domingo, 30 de novembro de 2008

Que tristeza, tricolores!

Gremistas, jovens, universitários e integrantes das classes média e alta. Este é o perfil dos três torcedores presos e dos seis não encontrados ou foragidos por causa da briga entre torcidas do Grêmio Football Porto-Alegrense no dia 16 de novembro. Tiros feriram torcedores, e a causa é o racismo. Nenhum é pobre e morador da periferia. Por isso, isso cheira impunidade.
Os gremistas que incendiaram banheiros no Beira-Rio também tinham o mesmo perfil, foram presos e responderam a processo. Mas foram inocentados na Justiça. Enquanto houver impunidade, este tipo de atitude prosperará.
Que tristeza, gremistas! Neste momento, as atenções deveriam ser exclusivas para o campo do futebol. Estão também no campo policial.

Ajudem os catarinenses

Poucas vezes se viu um fenômeno igual ao que estão enfrentando os catarineses. Lamento as mortes - mais de cem - e me solidarizo com seus familiasres. Mas milhares de pessoas estão desabrigados, perderam casas, móveis, roupas e estão sem comida. Temos obrigação de ajudá-los. Existem diversas formas. Abaixo, enumero algumas delas:

Depósitos na conta
Banco do Brasil - Agência 3582-3 –
Conta corrente:80 000-7

DEFESA CIVIL - SC - DOAÇÕES

Os recursos depositados nesta conta serão fiscalizados normalmente pelo TCE

CONSULTE A DEFESA CIVIL DE SEU ESTADO E VERIFIQUE SE ESTÁ HAVENDO COLETA DE DOAÇÕES
CASO NÃO HAJA COLETA ORGANIZADA - ENCAMINHE ATRAVÉS DA AGÊNCIA DO CORREIO MAIS PRÓXIMA
ENDEREÇADA À " DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA "

MATERIAIS MAIS URGENTES:

HIGIENE PESSOAL : fraldas descartáveis - absorventes femininos - xampu - pasta e escôva de dente, papel higiênico, sabonete

MATERIAL DE LIMPEZA: água sanitária, cloro, vassoura, desinfetantes, baldes e outros materiais

ALIMENTOS: leite em pó, biscoitos doces tipo maria, barra de cereais, leite em caixa, mel, achocolatados, café solúvel, água de coco, amendoim torrado, castanha do pará, chocolate meio amargo, frutas sêcas, milho em conserva e outros alimentos que possam ser consumidos imediatamente, em face da inoperância das cozinhas

ROUPAS DE CAMA: devem estar em bom estado de conservação, limpas e prontas para o uso. Cobertores, lençóis, fronhas e travesseiros.

ROUPAS E CALÇADOS: roupas limpas, inteiras e em condição de uso imediato. Os calçados devem estar amarrados (o par) e a numeração escrita à caneta.


SPORT CLUB INTERNACIONAL: o torcedor que for assistir neste domingo ao jogo contra o Cruzeiro pelo Bampeonato Brasileiro poderá contribuir com as vítimas da enchente em Santa Catarina. Os colorados estão convocados para levar donativos que serão recolhidos nos portões de acesso ao estádio e repassados para a Defesa Civil.

Mais: o torcedor que levar cinco quilos de alimentos não-perecíveis terá acesso livre ao jogo.

No jogo contra o Estudiantes, na quarta-feira,na decisão da Copa Sul-Americana, o clube pede novamente a participação dos torcedores. Postos de coleta serão colocados nos portões e na Central de Atendimento ao Sócio (CAS).

SC: trajetória da imprevidência


A noite de 22 de novembro de 2008 foi o início do pesadelo para milhares de catarinenses. A chuva foi seguida de enchente, desbarrancamentos, destruição e morte. A calamidade foi anunciada como um ocaso incontrolável. O evento climático imprevisível. Contudo, é difícil ficar indiferente, ou sem pensar que o pior poderia ter sido evitado.

As Áreas de Preservação Permanente (APP) criadas pela Lei nº 4.771 em 1965 definiram as matas ciliares com 5 metros na margem dos rios, e incluem ainda a preservação de encostas íngremes e topos de morros. Depois da fatídica enchente de 1983, e da necessidade de proteger a biodiversidade, o Código Florestal foi revisto, e as Matas ciliares passaram a 30 metros no mínimo. Mas onde o Rio Itajaí-Açu deveria ter mata ciliar com 100 metros de largura, a lei municipal de Blumenau é mais branda: 33 metros a 45 metros. Em Treze Tílias, o Plano Diretor previu apenas 3 a 5 metros. As peculiaridades ambientais de Santa Catarina justificariam uma legislação própria.

Por isto, o Projeto de Lei Federal 3517/2008, do deputado José Carlos Vieira (DEM-SC), elimina a exigência de observar os limites do Código Florestal, autorizando os Municípios a flexibilizar os limites técnicos. O Projeto de Lei Estadual 238/2008, do Governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), institui o Código do Meio Ambiente de Santa Catarina, vai além, e propõem matas ciliares de 5m de largura - um disparate técnico e jurídico. Em outra frente, a CPI das ONGs, do Senador Colombo (DEM-SC) instigou caçadores de eco-chatos, principalmente aqueles que agem no CONAMA e no Ministério do Meio Ambiente.

Enquanto isto, a tríplice aliança impediu a criação de unidades de conservação federal, não conseguiu realizar o inventário florestal do Estado, nem promoveu pesquisas ambientais que dessem luz às propostas de mudança da Lei. E engavetou o projeto do ICMS Ecológico, do deputado Francisco de Assis (PT), que beneficiaria municípios que preservam mais o ambiente. Em Florianópolis autorizações ilegais alvo da Operação Moeda Verde. E Santa Catarina liderando o desmatamento no Brasil em 2007.
Vieram enchentes, arrasaram cidades, áreas rural, ceifaram vidas, e tornaram discutível a governabilidade ambiental local. Mas são uma triste oportunidade de tomarmos coragem para agir: fortalecer o controle social na gestão ambiental, valorizar profissões especializadas em meio ambiente, investir nos órgãos públicos e pagar por serviços ambientais.

Sem as Áreas de Preservação Permanente, mas principalmente, de uma política ambiental séria, a força da natureza será sempre um castigo aos incautos.

Do blog de Guilherme Floriani:
http://guilhermefloriani.blogspot.com/