o grau de importância atribuído ao jornalista, já que agora qualquer indivíduo pode criar e veicular produtos noticiosos, atingindo on-line milhões de pessoas". "Essa possibilidade sim é inédita e espantosa. Mais do que nunca, portanto, é oportuno manter em pauta uma discussão aprofundada sobre ética, jornalismo e novas mídias".

Veja o que diz a quarta capa do livro:

Jean-Paul Sartre dizia que, para conseguir administrar tantas namoradas, era obrigado a recorrer constantemente a um “código moral temporário”, que envolvia mentirinhas e meias verdades. Partindo dessa saborosa revelação do grande filósofo, o jornalista Caio Túlio Costa afirma que um “código” semelhante costuma ser utilizado no jornalismo, em situações diversas, para justificar comportamentos tidos como condenáveis.

Por exemplo quando se usam gravadores e câmeras ocultos para investigar um assassinato ou fraudes no mercado financeiro. Nesse caso, vale mentir, ocultar e omitir porque a causa é nobre? Essa “moral provisória” – oportunista, para uns; necessária, para outros –, que se adequa às circunstâncias, não faz parte apenas do dia-a-dia do repórter. Integra o fazer da própria indústria da comunicação. Num mercado saturado de informações digitalizadas, no qual o consumidor também as produz e veicula, a pergunta é: verdade, justiça e ética ainda são os pilares do jornalismo?

Yeda... Humor do amigo Eugênio Neves