terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O sonho, a máscara e a mata

                                  Numa noite destas, sonhei que descia um desfiladeiro acompanhado de uma pessoa que nunca descobri quem era. Comumente, sonho é assim: a máscara se sobrepõe ao rosto. Mas o fato é que descíamos agarrados em tênues galhos de arbustos. Não sabíamos para onde íamos, mas temíamos cair, despencar lá embaixo. Acordei antes de colocarmos os pés no chão. Ainda bem. Ou não?
                                  Agora, estou frente à mata que tanto me cativa e tem feito minha rotina desde que perdi o medo de cobra. Mas ainda levo o meu cajado – pedaço de pau – como precaução. Não mato, pois aquele é seu habitat. Mas afugento quando vejo uma peçonhenta (muitas vezes não é). O ingresso entre arbustos e árvores frondosos é a entrada no paraíso. As folhas ainda estão úmidas e sinto as finas gotas do orvalho pingando no meu rosto. Varam meu corpo e se acomodam em minha alma.
                                  Seguir trilhas produz um imenso prazer, difícil de descrever. Olho à frente e admiro cada espécie. Cada uma mais bonita que a outra. Quisera descobrir os nomes para guardar num pote e um dia plantar minha floresta. Não será grande, mas suficiente para caminhar, dar voltas e, quem sabe, descer o desfiladeiro do sonho. Mais: descobrir quem me acompanhava naquela jornada. Agora, sem máscara.