terça-feira, 26 de agosto de 2008

Receitas dos jornais crescem quase 20%. E os salários?

Os proprietários de jornais têm dois discursos. Quando estão à mesa de negociação para discutir o acordo coletivo com seus empregados dizem que a situação é difícil, o que dificulta a concessão de aumentos reais além da inflação. Contudo, para exibir a boa performance do setor aos seus leitores, não hesitam em usar títulos como 'Receita publicitária de jornais cresce 20%' nas páginas de seus diários. Foi assim que Zero Hora exaltou na edição de segunda-feira, 25 de agosto, o desempenho da venda de espaço para anúncios e classificados no primeiro semestre deste ano na comparação com 2007. Usando dados do grupo Meio & Mensagem, ZH destaca que, de janeiro a junho passado, a receita foi 19,8% maior do que na primeira metade de 2007.
Detalhe importante apontado pelo veículo - a fatia dos jornais no bolo publicitário passou a ser de 17,25%, acima dos 16,3% em dezembro e dos 16,7% em junho de 2007. Zero Hora diz ainda, "os dados do Meio & Mensagem confirmam um processo de recuperação dos jornais, que começou no ano passado, quando o setor voltou a ampliar a fatia no bolo publicitário nacional". Tem mais notícia boa para o meio empresarial. "Além do faturamento com anúncios em alta, o bom momento do setor revela-se também nos números de circulação", propaga a matéria de ZH. Dados do Instituto Verificador de Circulação - IVC - mostram que, no primeiro semestre, a média diária dos 103 jornais filiados - incluindo o jornal da RBS e a maioria dos diários gaúchos - cresceu 8,1% ante à média de igual período em 2007.
Em 2007, ainda de acordo com o IVC, o jornal Zero Hora ocupava o sétimo lugar em circulação paga no Brasil, enquanto o Diário Gaúcho aparecia em oitavo e o Correio do Povo em nono. A expectativa é de um crescimento ainda maior do setor para este ano, sempre atrelado ao mercado publicitário. A realidade também é de otimismo nos veículos com circulação fora de Porto Alegre. O Grupo de Diários aponta um crescimento de 58,09% no faturamento comercial dos jornais do interior.
Portanto, se as fatias do bolo cresceram para o lado empresarial, é justo que elas sejam divididas com os empregados que produzem os jornais diariamente. O discurso da mesa de negociação serve apenas para que os salários fiquem estacionados, enquanto as receitas evoluem de forma acelerada. Repor a inflação não repassa os altos lucros do setor. Tampouco serve de consolo a oferta de 1% de aumento real para o piso da Capital e de 2% para o Interior. Ou então o investimento em mão-de-obra é pequeno na comparação com outros custos de uma empresa jornalística. Está na hora de aumentar esta fatia!
Diante de tanta fartura pelo lado empresarial, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul convoca a categoria a se mobilizar e lutar por um aumento real de salário. Os profissionais precisam recuperar seus ganhos, defasados nos últimos anos em função das constantes perdas.

Regulamentação é destaque no 33º Congresso Nacional dos Jornalistas

Com mais de 300 participantes, o 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em São Paulo de 20 a 24 de agosto, definiu a pauta política do movimento sindical nacional da categoria para o próximo período. Entre as prioridades destacam-se a manutenção e atualização da regulamentação profissional, a qualidade da formação acadêmica, a liberdade de expressão e de Imprensa, e a luta pela democratização da Comunicação. Um dos momentos marcantes do evento foi o lançamento da Comenda da Fenaj. No final do congresso foi aprovada a Carta de São Paulo.
No campo da formação acadêmica, o Congresso atualizou o programa de estímulo à qualidade de ensino de Jornalismo e reafirmou-se a reivindicação que vem sendo feita ao MEC desde 2004, de suspender a abertura de novos cursos de Jornalismo. Tal proposta deve-se à necessidade de reavaliar os cursos existentes ou em implantação, buscando assegurar melhorias na qualidade do ensino. A idéia é envolver entidades profissionais e acadêmicas do campo do Jornalismo e da Comunicação para reforçar tal pleito junto ao Governo Federal.
Os delegados do 33º Congresso aprovaram, também, a proposta de Programa de Estágio Acadêmico, formulada no Seminário Nacional realizado em março em Florianópolis. Seu objetivo é acabar com os estágios irregulares nas empresas de comunicação. Uma comissão vai negociar uma proposta geral junto ao Fórum dos Professores de Jornalismo e Enecos.
Já quanto à regulamentação profissional do jornalista, além de defender sua manutenção a proposta aprovada foi de buscar aperfeiçoá-la com o reconhecimento das novas funções surgidas no meio profissional nos últimos trinta anos - inclusive com o advento das novas tecnologias, dialogando com radialistas e relações públicas para superar conflitos nas legislações das três categorias, atuando junto ao grupo de estudos formado pelo Ministério do Trabalho e Emprego com tal objetivo e estabelecendo critério nacional único para o encaminhamento de registro de funções jornalísticas que não requeiram diploma. Nesse debate, foi relevante a presença, no Congresso, do ministro do Trabalho, Carlos Lupi que reafirmou a disposição do Governo de atualizar a regulamentação da profissão de jornalista.
A ampliação do movimento pela realização da Conferência Nacional de Comunicação também foi uma das diretrizes aprovadas. Os delegados presentes ao 33º Congresso Nacional consideram que a democratização da comunicação passa por uma discussão ampla da sociedade com o governo, empresários, parlamento e judiciário sobre a legislação das comunicações diante das novas tecnologias e da Internet, os critérios para concessões de rádio e de televisão e o fortalecimento do Conselho de Comunicação Social, entre outras medidas.
Resgatando um histórico dos 200 anos de Imprensa no Brasil e luta pelas liberdades de expressão e de imprensa, os congressistas apontaram os caminhos centrais do movimento sindical dos jornalistas. Entre eles está a luta pela revogação da atual Lei de Imprensa e aprovação de uma nova legislação, de caráter democrático, o combate à censura e medidas para proteger os jornalistas nas coberturas de risco e quanto ao assédio judicial, que ainda dificultam o livre exercício do Jornalismo no País. Definiram também propor à sociedade uma ampla campanha em defesa do Jornalismo como necessidade social.

Lançamento de livro e homenagem a jornalistas

A noite de sexta-feira, 22, foi um dos momentos de maior emoção do 33º Congresso Nacional dos Jornalistas. Primeiro com o lançamento do livro 'Formação Superior em Jornalismo - Uma exigência que interessa à sociedade', editado pela Fenaj com contribuições de acadêmicos, juristas e profissionais. O livro terá, agora, lançamentos estaduais, constituindo-se em importante reflexão sobre a formação específica para o exercício da profissão.
Em seguida, houve o lançamento da Comenda da Fenaj, com homenagens a dois profissionais com longa trajetória de dedicação à profissão e à organização da categoria: a cearense Adísia Sá e José Hamilton Ribeiro. Adísia, que esteve presente no Congresso, foi a primeira mulher a atuar na Imprensa daquele Estado, fundadora do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará e é jornalista atuante no Sindicato do Ceará e na Fenaj. Já o paulista José Hamilton Ribeiro, premiado repórter há 52 anos e ex-diretor do Sindicato de São Paulo e da Fenaj, não pôde comparecer por motivo de viagem profissional. Jorge dos Santos, repórter cinematográfico da TV Globo, recebeu a comenda representando José Hamilton.
O 33º Congresso Nacional homenageou, em sua abertura, o jornalista Délio Rocha, um dos grandes guerreiros das lutas da categoria nas últimas décadas, que faleceu no dia 16 de agosto. Délio era vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e ex-vice-presidente Regional Sudeste da Fenaj. O congresso foi dedicado à memória deste incansável batalhador.

Fonte: Fenaj

Mulher...

Um homem simples

"Eu não quero fazer-me nem de mártir, nem de herói.
Creio ser um simples homem comum, que tem suas convicções profundas, e que não as renega por nada ao mundo..."

Antônio Gramschi