domingo, 4 de dezembro de 2011

Chico é colorado



Amigos e amigas gremistas, esta nós ganhamos. Um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos recebeu uma homenagem do Sport Club Internacional na noite da última segunda-feira, em Porto Alegre, depois do seu primeiro show na capital. Chico Buarque foi presenteado com uma camisa oficial do Inter com seu nome às costas das mãos do escritor Luis Fernando Verissimo. Chico é torcedor do Fluminense, mas tem simpatia pelo Inter no Rio Grande do Sul. Quando recebeu a camisa, Chico ouviu de um gremista próximo que esta atitude estaria dividindo o Rio Grande. Chico então mostrou todo seu apreço do Inter ao responder que "pelo que sei, o Rio Grande é bem mais vermelho". Depois da homenagem, Chico, um grande fã de futebol, disse ainda que está torcendo pela classificação do Inter para a próxima Libertadores. Portanto, Chico é colorado.

Morre Sócrates, meu ídolo no futebol e fora dele

Fiquei impactado com a morte de Sócrates, um dos nossos grandes jogadores. Ao lado de Falcão e Zico, formou o memorável meio-de-campo do Brasil na Copa do Mundo de 1982, onde encantamos o mundo e fomos eliminados pela Itália. Sócrates foi mais do que um jogador. Participou da conhecida Democracia Corintiana e atuou políticamente, com destaque na época das Diretas Já. Um cidadão, acima de tudo.
 Foto: Getty Images
Do Terra

Formado em medicina na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira iniciou a carreira de jogador de futebol no Botafogo-SP, clube o qual também revelou o irmão do ex-jogador Raí, campeão do mundo em 1992 e 1993 pelo São Paulo, no ano de 1974, depois de terminar o curso de graduação.
Com a camisa tricolor no interior, Sócrates mostrou um enorme talento, especialmente na troca de passes. Sem muita velocidade e explosão, o ex-meio-campista notabilizou o toque de calcanhar e a categoria com a bola nos pés. No Botafogo-SP, a principal campanha ocorreu em 1977, quando terminou como artilheiro da competição.
A boa passagem durante os quatro anos pelo clube do interior rendeu a transferência para o clube do Parque São Jorge no ano de 1978, quando se firmou no cenário nacional, conquistando espaço, inclusive, na Seleção Brasileira. Com a camisa alvinegra, o "Doutor", como ficou conhecido no mundo do futebol por conta da formação acadêmica, disputou 298 jogos e assinalou 172 gols - ocupa a oitava colocação no ranking de artilheiros da história do clube. Além das conquistas individuais, o ex-meio-campista se consagrou ao vencer os Campeonatos Paulistas de 1979, 1982, 1983
Além das conquistas esportivas com o Corinthians, Sócrates também teve um papel fundamental na política do clube, atingindo até um nível nacional. O ex-meio-campista acabou sendo um dos líderes da Democracia Corintiana, um movimento de cunho ideológico que transformou o ambiente normal do dia a dia de um clube. Os jogadores, anteriormente submissos às decisões da comissão técnica, passaram a também participar das decisões, como em caso de concentrações, viagens, entre outros.
As atitudes da equipe modificaram a hierarquia dentro do Corinthians. Sob o período da democracia, o voto do presidente em uma decisão interna teria o mesmo peso da opção de um roupeiro. Com tamanha politização fora dos gramados, o ex-jogador se tornou um símbolo, inclusive, da luta contra o regime militar, que acabou abolida no País no ano de 1985.
O movimento criado internamente no clube acabou transferido para o público, especialmente quando o Corinthians vestiu uma camisa com o "patrocínio" das "Diretas Já", variando para frases como "Dia 15, vote", por conta da eleição direta para o governo de São Paulo, e "Eu quero votar para presidente".
Um dos atletas mais influentes dentro do grupo, Sócrates nunca escondeu a insatisfação em relação à ditadura, e externava a liderança dentro da equipe com opiniões fortes em um dos períodos mais tensos da história recente brasileira.
Tal movimento não atrapalhou o desempenho da equipe alvinegra dentro dos gramados. Durante o período da "Democracia", o Corinthians venceu o bicampeonato paulista (1982 e 1983), em uma das formações mais exaltadas pela torcida. O desempenho de Sócrates, inclusive, rendeu ao meio-campista a convocação para a Copa do Mundo de 1982, quando o Brasil perdeu para a Itália nas quartas de final.
Dono de um estilo elegante dentro de campo, Sócrates deixou o Corinthians no ano de 1984 e se transferiu para a Fiorentina, da Itália. No futebol europeu, o ex-jogador não apresentou o mesmo nível de jogo, e retornou ao País um ano depois para defender o Flamengo. No Rio de Janeiro, ele acabou convocado para a Copa do Mundo de 1986.
No Mundial do México, Sócrates ficou marcado por errar a penalidade na disputa por pênaltis contra a França, nas quartas de final. Eliminado com o time nacional, o ex-meio-campista perdeu espaço no elenco. Antes de encerrar a carreira, o "Doutor" ainda vestiu a camisa do Santos e do Botafogo de Ribeirão Preto.
Em 2004, o carismático médico-jogador ainda "voltou" aos gramados. Aos 50 anos de idade, Sócrates acabou contratado pelo Garforth Town, uma equipe semi-profissional do norte da Inglaterra. Com um contrato de um mês, o ex-atleta da Seleção Brasileira atuou por menos de 15 minutos, em partida contra Tadcaster Albion, por um campeonato regional.
Apesar da aposentadoria e do estilo de vida do "momento", como declarou no último dia 19 de agosto o amigo e jornalista Juca Kfouri, Sócrates continuou perto do futebol. O ex-jogador trabalhou como articulista na revista Carta Capital, como comentarista no programa Cartão Verde, da TV Cultura, e foi blogueiro do Terra durante a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.