domingo, 23 de setembro de 2012

Vencendo o Bahia e o vento gelado


O vento gelado que vinha do Guaíba foi compensado com a vitória quente do Inter no Beira-Rio. Não foi uma atuação de luxo, mas mostrou um colorado comprometido desde o início, sob a batuta do garoto Fred, que fez o primeiro gol. Forlán (de cabeça) e Damião (golaço de fora da área) completaram. Lamento o gol sofrido no final, mostrando uma deficiência crônica do Inter. Agora, vamos em busca de seis pontos fora de casa. Vamos, Inter.

Necessário debate sobre o Jornalismo

O jornalismo e a reportagem estão mortos? Esta foi a pergunta que marcou o debate “Tempo de reportagem e o papel do jornalismo”, ocorrido na última quinta-feira (20), no Barão de Itararé, em São Paulo. Audálio Dantas, jornalista e escritor; Ricardo Kotscho, jornalista da TV Record e autor do blog Balaio do Kotscho; e Natalia Vianna, da Agência Pública.

Por: Felipe Bianchi, no sítio do Barão de Itararé

Eles discutiram a influência da Internet, a crise da mídia tradicional e o esvaziamento político da profissão no Brasil.Na opinião de Audálio Dantas, os veículos independentes exercem um papel fundamental no jornalismo atual. “ A mídia alternativa tem uma função parecida com a que veículos como Opinião, Movimento, entre outros, tinham durante a ditadura, ainda que estejamos em um período de democracia”, diz. No entanto, Dantas ressalta que a realidade democrática ainda não é a ideal: “Às vezes esquecemos que rádios comunitárias são discriminadas descaradamente, por exemplo. A sociedade tem que dispor de instrumentos para que trate de defender seus interesses, que é o direito à comunicação”.
Audálio Dantas, hoje aos 80 anos e membro do Conselho Consultivo do Barão de Itararé, presidiu o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo durante a ditadura militar e também foi deputado federal. “Havia uma luta cerrada, pela qual dediquei meio mandato parlamentar meu, contra a concessão de canais de televisão e rádio a parlamentares ou seus laranjas. São concessões públicas, de propriedade do Estado, usadas indevidamente não só por políticos e seus interesses paroquiais, mas também usadas indevidamente por grandes grupos de comunicação”.
Ricardo Kotscho, que também exerceu a profissão de jornalista sob a vigilância dos censores da ditadura militar, afirma: “Se a reportagem está morrendo eu não sei, mas nós continuamos vivos, porque nos fazemos esta pergunta a mais de 30 anos”. O jornalista destaca a importância da questão do controle da informação pelos donos de grandes veículos no Brasil, afirmando que “o tema é fundamental para a democracia no país. No entanto, Kotscho dispara contra a apatia que aflige as redações nos dias de hoje.
“Apesar de vivermos em um período democrático, eu acho que o controle da informação é maior hoje do que no tempo da censura. Quando eu trabalhava em uma grande redação, durante a ditadura, nós, jovens repórteres, tínhamos plena autonomia para elaborarmos pautas, escrever e editar. Hoje, não há liberdade de pauta, nem liberdade para escrever ou editar. Essa é a grande contradição que eu vejo no jornalismo atualmente”, diz.
Além de elogiar a carreira de Audálio Dantas e seu livro Tempo de reportagem – lançado oficialmente durante o debate –, Kotscho destacou que já não vemos muito mais reportagens como as feitas por Dantas. Ele lembra que a classe jornalística tem sua parcela de culpa: “Quando os censores saíram das redações, parece que os jornalistas deixaram de lutar e de enfrentar a situação. Tem que haver luta nas redações, que não pode se esvaziar”.
O jornalismo após a Internet
Parte de uma nova geração de jornalistas, Natalia Viana garante que a crise é da indústria da comunicação e não do jornalismo. “Nunca estive em uma grande redação, mas ao longo de 12 anos consegui fazer reportagens que tiveram repercussão e foram consideradas boas por muita gente. Por que isso? Porque o mercado está em uma crise profunda, em grande parte alavancada pela Internet”, diz.
De acordo com ela, vivemos um momento de renovação do jornalismo: “A indústria está em crise eu não tenho a menor dó dela. Isto possibilidade outras formas de se fazer jornalismo crítico. A morte da mídia tradicional e dos jornais impressos não significam a morte do jornalismo, pelo contrário”. Em sua avaliação, devemos buscar novas formas de fazer, organizar, experimentar, financiar e difundir a reportagem. “É isso que fazemos na Agência Pública e que vem pipocando no Brasil e no mundo”, diz.
O problema, para ela, é que os grandes veículos não querem abrir mão de seu poder, mas o caso Pinheirinho, diz, é um exemplo de como o cenário mudou. “A mídia alternativa vem sendo referência do que é informação, como no caso do Pinheirinho. O caso marcou um momento importante para o jornalismo. Já houveram muitas desocupações violentas como a do Pinheirinho, mas isso nunca havia chegado no Jornal Nacional e nas capas do Estadão e da Folha. A cobertura consistente dos veículos independentes e de cidadãos que estavam no local forçou que o assunto não fosse ignorado”.
Democratização da comunicação
Audálio Dantas aproveitou a ocasião para falar sobre a importância da criação de um novo marco regulatório para as comunicações. Ele apontou a grande concentração dos meios de comunicação como um dos maiores problemas para a democracia brasileira. “Sempre houve uma oposição muito grande dos donos dos meios de comunicação em relação a este tema, que é um dos principais problemas que cerceia a liberdade de expressão no país. Essa concentração provoca a defesa de interesses de grupos e não do interesse público”, diz.
O jornalista também critica a apropriação da bandeira da liberdade expressão pelos grandes conglomerados do setor: “A liberdade de imprensa é um escudo que os empresários usam toda vez que se ameaça o enorme poder dos grandes veículos. Na verdade, deviam chamar liberdade de empresa”.
Kotscho endossou a necessidade de democratizar a comunicação, ressaltando a partidarização da grande mídia brasileira. “A liberdade de imprensa é um negócio para meia dúzia de famílias que controlam veículos de comunicação e, pior que isso, estes meios transformaram-se em verdadeiros partidos”.
Audálio lança livro
Audálio Dantas, cujas reportagens já receberam diversos prêmios ao longo de sua carreira, aproveitou a ocasião para lançar oficialmente seu livro Tempo de reportagem (Editora LeYa). A obra compila diversas reportagens escritas pelo jornalista, incluindo matérias que ainda não haviam sido publicadas em livros anteriores. Além da íntegra das reportagens, Dantas conta a história de cada uma das matérias – como foi feita, quais eram as expectativas sobre os acontecimentos e os resultados da publicação.

Dias

Um dia
Dia outro
Nenhum dia
Encanto
Paixão
Desencanto

Nenhum dia

Dia outro
Um dia
Desencanto
Paíxão

Encanto

Ame

Ame
m
e

muito
u
i
t
o

sem
e
m

limite
i
m
i
t
e

Longe

Estavas longe quando mais perto cheguei.

Não houve amor

Minha letra, quem diria, um dia te encantou.
Minhas ideias, pense bem, te abriram a boca.
Meus olhos, veja só, sempre te perturbaram.
Meu coração, por ti pulsando, não foi escutado.
Houve encanto, admiração. Só não houve amor.

Meu olhar

Pensas que te esqueci,
que te atirei num canto.
Entenda que meu recuo,
sem sentido no infinito
do teu pensamento só,
ganhará recanto em nó.
Terá que acontecer lá,
somente lá, no lugar
onde um dia te encantei
com um canto sem verso,

sem rima e embalo.
Mas terno pelo olhar
meu nos olhos teus.