quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Em setembro, Amazônia teve 587 km² de área desmatada


Segundo o novo relatório do Inpe, devastação da floresta foi maior no estado do Mato Grosso neste período

O desmatamento na floresta amazônica durante o mês de setembro foi de 587 km², revela o sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O número representa uma queda de 22,35% na devastação, se comparado ao mês anterior, agosto, que obteve 756 km² de área desmatada.
A queda também foi diagnosticada na comparação com o desflorestamento ocorrido no mesmo período do ano passado, que atingiu 603 quilômetros quadrados.
Desta vez, o estado campeão em desmate foi o Mato Grosso, com 216 km², seguido pelo Pará, com 127 km². Maranhão, Rondônia e Amazonas tiveram, respectivamente, 97 , 91,5 e 46 quilômetros quadrados desmatados. Os demais estados da Amazônia Legal tiveram pouco ou nenhum desmatamento registrado pelo Deter.
Apesar dessa diminuição, o relatório afirma que somente os estados do Mato Grosso e Rondônia puderam ser analisados em sua totalidade, já que nuvens atrapalharam o monitoramento do restante dos estados da Amazônia. Segundo o Inpe, o Pará teve 63% de sua área encoberta por nuvens.
De acordo com o Inpe, de janeiro a setembro deste ano, a Amazônia perdeu 6.268 hectares de floresta, isso equivale a mais de 6 mil campos de futebol perdidos. O mês em que houve maior devastação foi abril, com 1.124 km².
Neste período, o estado líder em desmatamento é o Pará, com 435,4 km² de devastação, seguido pelo Mato Grosso, com 229,2 km². Desde 2004, o Deter considera como desmatamento as áreas que sofreram corte raso (desmate completo) ou degradação progressiva (floresta em processo de desmatamento).

Fonte:
http://www.amazonia.org.br

Obama à perigo


Em post mais antigo eu tinha alertado que muitos americanos direitistas e racistas não suportariam um presidente negro, como Barak Obama. Ontem, foram presos dois jovens - supostamente ingênuos - que estariam tramando um atentado contra o candidato. Embora tenha um grande aparato de segurança, o candidato deve se cuidar. Sobram americanos menos ingênuos e mais belicosos para tramar contra sua vida antes e depois da eleição. Exemplos não faltam em anos passados e recentes. O boneco acima surgiu no início da campanha e foi recolhido. Mas, nos comícios de McCain, continuam os gritos de "Mate-o. Mate-o" Cuidado, portanto!

Os dois azuis. E os dois vermelhos...

Hoje, saberemos se o tricolor porto-alegrense tem bala na agulha ou não para aspirar ao título de campeão brasileiro. Pela trajetória no segundo turno - não ganhou nenhuma fora de casa - a tendência é que pare diante de outro azul em Belo Horizonte: o Cruzeiro. Como não torço para azuis, fico na expectativa. Antes, porém, o meu Inter tem que ganhar do Náutico para manter um fio de esperança de disputar a Libertadores de 2009. É outro vermelho, que deverá ser batido. Imagino que os gremistas torcerão para nós. Com isso, teoricamente, iremos com tudo para cima do São Paulo, no domingo. Tenho uma posição: meu time não deve entregar o jogo para prejudicar o adversário da Azenha. Ele que se vire!

Prefeito? Até quando?

Como suspeitávamos e até denunciávamos, o prefeito eleito de Porto Alegre, José Fogaça, não ficará os quatro anos no Governo. A mídia que o conhece amiúde já está sugerindo que ele poderá concorrer a senador, governador e até - pasmem - presidente da República. Pergunta: o que pensam os leitores que votaram nele? Concordam que o vice-prefeito, José Fortunatti, ganhe de graça quase três anos de mandato? Eu não votei no atual prefeito e já sabia da artimanha. Como condenei Tarso Genro por abandonar a prefeitura para concorrer a governador, tenho autoridade para fazer o mesmo com quem não é meu partidário.

Peço desculpas

Grandioso o artigo deste grande intelectual, que continua colaborando para abrir mentes no Brasil. Por isso, divido o texto com vocês. Por mais que achem longo, aconselho a lerem até o final. Vale a pena!


Frei Betto

Estou gravemente enfermo. Gostaria de manifestar publicamente minhas escusas a todos que confiaram cegamente em mim. Acreditaram em meu suposto poder de multiplicar fortunas. Depositaram em minhas mãos o fruto de anos de trabalho, de economias familiares, o capital de seus empreendimentos.
Peço desculpas a quem assiste às suas economias evaporarem pelas chaminés virtuais das Bolsas de Valores, bem como àqueles que se encontram asfixiados pela inadimplência, os juros altos, a escassez de crédito, a proximidade da recessão.
Sei que nas últimas décadas extrapolei meus próprios limites. Arvorei-me em rei Midas, criei em torno de mim uma legião de devotos, como se eu tivesse poderes divinos. Meus apóstolos - os economistas neoliberais - saíram pelo mundo a apregoar que a saúde financeira dos países estaria tanto melhor quanto mais eles se ajoelhassem a meus pés.
Fiz governos e opinião pública acreditarem que o meu êxito seria proporcional à minha liberdade. Desatei-me das amarras da produção e do Estado, das leis e da moralidade. Reduzi todos os valores ao cassino global das Bolsas, transformei o crédito em produto de consumo, convenci parcela significativa da humanidade de que eu seria capaz de operar o milagre de fazer brotar dinheiro do próprio dinheiro, sem o lastro de bens e serviços.
Abracei a fé de que, frente às turbulências, eu seria capaz de me auto-regular, como ocorria à natureza antes de ter seu equilíbrio afetado pela ação predatória da chamada civilização. Tornei-me onipotente, supus-me onisciente, impus-me ao planeta como onipresente. Globalizei-me.
Passei a jamais fechar os olhos. Se a Bolsa de Tóquio silenciava à noite, lá estava eu eufórico na de São Paulo; se a de Nova York encerrava em baixa, eu me recompensava com a alta de Londres. Meu pregão em Wall Street fez de sua abertura uma liturgia televisionada para todo o orbe terrestre. Transformei-me na cornucópia de cuja boca muitos acreditavam que haveria sempre de jorrar riqueza fácil, imediata, abundante.
Peço desculpas por ter enganado a tantos em tão pouco tempo; em especial aos economistas que muito se esforçaram para tentar imunizar-me das influências do Estado. Sei que, agora, suas teorias derretem como suas ações, e o estado de depressão em que vivem se compara ao dos bancos e das grandes empresas.
Peço desculpas por induzir multidões a acolher, como santificadas, as palavras de meu sumo pontífice Alan Greenspan, que ocupou a sé financeira durante dezenove anos. Admito ter ele incorrido no pecado mortal de manter os juros baixos, inferiores ao índice da inflação, por longo período. Assim, estimulou milhões de usamericanos à busca de realizarem o sonho da casa própria. Obtiveram créditos, compraram imóveis e, devido ao aumento da demanda, elevei os preços e pressionei a inflação. Para contê-la, o governo subiu os juros... e a inadimplência se multiplicou como uma peste, minando a suposta solidez do sistema bancário.
Sofri um colapso. Os paradigmas que me sustentavam foram engolidos pela imprevisibilidade do buraco negro da falta de crédito. A fonte secou. Com as sandálias da humildade nos pés, rogo ao Estado que me proteja de uma morte vergonhosa. Não posso suportar a idéia de que eu, e não uma revolução de esquerda, sou o único responsável pela progressiva estatização do sistema financeiro. Não posso imaginar-me tutelado pelos governos, como nos países socialistas. Logo agora que os Bancos Centrais, uma instituição pública, ganhavam autonomia em relação aos governos que os criaram e tomavam assento na ceia de meus cardeais, o que vejo? Desmorona toda a cantilena de que fora de mim não há salvação.
Peço desculpas antecipadas pela quebradeira que se desencadeará neste mundo globalizado. Adeus ao crédito consignado! Os juros subirão na proporção da insegurança generalizada. Fechadas as torneiras do crédito, o consumidor se armará de cautelas e as empresas padecerão a sede de capital; obrigadas a reduzir a produção, farão o mesmo com o número de trabalhadores. Países exportadores, como o Brasil, verão menos clientes do outro lado do balcão; portanto, trarão menos dinheiro para dentro de seu caixa e precisarão repensar suas políticas econômicas.
Peço desculpas aos contribuintes dos países ricos que vêem seus impostos servirem de bóia de salvamento de bancos e financeiras, fortuna que deveria ser aplicada em direitos sociais, preservação ambiental e cultura.
Eu, o mercado, peço desculpas por haver cometido tantos pecados e, agora, transferir a vocês o ônus da penitência. Sei que sou cínico, perverso, ganancioso. Só me resta suplicar para que o Estado tenha piedade de mim.
Não ouso pedir perdão a Deus, cujo lugar almejei ocupar. Suponho que, a esta hora, Ele me olha lá de cima com aquele mesmo sorriso irônico com que presenciou a derrocada da torre de Babel.