domingo, 12 de setembro de 2010

Sem medo de ser feliz

Me intrigo ao ver como a felicidade amedronta.
Medo de que seja tão verdadeira quanto queremos.
Ou efêmera como tanto tememos.
Prefiro ser feliz, independente do medo.

A parcialidade e o golpismo da mídia

A grande mídia - que o colega Paulo Henrique Amorim apelidou de PIG (Partido da Imprensa Golpista) - continua agindo como investigadora. Seus "jornalistas", lamentavelmente, são os investigadores do momento, com o intuito de ajudar um candidato moribundo. A isenção, essencial no bom jornalismo, foi esquecida. Continuarão agindo desta forma durante o Governo de Dilma? O espírito golpista será mantido? Espero que não, mas tudo é possível ante a fúria do PIG.

11 de setembro, outra data para lembrar

Os norte-americanos e o mundo lembram do 11 de setembro como o dia em que o terror derramou sangue para conseguir seus objetivos. Não esqueçamos que eles - governo dos EUA - foram cúmplíces de um atentado semelhante na mesma data, mas que preferem ignorar.

"Quando os aviões, naquela terça-feira, 11 de setembro, aproximavam- se do edifício que simbolizava a liberdade de toda uma nação, vinham carregados da mais fria ânsia assassina, prontos para por em terra não somente o poder que ele simbolizava, mas também todas as esperanças de soberania e justiça que trazia consigo. No entanto, se a morte alada, patrocinada por grupos estrangeiros, logrou seu objetivo imediato, não conseguiu matar a utopia de uma vida verdadeiramente livre e justa, que permaneceu e permanece viva no coração de todos aqueles que, a partir daquele dia, sabiam que a vida de toda uma nação - e do mundo - nunca mais seria a mesma".


11 de setembro de 1973 - 11 de setembro de 2010.
37 anos do assassinato de Salvador Allende, presidente eleito do Chile

Até agente da ditadura militar serve à Folha contra Dilma

Importante análise feita pelo blog Tijolaço.com, de Brizola Neto, sobre a parcialidade da mídia na atual campanha eleitoral. Ele faz referência ao uso de um torturador da ditadura militar, que tornou-se fonte "confiável" da Folha de São Paulo. Com certeza, trata-se da confirmação de que a grande mídia tranformou a informação em investigação. Contra o governo Lula e a candidata Dilma. Lamentável...
Depois a ombudswoman da Folha fica se queixando quando acontece uma reação indignada na internet contra o papelão a que o jornal está se prestando.
Está mandando gente para tudo o que é canto para tentar levantar informações que possa usar para explorar contra Dilma. Depois de mandar um enviado à Bulgária para ver se achava umas histórias escabrosas do pai da candidata, antes que este viesse para o Brasil nos anos 30(!!!), agora mandou um repórter a Porto Alegre para entrevistar um agente da ditadura, um espião da chamada “comunidade de informações” que diz ter sido encarregado de vigiar Dilma Rousseff.
Sim, acredite, o jornalzinho vai ouvir um ex-coronel da Brigada Militar, expulso da corporação por roubo de tijolos, é a fonte em que ele se ampara para tentar fazer uma contrapropaganda de Dilma.
Este cidadão, que não tem um pingo de autoridade moral e desonra a Brigada Militar – a força que resistiu à tentativa de golpe em 61 – ganha o direito de dar palpites sobre a personalidade de sua “espionada”:
“O ex-coronel relembra a Dilma que vigiou: cabelos armados, óculos de lente grossa, com personalidade forte para intervir em discussões entre esquerdistas e fazer valer sua opinião.”Pessoas desse tipo são duras, amargas. Ela é uma mulher amarga. Não é aquilo que está aparecendo na televisão. É lobo em pele de cordeiro”. “Lula vai se enganar com ela”, pontifica o espiãozinho.
Desde quando espião, araponga, agente da repressão tem o direito de ver um jornal sair publicando suas “análises” psicológicas? Ao que eu saiba, as únicas técnicas de “psicologia” usadas pelos agentes da repressão eram bordoadas, choques elétricos, chicotadas, sufocamento e outras barbaridades, que os colegas deste tal Sílvio Carriço Ribeiro, que a Folha de S. Paulo elevou à condição de “formador de opinião” sobre Dilma.
Que vergonha para a imprensa brasileira, que nojo para os democratas deste país!



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Para salvar a vida: as mulheres no poder

Leonardo Boff

Há uma feliz singularidade na atual disputa presidencial no Brasil: a presença de duas mulheres, Marina Silva e Dilma Rousseff. Elas são diferentes, cada qual com seu estilo próprio, mas ambas com indiscutível densidade ética e com uma compreensão da política como virtude a serviço do bem comum e não como técnica de conquista e uso do poder, geralmente, em benefício da própria vaidade ou de interesses elitistas que ainda predominam na democracia que herdamos.

Elas emergem num momento especial da história do pais, da humanidade e do planeta Terra. Se pensarmos radicalmente e chegarmos à conclusão como chegaram notáveis cosmólogos e biólogos de que o sujeito principal das ações não somos nós mesmos, num antropocentrismo superficial, mas é a própria Terra, entendida como superorganismo vivo, carregado de propósito, Gaia e Grande Mãe, então diríamos que é a própria Terra que através destas duas mulheres nos está falando, conclamando e advertindo. Elas são a própria Terra que clama, a Terra que sente e que busca um novo equilíbrio.
Esse novo equilíbrio deverá passar pelas mulheres predominantemente e não pelos homens. Estes, depois de séculos de arrogância, estão mais interessados em garantir seus negócios do que salvar a vida e proteger o planeta. Os encontros internacionais mostram-nos despreparados para lidar com temas ligadas à vida e à preservação da Casa Comum. Nesse momento crucial de graves riscos, são invocados aqueles sujeitos históricos que estão, pela própria natureza, melhor apetrechados a assumirem missões e ações ligadas à preservação e ao cuidado da vida. São as mulheres e seus aliados: aqueles homens que tiverem integrado em si as virtudes do feminino. A evolução as fez profundamente ligadas aos processos geradores e cuidadores da vida. Elas são as pastoras da vida e os anjos da guarda dos valores derivados da dimensão da anima (do feminino na mulher e no homem) que são o cuidado, a reverência, a capacidade de captar, nos mínimos sinais, mensagens e sentidos, sensíveis aos valores espirituais como a doação, o amor incondicional, a renúncia em favor do outro e a abertura ao Sagrado.
O feminismo mundial trouxe uma crítica fundamental ao patriarcalismo que nos vem desde o neolítico. O patriarcado originou instituições que ainda moldam as sociedades mundiais como: a razão instrumental-analítica que separa natureza e ser humano e que levou à dominação sobre os processos da natureza de forma tão devastadora que se manifesta hoje pelo aquecimento global; criou o Estado e sua burocracia, mas organizado nos interesses dos homens; projetou um estilo de educação que reproduz e legitima o poder patriarcal; organizou exércitos e inaugurou a guerra. Afetou outras instâncias como as religiões e igrejas cujos deuses ou atores são quase todos masculinos. O “destino manifesto” do patriarcado é do dominium mundi (a dominação do mundo), com a pretensão de fazer-nos “mestres e donos da natureza”(Descartes).
Atualmente, os homens (varões) se fizeram vítimas do “complexo de deus” no dizer de um eminente psicalista alemão K. Richter. Assumiram tarefas divinas: dominar a natureza e os outros, organizar toda a vida, conquistar os espaços exteriores e remodelar a humanidade. Tudo isso foi simplesmente demais. Não deram conta. Sentem-se um “deus de araque” que sucumbe ao próprio peso, especialmente porque projetou uma máquina de morte, capaz de erradicá-lo da face da Terra.
É agora que se faz urgente a atuação salvadora da mulher. Damos razão ao que escreveu anos atrás o Fundo das Nações Unidas para a População:”A raça humana vem saqueando a Terra de forma insustentável e dar às mulheres maior poder de decisão sobre o seu futuro pode salvar o planeta a destruição”. Observe-se: não se diz “maior poder de participação às mulheres”coisa que os homens concedem mas de forma subalterna. Aqui se afirma: “poder de decisão sobre o futuro.” Essa decisão, as mulheres devem assumir, incorporando nela os homens, pois caso contrário, arriscaremos nosso futuro.
Esse é o significado profundo, diria, providencial, das duas candidatas mulheres à presidência do Brasil: Marina Silva e Dilma Rousseff.

Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro Feminino e masculino.Uma nova consciência para o encontro das diferenças (2002).