sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Somos humanos e não sabemos agir como os animais

É uma vergonha o que aconteceu durante a semana em um bairro da Zona Norte de Porto Alegre. "Humanos" mataram um filhote de chupim que estava preso de cabeça para baixo no alto de um poste. Antes, durante três dias, um casal de joão-de-barro alimentava a pequena ave, como única forma de mantê-la viva, apesar do sol e da chuva. Moradores ficaram sensibilizados e pediram socorro à Companhia Estadual de Ernergia Elétrica (CEEE), atitude fatal para o filhote. Insensíveis, os funcionários não subiram até a casa de barro para salvar o chupim. Derrubaram o ninho e, com ele, a pequena ave. Morreu na queda. O ato atingiu em cheio os joões-de-barro, que ficaram sem a casa e sem o filhote adotado com carinho nos últimos três dias.
A imprensa, que acompanhou o caso, disse que sobrou a lição de persistência. A meu ver, ficou também a prova de insensibilidade do humano, muitas vezes chamado de animal quando comete atos insanos.
Não, os animais não fariam isso.

Humor - charge de Bessinha

Sentimentos

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa