Ame-se, respeite-se, seja gentil consigo mesmo. A menos que você seja amoroso para consigo mesmo, você não pode ser amoroso com ninguém, absolutamente. A menos que você seja atencioso consigo mesmo, você não pode ser atencioso com ninguém; é impossível.
Eu lhe ensino a ser realmente egoísta, de modo que você possa ser altruísta. Não há contradição entre ser egoísta e ser altruísta: ser egoísta é a própria fonte de ser altruísta. Mas até agora você tem aprendido exatamente o oposto, lhe ensinaram o contrário.
E qual tem sido o resultado desse ensinamento? Ninguém ama ninguém. A pessoa que se condena não pode amar ninguém. Se você não pode amar nem sequer a si mesmo - porque você é a pessoa mais próxima a você -, se seu amor não pode nem mesmo alcançar o ponto mais próximo, é impossível seu amor chegar até as estrelas. Você não pode amar nada - você pode fingir. E é isso que a humanidade se tornou: uma comunidade de fingidores, hipócritas.
Por favor tente entender o que quero dizer por ser egoísta. Primeiro você tem que se amar, se conhecer, ser você mesmo. A partir disso, você irradiará amor, ternura, atenção com os outros. A partir da meditação, surge a verdadeira compaixão, mas a meditação é um fenômeno egoísta. Meditação significa deleitar-se consigo mesmo e com sua solitude, esquecer o mundo todo e simplesmente deleitar-se consigo mesmo.
É um fenômeno egoísta, mas desse egoísmo surge grande altruísmo. E, então, não há nenhum vangloriar-se a respeito, você não se torna egoístico. Você não serve as pessoas; você não as faz sentir-se devedoras a você. Você simplesmente se deleita em compartilhar seu amor, sua alegria.
Osho, em "Guida Spirituale"
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Blog destinado ao Jornalismo, com informações e opiniões nas seguintes áreas: política, sindical, econômica, cultural, esportiva, história, literatura, geral e entretenimento. E o que vier na cabeça... Leia e opine, se quiseres!
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Jornalismo não é produto
Vou insistir num assunto batido, mas não recuarei na minha posição em defesa do verdadeiro Jornalismo. Uma das principais fontes das notícias é o futebol, transformado em grande negócio aqui nos pampas e pelo mundo afora. Não vou discutir esta opção comercial de clubes, federações e veículos de comunicação porque não é de minha alçada.
Mas sou crítico intransigente dos jornalistas que se transformam em papagaios deste negócio chamado futebol, interferindo diretamente na informação que chega aos leitores, aos telespectadores e aos ouvintes de rádio. Ao ver os jogos do campeonato gaúcho - que agregou inclusive o nome de uma marca de refrigerante -, noto o esforço que locutores, repórteres e comentaristas (muitos não são jornalistas) em dizer que o Gauchão é um campeonato espetacular, que leva grande público aos estádios, tem excelente nível técnico, etc...
Não é preciso ser bem informado para notar que as imagens das emissoras de televisão no qual estas pessoas trabalham mostram exatamente o contrário. É fato que estes comunicadores pertencem a um grupo empresarial que banca o campeonato e não podem falar mau do negócio. Esquecem, porém, que o Jornalismo não é produto e como tal deve ser tratado. Verdade, isenção e impacialidade valem mais do que a venda de um campeonato. Ou não?
Mas sou crítico intransigente dos jornalistas que se transformam em papagaios deste negócio chamado futebol, interferindo diretamente na informação que chega aos leitores, aos telespectadores e aos ouvintes de rádio. Ao ver os jogos do campeonato gaúcho - que agregou inclusive o nome de uma marca de refrigerante -, noto o esforço que locutores, repórteres e comentaristas (muitos não são jornalistas) em dizer que o Gauchão é um campeonato espetacular, que leva grande público aos estádios, tem excelente nível técnico, etc...
Não é preciso ser bem informado para notar que as imagens das emissoras de televisão no qual estas pessoas trabalham mostram exatamente o contrário. É fato que estes comunicadores pertencem a um grupo empresarial que banca o campeonato e não podem falar mau do negócio. Esquecem, porém, que o Jornalismo não é produto e como tal deve ser tratado. Verdade, isenção e impacialidade valem mais do que a venda de um campeonato. Ou não?
Não basta ser mãe
O interessante texto do colega Duda Rangel no blog Desilusões Perdidas me faz lembrar das inúmeras vezes que consersei com estudantes de Jornalismo por este Rio Grande afora. O sonho da gurizada - a maioria mulher, que fazia a sala ou auditório parecer local de concurso de beleza - é a Globo, a Vênus Platinada. Não adiantava dizer que o mercado estava em outros lugares. O texto abaixo, do Duda, é um retrato do que vi e ouvi. Ou melhor, continuo vendo e ouvindo...
Dona Maria torceu o nariz quando a filha, Luiza, revelou que seria jornalista. Só ficou mais calma quando Luiza explicou que a profissão dava futuro, sim! Disse mais: um dia, seria famosa, trabalharia numa TV – quem sabe na Globo? –, e sua mãe teria o maior orgulho dela. O emprego na Globo nunca chegou, mas Luiza, depois de perambular por umas publicações impressas, virou repórter em um canal fechado especializado em informações para o mercado financeiro.
- Mas, minha filha, alguém vê este canal?
- A senhora quer saber quem assiste? A nata do mercado financeiro! Só gente bambambã, os caras cheios do dinheiro.
Dona Maria sentiu-se novamente mais calma. Teve de ampliar a venda de produtos da Avon às amigas para conseguir pagar a assinatura de uma TV a cabo. Não queria perder um programa com as reportagens da filha. Mudou a rotina. Sentada no sofá, não piscava os olhos. Vez ou outra tinha a companhia da faxineira que ficava em pé ao seu lado, apoiada na vassoura.
- Ô, dona Maria, o que é comode?
- Não é comode, Cleuza! É comodite!
- E o que é isso?
- Eu sei lá o que é isso. Vai trabalhar, Cleuza, vai, vai...
Dona Maria não sabia o que era commodity, hedge fund ou alavancagem, mas isso tudo não importava. O que importava era ver Luiza todo dia em seus boletins financeiros. Chegava a fazer cafuné na cabeça da filha pela tela da televisão. Beijar suas bochechas. Checava se a maquiagem estava correta. Dona Maria sabia até quando a filha havia dormido mal – as olheiras não mentiam –, ou quando estava triste – pela melancolia de sua voz.
- Mãe, eu tô bem, sim. A minha voz estava triste, porque a notícia era ruim. Só isso. A gente só se empolga quando o fato é positivo. Pode ficar calma.
Dona Maria passou a gravar os programas da filha e fazer a maior propaganda de Luiza pela vizinhança, pros parentes, pras amigas que compravam Avon. E ai de quem ousasse falar mal da filha.
- Eu nunca vi a Luiza, dona Maria. Onde ela trabalha mesmo?, quis saber Laura, a mulher que arrumava o cabelo de Dona Maria.
- É no canal 59, só sobre notícias financeiras.
- Ah, sei, é tipo Canal do Boi, né, daqueles que ninguém assiste?
- Tá despeitada, hein, Laura? Sabe quem vê a Luiza? A nata do mercado financeiro. Só os caras do dinheiro, só os caras do dinheiro.
Dona Maria torceu o nariz quando a filha, Luiza, revelou que seria jornalista. Só ficou mais calma quando Luiza explicou que a profissão dava futuro, sim! Disse mais: um dia, seria famosa, trabalharia numa TV – quem sabe na Globo? –, e sua mãe teria o maior orgulho dela. O emprego na Globo nunca chegou, mas Luiza, depois de perambular por umas publicações impressas, virou repórter em um canal fechado especializado em informações para o mercado financeiro.
- Mas, minha filha, alguém vê este canal?
- A senhora quer saber quem assiste? A nata do mercado financeiro! Só gente bambambã, os caras cheios do dinheiro.
Dona Maria sentiu-se novamente mais calma. Teve de ampliar a venda de produtos da Avon às amigas para conseguir pagar a assinatura de uma TV a cabo. Não queria perder um programa com as reportagens da filha. Mudou a rotina. Sentada no sofá, não piscava os olhos. Vez ou outra tinha a companhia da faxineira que ficava em pé ao seu lado, apoiada na vassoura.
- Ô, dona Maria, o que é comode?
- Não é comode, Cleuza! É comodite!
- E o que é isso?
- Eu sei lá o que é isso. Vai trabalhar, Cleuza, vai, vai...
Dona Maria não sabia o que era commodity, hedge fund ou alavancagem, mas isso tudo não importava. O que importava era ver Luiza todo dia em seus boletins financeiros. Chegava a fazer cafuné na cabeça da filha pela tela da televisão. Beijar suas bochechas. Checava se a maquiagem estava correta. Dona Maria sabia até quando a filha havia dormido mal – as olheiras não mentiam –, ou quando estava triste – pela melancolia de sua voz.
- Mãe, eu tô bem, sim. A minha voz estava triste, porque a notícia era ruim. Só isso. A gente só se empolga quando o fato é positivo. Pode ficar calma.
Dona Maria passou a gravar os programas da filha e fazer a maior propaganda de Luiza pela vizinhança, pros parentes, pras amigas que compravam Avon. E ai de quem ousasse falar mal da filha.
- Eu nunca vi a Luiza, dona Maria. Onde ela trabalha mesmo?, quis saber Laura, a mulher que arrumava o cabelo de Dona Maria.
- É no canal 59, só sobre notícias financeiras.
- Ah, sei, é tipo Canal do Boi, né, daqueles que ninguém assiste?
- Tá despeitada, hein, Laura? Sabe quem vê a Luiza? A nata do mercado financeiro. Só os caras do dinheiro, só os caras do dinheiro.
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