sábado, 28 de fevereiro de 2009

Arrogância gremista continua

Nas ruas, nos bares e na mídia, a arrogância gremista se mantém firme. Apesar dos últimos resultados em Gre-Nais - todos desfavoráveis para o Porto-Alegrense - o grito geral é de que "eles" vão ganhar fácil o clássico de amanhã. Não aprendem a lição, e insinuam que o time deles é melhor. Não acho que o Inter está jogando bem, mas o Gre-Nal é a nossa casa e a torcida pesa muito. Acredito na vitória, mas não estufo o peito dizendo que sou melhor, mais encorcopado, com melhor atributo tático, etc. Esperarei o fim do jogo.

Montevideo, a pequena grande metrópole








No Carnaval, estive em Montevideu com meu filho Marco. Foi uma viagem escolhida por ele - apreciador de outras culturas -, mas eu também aproveitei muito. Fomos em uma excursão terrestre que incluiu ainda Punta del Este e Chuy. Este foi o nosso trunfo. Em outras ocasiões, estive no Uruguay a trabalho e sempre via aérea. Agora, pude conhecer melhor a capital uruguaia e constatei que ela é uma Buenos Aires menor, com cara de capital e estilo de interior. Começamos por um tour pelo centro da cidade e pela sua parte antiga e histórica.
É uma bela cidade, com construções antigas que se espalham por toda a sua extensão. A guia avisou que Montevideo é a cidade com a melhor qualidade de vida na América Latina e a mais arborizada. A primeira parte necessita de comprovação posterior, a segunda eu conferi in loco. É muito verde por todos os cantos. Pequena, Montevidéu concentra a maior parte de seus pontos turísticos próximos ao centro. Assim, os visitantes que se hospedam na região, que dista 24 quilômetros do aeroporto, podem curtir a maioria das atrações a pé ou em pequenos trajetos de táxi, que custam bem menos que no Brasil. No centro se localiza a Plaza Independencia, onde se encontra um dos maiores símbolos uruguaios, o Palacio Salvo, que durante décadas foi o prédio mais alto da América do Sul. Nela, está também o famoso Teatro Solis, em que há grandes apresentações de música erudita.
A praça é o limite para outro tradicional bairro de Montevideo, a Ciudad Vieja, onde se concentram galerias de arte e uma ampla zona comercial. A Puerta de la Ciudadela está em frente à praça mais importante da capital e, conseqüentemente, lugar escolhido para abrigar o monumento, em bronze, granito e cimento, que homenageia o prócer do país, o general José Gervasio Artigas (1764-1850), que liderou os primeiros movimentos de libertação desse território em relação ao domínio ibérico. O mausoléu onde repousam os restos do herói nacional se encontra no subsolo da praça e está aberto à visitação. Há, também, um ônibus antigo que faz o chamado Paseo Historico pelas ruas da cidade. Vale a pena visitar esta pequena metrópole. Nos próximos tópicos apresento mais razões para afirmar isso.

Estádio Centenário, um monumento histórico





Nunca tinha passado pelo Estádio Centenário, um monumento do futebol mundial. Desta vez, fiquei de frente para o majestoso. Mas tive azar porque fazia um tour quando passamos por lá e o Peñarol estava jogando uma partida do campeonato nacional. Deu uma vontade de ficar... No outro dia, voltamos lá, mas era domingo e o museu do futebol estava fechado. Então, só pude tirar fotos externas deste monumento histórico, oficializado pela Fifa. O estádio para 70 mil pessoas foi o primeiro do mundo desenhado especialmente para um campeonato de futebol. Concluído em 1930, recebeu o nome de Centenário por conta da data de sua inauguração, 18 de julho, feriado uruguaio em que se recorda o juramento da Constituição do país, que então completava cem anos. Ali se realizou a primeira Copa do Mundo, em que o Uruguai fois campeão. Está localizado no Parque Battle, onde existem belas praças para outros esportes.

As praias do rio que parece mar




Chama-se La Rambla a avenida costeira em Montevideo, que tem praias de ponta a ponta. Com 18 quilômetros de extensão, tem de um lado o Rio de La Plata e, no outro, a cidade. Suas praias não poluídas dão um toque especial para os turistas, que observam o rio como se fosse o mar. É possível caminhar, pedalar ou simplesmente respirar o ar puro pelas calçadas, todas elas sem interrupção. Assistir ao pôr-do-sol na rambla é imperdível.
Existem várias prainhas, mas a que mais me agradou foi a de Pocitos, no bairro do mesmo nome. Tem bom espaço para prática de esportes, a areia é branca e recebe tanto os moradores locais quanto os turistas. A Praia Buceo permite a prática do windsurfe e é vizinha Museu Oceanográfico de Montevideo (antigo cabaré). A Praia de Punta Carretas é próxima do Centro e abriga um charmoso centro de compras. De uma antiga prisão com muros grossos e fama de inexpugnável, foi erguido hoje um shopping center muito visitado pelos turistas. As praias de Malvin e de Carrasco ficam mais distantes, mas são igualmente lindas e com bela visão da orla. Percorrendo a La Rambla pode-se ver o Hotel Casino Carrasco, sede do Mercosul, e mais adiante a Ponte das Américas.

Mercado del Puerto, o pólo gastronômico da capital






O endereço da boa culinária uruguaia é conhecido de todos os brasileiros que já foram à Montevideo. O Mercado del Puerto, situado na Cidade Vieja (parte velha) da capital é uma sedução para carnívoros como eu. Ali é possível encontrar todos os cortes de carne, dependendo da fome. Meu prato favorito e de 99% dos clientes que vão ao local é a parrillada completa (morcella, molleja, riñones, chincholines, salsicha parrillera, costela e miúdos bovinos) assada na lenha. Tem gente que prefere o delicioso entrecot (contra-filé para nós) ou pescados (paella é uma opção).
O acompanhamento fica a critério do cliente, que pode escolher batatas fritas, saladas e pães (servidos como entrada e cobrados mesmo que ninguém mexa neles). Mas é impossível não pegá-los e comê-los com manteiga. Ah, não dá para esquecer das cervejas - Patrícia, Pilsen e outras. Ou o "medio y medio", drinque à base de vinho, regalo oferecido antes das refeições. Conforme a tradição, um cantor circula entre as mesas e abre o gogó com repertório local. E ali fica até receber a gorjeta.
Para quem não sabe, o Mercado del Puerto foi construído entre 1865 e 1869 para servir de estação de trem, como indica um relógio no seu interior e balada a cada meia hora. Agora, é um pólo gastronômico da capital uruguaia.
Detalhe importante: ali, colorados e gremistas confraternizam e discutem futebol com civilidade.

El Milongón, a mescla de três estilos culturais







Uma visita obrigatória para quem vai a Montevideo é uma visita à casa de espetáculos El Milongón, que reúne tango, milonga, danças folclóricas e camdomble (música e dança típica dos negros uruguaios). O turista pode jantar e assistir ao show de duas horas, ou optar apenas pelo último. O tango, exibido por meio da interpretação musical de artistas locais ou pela dança de casais, é imperdível. Também a música típica, semelhante a dos gaúchos, é bastante apreciada. Violão, tambores, boleadeiras e a pilcha fazem parte do espetáculo. O camdomble é quase um carnaval, com muito batuque, cores, adereços, mulatas e a interpretação de um típico negro uruguaio. Parece um embrião do samba. Vale a pena.

Punta del Este, que já foi dos indígenas e dos pescadores, agora é dos famosos. Mas continua linda...







É impossível ficar indiferente à observação do guia na chegada a Punta del Este, que chama a atenção pela beleza natural e pela sofisticada arquitetura. Diz ele que o local já foi reduto de indígenas, colônia de pescadores e agora é estação de verão de famosos do mundo inteiror. Distante 134 quilômetros de Montevidéu, localizada numa península que avança entre as águas do Rio da Prata e do Oceano Atlântico, no extremo sul do Uruguai, Punta tem uma diversidade de cenários e de atrações que deslumbra todo visitante. São quilômetros de praias, bosques de eucaliptos e pinheiros e,especialmente, belas mansões e hotéis luxuosos. Por quatro meses (de dezembro a março), vira cosmopolita. De uma população local de 10 mil habitantes, salta para mais de 300 mil. É o momento em que o balneário ferve. Cassinos de luxo, desfiles de moda, campeonatos esportivos e intensa programação cultural transformam Punta numa interminável festa que vai além da dobradinha sol e praia.
No porto, já é possível ver a exuberância: milhares de barcos de tiversos tamanhos e preços formam um belo cenário. Nada que espante os lobos marinhos que chegam perto dos pescadores - ávidos por um peixe - e do turistas. Na praia, dá para posar para fotos ao lado de esculturas como a de sereais ou da tradicional mão de pedra emergindo da areia.
Uma das edificações que chamam a atenção é o Hotel Conrad, com 302 quartos, todos com vista para a praia Mansa. Tem quatro restaurantes, cassino -liberado no país - e spa com cinco tipos de massagens, jacuzzi, sauna e piscina aquecida.
O Conrad tem apartamentos de várias categorias, desde o quarto superior até a Suite Conrad, que mede 608 m2, onde já se hospedaram Shakira, Maradona e Fittipaldi. No dia em que estivemos lá, estavam esperando Julias Iglesias. E já anunciavam Liza Minelli.

O fascínio da Casapueblo





A fascinante Casapueblo, em Punta Ballena, foi criada e modelada pelas próprias mãos do artista plástico uruguaio Carlos Paez Villaró, premiado no mundo inteiro. Ele mora lá e seu ateliê fica na parte mais alta da casa, que tem ainda um restaurante e um hotel. A obra arquitetônica é nada convencional e está há 15 quilômetros do centro de Punta del Começou a ser construída em 1958, a partir de um cômodo feito de latas. Mais tarde foi revestido com ripas de madeiras que vinham de navios naufragados. O guia que nos acompanhou disse que Villaron chegou pedir desculpas aos arquitetos pelo inusitado de sua obra.
Vilaró faz de tudo: tapeçaria, pintura em mural, cerâmica, arquitetura, pintura e escultura. A visita é liberada ao público, mediante o pagamento de um valor irrisório considerando-se a qualidade que o visitante usufruirá. Estive lá, quase me perdi e sai revigorado. Vale a pena!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ILHA



Djavan

Um facho de luz
Que a tudo seduz por aqui
Estrela brilhante reluz
Nesse instante sem fim
Um cheiro de amor
Espalhado no ar a me entorpecer
Quisera viesse do mar
E não de você

Um raio que inunda de brilho
Uma noite perdida
Um estado de coisas tão puras
Que move uma vida

Um verde profundo no olhar
A me endoidecer
Quisera estivesse no mar
E não em você

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

Um cheiro de amor
Espalhado no ar a me entorpecer
Quisera viesse do mar
E não de você

Um raio que inunda de brilho
Uma noite perdida
Um estado de coisas tão puras
Que move uma vida

Um verde profundo no olhar
A me endoidecer
Quisera estivesse no mar
E não em você

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui
Porque seu coração é uma ilha
A centenas de milhas daqui

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Observatório sensato

A sensatez que faltou à mídia brasileira no caso da Brasileira Paula Oliveira - supostamente agredida por nazistas na Suiça - está sobrando aos colunistas do Observatório da Imprensa. Em seus artigos, os colegas lembram que questões básicas do jornalismo, como usar o adjetivo suposta ao episódio da agressão, foram esquecidas. E também lembram que ninguém se preocupou em checar as informações, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Oportunamente, o Observatório dá oportunidade para que seus leitores avaliem o comportamento da mídia no caso. A pergunta e as opções são?


Como avalia o comportamento da mídia
brasileira na cobertura do caso Paula Oliveira?

* Correto

* Apressado

Vá no site http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/
e responda. O resultado até o momento me deixa satisfeito. Ainda há luz nas redações.

Vergonha... Ou um susto?


Ano do Centenário, ano de grandes conquistas. Este é o principal apelo da direção e de torcedores do Internacional para o ano em que o glorioso clube do Beira-Rio completa 100 anos. De muita glória... E o clube parecia preparado para, efetivamente, fazer bonito ao longo de 2009. Lidera o Gauchão, de forma invicta, e já ganhou um Gre-Nal. Temos a maior folha de pagamento do Brasil, e muitos jogadores de seleção. Mais: já fomos de avião fretado ao interior gaúcho e agora, a direção, "investiu" R$ 150 mil em um voo exclusivo para viajar a Rondonópolis para enfrentar um time de quarta divisão, o União. Resultado: o time cuja folha total não se iguala ao salário de Nilmar (ou de Alex, de D´Alessandro, etc) ganhou o jogo.
Foi uma partida em que os milionários jogadores colorados pareciam estar de salto alto ou com o pés colados na grama. O cansaço não pode estar entre as justificativas (afinal, o voo fretado durou apenas duas horas até o Interior do Mato Grosso). Soberba? Amontamento de craques no meio de campo e da área? Preciosismo nos arremates? Pode ser tudo isso e muito mais...
É preciso avaliar as causas do fracasso e tirar lições. Não se faz um time vencedor apenas com grandes craques. A história mostra inúmeros casos. Que o fraco time do União, que não resistirá no Beira-Rio, tenha nos ajudado a refletir. Não dá para ficar achando justificativas senão aquelas que estão dentro de campo. Direção, treinador e jogadores devem assumir suas responsabilidades para que o ano seja efetivamente de festa e não de tristeza. Fora a maldição do centenário.
Foi vergonhoso, mas que tenha sido também um susto!
Que a imagem de Alexandre Lops (acima), da assessoria do Inter, sirva de lição. A torcida colorada é muito grande em todo o Brasil e não merece ficar triste como ficou ontem.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Diploma de Jornalismo: operações Carnaval e Volta às Aulas

Na expectativa do julgamento do recurso que questiona a exigência do diploma como requisito para o exercício do Jornalismo no Supremo Tribunal Federal, a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma prepara a 'Operação Volta às Aulas'. Entre as orientações aos integrantes do movimento, prossegue a de sensibilização da sociedade também no período de Carnaval.

A ampliação do debate na sociedade acerca da importância da exigência do diploma para qualificar o exercício do Jornalismo é preocupação constante da Coordenação Nacional da Campanha. “Com a iminência da votação no STF é fundamental que continuemos promovendo atividades para divulgar nosso movimento e buscar mais apoios, agora especialmente nas escolas, pois estamos em período de volta às aulas”, destaca Valci Zuculoto, diretora da Federação Nacional dos Jornalistas e integrante da Coordenação.

Valci relembra que uma das orientações é de que os apoiadores da campanha busquem contato com os diretores e coordenadores dos Cursos de Comunicação/Jornalismo, como também com as entidades representativas dos estudantes, para realizarem promoções conjuntas como palestras, debates e aulas inaugurais neste início de ano letivo. Para fortalecer o movimento estão sendo produzidas novas peças da campanha que começarão a ser distribuídas nas próximas semanas.

As ações de sensibilização social para a importância da manutenção do diploma como requisito para o exercício da profissão devem incluir, também, o calendário carnavalesco. “Em estados como os do Amazonas, Ceará e Alagoas, os blocos de jornalistas que participaram de eventos de pré-carnaval aliaram a campanha em defesa do diploma ao clima de descontração do Carnaval. Isto também deve ser feito em outros estados nos próximos dias”, diz a diretora.

Continuar promovendo lançamentos e debates sobre a obra 'Formação Superior em Jornalismo - Uma exigência que interessa à sociedade', colocá-la para venda na internet e em livrarias, estimular a postagem de apoios no site da Fenaj e o envio de mensagens aos ministros do STF são, também, ações recomendadas pela Coordenação da campanha. Para acessar peças do movimento, clique aqui.

A Executiva da Fenaj e a Coordenação Nacional da Campanha preparam a organização de manifestações e Dias Nacionais de Luta. O calendário será divulgado em breve.

Fonte: Fenaj

Venezuela: é sempre bom lembrar

Antes que o cartel da mídia aponte os seus canhões para a vitória de Chávez, acho bom adiantarmos alguns argumentos sobre o que foi decidido neste referendo.
Se puder, leia em espanhol o texto "Lo que debe saber sobre el referéndum venezolano y no le explicarán los medios de comunicación", no site da TeleSur.
Faço aqui um pequeno resumo do que me pareceu mais relevante:

1) Com que base legal está baseado o referendo?
A convocação está prevista e baseada na constituição venezuelana em seu capítulo I do Título IX, referente a emendas e reformas constitucionais. Para tal exige o pedido em assinatura de 15% dos cidadãos e de 30% da Assembléia Nacional, com a aprovação da maioria da Assembléia. 6 milhões de venezuelanos e 88% da Assembléia deram sua assinatura, depois aprovada por 92,% dos parlamentares.

2) Mas não se votou a mesma coisa em dezembro de 2007 e a mudança foi rejeitada?
A proposta anterior estava baseada em outro ponto da constituição. Afetava 69 artigos, incluindo a reeleição presidencial, era muito mais ampla.

3) Mas não é ilógico fazer uma nova consulta sobre um ponto que já foi derrotado?
São duas iniciativas de consulta popular diferentes, das tantas que permitem a constituição venezuelana, e não são incompatíveis. E a direita venezuelana não considerou ilógico em 2004 fazer um referendo revogatório para decidir sobre o mandato do presidente, mesmo ele tendo sido eleito dois anos antes.

4) Mas muitos analistas na mídia dizem que o referendo transforma a Venezuela em uma ditadura...
A aprovação da emenda apenas garante que todo cidadão pode ser eleito para qualquer cargo, independente de já tê-lo exercido anteriormente. Vale lembrar que a reeleição sem limitações é norma em 17 dos 27 países que integram a União Européia. Como exemplos temos Tage Fritiof, primeiro-ministro da Suécia por 23 anos seguidos, Helmut Kohl, chanceler da Alemanha durante 16 anos seguidos e Felipe González,presidente do governo espanhol por 14 anos sem interrupção.

E acrescento, para finalizar, que poucos países têm um processo democrático como o da Venezuela, onde a população é consultada com tanta freqüência. Se a mídia quiser bombardear este exemplo, mandem ela cuidar antes de seu quintal. Lembrem sempre que Rosni Mubarack e o rei Abdallah são dois ditadores sanguinários no Egito e na Arábia Saudita, mantendo calados seus cidadãos com a cumplicidade dos EUA e o silêncio da mídia internacional.

Irmã Dorothy: quatro anos de impunidade


Quatro anos depois da morte da Irmã Dorothy Stang, que trabalhava com pequenos agricultores na região de Anapu, no Pará, nenhum dos acusados de serem mandantes do crime foram punidos. O fazendeiro Vitalmiro Moura foi inocentado em um segundo julgamento, realizado em 2008, e Regivaldo Galvão, apontado pelo Ministério Público como responsável direto pelo assassinato da missionária americana, sequer foi julgado. Quis o destino, porém, que Galvão fosse preso no final do ano passado acusado de grilagem e tentativa de comercialização ilegal de terras públicas.

"Irmã Dorothy morreu defendendo os assentamentos de Anapu, em terra pública, do governo. O que me revolta mais, é que o próprio governo, até hoje, faz muito pouco para defender essas terras e as pessoas que vivem ali", afirma o padre Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O trabalho que Dorothy Stang vinha realizando na região também está ameaçado de desaparecer. Seu plano de transformar uma área de cerca de 200 mil hectares em Anapu em modelo de exploração sustentável por pequenos agricultores está paralisado e as terras foram invadidas por fazendeiros e madeireiros.

O Greenpeace tem feito sua parte para manter viva a memória de Irmã Dorothy e sua luta pela atividade sustentável na floresta. Em Belém, durante passagem do navio Arctic Sunrise pela cidade como parte da expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, foi exibido o documentário "Eles Mataram Irmã Dorothy", do diretor Daniel Junge, em auditório do cinema da Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), durante o Fórum Social Mundial, e também em praça pública, na Estação das Docas da capital paraense.

"Os advogados de defesa dos acusados do crime, que tanto chocam as pessoas que vêem o filme, são apenas atores fazendo o seu trabalho. Mas se este filme não alavancar o debate sobre o sistema judicial e a certeza de impunidade que permeia a nossa sociedade atual, eu terei prestado um desserviço à sociedade", disse Daniel Junge, o diretor do filme.

Fonte: Greenpeace

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lição - mal - aprendida em casa

Uma cena grotesca surgiu na minha frente ontem, causando tristeza e revolta. Um menino, com cerca de nove anos, caminhava acelerado, levando o chinelo em uma das mãos. Estranhei a cena. Alguns segundos depois descobri as razões de sua atitude. O guri mirou e acertou em cheio um pássaro que comia um alimento na calçada. Saltaram penas para todos os lados, e a ave nem piou. Ficou inerte no chão até que o seu algoz a pegou e gritou para um amigo postado no outro lado da rua: "Acertei, acertei..." E olhava sua presa com prazer. Eu e outras pessoas protestamos. Perguntamos se aquela era a educação que ele recebera em casa, se sabia que era crime maltratar animais. Ele não se importou, riu de "felicidade", seguiu adiante e jogou o pássaro morto junto a uma árvore. Como se atira um saco de lixo.
Descobri alguns passos adiante que ele estava trabalhando. Sim, um menino com sua idade distribuia panfletos de propaganda nas caixas de correspondência. Não aguentei e novamente o questionei: "Tu sabes que criança não deve trabalhar? Para quem tu estás fazendo isso?" Auxiliado pelo colega, dirigiu uma série de palavrões para mim, antes de dizer: "Vou chamar o meu patrão"! Quis me intimidar. Fiquei triste porque estava diante de uma criança que parecia desconhecer os limites entre o certo e o errado e certamente cometerá infrações maiores quando tiver mais idade. Mas onde estão os pais? Não estão!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"CFJ não tem nada a ver com censura e os traumas da ditadura", diz diretor da FENAJ

Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA

No ano de 2009, a categoria dos jornalistas se prepara para enfrentar questões delicadas como a luta pela obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, bem como a discussão da necessidade de um Conselho de Imprensa que divide os profissionais do setor. Uns veem a iniciativa como necessária. Outros, associam qualquer tipo de controle aos órgãos de imprensa com os anos de chumbo da ditadura. José Carlos Torves, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), discute estas questões e os caminhos do jornalismo brasileiro no ano de 2009. O diretor fala, ainda, das metas da instituição, reforma sindical e a elaboração de uma nova Lei de Imprensa.

Portal IMPRENSA - Quais as principais pautas de reivindicação da FENAJ para o ano de 2009?
José Carlos Torves -As principais pautas, continuam sendo a defesa do diploma para o exercício da profissão; a campanha pela Realização da Conferência Nacional de Comunicação; Conselho Federal dos Jornalistas (CFJ); uma Nova Lei de Imprensa; a revisão e fiscalização da qualidade do ensino do Jornalismo, através da Comissão instalada pelo MEC sob a coordenação do Prof. Marques de Melo; Luta contra a Precarização do trabalho do Jornalista; melhores salários e piso nacional para a categoria. Campanha contra o Assédio Moral dentro das redações e acompanhamento das transformações no trabalho dos jornalistas com as novas tecnologias e implantação do sistema digital de rádio no Brasil.

Portal IMPRENSA - A instituição acredita que a luta pela obrigatoriedade do diploma ainda se arraste por muito tempo?
Torves - Acreditamos que essa decisão deverá acontecer no primeiro semestre de 2009.

IMPRENSA - Um conselho é viável num país tão traumatizado pela censura e pela ditadura?
Torves - Acreditamos na viabilidade do Conselho Federal dos Jornalistas, que não tem absolutamente nada a ver com censura e os traumas da ditadura. Isto foi uma falácia da grande mídia que enganou a sociedade brasileira. O Conselho tem por objetivo regular e fiscalizar a profissão a exemplo do que ocorre com centenas de outras categorias. Não queremos continuar sendo tutelados pelo Estado. O Conselho também terá a função de fiscalizar a ética no exercício da profissão, como ocorre com a OAB em relação aos advogados e com os Médicos pelo Conselho Nacional de Medicina e tantas outras categorias. Em 2008, tivemos a exemplo de anos anteriores, um clamor da sociedade contra situações que revoltaram a todos, apenas um exemplo para corroborar
essa demanda foi o "caso Eloá".

IMPRENSA - Como a FENAJ se posiciona em relação a uma nova Lei de imprensa? Quais pontos devem ser abordados nela?
Torves - Entendemos que a atual Lei de Imprensa editada no período da ditadura não corresponde mais a realidade brasileira, no entanto lutamos por uma nova lei de imprensa. Não concordamos com a posição de que melhor é lei nenhuma, como o que temos na comunicação, com leis arcaicas, com mais de 50 anos e vários artigos da constituição que até hoje não foram regulamentados. Há um projeto de uma nova lei de imprensa, do ex-deputado Vilmar Rocha, que dorme no Congresso há mais de dez anos e não caminhou por pressão dos empresários da comunicação.

IMPRENSA - Na sua opinião, a reforma sindical tende a fortalecer ou enfraquecer os sindicatos de Jornalistas?
Torves - Primeiramente, nos termos que esta posta uma reforma seria prejudicial. Os ajustes a que me refiro seria um período de carência para o fim do imposto sindical para que as entidades não quebrem e no projeto de lei ficasse bem claro de que forma seria o sustento das entidades, que tipo de taxa, forma de aprovação, imagino que seja assembléia da categoria, também deveria ficar claro se todos deveriam contribuir ou seria apenas os sócios do sindicato e se também apenas os sócios ou todos teriam direito as conquistas conseguidas pelo sindicato. De que forma se daria a independência dos sindicatos, hoje tutelada pelo Estado. A possibilidade de sindicatos se formarem por ramo, substituindo o modelo atual que é por categoria e por último estabelecer com clareza se sendo por ramo apenas um sindicato representa determinada base ou se pode se fragmentar chegando até a sindicatos por empresa. Enfim, são questões que ainda necessitam de debate e clareza. O fim do imposto sindical é apenas a ponta do iceberg. Nós somos pelo fim do imposto sindical, mas a categoria tem que ter a liberdade de escolher outra forma de sustentação do sindicato.

A miopia ideológica da imprensa

Luciano Martins Costa

O leitor de jornais vai precisar de muito mais do que informações para entender o noticiário de hoje sobre o pacote do governo americano contra a crise.

A primeira impressão que se tem, ao ler as manchetes dos principais diários, e não apenas os brasileiros, é de que o presidente Barack Obama já perdeu sua batalha pela recuperação econômica.

Observe-se, por exemplo, as manchetes da Folha de S.Paulo, "Bolsa reage mal a plano de Obama para bancos" e do Estado de S.Paulo, "Plano de Obama para resgate de bancos desanima mercados".

O Globo foi mais contido: "Vitorioso no Senado, Obama dá mais US$ 2 trilhões a bancos", diz a manchete.

O Estado e a Folha, refletindo o pessimismo de publicações internacionais predominantemente voltadas para o mundo financeiro, como o Financial Times, olham apenas a reação do mercado de ações.

O mesmo comportamento pode ser observado em nove entre dez colunistas estrelados do jornalismo nacional.

Bastaria prestar atenção a uma frase de Obama para deixar em segundo plano a reação do mercado e prestar atenção na economia real.

O que disse Obama? – "Acho que Wall Street ainda está na esperança de uma saída fácil, e não haverá saída fácil", foi o que declarou o novo presidente americano.

Para construir uma manchete de primeira página, é preciso observar o retrato inteiro daquilo que está sendo apresentado pelo noticiário.

E nossos jornais, com exceção do Globo, viram apenas o efeito do pacote de Obama no mercado de ações.

Ora, se o mercado de ações, transformado em cassino, é o ninho onde o ovo da crise foi aquecido, fica difícil entender por que grande parte da imprensa ainda lhe concede tamanha relevância.

A própria natureza da crise, apontando para os fatos de que as empresas não conseguem mais se financiar nas bolsas, e que o sistema de crédito, esgotado pelas perdas com a especulação, precisa da ajuda do Tesouro, deveria induzir os editores a prestar atenção aos outros atores do teatro econômico, para os quais é dirigida a maior parte das medidas definidas ontem pelo governo dos Estados Unidos.

Mas a maioria dos editores e os mais reluzentes colunistas só enxergam Wall Street e, no Brasil, a Bovespa.

Já não se trata mais de escolhas equivocadas.

É um caso grave de miopia ideológica.

Quem paga para ler?

Analistas se debruçam sobre a crise que afeta os jornais impressos nos últimos anos.

Entre outras coisas, discute-se a cobrança pelo acesso a conteúdo jornalístico na internet.

Mas por trás de tudo está a qualidade do conteúdo oferecido.

Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:

- A crise dos jornais impressos ainda não tem hora para terminar, mas já começam a se esboçar reações mais estruturadas para enfrentar o rojão. Se no Brasil ainda há alguma demanda reprimida, que faz o sucesso dos jornais populares de baixo preço, nos Estados Unidos a situação é dramática, para dizer o mínimo.

Um estudo da consultoria Deloitte prevê que o faturamento obtido em 2009 com os anúncios classificados – uma histórica e até então mais que segura fonte de receita dos jornais – deve cair 30% em relação ao ano passado, em termos mundiais. Esta tendência levará, muito em breve, à extinção desse tipo de publicidade no suporte impresso. Por que pagar por pequeno anúncio se ele pode ser veiculado gratuitamente na internet?

Na outra ponta, os grandes jornais começam a reavaliar a estratégia de oferecer conteúdo gratuito na rede. Segundo analistas como Walter Isaacson, ex-diretor de redação da revista Time, isso fazia sentido no começo da internet. Agora, com a crise, não mais. Os americanos, por exemplo – e sobretudo os jovens –, estão lendo cada vez mais notícias na web em detrimento da plataforma impressa. "Quem pode culpá-los?", pergunta Isaacson, conforme anotou a edição de ontem do jornal O Globo. Ele continua: "Até um velho viciado em jornais como eu deixou de assinar o New York Times, porque, se este não acha adequado cobrar por seu conteúdo, eu me sentiria um tolo pagando por ele". De fato, faz sentido.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mídia briga com a notícia

Alguns colegas da mídia teimam em brigar com a notícia. Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou estudo mostrando que a classe média continuou a crescer no Brasil apesar da crise econômica que assolou a economia mundial no segundo semestre do ano passado. No entanto, um jornal gaúcho abriu página com a seguinte manchete: "Terremoto internacional chega ao bolso da classe C". No caso, a classe média. E achou uma família que tinha migrado para a classe C e caiu novamente para a D com a demissão de um membro da família. Contraditoriamente, publica abaixo da notícia o gráfico da FGV, com o título "O avanço da classe média". Algumas páginas antes, ao chamar a notícia, tinha dito que "Classe C cresce em meio à crise financeira. Difícil entender os rumos escolhidos pelos editores do veículo.
O certo é que, entre agosto e dezembro, segundo a FGV, o número de pessoas consideradas de classe média subiu 3,7% no período, atingindo 53,8% da população. O estudo considera seis regiões metropolitanas - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife e Porto Alegre. Sim, a mesma capital gaúcha onde a família citada na matéria despencou de classe.
No método da fundação, é considerado um membro da classe C quem faz parte de uma família com renda mensal média entre R$ 1.115 e R$ 4.807. Faz parte da classe E a família com renda até R$ 804 e são classificados como classe D as que recebem entre R$ 804 e R$ 1.115.

Divisão

Ainda de acordo com o estudo, é considerado um membro da classe alta - ou AB - toda a pessoa que reside em um domicílio com renda total acima de R$ 4.807. De acordo com a instituição, este contingente de pessoas também cresceu entre agosto e dezembro do ano passado, atingindo 15,33% da população total das seis regiões metropolitanas pesquisadas. Desta forma, a divisão de classes, segundo o método da FGV, ficaria assim nas regiões pesquisadas: 53,81 (classe C), 15,33% (classes A e B), 13,18% (classe D) e 17,68% (classe E).

Mobilidade

De acordo com o estudo, que considera o período de 2002 a 2008, a mobilidade de classe foi maior em dois momentos: em 2004 e no ano passado - nos dois casos, o crescimento do PIB foi forte. Estima-se que a expansão do PIB brasileiro em 2008 ultrapasse a marca de 5%, embora a previsão para este ano esteja mais modesta, abaixo de 2%.
Em 2008, cerca de 40% da população que pertencia à classe E havia migrado em direção às classificações C e D, na comparação com os resultados de 2007. De acordo com a pesquisa da FGV, a mobilidade da classe E no ano de 2008 foi maior antes da crise (41,5%), caindo para 39,7% depois de seu início.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

BBB: programa sem cultura e que nada acrescenta

Bruno H.B. Rebouças

O Big Brother é um programa ultra-moderno, inventado no século 21. Se você concorda com essa afirmativa, esqueça. O Big Brother surgiu em 1948, com o mais famoso romance do escritor e jornalista George Orwell, 1984. Segundo Orwell, em 1984 os homens todos seriam vigiados por câmeras e todos os pensamentos escusos seriam punidos pelo IngSoc (o Partido). Todos viveriam em um continente intitulado de Oceania. Esse nome se dá devido à união de todos os oceanos, juntando assim os continentes em um só.
A transformação da realidade é o tema principal de 1984. Disfarçada de democracia, a Oceania vive um totalitarismo desde que o IngSoc chegou ao poder sob a batuta do onipresente Grande Irmão (Big Brother). O livro conta a história de Winston Smith, que é membro do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade."A função de Winston é reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. Nada muito diferente de um jornalista ou um historiador. Winston questiona a opressão que o Partido exercia nos cidadãos. Se alguém pensasse diferente, cometia crimidéia (crime de idéia, na novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era vaporizado. Desaparecia", analisa o Duplipensar, site de resumos de livro.

Uma frase justificável e atual

A semelhança com o Big Brother não é mera coincidência. O onipresente"grande irmão", que tudo vê, ouve e pune, seria o apresentador, outrora excelente, Pedro Bial. Logo, aqueles que não andam na regra, vacilam dentro da confortável casa da Globo, são evaporados, desaparecem. A votação, primeiro dentro da casa, depois pelo voto popular, não é apurada na frente dos telespectadores, é passível de manipulação, caso os"grandes irmãos" que controlam e dirigem o programa queiram.
Ainda seguindo o resumo da obra,"Winston Smith e todos os cidadãos sabiam que qualquer atitude suspeita poderia significar seu fim. E não apenas sair de um programa de TV com o bolso cheio de dinheiro, mas desaparecer de fato". Neste trecho, destaco a fama instantânea que um membro do Big Brother tem. A Globo, com todo seu egoísmo, mantém o participante com um contrato exclusivo de imagens, não podendo este ceder entrevistas a outros meios de comunicação. Quando todos os membros do programa Big Brother caem na ilegalidade, novamente a emissora dos Marinhos encerra os contratos daqueles, jogando-os no esquecimento geral. Ou como disse certa vez Brizola:"Mandando todos para a Sibéria do esquecimento."
"Algo estava errado, Winston não sabia como, mas sentia e precisava extravasar. Com quem seria seguro comentar sobre suas angústias? Não tendo respostas satisfatórias, Winston compra clandestinamente um bloco e um lápis (artigos de venda proibida adquiridos num antiquário). Para verbalizar seus sentimentos, Winston atualiza seu diário usando o canto `cego´ do apartamento. Desta forma, ele não recebia comentários nem era focalizado pela teletela de seu apartamento. Um membro do Partido (mesmo que externo como Winston) tinha de ter um teletela em casa, nem que fosse antiga. A primeira frase que Winston escreve é justificável e atual: Abaixo o Big Brother!"

Ração de chocolates

É incrível o sucesso que o programa Big Brother faz no mundo subdesenvolvido. No mundo onde especular, vigiar a vida alheia e julgar as atitudes dos outros é normal e corriqueiro. A grande verdade é que o programa, que é vendido no terceiro mundo através da produtora holandesa Endemol, só serve para manipular uma falsa realidade, assim como Orwell previu em 1948, inventando sem saber o tal programa. Um programa sem cultura e que não acrescenta absolutamente nada à vida de nenhum de nós. Satisfaz os desejos, apenas. Vê todas as gostosas de biquíni expondo seus corpos malhados e sãos, passando protetor sem descrição nenhuma, é excitante certas vezes. Homens de corpos sãos, malhados, deixam as meninas eufóricas. Mas o que isso muda na sua vida? Muda que você quer ser como eles. Muda que você vai preferir ser lindo e famoso, a ser respeitado e inteligente. A Globo e o formato do Big Brother só servem para entreter o grande público e fazer com que todos nós esqueçamos da realidade, de fome, falta de estrutura na saúde, desemprego e corrupção.
"A função de Winston é uma crítica à fabricação da verdade pela mídia e da ascensão e queda de ídolos de acordo com alguns interesses." Ou seja, na TV criada em 1964 para defender as idéias militares, a mesma TV que muitos amigos meus sonham em trabalhar, a Globo fabrica verdade e quem vai contra ela é acusado de mentir, pois a TV do plim-plim atinge 98% do país. A queda e a ascensão de um ídolo, seja ator ou cantor, depende do interesse dos dirigentes da Globo para tal.
No livro 1984, o Partido distribui ração de chocolates para a população, nada diferente da prova da comida que os participantes da casa do BBB são acometidos a fazer. No livro, os cidadãos agradecem ao Grande Irmão, assim como os integrantes do BBB fazem quando vencem a tal prova.

Não sorria. Chore

No livro, quem manda é o partido. No BBB, quem manda é o Bial, que seria a representação do totalitarismo, como sempre disfarçado de democracia. Câmeras espalhadas pela casa e microfones chamam os participantes, caso algo proibido seja realizado. Manipulação para acontecerem brigas são feitas. Quando a confusão se instala, o pessoal do"deixa-disso" é chamado no confessionário e qualquer desculpa é inventada para que lá fora os brigões garantam a audiência, o lucro para o programa.
"Dois mais dois são cinco se o partido quiser." Assim é o Big Brother. As realidades são inventadas; os romances, as provas. Tudo para você ver TV com pessoas reais. Essas mesmas pessoas são manipuladas e vivem sem razão por pelo menos três meses. As mulheres mais recatadas saem na primeira semana. As mais fogosas, gostosas, continuam por mais tempo. Quando saem da casa cheia de espelhos e câmeras dão lucro para revistas masculinas ou viram atrizes, sem muito talento e sucesso. Além de satisfazer os marmanjos obcecados por sexo que compram a revista para liberar seus hormônios presos. Há as exceções, mas considero todas farinha do mesmo saco. Fracas, vazias e sem um mínimo de conteúdo. Os que continuam na mídia, estão aí até o dia em que os interesses políticos e econômicos da TV Globo prevaleçam. Após isso, todos serão jogados no buraco da memória, ou na Sibéria do esquecimento.

Big Brother is watching... (Grande Irmão está assistindo...), disse George Orwell, um dos maiores escritores de todos os tempos. Pense nisso e lembre que você pode está sendo filmado. Se isso acontecer, não sorria. Chore.

"Abaixo o Big Brother."

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Desvendando Liv Ullmann


A Lu Vilella, da Livraria Bamboletras - a minha preferida em Porto Alegre - avisa que a casa já dispõe de um livro para lá de interessante. Trata-se da vida e obra da atriz Liv Ullmann, contada pela própria. Mutações é lançamento da Cosac e Naify e custa R$ 45. Abaixo, a sinopse do livro enviada pela Lu. Boa leitura.

"Um relato sincero e simples, mas com estilo literário refinado, Mutações é o livro que transformou a atriz norueguesa Liv Ullmann em um ícone feminino. Com posição de destaque entre as grandes atrizes do século XX, Liv relembra flashes de sua infância, seus primeiros momentos de atriz, amores e desamores, sua relação com o cineasta Ingmar Bergman, com quem foi casada.
Dedica a obra a sua filha Linn, sobre quem fala em diversas passagens, revelando suas preocupações de mãe. No dia em que foi lançado, em 1976, Mutações atingiu a vendagem de vinte mil exemplares só na Noruega."

Centenário do Inter na avenida do Carnaval


A escola Imperadores do Samba, de Porto Alegre, irá homenagear os 100 anos do Internacional no samba enredo que irá para a avenida no Carnaval de 2009. O enredo faz alusão aos 50 anos da Imperadores (fundada em 19 de janeiro de 1959) e ao centenário do clube colorado, por isso o título ‘150 Anos de História: vermelho e branco, uma só paixão’. Confira a letra do samba enredo:

150 ANOS DE HISTÓRIA
VERMELHO E BRANCO, UMA SÓ PAIXÃO
(Alessandro Antunes)

BATE MAIS FORTE O MEU CORAÇÃO
VERMELHO E BRANCO HOJE INVADE A CIDADE
SOU COLORADO, SOU IMPERADOR
NESSE MAR EU VOU, QUE FELICIDADE!

Oh, Terra Mãe
Do futebol, do carnaval, da fantasia
Na Terra Mãe
Um grande clube, Internacional nascia
De uma família surge um sonho a desbravar
De uma multidão concretizou
Batalhas e batalhas nos gramados
Brilhou, brilhou, brilhou...
Nos Eucaliptos, o palco da magia. Rao hilariante
Fazia o Rolo Compressor vibrar
Com a maior torcida do Rio Grande

PAPAI É O MAIOR, PAPAI QUE É O TAL
CANTA FORTE A GALERA, PULA SACI!
É DIA DE FESTA, DELÍRIO TOTAL
VAMO, VAMO INTER! FAZ O GIGANTE EXPLODIR

Feitos relevantes, senda de glórias, o vencedor
Colorado, celeiro de craques
O mundo conheceu o teu valor
E hoje o centenário se anuncia
Imperadores, vem te homenagear
A escola de bambas, resistência do samba
Orgulho da cultura popular
Vem "Povo Meu" comemorar
Que ainda resta um lugar na nossa escola
Desça da arquibancada e caia na folia
150 anos de alegria.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Os virtuosos


Eles - porto-alegrenses - tinham medo no início da partida. Diziam que os seus zaqueiros tinham que "matar" os corredores do Inter. Tentaram, fizeram faltas e o juiz não expulsou os faltosos. Mas, quase no final da partida, Taison e Nilmar mostram a força que têm. Ambos correram como nenhum gremista é capaz e construíram um gol maravilhoso. Tem mais pela frente!

Diploma: a luta continua


Com o fim do recesso no judiciário, o julgamento do Recurso Extraordinário RE 511961, que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma para o exercício da profissão, está no centro das lutas dos jornalistas brasileiros em 2009. Engajados no fortalecimento do movimento, a Executiva da FENAJ e a Coordenação Nacional da Campanha em Defesa do Diploma preparam novas peças, orientações e atividades.
Reunida em Brasília nos dias 24 e 25 de janeiro, a Executiva da FENAJ definiu novas ações e materiais para a Campanha. Compreendendo a defesa do diploma como instrumento necessário para a defesa do interesse público na comunicação, para a qualidade da informação, do Jornalismo e para a valorização da profissão, a Executiva da Federação deliberou que as peças a serem produzidas, como um folder e DVD para ampliar o diálogo com a sociedade, terão nova logomarca, identidade visual e que a campanha em defesa do diploma deve estar intimamente ligada com a campanha em defesa da criação do Conselho Federal dos Jornalistas (CFJ).
Já a Coordenação da Campanha, que se reuniu no dia 29 de janeiro, encaminhou novas orientações aos integrantes do movimento. Além de indicações já apontadas anteriormente, como a de dar visibilidade à defesa do diploma nas atividades de Carnaval e prosseguimento de eventos de lançamento do livro “Formação Superior em Jornalismo – Uma exigência que interessa à sociedade”, bem como de disponibilização do livro para venda na internet e livrarias, devem ser buscados novos apoios ao movimento.
A Coordenação da Campanha prepara um novo calendário de mobilização. A ideia é ligar a campanha em defesa do diploma com as datas importantes para o campo do Jornalismo, como 7 de abril (Dia do Jornalista), 3 de maio (Dia Mundial da Liberdade de Expressão) e com o calendário de eventos das entidades que integram o movimento. Outra proposta é realizar novo ato público em Brasília, em frente ao STF, ainda em março. E pretende-se, também, realizar um Dia Nacional de Mobilização a cada mês, com atividades nos estados, até o julgamento do recurso. Tal calendário de mobilização, no entanto, ainda precisa ser submetido à aprovação das instâncias do movimento.
Uma orientação já aprovada é a de que campanha em defesa do diploma entre em ritmo acelerado já na volta às aulas. O objetivo é estimular Sindicatos, professores, estudantes e escolas para que a campanha esteja presente em atividades como aulas inaugurais, palestras, lançamentos e debates sobre o livro “Formação Superior em Jornalismo – Uma exigência que interessa à sociedade” e montagem de banquinhas para distribuição de panfletos, adesivos e venda de materiais da campanha como camisetas e o livro.
Já está disponível no site da FENAJ - www.fenaj.org.br - o "Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da Formação em Jornalismo- Versão 2008". Sua atualização foi aprovada no XXXIII Congresso Nacional dos Jornalistas. O documento é instrumento essencial para a reflexão sobre o aprimoramento da formação pedagógico, seja técnica ou teórica, dos futuros jornalistas nas universidades brasileiras. A recomendação é que não só os professores dos cursos de jornalismo, mas também os profissionais que atuam nas redações analisem as discussões propostas pelo programa e ajudem a divulgá-las ou mesmo implementá-las.
O texto defende que os acadêmicos devem ter acesso a uma formação não só técnica, mas também teórica e cultural. Nos aspectos teóricos, sugere-se o estudo do processo histórico que gera os fatos contemporâneos, a compreensão sobre como se articula a mídia em suas diferentes vertentes e mesmo a relação da profissão com a ciência e a arte. Quanto à formação técnica, a ideia é que os estudantes conheçam profundamente as possibilidades de expressão em termos de linguagem de cada meio de comunicação e as interações possíveis, tenham contatos com noções de administração e possam criar os seus próprios produtos em várias mídias, democratizando o acesso à informação. O programa é mais um importante ponto de defesa do diploma de jornalismo como instrumento essencial para exercer a profissão.

De novo, Inter



Mais uma vitória em Gre-Nal para a coleção colorada. Ontem, em Erechim, o Internacional mostrou a sua superioridade, ganhando do Porto-Alegrense por 2 a 1. Foi uma vitória para não deixar dúvida sobre o melhor time do Estado. Do lado deles, ficaram o choro e a empáfia de sempre. Natural!
As fotos de Alexandre Lops, da Assessoria de Imprensa do Inter, exibem a sincronia entre os craques e a torcida colorada, que lotou o Colosso da Lagoa.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Discurso

Cecília Meireles

E aqui estou, cantando.
Um poeta é sempre irmão do vento e da água:deixa seu ritmo por onde passa.
Venho de longe e vou para longe:mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.
Também procurei no céu a indicação de uma trajetória, mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.
Pois aqui estou, cantando.
Se eu nem sei onde estou,como posso esperar que algum ouvido me escute?
Ah! Se eu nem sei quem sou,como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

A história de um clube centenário


O Sport Club Internacional acumula ao longo dos seus 100 anos de história muitas conquistas. Os títulos e as taças erguidas eternizam o espírito vitorioso do Colorado na sua gloriosa trajetória. Em diversos tempos, em diversas competições e com diferentes times, o Internacional nunca parou de conquistar títulos. Neste 2009, quando completa um século de glórias, disputará seis competições. A obrigação de clube e torcida é anexar mais taças as já existentes no Beira-Rio e que resultaram das conquistas listadas abaixo. Três dos maiores troféus foram fotografos conjuntamente (acima)

Os títulos pela categoria profissional:

1912 - Taça Independência
1913 - Campeão Metropolitano de Porto Alegre (primeiro título)
1913 a 1964 - Campeão da cidade de Porto Alegre (24 vezes de 1913 a 1964, e extra em 1972)
1927 - Campeão Gaúcho
1934 - Campeão Gaúcho
1940 - Campeão Gaúcho
1941 - Bicampeão Gaúcho
1942 - Tricampeão Gaúcho
1943 - Tetracampeão Gaúcho
1944 - Pentacampeão
1945 - Hexacampeão Gaúcho
1947 - Campeão Gaúcho
1948 - Bicampeão Gaúcho
1950 - Campeão Gaúcho
1951 - Bicampeão Gaúcho
1952 - Tricampeão Gaúcho
1953 - Tetracampeão Gaúcho
1953 - Campeão do Torneio Quadrangular Régis Pacheco (Bahia)
1955 - Campeão Gaúcho
1956 - Campeão Panamericano representando a Seleção Brasileira
1961 - Campeão Gaúcho
1969 - Campeão Gaúcho
1970 - Bicampeão Gaúcho
1971 - Tricampeão Gaúcho
1972 - Tetracampeão Gaúcho
1973 - Pentacampeão Gaúcho
1974 - Hexacampeão Gaúcho
1975 - Heptacampeão Gaúcho
1975 - Campeão Brasileiro
1976 - Octacampeão Gaúcho
1976 - Bicampeão Brasileiro
1978 - Campeão Gaúcho
1978 - Campeão do Torneio Viña del Mar
1979 - Tricampeão Brasileiro de forma invicta
1980 - Vice-campeão da Libertadores da América
1981 - Campeão Gaúcho
1982 - Bicampeão Gaúcho
1982 - Campeão da Copa Juan Gamper, em Barcelona/Espanha
1983 - Tricampeão Gaúcho
1983 - Campeão do Torneio Costa do Sol, em Málaga-Espanha
1983 - Campeão do Torneio Costa do Pacífico, no Canadá
1984 - Tetracampeão Gaúcho
1984 - Vice-Campeão Olímpico representando a Seleção Brasileira
1984 - Campeão da Copa Kirin, em Tóquio-Japão
1984 - Campeão do Torneio Heleno Nunes
1987 - Campeão do 1º Torneio Internacional de Glasgow-Escócia
1987 - Campeão da Taça Governador do Estado (Quadrangular de C. Grande)
1987 - Torneio da Cidade de Vigo
1989 - Campeão do Torneio de Celta-Espanha
1991 - Campeão Gaúcho
1991 - Campeão da Copa do Estado
1992 - Copa Wako Denki (Japão)
1992 - Bicampeão Gaúcho
1992 - Campeão da Copa do Brasil
1994 - Campeão do Torneio Beira-Rio
1994 - Campeão Gaúcho
1996 - Campeão do Torneio Mercosul
1997 - Campeão Gaúcho
2001 - Bicampeão do Torneio Viña Del Mar-Chile
2002 - Super Campeão Gaúcho
2003 - Bicampeão Gaúcho
2004 - Tricampeão Gaúcho
2005 - Tetracampeão Gaúcho
2006 - Campeão da Libertadores da América
2006 - Campeão da Copa do Mundo de Clubes Fifa
2007 - Recopa Sul-Americana
2008 - Dubai Cup
2008 - Campeão Gaúcho
2008 - Campeão da Copa Sul-Americana

84% e 5% - popularidade de Lula x mídia

Emir Sader

Não há quem não se surpreenda – quem está a favor e quem está contra - com os 84% de apoio a Lula e os apenas 5% de rejeição do governo. Um e outro dado surpreendem, ainda mais porque se dão no sétimo ano do governo, com uma grave recessão internacional de já quase 6 meses, cujos efeitos reais se fazem sentir fortemente no país – com acentuada retração da produção, escassez de crédito, perda de significativa quantidade de empregos e perspectivas de que a nova situação não tem horizonte ainda de superação.
Esses efeitos, multiplicados pelo pânico que a imprensa trata de incutir na população, poderiam levar à expectativa de que não se manteriam os altíssimos índices de aprovação de Lula e do governo.
No entanto, uma vez mais, esses índices sobem, como uma demonstração de que a população reconhece que a crise não surgiu no Brasil e que o governo tem agido corretamente para tratar de diminuir os seus graves efeitos entre nós. Com toda a imprensa contra, com a crise chegando ao país, Lula e o governo têm impressionantes índices de aceitação. E toda a mídia opositora, com suas várias dezenas de colunistas exercendo cotidianamente sua ferrenha oposição, mais os partidos de oposição e entidades empresariais, somam apenas 5% na rejeição ao governo Lula.
O que mais surpreende na pesquisa sobre a popularidade de Lula e do governo, não é tanto os 84% de apoio – embora seja recorde absoluto, cifra que nem recém eleitos obtiveram, em plena lua de mel -, mas a rejeição de apenas 5%. Significa que todo o sistemático, diário e violento trabalho de toda a grande mídia privada – incluindo Globo, Veja, Folha, Estadão, entre tantos outros órgãos regionais -, mais a oposição política – PSDB, DEM, PPS, entre outros -, que em parte coincide com a midia privada, mais Fiesp e outras entidades empresariais, etc., consegue apenas 5% de adesão a suas teses demonizadoras do governo Lula.
Baixíssima produtividade de Clovis Rossi, Eliane Catanhede, editoriais de Otavio Frias Filho, editoria de política da Folha, Miriam Porcão, Merval Pereira, Ali Kamel, Arnaldo Jabor, Dora Kramer, Lucia Hipólito, colunistas bushistas da Veja, Alexandre Garcia, etc. Todo o tempo de televisão e rádio, mais o espaço de jornais e revistas que usam conquista apenas 5% de apoio.
Quais as teses da oposição e porque só colam em si mesmas? As de que o governo cobra muito imposto, “incha” excessivamente ao Estado, anuncia obras que não faria, tem aliados internacionais não confiáveis, o que prejudicaria os interesses do Brasil, faz políticas sociais “assistencialistas”, despreza a mídia privada, que lhe daria azia, eleva excessivamente os salários dos servidores públicos, entre outros. Ou esses argumentos não tem respaldo nenhum na população ou, mais importante que tudo, a expansão da economia levou à melhoria das condições sociais da população e isso é o fundamental para ela. Ou ambas as coisas.
Porém essa avaliação coloca não apenas para a direita, mas também para a esquerda, a interrogação sobre a natureza do apoio a Lula e suas conseqüências. A legitimidade do governo Lula vem essencialmente da melhoria da situação social do país. Lula revelou uma grande capacidade de gerar consensos, que cruzam as classes sociais. O que faz com que as razões de apoio sejam diversificadas e que tenham vigência conforme a economia se expande e podem ganhar os de baixo e os de cima.
Isto coloca dilemas para o governo a partir deste momento, conforme a crise internacional leva necessariamente a baixar o ritmo de expansão da economia e as bases materiais da economia impõem opções. Fica impossível manter certo ritmo de expansão econômica com as taxas de juros atualmente existentes e a política brutalmente conservadora do Banco Central. Da mesma forma, a manutenção do superávit fiscal nos níveis atuais atenta contra a possibilidade de resistência contra as tendências recessivas que vem de fora, mas afetam centralmente a economia brasileira.
Já não será possível seguir remunerando o capital financeiro com estratosféricas taxas de juros e seguir redistribuindo renda com as políticas sociais. Por isso é um momento de definição do governo. Pode perder apoios em setores empresariais, mas aprofundará o apoio popular, mesmo em meio da crise.

Fonte: Blog do Emir

A voracidade do PMDB

A derrota do senador petista Tião Viana, do Acre, para o ex-presidente "imortal" José Sarney revela que a fome do PMDB é maior do que se imaginava. Ao ganhar as presidências do Senado e Câmara o partido mais fisilogista do Brasil mostra voracidade e eleva o seu poder de barganha para as eleições presidenciais de 2010. Torna-se ainda maior e mais faminto por cargos, como um gigante disforme, sem cor ideológica, mas fortalecido o suficiente para voltar a sonhar com a possibilidade de lançar candidatura própria. Ou usando seu fortalecimento da forma que melhor sabe fazer: em troca de posições na máquina pública, seja quem for o próximo ocupante do Palácio do Planalto.
Entendo que está reeditado o famoso “Centrão” do período da ditadura e dos primeiros anos de volta dos civis ao poder. Michel Temer, representante da “ala tucana” do partido, vai comandar a Câmara pela terceira vez. José Sarney, mais simpático ao PT, cumprirá um terceiro mandato na presidência do Senado. Desde 1991, o partido não ocupava, simultaneamente, a presidência das duas casas.
Tenho lido comentários a respeito e noto que os comentaristas políticos estão meio perdidos sobre este avanço peemedebista. Ninguém sabe a cara do “monstro” que está sendo parido. Uns veem um fortalecimento da aliança PT-PMDB e da eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff. Outros apontam uma vitória do governador de São Paulo, José Serra, pela proximidade com a ala representada por Temer. Por enquanto, quem parece ter faturado mesmo são os próprios peemedebistas, que detêm seis ministérios e, nas eleições municipais de outubro passado, fizeram o maior número de prefeitos, cerca de 1,2 mil.
Muita coisa virá nos próximos meses, como o PMDB de protagonista ou de coadjuvante imprescindível. Aguardemos.

Minc e Stephanes: Alien vs. Predador

Por Rogério Grassetto Teixeira da Cunha*

Nestes últimos dias assistimos a um debate público entre os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Agricultura, Reinhold Stephanes. Supostamente, a razão da peleja refere-se às posições (tenebrosas, como de costume) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em relação ao plantio de cana no planalto do entorno do Pantanal e à possibilidade de mudanças no Código Florestal, este último aparentementemente sendo o pomo principal da discórdia.
Para começar, detendo-se nos aspectos mais novelescos do episódio, transmitido em horário nobre da TV Globo, ele foi abafado com um "pito" de Lula. O presidente mandou os dois ficarem de bem, sem, é claro, posicionar-se sobre a matéria debatida, exatamente como convém, para não desagradar nem a gregos nem a troianos.
A briguinha é, antes de qualquer coisa, uma criação do ministro Minc, que faz do show a sua marca maior, a principiar por sua vestimenta peculiar. Então, assim como já fez antes nos embates com o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, joga para a platéia, para passar uma imagem de "ambientalista sincero" em oposição ao "predador".
No dia 26 de janeiro, Minc apareceu nos telejornais dizendo que Stephanes estava "descompensado". Já o ministro da Agricultura, que não tem interesse algum na contenda pública, e sabe bem das intenções do titular da pasta do Meio Ambiente, minimizou a questão, dizendo que não há desentendimento algum. Passada a bulha, Minc geralmente vira um cordeirinho dócil.
Consta que Minc pediu ajuda à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, para que intermediasse a contenda. Pura perda de tempo (considerando que a disputa seja sincera, o que não acredito). Dilma é mãe do PAC e alinhadíssima com as posições do Palácio do Planalto quando o assunto é desenvolvimentismo e grandes obras, ou seja, vê o meio ambiente como empecilho. O que só reforça a tese de que tudo não passa de jogo de cena. Este histórico, aliado ao casamento de Lula com o grande agronegócio, não nos dá esperanças que a ministra ajude seu colega do meio ambiente, cujo ministério, aliás, é tradicionalmente fraco e desprestigiado.
Poderíamos esperar dias difíceis para a senadora Marina Silva, caso ela ainda estivesse à frente da pasta, porque é uma pessoa sinceramente comprometida com o meio ambiente e teria que acabar engolindo alguns sapos. Já para Minc está tudo dentro do roteiro, muitas aparições espetaculosas na mídia, muito falatório e, de prático, quase nada. Afinal, ele foi escolhido justamente para isso, para que seu ministério fosse, por um lado, menos rebelde e mais cordato na essência, e, por outro, espetaculoso na aparência.
Assim, segue o tempo passando a impressão de que estão acontecendo avanços.
Voltando ao alegado pomo da discórdia, as tentativas de mudanças na legislação ambiental fazem parte de uma campanha contínua dos ruralistas para amenizar as "restrições à produção". As principais bandeiras dos ruralistas quase sempre se referem à redução do percentual de Reserva Legal (ou sua utilização econômica) ou a itens relativos às Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Para que o leitor entenda, Reserva Legal é aquela parcela da propriedade que deveria ser, embora quase nunca o seja, mantida preservada, sendo de 80% na Floresta Amazônica, 35% em áreas de Cerrado dentro da Amazônia e 20% no restante do país. Já as APPs são locais nos quais não é permitido o corte da vegetação nativa, como encostas íngremes, topos de morros e encostas de rios, lagos e represas. Em outras palavras, são aquelas exigências "inúteis" de ambientalistas "radicais" que, se tivessem sido cumpridas, teriam diminuído muito a catástrofe sócioambiental de Santa Catarina no fim do ano passado, por exemplo.
Além da temerosa discussão acerca da redução dos limites ou da utilização econômica das Reservas Legais, há que se destacar o desrespeito contínuo e sistemático às mesmas desde a sua criação, algo sobre o qual também não vemos Minc pronunciar-se clara e enfaticamente, como deveria se exigir de sua pasta. Como exemplo desta sua atitude, vale citar sua declaração de que a queda recente dos desmatamentos não foi conseqüência da crise. Essa bola nós já cantamos nesta coluna, na edição perspectiva.
Ao desconsiderar o óbvio, ele tenta capitalizar para seu ministério algo que não corresponde à realidade, tapando assim o sol com a peneira, o que é, indiretamente, um aval à depredação, que voltará a recrudescer quando o pior desta crise passar.
Vira e mexe, a bancada ruralista apresenta algum projeto neste sentido. Mas, felizmente, as tentativas têm esbarrado em forte oposição por parte da sociedade. Tanto que a discussão dos projetos mencionados em artigo anterior (Novo ataque ao Código Florestal) evoluiu e, se não a ideal, a última versão apresentava diversos avanços em relação às propostas iniciais.
Mas os ruralistas não sossegam. Tanto que, mesmo com as discussões andando na Câmara dos Deputados, elaboraram subitamente, em dezembro último, juntamente com o Ministério da Agricultura, uma nova proposta de alteração. E já haviam acionado um rolo compressor para rápida aprovação. As propostas são tão bizarras e fora de propósito que fizeram com que nove ONGs ambientalistas se retirassem do grupo de trabalho formado pelos Ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.
O pacotaço era tosco, para dizer o mínimo. Queriam, por exemplo, anistia ampla, geral e irrestrita para as ocupações irregulares em Área de Preservação Permanente existentes até 31 de julho de 2007 (como as ocupações em encostas de Santa Catarina). Mais ou menos como se concedêssemos anistia total a algum outro tipo de crime que já existisse há muito tempo (as APPs existem desde o Código Florestal de 1967). O Ministério da Agricultura negou essa possibilidade, mas os termos empregados na redação da nota divulgada foram vagos.
Outra pérola na "tentativa de golpe": redução dos percentuais de reserva legal na Amazônia sem a realização do zoneamento ecológico-econômico. A terceira tentativa de alteração fortemente criticada pelas ONGs foi a troca de áreas desmatadas na Mata Atlântica e no Cerrado por áreas na Amazônia. Atualmente, quando a discussão entre os ambientalistas é se deveríamos ou não considerar compensações fora da mesma bacia hidrográfica, propor troca entre biomas é uma idéia descabida, pois seria o mesmo que aceitar a destruição de fato e declarar abertamente que não faremos nada para recompor o ambiente naquelas áreas que já foram desmatadas mais do que deveriam ter sido (em muitos casos crimes ambientais, com penas e multas previstas em lei). Por fim, de acordo com a nota divulgada pelas ONGs, a proposta contemplaria a possibilidade de os estados reduzirem todos os parâmetros referentes às Áreas de Preservação Permanente.
Sou leigo em direito, mas, para mim, além do absurdo sob o ponto de vista ambiental, isto soa também como um completo absurdo jurídico, abrindo aos estados a possibilidade de serem mais permissivos em relação a determinada matéria legal.
A tática do ministro da Agricultura pode muito bem ser exagerar na dose, para depois reduzir as pressões, garantindo a aprovação de uma proposta mais suave (mas ainda assim muito ruim para o meio ambiente). Outra possibilidade seria o Ministério da Agricultura não ceder muito em suas posições, já que muitos ou a maioria dos ruralistas realmente têm opiniões como as da proposta e consideram o meio ambiente um mero entrave a suas atividades.
Como se vê, estamos mal em termos de meio ambiente. O titular da pasta é alheio às questões e problemas reais. Daí a alcunha de alienígena, do título "Alien vs Predador". Enquanto o ministro da Agricultura assume as piores posições dos ruralistas brasileiros. Um filme trash, sem mocinhos, transmitido em horário nobre em rede nacional.

*Rogério Grassetto Teixeira da Cunha, biólogo, é docente da Universidade Federal de Alfenas

Somente os amigos

Os verdadeiros amigos
chegam à nossa vida
em momentos especiais e,
aconteça o que acontecer,
permanecem sempre ao
nosso lado...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A beleza antes da chuva


Adivinhem? Tirei a foto acima na tarde do dia 4 de fevereiro na Praia Central do Balneário de Camboriú (SC). O céu escureceu e afugentou muita gente da areia. Ao fundo, dá para observar a bonita Ilha das Cabras e um barco pirata, que leva turistas até a Praia de Laranjeiras. Não preciso dizer que, em seguida, caiu muita água do céu. Chuva de verão!

Gre-Nal dos milionários

Gostaria de debater aqui a técnica e a tática que serão empregadas por Inter e Grêmio no Gre-Nal que jogarão amanhã no Colosso da Lagoa, em Erechim, no Norte gaúcho. Prefiro discutir o preço absurdos dos ingressos que foram colocados à venda: R$ 150 para cadeiras e R$ 60 para arquibancadas. Com certeza, será o clássico mais elitizado da história de cem anos.
E não será realizado em Porto Alegre, mas em um estádio do Interior, considerado o maior, mas sem muito conforto. O presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Noveletto, chegou a dizer que shows de duplas sertanejas e de Caetano Veloso custam mais. Não dá para comparar, pois um espetáculo com de Caetano é realizado em um teatro, com conforto: cadeiras estofadas, tapetes, ar condicionado, estacionamento e muito mais...
Certamente as cadeiras do "Colosso" cujo preço equivale a 32% do novo salário mínimo nacional (R$ 465) não são estofadas. Li hoje que o presidente está surpreso com a venda de ingressos em Porto Alegre (apenas cem até ontem). Pudera!
E a imprensa, patrocinadora do Gauchão, cala-se.

Lula, a crise e os pessimistas



O SBT utiliza o exemplo do Governo Lula para pedir que o brasileiro acredite no Brasil, trabalhe e pare de criticar apenas. Boa peça! Pode ter sido uma jogada de marketing do grupo de comunicação, mas gostei. Ah, a propaganda foi publicada na intragável Veja, que engoliu!