terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Os quatro dias


Olho o calendário e vejo quatro dias metidos no meio dos sonhos de muitas pessoas. Esperam 2012 os que venceram e querem avançar a conquista.
Esperam o novo ano os que tiveram derrotas e querem transformar o novo ano em retomada.
Mas faltam quatro dias. O que fazer deles?
Já ouvi foguetes espocarem pela cidade. Apressada esta gente.
Já vi despedidas de pessoas que saíram de mala e cuia para outros rincões do Brasil ou fora dele. Organizada esta gente.
Mas a maioria ainda olha na folhinha a imagem que vislumbrei.
Faltam quatro dias, balbuciam angustiados. E como demora a passagem destes dias. Muitos gostariam de dormir e acordar em 2012, com seus sonhos em plena realização.
Sabe que não seria uma má ideia. Afinal, muitos não pegariam seus carros e correriam para a praia, sujeitos a engrossarem aquela estatística que costuma pegar os desprevenidos, os imprudentes, os alcoolizados.
Não seria melhor ficar olhando o calendário, deixando o tempo passar?
Afinal, amanhã faltarão três dias. Depois, dois. E um.
Os fogos espocam por todo lado, a bebida jorra, o carro acelera.
Não pensa nisso: congela o tempo e não olha os dias que faltam.
E os sonhos?
Que vida!

Menina dos versos

Naquela época, comias bergamota
e corrias para a lapiseira à mesa.
Com lápis, escrevias lindos versos
que aos adultos pareciam fábula.
Era teu jeito do mundo belo ver.
Caramelo, elo, libelo, amarelo
Tudo era fonte de teus poemas,
com rima, sem rima, métricos,
mas sempre embalados e ternos.