segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Seja amoroso consigo mesmo - Osho

Ame-se, respeite-se, seja gentil consigo mesmo. A menos que você seja amoroso para consigo mesmo, você não pode ser amoroso com ninguém, absolutamente. A menos que você seja atencioso consigo mesmo, você não pode ser atencioso com ninguém; é impossível.

Eu lhe ensino a ser realmente egoísta, de modo que você possa ser altruísta. Não há contradição entre ser egoísta e ser altruísta: ser egoísta é a própria fonte de ser altruísta. Mas até agora você tem aprendido exatamente o oposto, lhe ensinaram o contrário.

E qual tem sido o resultado desse ensinamento? Ninguém ama ninguém. A pessoa que se condena não pode amar ninguém. Se você não pode amar nem sequer a si mesmo - porque você é a pessoa mais próxima a você -, se seu amor não pode nem mesmo alcançar o ponto mais próximo, é impossível seu amor chegar até as estrelas. Você não pode amar nada - você pode fingir. E é isso que a humanidade se tornou: uma comunidade de fingidores, hipócritas.

Por favor tente entender o que quero dizer por ser egoísta. Primeiro você tem que se amar, se conhecer, ser você mesmo. A partir disso, você irradiará amor, ternura, atenção com os outros. A partir da meditação, surge a verdadeira compaixão, mas a meditação é um fenômeno egoísta. Meditação significa deleitar-se consigo mesmo e com sua solitude, esquecer o mundo todo e simplesmente deleitar-se consigo mesmo.

É um fenômeno egoísta, mas desse egoísmo surge grande altruísmo. E, então, não há nenhum vangloriar-se a respeito, você não se torna egoístico. Você não serve as pessoas; você não as faz sentir-se devedoras a você. Você simplesmente se deleita em compartilhar seu amor, sua alegria.

Osho, em "Guida Spirituale"

Todas as citações de Osho © OSHO International Foundation
OSHO ® é marca registrada da OSHO International Foundation.

Jornalismo não é produto

Vou insistir num assunto batido, mas não recuarei na minha posição em defesa do verdadeiro Jornalismo. Uma das principais fontes das notícias é o futebol, transformado em grande negócio aqui nos pampas e pelo mundo afora. Não vou discutir esta opção comercial de clubes, federações e veículos de comunicação porque não é de minha alçada. 
Mas sou crítico intransigente dos jornalistas que se transformam em papagaios deste negócio chamado futebol, interferindo diretamente na informação que chega aos leitores, aos telespectadores e aos ouvintes de rádio. Ao ver os jogos do campeonato gaúcho - que agregou inclusive o nome de uma marca de refrigerante -, noto o esforço que locutores, repórteres e comentaristas (muitos não são jornalistas) em dizer que o Gauchão é um campeonato espetacular, que leva grande público aos estádios, tem excelente nível técnico, etc... 
Não é preciso ser bem informado para notar que as imagens das emissoras de televisão no qual estas pessoas trabalham mostram exatamente o contrário. É fato que estes comunicadores pertencem a um grupo empresarial que banca o campeonato e não podem falar mau do negócio. Esquecem, porém, que o Jornalismo não é produto e como tal deve ser tratado. Verdade, isenção e impacialidade valem mais do que a venda de um campeonato. Ou não?

Não basta ser mãe

O interessante texto do colega Duda Rangel no blog Desilusões Perdidas me faz lembrar das inúmeras vezes que consersei com estudantes de Jornalismo por este Rio Grande afora. O sonho da gurizada - a maioria mulher, que fazia a sala ou auditório parecer local de concurso de beleza - é a Globo, a Vênus Platinada. Não adiantava dizer que o mercado estava em outros lugares. O texto abaixo, do Duda, é um retrato do que vi e ouvi. Ou melhor, continuo vendo e ouvindo...

Dona Maria torceu o nariz quando a filha, Luiza, revelou que seria jornalista. Só ficou mais calma quando Luiza explicou que a profissão dava futuro, sim! Disse mais: um dia, seria famosa, trabalharia numa TV – quem sabe na Globo? –, e sua mãe teria o maior orgulho dela. O emprego na Globo nunca chegou, mas Luiza, depois de perambular por umas publicações impressas, virou repórter em um canal fechado especializado em informações para o mercado financeiro.

- Mas, minha filha, alguém vê este canal?

- A senhora quer saber quem assiste? A nata do mercado financeiro! Só gente bambambã, os caras cheios do dinheiro.

Dona Maria sentiu-se novamente mais calma. Teve de ampliar a venda de produtos da Avon às amigas para conseguir pagar a assinatura de uma TV a cabo. Não queria perder um programa com as reportagens da filha. Mudou a rotina. Sentada no sofá, não piscava os olhos. Vez ou outra tinha a companhia da faxineira que ficava em pé ao seu lado, apoiada na vassoura.

- Ô, dona Maria, o que é comode?

- Não é comode, Cleuza! É comodite!

- E o que é isso?

- Eu sei lá o que é isso. Vai trabalhar, Cleuza, vai, vai...

Dona Maria não sabia o que era commodity, hedge fund ou alavancagem, mas isso tudo não importava. O que importava era ver Luiza todo dia em seus boletins financeiros. Chegava a fazer cafuné na cabeça da filha pela tela da televisão. Beijar suas bochechas. Checava se a maquiagem estava correta. Dona Maria sabia até quando a filha havia dormido mal – as olheiras não mentiam –, ou quando estava triste – pela melancolia de sua voz.

- Mãe, eu tô bem, sim. A minha voz estava triste, porque a notícia era ruim. Só isso. A gente só se empolga quando o fato é positivo. Pode ficar calma.

Dona Maria passou a gravar os programas da filha e fazer a maior propaganda de Luiza pela vizinhança, pros parentes, pras amigas que compravam Avon. E ai de quem ousasse falar mal da filha.

- Eu nunca vi a Luiza, dona Maria. Onde ela trabalha mesmo?, quis saber Laura, a mulher que arrumava o cabelo de Dona Maria.

- É no canal 59, só sobre notícias financeiras.

- Ah, sei, é tipo Canal do Boi, né, daqueles que ninguém assiste?

- Tá despeitada, hein, Laura? Sabe quem vê a Luiza? A nata do mercado financeiro. Só os caras do dinheiro, só os caras do dinheiro.