sábado, 7 de janeiro de 2012

A bicicleta do garoto


Eu sempre faço isso quando vou ao cinema. Hoje, estava decidido a ver as estrepolias das prostitutas do borbel L'Apollonde, em exibição no Guion, aqui ao lado de casa. Cheguei mais cedo e mudei de filme. Fui motivado pelos comentários em torno da obra francesa "O Garoto da Bicicleta", drama que envolve um menino órfão que busca o pai e, mesmo o encontrando, não é reconhecido. Acaba sendo "adotado" por um cabelereira, mas sofre as inconstâncias de uma vida sem pai. O filme é triste e provoca dor do início ao fim, mas transmite uma grande mensagem. Na próxima semana, vou ver os "Amores da Casa de Tolerância", que revela o dia a dia das gurias em um cabaré francês no início do século 20. Ainda bem que o Guion nos oferece múltiplas opções.

Pensar

Acordei pensando do mesmo jeito que ontem dormi. São temas diferentes, mas o fato é que pensamos muito. Tudo porque lemos, conversamos, dialogamos e debatemos o dia todo. Fui dormir abraçado no livro "A Privataria Tucana", que li até os olhos começarem a fechar. Antes de cair em sono profundo pensei em muitas coisas que as 125 páginas lidas em duas horas me jogaram na cara. Falcatruas.
Ao acordar, feito robô, peguei os jornais colocados na madrugada embaixo de minha porta. Folhei, de cabo a rabo, antes do café. E pensei nos aposentados com reajuste menor do que a inflação, na festa dos torcedores da dupla Gre-Nal na Serra gaúcha, no guri que foi para a Rússia estudar medicina e morreu em um lago congelado. Sacanagem.
Mais: pensei na economia, na política, na vida dos outros. Ou seja, pensei antes de ler todo conteúdo. E faço isso com algumas décadas de vida nas costas. É algo que não fazia quando brotava a juventude e tampouco fazem os nossos jovens. Ah, como é boa a maturidade, a idade do pensar. Pois agora estou pensando em acabar este texto para não encher a cabeça de amigos que acordam e têm a coragem de lê-lo.