domingo, 20 de março de 2011

Chegou o outono

Feito! Acabou o verão e começou o outono, a estação das temperaturas amenas e das folhas amarelas nas árvores e no chão. O outono, presente no Hemisfério Sul desde às 20h21min (horário de Brasília), é melhor que a primavera. Esta estação, colorida, tem um inconveniente: aquele vento chato...
 

Uma visita marcada por mais uma guerra


A marca da visita de Obama não está dada por nenhum pronunciamento ou acordo assinado, mas pelo cenário do bombardeio da Líbia, com a sempre falsa justificativa de que fazem para defender os civis. Mesmo no plano do discurso, dos acordos e do seu itinerário, a visita foi decepcionante.

www.cartamaior.com.br

O senador Suplicy me ligou dizendo que não estava de acordo com uma mensagem que publiquei no twitter convocadando os cariocas a um domingo de praia ao invés de ir ao comício que o Obama deveria fazer na Cinelândia. Ele dizia que o Obama era o continuador dos sonhos do Martin Luther King. E se, de repente, depois de conversar com a Dilma, ele anunciasse a fim do bloqueio a Cuba no comício?

O Suplicy me perdoará se não for absolutamente textual – se ele quiser precisar seus argumentos, pode escrever que a Carta Maior publicará integralmente seu artigo. Mas estou seguro que esses eram os dois argumentos que ele me expos e eu, democraticamente, contra argumentei.

Disse que é verdade que Obama representou – ou, para alguns, anda representa – um polo progressista dentro dos EUA, contra a direita e a ultradireita. Mas mesmo lá dentro, apesar dos seus discursos contra os bancos, como causadores da crise, ele salvou os bancos, acreditando que eles salvariam os EUA, mas os bancos se salvaram a si mesmos e deixaram o país na recessão, com a elevada taxa de desemprego que ainda tem.

Mas, principalmente fora dos EUA – elemento inseparável para uma potência imperial -, sua politica continua exatamente a mesma do Bush, ele não cumpriu nenhuma das promessas que fez: nem terminou com o bloqueio a Cuba, nem saiu do Iraque, e agora promove uma nova guerra, contra a Líbia.

Uma vez realizada a visita, creio que a posição que defendi se justifica ainda mais. A marca da visita não está dada por nenhum pronunciamento ou acordo assinado aqui, mas pelo cenário do bombardeio da Líbia, com a sempre falsa justificativa de que fazem para defender os civis do país. Mesmo no plano do discurso, dos acordos e do seu itinerário, a visita foi decepcionante. Nos discursos, ele fez o mínimo possível de concessões: depois de ter apoiado expressamente a Índia para ingressar no Conselho de Segurança da ONU, fez apenas uma menção simpática ao Brasil – “apreço” -, longe do compromisso com o pais asiático. Os EUA não cumpriram com sua parte nos novos acordos comerciais e Obama tenta justificar a postura com a crise econômica, que dificultaria abrir o mercado dos EUA. Não havia nenhum sintoma de que anunciaria o fim do bloqueio a Cuba ou qualquer outra medida progressista, como seus pronunciamentos confirmaram.

Obama não trouxe o Ministro de Energia, como estava planejado, diminuindo as possibilidades de acordos nessa área. Rejeitou o convite para um jantar reservado com Dilma em Brasília, onde ficou apenas algumas horas, partindo rapidamente para o Rio. Aqui, fez programas familiares no jantar, na visita ao Corcovado e a Cidade de Deus. A suspensão do comício na Candelária – que tranquilizou o governo, que não via com bons olhos a operação – levou a um discurso no Teatro Municipal, onde houve mais seguranças, policiais e escoltas do que público.

Sua passagem – cujo aspecto mais importante foi o de que, pela primeira vez, um presidente empossado no Brasil é visitado por um presidente norteamericano, ao invés de ir visitá-lo – deixa uma imagem frágil, de pouca transcendência, de mais um presidente dos EUA que não somente não deixa um cenário de guerra – o Iraque – como prometido, como leva seu país, no momento da sua viagem, a mais uma.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Nobel da Paz autoriza a guerra


Ironia do destino. Nobel da Paz em 2009, Barak Obama transformou-se ontem no novo Senhor da Guerra, seguindo os passos de seus antecessores norte-americanos, democratas como ele ou republicanos. O presidente da maior potência mundial decidiu abrir mão do diálogo para atender aos anseios dos fabricantes de armas e autorizar o bombardeio na Líbia, que atinge especialmente inocentes. Tenho autoridade para dizer isso porque apoiei e vibrei com sua eleição, mas achei precipitado o presidente dos EUA ter sido escolhido por trabalhos "'extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional'". Um absurdo, pois Obama recém assumira. Agora, vemos o exagero do Comitê Norueguês do Nobel. E reconheço o erro de tê-lo apoiado ostensivamente.
Não apoio ditaduras. Apenas contesto o uso da força contra determinado país. Por que os EUA, aliado com a França em uma colisão de guerra, não agem para derrubar a ditadura da Arábia Saudita, uma das mais fechadas e sanguinárias do mundo? Porque lá estão alguns dos melhores amigos dos norte-americanos. E lá tem muito petróleo, do qual os EUA são dependentes. Esta é a lógica norte-americana.