quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mídia briga com a notícia

Alguns colegas da mídia teimam em brigar com a notícia. Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou estudo mostrando que a classe média continuou a crescer no Brasil apesar da crise econômica que assolou a economia mundial no segundo semestre do ano passado. No entanto, um jornal gaúcho abriu página com a seguinte manchete: "Terremoto internacional chega ao bolso da classe C". No caso, a classe média. E achou uma família que tinha migrado para a classe C e caiu novamente para a D com a demissão de um membro da família. Contraditoriamente, publica abaixo da notícia o gráfico da FGV, com o título "O avanço da classe média". Algumas páginas antes, ao chamar a notícia, tinha dito que "Classe C cresce em meio à crise financeira. Difícil entender os rumos escolhidos pelos editores do veículo.
O certo é que, entre agosto e dezembro, segundo a FGV, o número de pessoas consideradas de classe média subiu 3,7% no período, atingindo 53,8% da população. O estudo considera seis regiões metropolitanas - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife e Porto Alegre. Sim, a mesma capital gaúcha onde a família citada na matéria despencou de classe.
No método da fundação, é considerado um membro da classe C quem faz parte de uma família com renda mensal média entre R$ 1.115 e R$ 4.807. Faz parte da classe E a família com renda até R$ 804 e são classificados como classe D as que recebem entre R$ 804 e R$ 1.115.

Divisão

Ainda de acordo com o estudo, é considerado um membro da classe alta - ou AB - toda a pessoa que reside em um domicílio com renda total acima de R$ 4.807. De acordo com a instituição, este contingente de pessoas também cresceu entre agosto e dezembro do ano passado, atingindo 15,33% da população total das seis regiões metropolitanas pesquisadas. Desta forma, a divisão de classes, segundo o método da FGV, ficaria assim nas regiões pesquisadas: 53,81 (classe C), 15,33% (classes A e B), 13,18% (classe D) e 17,68% (classe E).

Mobilidade

De acordo com o estudo, que considera o período de 2002 a 2008, a mobilidade de classe foi maior em dois momentos: em 2004 e no ano passado - nos dois casos, o crescimento do PIB foi forte. Estima-se que a expansão do PIB brasileiro em 2008 ultrapasse a marca de 5%, embora a previsão para este ano esteja mais modesta, abaixo de 2%.
Em 2008, cerca de 40% da população que pertencia à classe E havia migrado em direção às classificações C e D, na comparação com os resultados de 2007. De acordo com a pesquisa da FGV, a mobilidade da classe E no ano de 2008 foi maior antes da crise (41,5%), caindo para 39,7% depois de seu início.