sexta-feira, 30 de maio de 2008

Abaixo o cigarro

Pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revela que 23% dos brasileiros fumam. Em média, 14 cigarros por dia. Além de comprometer a saúde, o cigarro representa um alto custo no bolso.
A SBC disponibiliza em seu portal um cálculo onde o fumante consegue saber o quanto ele já gastou com o cigarro. Em poucos segundos, respondendo cinco perguntas, a pessoa contabiliza o quanto é gasto por mês, em um ano e o quanto ela desperdiçou com o cigarro ao longo da vida.

Um exemplo citado no site:

Vejamos o caso de uma pessoa que começou a fumar aos
11 anos, aproximadamente um maço por dia, que custa em torno de R$ 2,60.
Considerando que essa pessoa tenha hoje 21 anos, ela teve um gasto de R$ 9.360 por causa do cigarro.
No final o cigarro, além de prejudicar a saúde do usuário, causou uma despesa alta na vida dela.

Educação? Não é com Yeda!

Os números não mentem. Por meio deles, descobre-se que o processo de deterioração da educação no governo de Yeda Crusius é incrível. As escolas estaduais gaúchas reduziram 8,3 mil turnos no decorrer deste ano, segundo balanço divulgado na manhã de quinta-feira (29 de maio) pela Secretaria Estadual da Educação, que aponta também a redução do número de escolas. Em um ano, a SEC fechou ou transferiu às prefeituras 122 instituições — a maioria localizada em áreas rurais. O processo de "enturmação" usou 47,9 mil turmas para agrupar 1,3 milhão de alunos. Estão todos enlatados.
Uma pergunta que não quer calar: o PDT - cuja principal bandeira é a educação - continua apoiando este governo?
Caro Kayser, permita que eu use uma charge tua para ilustrar bem a situação.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O que é notícia?

Parece que muita gente do meio jornalístico que ainda não aprendeu a velha e surrada lição dos tempos de faculdade: na relação entre o homem e o cachorro, só é motivo de divulgação se o primeiro morder o segundo. Ou seja, merece manchete quando o dono, acometivo de fúria, avançar sobre o animal e lhe desferir umas mordidas. O contrário é corriqueiro. Pois vejam o caso de Abel Braga, treinador do Internacional, após três derrotas consecutivas do time. Na ausência de uma notícia mais forte no Beira-Rio, a tristeza, o mau-humor e a insônia do técnico são sintomas que estão merecendo destaque em jornais, televisões e internet. Entendo que tanta badalação deveria ocorrer se o comandante colorado confessasse estar alegre, exultante e dormisse oito horas por noite, sem qualquer pesadelo. Trata-se de um típico caso de inversão da notícia!

1968 não interessa à mídia de hoje. E aos jornalistas também

O portal Observatório da Imprensa colocou uma enquete na sua página da Internet perguntando se a mídia está sabendo explicar os acontecimentos políticos de maio de 1968. O resultado parcial não me surpreende por duas razões já conhecidas no meio jornalístico:
1. Falta memória nas redações. Com a juvenilização cada vez forte, jornalistas com idades entre 20 e 30 anos não tinham nascido e nem têm interesse em ler publicações a respeito. O dia-a-dia atual lhes toma todo o tempo.
2. Se antes a direita acusava a politização das redações - que seria de esquerda na totalidade -, hoje está acontecendo o inverso. Falta politização (não confundir com militância em partido político) e, por isso, impera o superficialismo na mídia. Tratar o que aconteceu em 1968 implicaria em aprofundar o debate sobre a reação da juventude no período de uma ditadura sanguinária.
Portanto, o resultado da pesquisa abaixo até ao meio-dia de quinta-feira, 29 de maio, é o retrato do que ocorre nas redações de hoje.


Resultado

A mídia tem conseguido explicar o que ocorreu em maio de 1968, quarenta anos depois?

1. Sim 10% 30 votos

2. Não 90% 257 votos

Total: 287 votos

Ser jornalista

Tenho recebido inúmeros questionamentos de pessoas que querem fazer Jornalismo ou estão no início do curso. Os jovens têm dúvida, e entendo que a melhor lição que devemos passá-los é mostrar como é a vida do jornalista na hora em que está numa redação de jornal, na televisão, no rádio, numa assessoria de imprensa e, mais recentemente, na web. Recebi três perguntas de uma curiosa estudante e enviei as seguintes respostas. Se servir para outros jovens que acessarem este blog, estarei recompensado. Aceito também contribuições, acréscimo e contestações...

Para você o que é ser jornalista?

Ser jornalista é gostar das histórias do mundo e ter a oportunidade de transmiti-las pelos meios de comunicação. Jornalista é um dom que adquirimos em um momento de nossa vida, cabendo a nós cultivando-lo com retidão, ética e imparcialidade. Não vejo outra forma de praticarmos o Jornalismo sem paixão, dedicação e o coração pulsando. Sou repórter durante toda a minha carreira e acho esta função a mais nobre da profissão. Nesta condição, tive a oportunidade de visitar pessoas desconhecidas em lugares desconhecidos e, de um dia para o outro, a história delas e de suas atividades estavam na página do jornal.

O que te motivou a escolher esta profissão?

Gostava de ler e escrever muito, mesmo que a condição financeira de minha família não me permitisse comprar livros, jornais e revistas. Fui atrás deles. Queria ser jornalista esportivo porque eu adorava ouvir as narrações e coberturas de futebol pelo rádio. Formado, fui trabalhar em jornal e, em raras ocasiões, fiz matérias esportivas. Meu caminho se direcionou para a editoria de economia e não me arrependo de tê-lo seguido. Detalhe: não pense em ficar rico com a profissão. Este é um privilégio de poucos. O segredo é dedicar-se e fazer o melhor que se gosta para conquistar avanços em seu local de trabalho.


Dá para conciliar numa boa a corridíssima vida de jornalista com a vida pessoal?

Quem decide ser jornalista deve preparar-se para ter uma vida diferente da que é desfrutada por outros profissionais. O jornalista tem que estar disponível 24 horas porque, a qualquer momento, pode ser chamado para fazer cobertura de um fato importante. Normalmente, as pessoas falam dos bons momentos que é chegar cedo em casa ou passar em um barzinho para relaxar da labuta diária. Pois é neste momento que a maioria dos jornalistas está trabalhando duro: ou na entrega das matérias, ou na edição delas. O "baixamento" - jargão das redações - de boa parte dos jornais vai até a meia-noite. Mais: não pense em domingos e feriados. Os jornais circulam todos os dias, e o trabalho também. É claro que existem escalas e o jornalista terá folga em algum fim de semana. Por isso, quem convive com um jornalista (marido, mulher, pais e filhos) deve estar preparado para esta rotina.

Quem está em grande enrascada: a Igreja, a Ciência ou a Humanidade?

Importante a artigo deste bispo mineiro a respeito do emprego das células-tronco. Quem ler, saberá que a Igreja não tem uma posição tão consensual como parecia.

A Igreja numa grande enrascada

Dom Paulo Francisco Machado

Bispo Diocesano de Uberlândia

Continuamente a Igreja vem sendo questionada acerca do emprego das células-tronco nas pesquisas científicas para descobertas de curas e terapias de alguns graves problemas de saúde que afligem a humanidade, como: diabetes, doenças neurodegenerativas, hematológicas, renais, acidentes vasculares do coração e do cérebro, traumas na medula espinhal. O grande mérito de tais estudos é a possibilidade de livrar-nos de uma série de doenças relacionadas aos tecidos ósseos, nervoso, muscular, sanguíneos. As tão famosas células são encontradas no cordão umbilical, na placenta, na medula óssea, etc.

É claro que a possibilidade de tais conquistas, anunciadas entusiasticamente pelos meios de comunicação de massa, enchem de esperança tantas pessoas acometidas por tais males. E, é claro que a Igreja não pode de modo algum deixar de se regozijar com tão importantes conquistas da humanidade, uma vez que ela é anunciadora do Evangelho da Vida: "Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida... Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham abundantemente". Diante disso não podemos ter outro caminho que acolher a proposta do Senhor, escolhendo a vida ("Escolhe, pois a vida").

Dito isto, cabe-nos esclarecer que as células-tronco podem ser extraídas de células adultas, encontradas no sangue, no cordão umbilical, na medula óssea ou, de células embrionárias que parecem ter alto poder de diferenciação na formação de células de outros tecidos do nosso organismo. As pesquisas e aplicações das células adultas não ferem a moral, portanto merecem todo louvor os cientistas que, respeitando o valor da vida, atuam nesse campo. Já o uso de células embrionárias para pesquisas contraria a moral, porquanto, até a presente data, é necessário destruir, matar o embrião para sua aquisição.

Na verdade não há o suposto conflito entre a Igreja e a Ciência: esse se encontra entre a Ciência e a Moral. Acontece que a Ciência, junto com a sua homenageada irmã siamesa, a Tecnologia, não tem autoridade no campo Moral. A Ciência e a Tecnologia produziram as armas – pense, por exemplo, no famoso punhal de Toledo ou na bomba H – mas é a Moral que, delimitando as fronteiras do verdadeiro bem, vai nos apontar o que devemos fazer. A ela compete delimitar o campo de pesquisa de uma Ciência, dizendo-nos se essa corresponde ao bem da humanidade. Há muitos anos guardo um texto de um cientista alemão naturalizado americano, Werner von Braun, que insiste, para a sobrevivência da humanidade, na necessidade de nos atermos aos princípios Morais, Éticos. Dizia-nos: "Hoje, mais do que nunca, a sobrevivência – a sua, a minha, a dos nossos filhos – depende de nossa adesão aos princípios Éticos. Só a Ética decidirá se a energia atômica vai ser uma bênção ou a origem da destruição total da Humanidade". Continuando o pensamento desse grande cientista, tecnólogo e sábio posso dizer que a Ética já tem uma resposta quanto ao uso das células embrionárias: "Não se pode matar um embrião, destruir uma vida humana que vem se desenvolvendo, para se produzir órgãos "sobressalentes" para curar, ou mesmo, salvar um adulto". Se o primitivo antropófago se alimentava da carne dos seus inimigos com a expectativa de reter sua força, os novos antropófagos estão na ânsia de comer o fígado, cérebro, pâncreas, coração de seus irmãos para conservar suas vidas.

Não se pode interromper o misterioso processo, a audaciosa e grande aventura de prosseguir o caminho já iniciado da vida humana. O embrião não é um cristal, um tumor, não é algo, é alguém que deu a partida para o mais fantástico grande prêmio, tem amplas possibilidades de subir ao pódio do parto e, assim celebrar mais uma vitória da vida. Afinal de contas o embrião humano não é a célula mater de uma barata ou de um orangotango, pois tem a estrutura genética própria dos humanos. É, sem dúvida, um organismo imaturo, mas tem em si as potencialidades de prosseguir a sua aventura vital e, assim, um dia poderá pronunciar as mais queridas palavras forjadas na nossa linguagem: "papai...mamãe ... eu te amo...". Logo no seu início distingue-se da célula paterna e materna: é alguém único no mundo.

Talvez tenha que advertir que o desprezo da Ética e da Moral terá efeitos desastrosos para o futuro humano. Se incentivarmos a "Cultura da Morte" e, hoje, não defendermos o "Evangelho da Vida", não faltará quem irá propor uma injusta lei de eliminação de todos quantos são pesados para o erário público, que tornam os impostos tão altos.

Deixo ao caro leitor as questões para reflexão:

1. Um ser humano, no início de sua vida, de sua existência é ou não sujeito de direitos, inclusive do fundamental direito a prosseguir na sua admirável aventura de mostrar o seu rosto e fazer sua peregrinação vital, como todos nós neste mundo?

2. Quando se inicia para alguém o direito de existir?

3. A quem compete o direito de determinar quando começa a vida humana, para que essa possa gozar dos direitos de cidadania?

Não penso que possamos barrar, com as nossas ponderações, todo o processo de pesquisas com as células embrionárias. Faço votos para que se possam encontrar meios eficientes de extraí-las sem danificar ou matar o embrião, que já é sujeito do grande direito de viver, de crescer, um dia mostrar seu rosto para todos. Se não conseguirmos, a Ciência e a Tecnologia serão julgadas pela História. Há anos a Igreja reconheceu o erro de alguns de seus membros em condenar Galileu. Será que a Ciência terá a humildade de, no futuro, reconhecer seu erro e seu crime?

Afinal de contas, quem está em grande enrascada: a Igreja, a Ciência ou a Humanidade?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ao lado das taças, com orgulho


Ontem estive no Beira-Rio e fiz algo que almejava faz tempo. Me deixei fotografar ao lado dos troféus da Libertadores e do Mundial Fifa. O guardião dos importantes das taças aceitou clicar, mas avisou que eu não poderia tocar em nada. Cumpri o trato, mas confesso que deu uma vontade de abraçar os objetos que representam as maiores conquistas do meu Sport Club Internacional. Na foto acima, da esquerda para a direita, estão as taças da Dubai Cup, do Mundial e da Libertadores da América, além de um belo prato desta última competição.

Novo vizinho, nova realidade

Um posto de gasolina e três casas não farão mais parte do cenário da rua Lima e Silva, aqui perto de casa. No lugar, em frente ao centro de compras Nova Olaria, será construído um moderno edifício com 14 andares destinados a moradia. Serão apartamentos de um, dois e três dormitórios com áreas entre 49 metros quadrados e 83 metros quadrados. Tudo pequeno, mas moderno, luxuoso. Assim vivem as famílias atualmente. Não existem mais aquelas apartamentos espaçosos, com cozinhas, salas e quartos para os moradores se esparramarem. Ah, na nova edificação não faltarão cinema, bar, lojas, piscina e todas as comodidades para quem adquirir uma unidade. Mesmo que o banheiro no interior do apartamento tenha apenas 4 ou 5 metros quadrados.

Torcida pelo adversário

O adversário do Internacional no Rio Grande do Sul, o Porto-Alegrense, está em terceiro lugar no Brasileirão, graças a duas vitórias e um empate. Ao contrário do que poderiam supor os amigos gremistas, estou torcendo pelo time deles neste início de campeonato. Com a boa colocação, o técnico Celso Roth permanece no cargo, que quase lhe foi tirado após cair fora do Gauchão. Com Roth, o Grêmio irá bem até metade do campeonato e depois despencará na tabela. É assim que acontece com todos os times treinados pelo turrão e retranqueiro Roth. Quando o Porto-Alegrense estiver em declínio, o treinador cairá. Mas o time permanecerá em posição intermediária do campeonato. Se não rondar a zona do rebaixamento. Portanto, fica Roth.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Era Glacial do Jornalismo – Volume 2

A Era Glacial do Jornalismo volume 2 reúne autores da vertente norte-americana que compõem as Teorias Sociais da Imprensa. A coletânea organizada por Christa Berger e Beatriz Marocco mostra a força crítica de autores como Robert Park, E. Ross e W. Lippmann, voltada às práticas do jornalismo capitalista e às funções da comunicação numa democracia, mais concretamente, da imprensa como voz do povo.
Seus artigos também refletem a tensão entre os avanços da tecnologia e a prática da democracia numa sociedade em rápido processo de mudança, na qual a industrialização, a urbanização e a migração se constituíam em forças sociais motoras do desenvolvimento cultural, político e econômico, acompanhadas por uma complexidade crescente da vida e do significado do conhecimento especializado. O livro engloba ainda textos analíticos de autores contemporâneos que contribuem para enriquecer a discussão e a reinterpretação dessas teorias. Assim, esse livro se torna fundamental para compreender o jornalismo em suas complexas relações com a sociedade e para entender, como diz Park, a nossa era como “a era da notícia” e o surgimento do repórter como “um dos mais importantes eventos na civilização americana”.

Capa: Danni Calixto
Páginas: 191
Preço: R$ 32,00

domingo, 25 de maio de 2008

Memória: quando um torturador falou a verdade

Sábado, 24 de Maio de 2008

Confissões de um torturador: - Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Entrevista feita em 9 de dezembro de 1998 com Marcelo Paixão de Araújo, que, em 1968, servia como tenente no 12º Regimento de Infantaria do Exército em Belo Horizonte, um dos três centros mais conhecidos de tortura da capital mineira durante a ditadura militar. Ali, permaneceu até 1971.

Revista Durante a ditadura, em depoimentos na Justiça Militar, 22 presos políticos acusam o senhor de tortura. É verdade?
Araújo
— Quem lhe disse isso?

Revista Vi nos processos na Justiça Militar. E, pela quantidade de presos que o citaram, o senhor é o agente da repressão que mais praticou torturas. É verdade?
Araújo
— Sim. Todos os depoimentos de presos que me acusam de tortura são verdadeiros.

Revista O senhor fez isso cumprindo ordens ou achava que deveria fazê-lo?
Araújo
— Eu poderia alegar questões de consciência e não participar. Fiz porque achava que era necessário. É evidente que eu cumpria ordens. Mas aceitei as ordens. Não quero passar a idéia de que era um bitolado. Recebi ordens, diretrizes, mas eu estava pronto para aceitá-las e cumpri-las. Não pense que eu fui forçado ou envolvido. Nada disso. Se deixássemos VPR, Polop (organizações terroristas) ou o que fosse tomar o poder ou entregá-lo a alguém, quem se aproveitaria disso seriam os comunistas. Não queríamos que o Brasil virasse o Chile de Salvador Allende. Nessa época, eu tinha 21 anos, mas não era nenhum menino ingênuo (risos). O pau comia mesmo. Quem falar que não havia tortura é um idiota.

Revista Como o senhor aprendeu a torturar?
Araújo
— Vendo.

Revista O que o senhor fazia?
Araújo
— A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar a gritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros), os militantes do grupo. Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era, vamos dizer assim, mais porrada. Um dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Um terceiro, soco no rim. Tudo para ver se ele falava. Se não falava, tinha dois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicar a palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. Eu era muito bom na palmatória.

Revista Como funciona a palmatória?
Araújo
Você manda o sujeito abrir a mão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos na mão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das Forças Armadas. Tinha gente que dizia que no telefone vinha inscrito US Army (indicando que era produto das Forças Armadas americanas). Balela. Era 100% brasileiro. O método foi muito usado nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas o nosso equipamento era brasileiro.

Revista E o que é o telefone?
Araújo
— É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem.

Revista De quanto?
Araújo
— Posso pegar o manual para informar com certeza. Mas não tem perigo de fazer mal. Eu gostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, mas sempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não se pode fazer é deixar a corrente passar pelo coração. Aí mata.

Revista Qual era o estágio seguinte quando o preso não falava?
Araújo
— O último estágio em que cheguei foi o pau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapas anteriores. Mas pau-de-arara é um negócio meio complicado. No Rio e em São Paulo gostavam mais de usar o pau-de-arara do que em Minas Gerais. Mas a gente usava, sim. O pau-de-arara não é vantagem. Primeiro, porque deixa marca. Depois, porque é trabalhoso. Tem de montar a estrutura. Em terceiro, é necessário tomar conta do indivíduo porque ele pode passar mal. Também tinha o afogamento. Você mete o preso dentro da água e tira. Quando ele vai respirar, coloca dentro de novo, e vai por aí afora. É como um caldo, como se faz na piscina. Era eficiente. Mas eu não gostava. Achava que o risco era muito alto. Afogamento não era a minha praia (risos). A geladeira, uma câmara fria em que se coloca o preso, não funcionava em Belo Horizonte. Era muito caro. O que tinha era o trivial caseiro. O menu mineiro.

Revista O que mais tinha no menu mineiro?
Araújo
— A dança da lata eu praticava muito.

Revista Como era?
Araújo
— Eu pegava duas latinhas de ervilha e abria. Depois, colocava o cara de pé, em cima.

Revista Sangrava?
Araújo
— Não. Ele falava antes disso (gargalhadas). Mas quem era mais leve agüentava mais tempo.

Revista E quem não tinha o que dizer?
Araújo
— Ia para a lata igual. Mas é muito fácil identificar quem tinha e quem não tinha o que falar.

Revista Como?
Araújo
— Militante é diferente. Jornalista é diferente de militar, que é diferente de empresário, que é diferente de militante. Ele se deixa trair por uma série de coisas. O linguajar, para começar, é diferente. Então, inocente só era torturado quando o agente era muito cru, sem conhecimento algum da práxis marxista, ou quando era um sádico. É muito fácil identificar uma pessoa que não é de esquerda. Vou dar um exemplo. Há algum tempo fui comprar dólares no Banespa, no câmbio turismo. Como até hoje tenho minha carteira militar, apresentei-a no lugar da identidade. O atendente viu a carteira, olhou para mim e perguntou:

— O senhor serviu no colégio militar?
— Tive uma época lá. Por quê? Você foi aluno lá?
— Não.
— Você foi soldado?
— Não.
— Escuta, eu te prendi?
— Não foi bem assim. Fui preso e o senhor foi o único que acreditou em mim. Apanhei com palmatória antes de o senhor chegar e me liberar.
— Sorte, hein? Já pensou se fosse o contrário? (risos).

Revista O senhor já reencontrou alguma pessoa que torturou?
Araújo
— Sim. Eventualmente, eu encontro ex-presos meus, inclusive os que apanharam. E o relacionamento não é muito ruim, não. Não é aquele negócio de dar beijinhos e abraços. Mas é um relacionamento de respeito. Há pouco tempo, aqui em Belo Horizonte, encontrei o Lamartine Sacramento Filho, que é professor em uma faculdade local. Segurei ele no ombro e disse: 'Você não me conhece, não?' Ele levou um susto. Aí eu disse: 'Você tá bom?' Ele disse que sim e não quis mais conversa. Mas também não passa batido, não (risos). Não deixo passar batido (sério).

Revista Por quê?
Araújo
— É o meu esquema. Não deixo passar batido. Não vai passar batido. Não passa batido. Vou lá, coloco a mão no ombro dele e digo: Não me esqueci de você, não. Você lembra de mim? Estamos aí. A vida continua.

Revista Quantas pessoas o senhor já torturou?
Araújo
— Não tenho idéia. Não sou igual a matador que faz talho na coronha do revólver para cada um que mata. Mas você quer um número aproximado?

Revista Sim.
Araújo
— Uns trinta.

Revista O senhor matou alguém em sessões de tortura?
Araújo
— Não. Já atirei, mas não matei.

Revista Mas morreu gente onde o senhor servia.
Araújo
— Pouca gente. O João Lucas Alves, que era um ex-sargento da FAB, foi um deles. Ele morreu na tortura.

Revista O senhor participou?
Araújo
— Não. Isso foi alguns dias antes de eu ser convocado. Depois que eu saí, se morreu alguém eu não sei.

Revista O que é besteira e o que é verdade no que já se escreveu sobre tortura no Brasil?
Araújo
— Há algumas pequenas inverdades. Mas a maioria dos fatos é correta. Há pouca besteira e muita verdade. As pessoas que participaram desse período até hoje não falaram abertamente. As altas autoridades do país foram as primeiras a tirar o seu da reta. Morri de rir ao ler o livro sobre o Geisel (refere-se ao livro que reúne as memórias do ex-presidente Ernesto Geisel, publicado no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas). Segundo o depoimento de Geisel, ele não sabia de nada, mandava apurar tudo, era um inocente. É uma gracinha isso tudo. Todos os agentes do governo que escreveram sobre a época do regime militar foram muito comedidos. Farisaicos, até. Não sabiam de nada, eram santos, achavam a tortura um absurdo. Quem assinou o AI-5? Não fui eu. Ao suspender garantias constitucionais, permitiu-se tudo o que aconteceu nos porões. É claro que havia diversas pessoas envolvidas nisso. Mas eu não vou citar o nome de ninguém. Falo apenas de mim.

Bom, pra mim, chega de tortura. Confesso que me enoja e entristece saber que um sujeito como esse está solto e impune. A tortura é um crime hediondo, uma ignomínia, ainda mais quando aplicada por um agente do Estado, que existe, teoricamente, para nos proteger.

Mas, quem quiser prosseguir lendo a entrevista, depoimentos de presos que foram torturados por Paixão, e também os de outros torturadores, clique aqui e leia a reportagem de Alexandre Oltramari para a Veja, na época em que ainda valia a pena ler a revista.

Não aceito desculpas. Quero resultados!

Sou um torcedor colorado que torce e cobra resultados. Afinal, dirigentes, atletas e a imprensa têm alardeado que o Internacional tem um dos melhores plantéis do Brasil e está sempre na linha de frente para conquista de títulos. Ganhou o Gauchão com a grande goleada contra o Juventude, mas foi eliminado pelo Sport Recife ao perder por 3 a 1 na Ilha do Retiro. Lá começaram as justificativas de que o time tinha cometido algumas falhas e estava sem alguns jogadores titulares. Veio o jogo contra o Palmeiras, para quem também perdemos, e o mesmo discurso foi repetido. Passada uma semana e, diante do Flamengo, nova derrota. E o discurso? Não mudou!
Portanto, onde está um dos melhores plantéis do País? A meu ver, nesta condição estaria um clube com dois jogadores do mesmo nível para cada posição. Definitivamente, o Inter não tem. Tampouco um time é armado pelo treinador Abel, que nunca teve a minha simpatia (mesmo nos títulos da América e Mundial). No primeiro, houve o comando do Fernando Carvalho e, no segundo, superação de um grupo ante um adversário marcado pela empáfia.
Agora, eu quero plantel, time e treinador. Apenas o título do Gauchão não me serve. E não venham me dizer que a Dubai Cup tem o valor de uma Copa do Brasil ou Brasileirão. Por favor, não é por aí!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Contra o protecionismo a atletas

Leio que a ginasta Daniele Hypólito abandonou a Seleção Brasileira de ginástica, que treina no Centro de Treinamento em Curitiba, e retornou para o seu clube, o Flamengo. Alega que passa por um momento emocionalmente ruim. Vai treinar com o irmão Diego, visando recuperar a motivação. Já vi casos como estes em outros esportes e a solução foi o corte da seleção. Afinal, a atleta desrespeitou regras e ignorou que colegas suas treinam duro para as Olimpíadas de Pequim. Juntas. Não separadas.

No entanto, vejo que há uma espécie de "vistas grossas" por parte de integrantes da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mesmo que o abandono tenha pego todos de surpresa. Daniele não é nenhum gênio em seu esporte para achar que pode deixar o grupo e ter vaga garantida. Imaginem se a gaúcha Daniane dos Santos fizesse o mesmo e retornasse para o União, seu clube de origem em Porto Alegre. As entidades teriam a mesma complacência?
Aliás, lembro que a mesma Daniele já abandonou este clube em Porto Alegre para competir pelo Flamengo. Questão de caráter (ou falta dele).


Rio Grande Vermelho

O Sport Club Internacional está convocando a todos os colorados a ajudar a pintar o Rio Grande de Vermelho. Se tua cidade ainda não tem um consulado do clube, cadastre-se. Mande teu cadastro para o e-mail riograndevermelho@internacional.com.br e receba as orientações para criação do consulado. Tu és fundamental para conseguirmos chegar à meta de 100 mil sócios.
Participe!
Nosso time de consulados faz toda a diferença. Venha fazer parte desta história!

Sites copiam Globo News e noticiam falsa queda de avião

Um incêndio na Zona Sul de São Paulo colocou a imprensa da capital em uma situação delicada. Na tarde desta terça-feira (20), por volta das 17h20min, sites como Terra, UOL, Folha Online, Estadão e iG noticiaram a queda de um avião da Pantanal Linhas Aéreas em cima de um prédio no bairro do Campo Belo. Todos os portais publicaram manchetes sobre o possível acidente, alguns, inclusive, com a confirmação da Infraero, empresa responsável pelo sistema aeroviário do Brasil.
No UOL, às 17h19min, a manchete com o título "Avião da Pantanal cai na zona sul de São Paulo" informava que um avião da empresa Pantanal havia se chocado contra um prédio residencial.
De acordo com o portal, as informações eram da Globo News. "Segundo a TV, o acidente aconteceu no bairro de Campo Belo. O avião teria caído em um prédio residencial e provocado um incêndio. A Infraero ainda não confirma a informação", dizia a nota do UOL, que saiu do ar instantes depois para dar lugar à manchete "Líderes governistas selam acordo para volta da CPMF".
Na verdade, o incêndio atingiu uma loja de colchões, sem a presença do suposto avião. Dez carros do Corpo de Bombeiros foram ao local para tentar controlar o fogo e, segundo a Polícia Militar, não há notícias sobre mortos ou feridos. Já o Terra noticiava "Avião cai em prédio na região sul de São Paulo" e "Infraero não confirma queda de avião", ambas pautadas também pelas informações da Globo News.
Procurada pelo Portal IMPRENSA, a assessoria da Infraero afirmou que "em nenhum momento, confirmou a queda de um avião". "Não tínhamos nenhuma informação sobre problemas com aeronaves, de maneira nenhuma". A assessoria declara ainda que a Pantanal também não havia confirmado a queda do avião e, portanto, "nada disso saiu da gente", finaliza.
http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2008/05/20/imprensa19533.shtml

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Veranico" de maio não surpreende gaúchos

Li recentemente em um portal do Centro do País que o calor está surpreendendo os gaúchos. Certamente, o autor do texto não conhece o Rio Grande do Sul e suas mudanças climáticas. Mesmo com o adventos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña, a população do Estado mais meridional do Brasil já se acostumou com o calor de maio. Tanto que já apelidou o calor da época como "veranico de maio". Está certo que, neste ano, houve oscilações climáticas, com ocorrência de frio no mês. Mas nenhum gaúcho foi pego de surpresa com o o "veranico". Ele tardou, mas chegou. Para alegria de uns e tristeza de outros.

Boa notícia: You Tube lança canal de notícias cidadãs

O portal de compartilhamento de vídeos YouTube lançou um canal de notícias cidadãs em forma de videoblog para destacar alguns dos melhores conteúdos noticiosos produzidos pelos usuários e publicados no site.
O novo videoblog noticioso, batizado de Citizen News, já reúne algumas produções feitas por pessoas comuns e faz ligação com vídeos que falam sobre o potencial do jornalismo cidadão.
Em comunicado oficial em forma de vídeo, Olivia Ma, gerente de notícias do YouTube, dá as boas vindas, explica o objetivo do canal e cita exemplos de reportagens cidadãs importantes feitas pelo mundo.

Boff com Dalai Lama: ensinamentos

BREVE DIÁLOGO ENTRE O DALAI LAMA E O TEOLÓGO BRASILEIRO LEONARDO BOFF

Leonardo Boff explica: "No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?"
Esperava que ele dissesse:
- "É o budismo tibetano ou são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na minha pergunta. E afirmou:
- "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele: (e então eu senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta)
- "Aquilo que te faz mais compassivo,
aquilo que te faz mais sensível,
mais desapegado,
mais amoroso,
mais humanitário,
mais responsável...
A religião que consegue fazer isso de ti é a melhor religião..."

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável."

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Perdemos essa para nós mesmos

“O fundamental é ter seriedade no contra-ataque e não dar o contra-ataque para o adversário. Temos que estar bem posicionados”, afirmou o técnico Abel Braga, na entrada do campo, ontem na Ilha do Retiro.
O Inter tinha uma vantagem mínima contra o Sport - 1 a 0 em Porto Alegre - e dava a impressão de que, fazendo um gol, conseguiria seguir adiante na Copa do Brasil. Não aconteceu nada disso. O time foi mal no contra-ataque, permitiu que o Sport fizesse isso e tinha muita gente mal posicionada em campo.
O colorado levou um gol no início da partida, mas teve garra para buscar o empate aos 28 minutos do primeiro tempo. Pensei: "Está pelada a coruja". Não estava. Poucas vezes eu vi o Inter jogar tão mal como na etapa complementar. Mesmo com um homem a mais - um jogador do Sport foi expulso - recuou e cedeu espaço para que o razoável time do Sport arriscasse. E tanto arriscou que fez mais dois, fixando o resultado em 3 a 1, placar necessário para classificá-lo.
Abel disse que o Inter entregou o jogo. Concordo, mas será que ele não teve um pouco de responsabilidade? Agora, é continuar apostando no time no longo campeonato brasileiro, com o objetivo de ganhá-lo. Não apenas fazer figuração ou buscar uma vaga na Libertadores da América. O Inter é muito grande e tem um excelente plantel, capaz de conquistar o quarto título brasileiro.
Confio que o Inter aprenderá com o insucesso de ontem, que alegrou os gremistas de Porto Alegre. Foguetes foram estourados e as buzinas dos automóveis acionadas. Quem não tem time, torce contra os outros.

Na foto de Alexandre Lops, do Inter, aparece Sidnei, que fez um belo gol.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Amor

Não acabarão nunca

com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo firme,
fiel
e verdadeiramente.

Vladimir Mayakovski

terça-feira, 13 de maio de 2008

As cruzes de Yeda

Revista Carta Capital expõe
esquema de corrupção no Detran


A fraude no Detran e outras agruras enfrentadas pela governadora Yeda Crusius mereceram a matéria de capa da revista Carta Capital desta semana. Na edição especial para o Rio Grande do Sul, a publicação estampa uma foto da governadora com a seguinte manchete: " As Cruzes de Yeda - O esquema de corrupção no Detran atinge auxiliares próximos da governadora gaúcha e complica ainda mais a sua administração".
A reportagem de quatro páginas, assinada pelo repórter Leandro Fortes, disseca o esquema de desvio de recursos do Detran através da contratação de fundações e empresas sistemistas. O lobista Lair Ferst, indiciado pela Operação Rodim, aparece em uma foto ao lado de Yeda em uma atividade da campanha eleitoral de 2006, da qual foi um dos coordenadores. Confira a matéria na íntegra:

A via-crúcis de Yeda

A vida da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB, não tem sido fácil. Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários de servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

Até o fim de 2007, Yeda Crusius reclamava apenas de uma herança maldita dos governos anteriores do PT e do PMDB: a dívida estrutural do estado, origem de todos os problemas políticos enfrentados por ela até ali. Apenas com precatórios (títulos de dívidas judiciais do governo), o rombo do Rio Grande do Sul chega a quase 5 bilhões de reais. Isso porque, nos últimos dez anos, o estado conseguiu pagar menos de 400 milhões de reais – valor inferior à correção da dívida de um único ano.

Para enfrentar o problema, antes mesmo de tomar posse, a governadora anunciou um pacote com aumento de impostos e congelamento de salários, um tal "jeito novo de governar", cantarolado na campanha de 2006, mas transformado em imensa dor de cabeça política para ela e o PSDB. Dois secretários estaduais renunciaram antes de assumir, o vice-governador, Paulo Afonso Feijó, do ex-PFL, foi para a oposição e, seis meses depois, 60% dos gaúchos desaprovavam o governo Yeda Crusius, segundo pesquisa do Instituto Dataulbra, da Universidade Luterana do Brasil.

Mas foi a Operação Rodin, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado, que colocou o governo em outro patamar, o da corrupção endêmica. Trata-se de uma ação criminosa herdada da gestão anterior, do peemedebista Germano Rigotto, e aperfeiçoada no governo tucano, depois da nomeação, pela governadora, de Flávio Vaz Netto para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Em vez de apurar e denunciar a bandalha instalada no órgão pela turma do PMDB, Netto, indicado pelo PP, decidiu se inserir e dominar o esquema. Acabou preso e indiciado, como os demais comparsas envolvidos nas fraudes.

A ação policial desmontou uma quadrilha ligada a fundações de apoio vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para prática de diversos crimes, especialmente contra licitações, no Detran gaúcho. No rastro da operação, a oposição a ela, capitaneada pelo PT, emplacou a CPI do Detran e se apegou, sem provas, a uma denúncia de suposta utilização de 400 mil reais de sobras de campanha, por parte da governadora, para a compra mal explicada de uma casa num bairro nobre de Porto Alegre, logo depois das eleições de 2006.

No epicentro do esquema criminoso investigado pela PF está o empresário e lobista Lair Ferst, figurinha carimbada do PSDB gaúcho, apontado sem ressalvas, por gente do governo e da oposição, como principal operador da engrenagem de arrecadação de fundos da campanha tucana de 2006 no estado. Hoje, a luta de Yeda Crusius é basicamente descolar-se do nome e da má sina de Ferst, um dos 13 quadrilheiros presos na operação e figura proeminente entre os 39 indiciados pela Polícia Federal.

Na base do escândalo estão a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), ambas da Universidade Federal de Santa Maria. A fraude, de acordo com as investigações da PF, do Ministério Público Federal e do Ministério Especial do Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode ter custado 40 milhões de reais aos cofres públicos do Rio Grande do Sul. Para ajudar no caso, a Receita Federal e o Coaf, ligado ao Ministério da Fazenda, foram convocados para garantir acesso a sigilos fiscal e bancário dos indiciados até agora.

Até 2003, o Detran do Rio Grande do Sul realizava os exames práticos e teóricos de direção por meio de um contrato com a Fundação Carlos Chagas (FCC). Ao assumir, o então governador do estado Germano Rigotto nomeou como secretário de Segurança Pública o deputado federal José Otávio Germano, do PP, a quem o Detran ficou subordinado. O secretário Germano não abriu nova licitação e encerrou o contrato com a FCC. Nomeou, então, para o cargo de presidente do Detran um aliado, Carlos Ubiratan dos Santos, e para diretor-financeiro do órgão, Hermínio Gomes Junior. Ambos decidiram contratar, em caráter emergencial, a Fatec, embora houvesse tempo hábil para licitar o processo. Mais tarde, a Fundação acabou contratada sem licitação e tornou-se um quartel-general onde se planejavam os desvios de dinheiro e a distribuição de propinas entre os participantes das fraudes.

De acordo com a investigação da PF, a intermediação do contrato foi feita pelo então reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis, com a ajuda do lobista José Antônio Fernandes e do tucano Lair Ferst. Os delegados do inquérito não hesitam em colocar Ferst como o curinga de toda esta história, baseados nas informações apuradas pelos agentes federais, após seis meses de investigação, inclusive com a gravação de quase 20 mil horas feitas por escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal de Santa Maria, no interior do estado.

Chamado de "companheiro" por Yeda Crusius, Ferst é também politicamente ligado a Carlos Ubiratan, ex-presidente do Detran. Ele é apontado como o responsável pela engenharia de subcontratações feitas pela Fatec, até o fim de 2007, junto a empresas de consultoria (designadas de "sistemistas") formadas por parentes, correligionários e "laranjas". Uma delas, a Newmark, tem como sócios Elci Terezinha Ferst, irmã de Lair, e o cunhado, Alfredo Pinto Telles. Outra, a Rio Del Sur, abriga duas irmãs do lobista tucano, Rosana Cristina Ferst e Cenira Maria Ferst Ferreira. Para a PF, Ferst é o verdadeiro dono das empresas.

Também por intermédio de Ferst, o outro lobista do esquema, José Antônio Fernandes, conseguiu emplacar entre as empresas "sistemistas" a Pensant Consultores, da qual é sócio com dois filhos, Ferdinando e Fernando Fernandes. A quarta subcontratada, a Carlos Rosa Advogados Associados, foi indicação direta de Ubiratan. Entre os sócios do escritório estão Carlos Dahlem da Rosa e Luiz Paulo Germano, conhecido como "Buti", irmão do então secretário de Segurança Pública José Otávio Germano – a quem o Detran estava subordinado.

De acordo com o levantamento feito pela Polícia Federal, as quatro "sistemistas" subcontratadas pela Fatec receberam, juntas, 31 milhões de reais entre 2003 e 2006. Por meio da Fundação, acreditam os investigadores, estabeleceu-se um propinoduto fixado bem no meio das gestões de Germano Rigotto e Yeda Crusius, desvendado graças a uma denúncia anônima, feita no fim de 2007, no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, por um professor da universidade.
Ao se debruçar sobre as atividades de Ferst, a PF descobriu, ainda, que o lobista do PSDB gaúcho também agregou ao grupo criminoso a empresa NT Pereira, administrada por Patrícia Jonara dos Santos, mulher de – sempre ele – Carlos Ubiratan. Em 2006, a firma efetivou um empréstimo, sem garantias, ao mesmo Ubiratan, no valor de 500 mil reais. A operação, de acordo com a investigação policial, teria servido para lavar dinheiro desviado e, posteriormente, utilizado para o pagamento de propinas e formação de caixa 2.

O ex-reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis também conseguiu que uma empresa da família, montada em nome da mulher e dos filhos, acabasse subcontratada por uma das subcontratadas da Fatec, a Pensant, do lobista José Antônio Fernandes. Entre 2004 e 2005, a Sarkis Engenharia Estrutural recebeu da Pensant 74 mil reais por serviços de consultoria. A Polícia Federal investiga, ainda, a participação de outra empresa da família Sarkis, a World Travel Turismo, nas fraudes contra o Detran.

No início de 2007, o esquema sofreria uma ruptura importante com a mudança na reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, mas também por conta dos riscos provocados pela alta exposição dos negócios de Ferst. Entre os tucanos temiam-se, com razão, futuros problemas políticos para a governadora. Arrumou-se, então, um detalhe técnico para tirar a Fatec da jogada. Sob o argumento de aumento nos custos da prestação de serviço, a fundação exigiu mais dinheiro do Detran.

O pedido foi indeferido pelo novo presidente do órgão, Flávio Vaz Netto, recém-nomeado por Yeda Crusius, e, exatamente um dia depois da decisão, a Fundae, também ligada à UFSM, foi contratada. Mas era só espuma. Imediatamente, a Fatec foi subcontratada para prestar parte dos serviços que fazia antes como cabeça do sistema, e com os mesmos executivos. Foi uma forma de manter a quadrilha unida e evitar ressentimentos capazes de expor os movimentos do bando.

Não adiantou muito. Indiciado pela PF, Vaz Netto não aceita ser responsabilizado sozinho pelos crimes e nem ser largado à própria sorte. Nos dias 7 e 14 de abril, ele enviou dois e-mails para o secretário de governo de Yeda Crusius, Delson Martini, com quem tentou marcar uma audiência por 15 dias, sem sucesso. Nas mensagens, interceptadas pela polícia, ele ameaça fazer um "retorno voluntário" à CPI, onde depôs logo depois de ser preso, para falar de "imputações" feitas a ele "cujos pontos são de inteiro conhecimento do governo".

A mudança na rotina de fraudes e desvios no Detran ocorreu porque o novo reitor da UFSM, Clóvis Silva Lima, colocou-se contra a atuação das "sistemistas" e recusou-se a assinar documentos da Fatec, enquanto o esquema de Ferst não fosse desmontado. Por esta razão, Vaz Netto optou por contratar a Fundae, entidade sem ligações administrativas com a reitoria. Sem a Fatec, o lobista Fernandes, dono da Pensant, e Sarkis, ex-reitor da UFSM, perderam influência na quadrilha. Assim como Ubiratan, ao deixar o Detran. Iniciou-se, então, um movimento para afastar Ferst do esquema e deixar os contratos das "sistemistas" nas mãos apenas do novo presidente do Detran. O lobista, é claro, reagiu.

De acordo com informações levadas à CPI do Detran pela Polícia Federal, para sair do esquema, Ferst teria pedido 6% do faturamento mensal dos pagamentos feitos às empresas sistemistas, inclusive à Fatec, o equivalente a 120 mil reais mensais. O dinheiro seria entregue por Rubem Höher, coordenador do Projeto Detran junto à Fundae e sócio da Doctus, nova "sistemista" integrada ao esquema de prestação de serviços do órgão pela fundação, administrada pelo filho dele, Ricardo Höher. Ferst teria recebido os pagamentos por seis meses (720 mil reais), segundo depoimento de Rubem Höher à PF.

Sob o comando de Vaz Netto, o esquema fraudulento do Detran assumiu uma nova configuração. As empresas ligadas à Ferst (Newmark e Rio Del Sur) foram excluídas, mas no lugar delas entraram a Doctus (subcontratada pela Fatec), da família Höher, e a IGPL (subcontratada pela Fundae), também ligada ao lobista José Antônio Fernandes, o mesmo da Pensant. E mais: outro escritório de advocacia entrou na farra, o Nachtigall Advogados Associados, do qual é sócia Denise Nachtigall Luz, esposa de Ferdinando Fernandes – ele mesmo, filho de José Fernandes, da Pensant.

Como em uma disputa de máfias, a família Fernandes se sobrepôs ao poder da família Ferst no esquema de fraudes do Detran, a partir do segundo semestre de 2007. Isso porque, de um lado, a Pensant, conforme contrato firmado com a Fundae, passou a abocanhar 14% do faturamento da prestação de serviço no órgão (em torno de 2,5 milhões de reais por mês). De outro, aumentou a participação com o ingresso da IGPL e do escritório Nachtigall. As investigações tocadas pelo Ministério Público Especial do TCE, no entanto, obrigaram o Detran a rever essas contratações. À frente da autarquia, Vaz Netto fez novas adequações contratuais e realizou reuniões para tratar, também, de troca de linhas telefônicas por conta de uma preocupação flagrante com escutas.

Mais adiante, Vaz Netto optou, ainda, por se livrar da família Fernandes. Para tal, rescindiu os contratos com a IGPL e a Nachtingall, firmados pela Fatec (esta, é bom lembrar, subcontratada pela Fundae), mas permitiu a entrada de outra empresa, a Pakt. Curiosamente, a nova "sistemista" tinha como sócios quatro funcionários da Fatec – Luciana Carneiro, Marilei de Fátima Brandão Leal, Damiana Machado de Almeida e Fernando Osvaldo Oliveira Júnior. Mais estranho ainda, apurou a PF, é o fato de Luciana Carneiro ser secretária-executiva do Projeto Detran na Fatec e responsável pela proposta de rompimento do contrato com a IGPL. Na mesma investigação, a PF descobriu, por meio de interceptação de e-mails, o plano de contratação de outro escritório de advocacia, o Höher & Cioccari Advogados, da família Höher, dona da "sistemista" Doctus. Ou seja, a quadrilha criou uma espécie de rodízio criminoso para se perpetuar no esquema.

Em um dos momentos mais tensos da crise, na semana passada, o delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil no governo do petista Olívio Dutra, depôs na CPI do Detran e acusou Yeda Crusius de ter recebido 400 mil reais de Ferst para comprar uma casa em Porto Alegre. O dinheiro seria sobra de campanha da eleição de 2006, arrecadado em esquema de caixa 2. Tubino, na verdade, verbalizou uma fofoca antiga nos meios políticos gaúchos. O delegado costuma atirar para todo lado. Ainda no governo do PT, ele chegou a acusar Dutra de se beneficiar com dinheiro da máfia do jogo do bicho no estado.

Assessor de imprensa da governadora tucana, o jornalista Paulo Fona não vê sentido algum na acusação de compra da casa. "Isso é uma politização absurda", diz Fona. De fato, ele tem um argumento poderoso: um documento da Polícia Federal no qual é negada a existência de qualquer investigação sobre a casa da governadora. No papel, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, apoiado em ofícios dos delegados responsáveis pela Operação Rodin, Sérgio Busato e Gustavo Schneider, afirma desconhecer a origem das declarações feitas pelo delegado Tubino na CPI do Detran. Yeda Crusius, no entanto, ainda não se livrou da suspeita de ter se beneficiado com dinheiro de caixa 2 arrecadado pela quadrilha do Detran, base das acusações feitas pela oposição na CPI do Detran. A PF só analisou, até agora, 20% das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.

A informação do delegado sobre a casa de Yeda Crusius ganhou força por agradar a oposição, mas também por conta de um acontecimento paralelo. No mesmo dia do depoimento de Tubino, o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Ariosto Culau, foi flagrado por repórteres do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, enquanto tomava chope em um shopping com Ferst. Segundo diálogo reproduzido pelo jornal, Culau foi ao lobista para acalmar e dar apoio ao aliado tucano. O secretário foi demitido. Para o presidente da CPI do Detran, o deputado estadual Fabiano Pereira (PT), a intenção era mesmo a de manter Ferst sob controle. "Foi um deboche", afirma.

Fabiano Pereira também não está numa cruzada fácil. Dos 55 deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 35 votam com Yeda Crusius. A base governista é formada por parlamentares do PSDB, PTB, PP e PMDB. A oposição conta uma base flutuante de 19 a 20 deputados, a depender do tema de votação, porque um dos parlamentares, do PDT, costuma fechar também com o governo estadual. E há três deputados do ex-PFL, ligados ao vice-governador, instados a votar, eventualmente, contra a governadora. É uma confusão e tanto.

Na CPI, o equilíbrio de forças também é precário. Dos 12 integrantes, cinco estão, normalmente, com a oposição, e sete com o governo. Mas quando há empate, vale o voto de Minerva do presidente da comissão, que é do PT. Não tem sido fácil, portanto, vencer os governistas. Por duas vezes, o plenário da CPI refutou a tentativa do deputado Fabiano Pereira de prorrogar os trabalhos da comissão. Sem essa prorrogação, dificilmente a oposição vai ter fôlego para dar conseqüência às denúncias do Detran. "Não queremos que isso seja uma guerra entre oposição e governo", afirma Pereira. "Estamos divididos entre os que querem e os que não querem investigar o caso."

Por Leandro Fortes - Revista Carta Capital.

sábado, 10 de maio de 2008

Mãe, um anjo pertinho de nós

Está certo: o dia é comercial. Mas somos levados pela onda e no dia das mães queremos estar perto da nossa. Retribuindo o olhar que ela sempre dirige a nós e lhe oferecendo o mesmo carinho que ela nunca deixa de nos dar.
Na figura de minha querida Suely (foto acima, com netos), com quem estarei amanhã, quero homenagear a todas amigas que tiveram o privilégio de serem mães.
Verdadeiramente, vocês são anjos porque tiveram a ousadia de dar a vida a alguém. Nada pode ser mais belo.
Parabéns e um beijo no coração de cada uma!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Olha o destaque do jornal!


Quem diria: a oposição desastrada ajuda a ministra Dilma a se firmar como candidata a presidência. Não sou eu que estou afirmando: é notícia do Jornal de Brasília. E opinião de diversos colunistas e bloqueiros avessos ao Governo Lula. O que já sabíamos no Rio Grande do Sul - a competência de Dilma - o restante do Brasil começa a conhecer.

A MULHER QUE NÃO É BOLA PARA SER ENCAÇAPADA

Laerte Braga


O senador José Agripino Maia, do DEMocrata do Rio Grande do Norte, em 1979, em plena ditadura militar, filiou-se ao PDS que sucedeu a ARENA, partidos do regime de terror implantado no País em 1964.
O senador descende uma família que se alterna no comando do seu estado ao longo de décadas, no velho esquema de oligarquias que juntam latifúndio e empresários no Nordeste do País.
Houve um tempo que a gente da FIESP/DASLU costumava dizer que para o Brasil crescer era necessário "doar" o Nordeste para livrar-se de um "peso". Eu me recordo que a cantora Elba Ramalho, um exemplo de ser humano, deu uma resposta devida e precisa sobre o preconceito manifesto contra nordestinos.
Euclides da Cunha, engenheiro, militar e escritor, deixou a afirmação "o sertanejo é antes de tudo um forte".
É claro que ao longo da história do Brasil figuras como Agripino Maia, que nunca trabalharam na vida, ou fizeram coisa alguma que não beneficiar-se do poder (os Andradas, por exemplo, vieram para o País em navio chapa branca junto com a família real como afirma um amigo que muito prezo), não pode pensar diferente do que ele pensa.
É um dos donatários dos grupos que escravizaram durante séculos o Nordeste e tentam manter esse poder a todo custo.
Integra a corte, a elite, faz parte da pior espécie de gente que existe. A que não tem princípios e nem valores. São a um só tempo, embora possa parecer um contra senso, amorais e imorais.
Foi por isso que com aquele olhar cínico, debochado, imperturbável de todo mau caráter, que fez a pergunta que fez a uma figura humana notável, a ministra Dilma Roussef.
Dilma, como tantos brasileiros, pegou em armas contra a ditadura. Como tantos brasileiros passou anos presa quando foi submetida a torturas violentas e degradantes e se manteve altiva, corajosa, íntegra e acima de tudo humana.
Maia não sabe nem o que isso quer dizer. Altivez, coragem, integridade e ser humano. Nunca teve e nunca foi.
A resposta da ministra Dilma Roussef dada ontem ao senador (putz, é o cúmulo isso) resgata o notável valor da mulher brasileira, mas acima de tudo, do ser humano capaz de se manter como tal, não importa quantas pastas tenham sido abertas e nelas guardadas as mentiras e as montagens seja da ditadura, seja de figuras como Maia, ou de quem quer que seja, no modelo desumano, cruel e perverso de hoje.
O que transforma o real em irreal.
A resposta de Dilma Roussef deveria ser exibida em cada escola do País, em cada casa, para que cada jovem e cada cidadão pudesse ter diante de si uma realidade que tentam ocultar a qualquer preço, pois não querem seres humanos, querem robôs. E pudessem enxergar e perceber que aqui existem pessoas cuja bravura e caráter são reais

Pode ser vista e ouvida em http://www.senado.gov.br/tv/noticias/quarta/tv_video.asp?nome=CO070508_7
e:
http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg

É claro que a pergunta foi colocada na boca de alguém que se preste a qualquer papel e Agripino Maia se presta a qualquer papel. Condição básica para fazer a pergunta que foi feita à ministra Dilma é a absoluta falta de caráter e Maia não tem nenhum. É produto de uma oligarquia, não anda e nem pensa pelas próprias pernas.
Mas, de alguém que seja DEMocrata (sucessores dos partidos da ditadura) e ligado aos tucanos (PSDB) opositores disfarçados da ditadura.
Em meio a generais como Augusto Heleno, defendendo interesses de potência e grupos estrangeiros em nosso (nosso?) País. A assassinos absolvidos como o mandante do crime contra a missionária Doroty Stang. Ou a quadrilheiros grileiros que ocupam terras de índios (não são gente na cabeça dos vários agripinos maias espalhados pelo Brasil, ou ex-Brasil), a resposta da ministra Dilma é mais que um ato de dignidade e bravura.
É a reafirmação que nem todas as pessoas são como bolas que se deixam encaçapar em mesas de sinucas, em nome de um mundo real que não existe. Podem até ser decentes, mas lhes falta a alma que Dilma Roussef resgatou em sua resposta.
E mais, Dilma Rousssef, independente de Lula, ou o governo, conferiu dignidade ao ser lutador, ao ser íntegro. Resgatou uma pequena janela de uma história que precisa ser contada aos brasileiros para que se possa perceber que tipo de cobra venenosa existe em cada Augusto Heleno, em cada Agripino Maia, em cada VALE/ARACRUZ. Em cada Zé Pastinha, que é apenas conseqüência, produto desse modelo imoral e amoral. Mas nem por isso deixa de ser canalha. É só extensão menor.
Se Dilma tivesse dito o que o senador chama de "verdade", aos "patriotas fardados" que a torturaram, Agripino Maia teria, ontem, dito que Dilma foi uma delatora. Que entregou companheiros. Como foi o contrário, Dilma tem a estatura humana e moral que Agripino não tem, por isso não pode saber o que foi a luta travada contra a ditadura, fez a pergunta que fez. Era um deles. Continua a ser.

É a medida de um ser repulsivo. Agripino Maia.

É a dimensão gigantesca de uma pessoa admirável. Dilma Roussef.

E essa diferença é o imprimatur que os filhos de cada um carregam em seus genes.

Indignação geral com absolvição de fazendeiro

Como era de se esperar, o Brasil e o Mundo ficaram indignados com a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do assassinato da missionária norta-americana Dorothy Stang. Em julgamento anterior, ele tinha sido condenado a 30 anos de prisão. Entidades nacionais e internacionais estão protestando contra o absurdo, e o presidente Lula se disse indignado, embora tivesse o cuidado de não criticar diretamente a Justiça de Belém (PA). Mas tudo pode mudar novamente: a Comissão Partoral da Terra (CPT) e o Ministério Público pedirão a anulação da sentença. Que se faça Justiça.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DILMA X AGRIPINO: RESPOSTA DE UMA MULHER DE HONRA

Agripino desatinou


Do blog da cientista política Lucia Hippolito.

Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.

A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.

Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.

Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.

E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.

Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.

Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.

Mas não foi isso o que se viu e ouviu.

O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.

Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.

A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.

Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar. Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.

Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.

Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.



terça-feira, 6 de maio de 2008

Pobre na cadeia, rico nos braços da Justiça

Se alguém duvidava da diferença entre o pobre e o rico na hora de enfrentar a Justiça é bom ler o noticiário que começa a ser divulgado de forma lenta pela mídia. Alguns veículos nem vão se preocupar com o fato. Vejam só o absurdo: o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de envolvimento na morte da missionária americana Dorothy Stang, foi absolvido hoje em julgamento no Fórum Criminal de Belém (PA). A missionária americana foi morta a tiros, há três anos, na localidade de Anapu, no sudeste do Pará. Bida havia sido condenado a 30 anos de prisão em outro julgamento como mandante do crime.

O júri entendeu que o fazendeiro não teve participação na morte de Dorothy e o absolveu por cinco votos a dois. Já o pistoleiro Rayfran das Neves foi condenado por unanimidade a 28 anos de prisão, um ano a mais do que no julgamento anterior. Uma das qualificadoras do homicídio, crime mediante promessa de pagamento, foi retirada. Ele confessou ao júri ter executado o crime. Durante o julgamento, o réu confesso Rayfran das Neves negou as versões dadas nos 13 depoimentos prestados por ele anteriormente, para a polícia e à Justiça, assumindo sozinho a autoria do crime. Ele isentou Bida de envolvimento no crime e assumiu sozinho a autoria da morte da missionária.

A coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Luiza Virgínia Moraes, disse que o grupo está indignado com a decisão. "Nossa reação é de muita indignação. É muito fácil condenar o pistoleiro, que é uma pessoa pobre, e absolver o fazendeiro, que tem maior poder aquisitivo", afirmou.

Foto: Luciana Cavalcante/Especial para o Terra

segunda-feira, 5 de maio de 2008

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. É Inter campeão!







O título acima só confunde quem não é torcedor do Sport Club Internacional, glorioso campeão gaúcho na tarde chuvosa de ontem. Quem achava que teríamos dificuldade de passar pelo Juventude não viu este time de impor diante de dificuldades piores, como os títulos da Libertadores contra o São Paulo e Mundial ante o Barcelona. Ninguém acreditava no colorado. Só nós sabíamos que a alma rubra é mais forte diante de adversidades. Quando vencemos o Paraná por 5 a 1 depois de perdermos por 2 a 0 em Curitiba, mostramos do que somos capazes. E os 8 a 1 de ontem nos dão força para brigarmos ainda mais na Copa do Brasil. Que venha o Sport na quarta-feira. Nas fotos, momentos da gloriosa jornada. Numa delas, eu estou de touca vermelha. A verde foi varrida pelo ciclone colorado.

domingo, 4 de maio de 2008

É hoje, Inter


Nem mesmo a chuva que caiu em Porto Alegre desde sexta-feira me afastará do jogo contra o Juventude hoje. A social, que é exibida na foto acima, é meu lugar, Dali, verei a rede dos caxienses ser estufada várias vezes.
Vamos, Inter!

Eu acredito em ti
.

A verdade de FHC

A amiga e companheira Márcia Balmberg enviou material precioso, que considero importante dividir com vocês. Eis aí uma entrevista com FHC - dividida em duas partes - que não saiu em nenhum telejornal, revista ou jornal brasileiro. Por que será que a mídia não mostra o ex-presidente desnudo em uma entrevista fora do Brasil? Se tiverem tempo, vale a pena ouvir...

1ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=o0t2i5mv1cs

2ª parte:
http://www.youtube.com/watch?v=30O47FolIbI&feature=related

sábado, 3 de maio de 2008

Saber amar

Arthur da Távola

Cuidado com quem ama! Mas cuidado maior com quem sabe amar! Quem perde um amor perde menos do que quem perde alguém que sabe amar.

Saber amar não é depender. Não é ser servil. Não é viver agradando. Não é fazer o que o outro quer. Saber amar é ter as reações certas, de compreensão e crítica. É ocupar todo o seu lugar no espaço, no tempo do sentimento e da emoção do outro.

Saber amar é até saber desistir.

Saber amar é aquela parte que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro que um dia saberá amar. E a encontrando tem paciência, afeto e tolerância. A menos que descubra que ela não merece. Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias, bravura raramente presente em quem apenas ama.

A situação é de calamidade no RS





Como tinha relatado em tópico anterior, fiquei preso em casa por causa da ventania e da enxurrada provocada pelo ciclone extra-tropical que chegou ao Rio Grande do Sul na sexta-feira. Aos poucos, fui identificando na grande mídia e nos sites populares o alcance dos estragos. No www.noticiasdobairro.com, a colega jornalista Simone Moro de Souza diz que o bairro Lami, na zona sul de Porto Alegre, amanheceu embaixo d água. Ruas e estradas principais ficaram interrompidas por quedas de árvores e alagamentos. Muitas pessoas não puderam ir trabalhar porque os ônibus não passaram.
Em alguns locais, segundo o site, as pessoas só puderam sair de casa de barco. Foi o caso da Lúcia e de sua sobrinha Mariana que tiveram que ser resgatadas pela lancha do seu vizinho Cláudio. A estrada de acesso ao sítio virou um grande lago e assim a casa, os carros e os animais ficaram ilhados. O marido e o pai da Mariana, seu Arlindo preferiram ficar na casa junto com as cabras para cuidar dos pertences. Lúcia e Mariana foram levadas para casa de parentes em Ipanema.
As fotos acima, captadas por Simone, mostram o quadros de desolação.
E isso acontece em pleno governo do prefeito José Fogaça. Diziam que estes alagamentos privilégio dos 16 anos em que o PT permaneceu no poder em Porto Alegre.

Vamos, vamos Inter!


Os colorados cantam "vamo, vamo Inter", mas eu sinto a obrigação de escrever corretamente. Por isso, dentro de 24 horas, "vamos Inter".
Quero este campeonato gaúcho. E, mesmo com chuva, o Beira-Rio estará lotado, como na foto acima. Eu estarei lá de qualquer jeito.

Que ciclone!

Um ciclone extratropical invadiu o Litoral do Rio Grande do Sul na sexta-feira e provocou ventos superiores a 100 km/h e muita chuvarada. Só saiu de casa quem tinha alguma atividade inadiável. A fúria do fenômeno provocou queda de árvores, de postes, de barrancos e tudo que encontrou pela frente. Casas foram invadidas por árvores e pelas águas, e ruas foram interrompidas por quedas diversas.
A região Leste gaúcha, englobando as praias do Litoral Norte e a Grande Porto Alegre, foi a mais atingida. Acordei por volta das 3 horas da madrugada deste sábado sobressaltado com a ventania que vinha a rua e parecia querer avançar apartamento adentro. A luz tinha sido cortada. Não dormi mais, liguei o rádio de pilha e soube dos estragos em diversos municípios. Somente agora há pouco dei uma volta no Parque da Redenção, um dos dos maiores de Porto Alegre, e notei parte do estrago. Diversas árvores, como a da foto, tinham sido arrancadas do chão. Em outros locais, onde havia residências, as perdas foram maiores. Que este ciclone volte para o oceano...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Músicas de luta


Este é o tipo de espetáculo que eu não perco. E convido os amigos gaúchos e os viventes de outras paragens que andarem por aqui a também comparecerem. Os músicos são da melhor qualidade, assim como as canções por eles interpretadas. O cartaz acima já diz tudo. Clique nele para ampliar.

Clube do povo já era

Sou colorado há 52 anos, vou ao Beira-Rio desde 1973 e devo ter assistido mais de mil partidas no nosso estádio. Muitas delas com quase 100 mil torcedores. Hoje, cabem 56 mil pessoas no complexo, e o clube tem 68.679 sócios desde ontem. A meta alcançada é motivo de rigozijo porque coloca o Internacional entre os 10 clubes com maior número de associados no mundo. No entanto, esta situação causa um grande problema na medida em que transforma o outrora "clube do povo" em uma instituição elitista. Só os que podem pagar mensalidade e ingresso em cada jogo têm direito a ver as partidas in loco.
O título acima saiu da boca de um torcedor que não é sócio, ficou na fila durante horas e voltou para casa sem o ingresso. Certamente não poderá assistir a final do Gauchão contra o Juventude pela televisão porque ela será transmitida por um canal fechado. O povo não tem condições de também pagar a Net. Um dirigente do Inter teve a cara de pau de dizer que o Inter continua sendo o clube do povo e se orgulha de sua origem. Mas argumenta que a realidade é outra.
Não posso concordar porque sempre assisti aos jogos da social e ficava feliz em ver gente humilde, de pé na popular, gritando pelo Inter. Estas caras não são mais vistas no Beira-Rio. Por quê? Para ser Sócio Campeão do Mundo, o torcedor desembolsa R$ 20 e vai a pelo menos dois jogos por mês, pagando mais R$ 30,00 (o ingresso mínimo para sócio custa R$ 15). Se for de ônibus, desembolsará mais R$ 8,40. E certamente gastará R$ 30 com lanches e bebidas nestes dois dias. Total: 88,40, ou 21,3% do salário mínimo (R$ 415).
Tenho lido barbaridades na Internet, como a de um guri que afirmou o seguinte : "Futebol não é para pobre." Os antigos ocupantes da coréia eram gente humilde, do povo, e por isso pagavam o equivalente a R$ 5 hoje. Nem por isso o Inter deixou de armar grandes esquadrões, reunindo jogadores como Falcão, Figueroa, Carpegiani, Escurinho, Caçapava, Manga, Marinho, Valdomiro, Lula, Mauro Galvão, Benitez, Jair e Mário Sérgio. Foi tricampeão brasileiro na década de 70, sendo uma das conquistas de forma invicta. Sou sócio, continuarei a ser e não deixarei de ir ao Beira-Rio. Mas não posso concordar com a elitização do clube do povo, que já aposentou a coréia e constrói camarotes a cada semestre.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Barbaridade: Roberto Civita quer imprensa acima da lei

http://blogdomello.blogspot.com/2008/04/roberto-civita-quer-imprensa-acima-da.html

Ainda a respeito da Conferência sobre Liberdade de Imprensa, que está acontecendo na Câmara dos Deputados, em Brasília, destaco outro trecho da reportagem de O Globo, hoje:
O presidente da Editora Abril, Roberto Civita, afirmou que nenhuma lei deve restringir a atividade dos meios de comunicação. Ele disse que a auto-regulação e a livre concorrência são as melhores formas de evitar eventuais abusos ou distorções na circulação das notícias.

- Na imprensa, quanto menos legislação, melhor. Todas as vezes em que se tenta legislar ou enquadrar atividades que deveriam ser livres, a democracia corre riscos - alertou.

Essas, segundo O Globo, são palavras do homem que já afirmou que a revista Veja, publicada pelo grupo presidido por ele, tem que se curvar ao desejo de seus leitores por uma revista indignada, que pegue pesado. Da revista especialista em assassinatos de reputação, como tem mostrado o dossiê Veja. Da revista que tem um blog infame, que usa de todos os artifícios para ofender, difamar e desqualificar os que pensam de forma diferente.
Quer dizer, então, senhor Civita, que se deve liberar geral, pois a livre concorrência entre vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) e a auto-regulação também exercida por vocês (Abril, Estadão, Folha, Organizações Globo) seriam suficientes para garantir a liberdade e a democracia no Brasil?
Mas, como assim, liberdade, se as Organizações Globo detêm 70% dos investimentos em publicidade e propaganda, e são praticamente monopolistas no Rio de Janeiro, por exemplo, com a concentração de rádios, TV, jornais e internet? Como assim, liberdade, se a Abril detém hoje o monopólio da distribuição de revistas em bancas, com uma concentração de absurdos 100%?
A liberdade de imprensa deve ser total, assim como a liberdade de expressão de todo cidadão brasileiro. Sem censura prévia. Mas dentro dos limites estabelecidos em lei. Portanto, todos devem responder pelo que afirmam, informam, fazem.
Sem Lei há o império do mais forte. É isso o que vocês pretendem. Agir sem limites. Mas, por quê? Quem lhes concedeu esse direito?
Na democracia representativa, só quem tem opinião absolutamente livre, sem restrição alguma, são os eleitos pelo povo, em votação direta. Estes não podem ser condenados por delitos de opinião.
Candidatem-se, elejam-se e falem à vontade. Como jornalistas, são cidadãos comuns, como qualquer de nós.

Tema da vitória



Versão do Sport Club Internacional

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Eu nunca me esquecerei
Dos dias que passei
Contigo Inter

Colorado é coração
trago amor e paixão
Pra sempre Inter

Oh dalê, dalê, dalê oh
dalê, dalê, dalê oh
Pra sempre Inter

Dia do trabalhador, dia de luta

Neste 1º de maio tem muita gente fazendo festa em praça pública. Entidades comemoram o Dia do Trabalhador com shows, como se tudo fosse um mar de rosas. Não é! Este é um dia para refletir e para garantir a luta diária por dignidade no local de trabalho. É preciso manter e ampliar as conquistas, sem as quais seremos meros robôs. Ou escravos. Em homenagem a nós, trabalhadores, deixo registrado o seguinte poema:

MEU MAIO

(Vladimir Maiakovski)

A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua -
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - Este é o meu maio.
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro - Eis o maio que eu quero.
Sou terra - O maio é minha era.

NÃO SE PODE ESCREVER A HISTÓRIA DO BRASIL SEM MOLHAR A PENA NO SANGUE DO RIO GRANDE

O COMEÇO DA BRIGA

- O senhor foi intimado para depor sobre a violenta briga acontecida ontem no seu armazém no Iguariaçá. Três mortos, oito feridos, um horror...

- No meu bolicho, seu delegado? Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate. Por sinal que...
- Não desvie do assunto. Como e por que começou a briga?

- Bueno, pos então, historemo a coisa. Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada. O doutor entende: Peonada no más, locos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim. Que por sinal...

- Continue, continue, deixe o turco em paz.

- Pois então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns quinze home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe.

O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca Feia não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo no lombo, um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna.
Um irmão do Sarna acho que chateado com aquilo pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido.
Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero, meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada.
Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito -se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?

- Acho, sim. Mas e aí?

- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo. Saquemo os talher. E foi aí que começou a briga...

(*) o dicionário com as palavras não entendidas é o gaúcho mais perto.

Palpites

Foi uma tarde/noite cheia para os amantes do futebol. Dei o palpite para sete jogos que estavam sendo transmitidos ontem por canais abertos e fechados. Acertei quatro, errei um e fiquei no meio do caminho em dois. Vamos a eles:

1. Embora estivesse torcendo para o Liverpool, o vermelho inglês, deu Chelsea, como eu previra.
2. Finquei no Boca Junior contra o Cruzeiro e acertei. Os argentinos poderiam ter feito mais, o Cruzeiro teve um pênalti não marcado e fez um gol de muita sorte.
3. Pensei que o América passaria pelo Flamengo. Mas é um time muito ruim e levou 4 a 2 dos cariocas.
4. Como eu previra - e torcia - o Juventude ganhou, mas não levou. Fez 3 a 1 no Cortinthians alagoano, mas perdeu pelo gol qualificado. Virá mais murcho enfrentar o meu Inter no domingo pelo Gauchão.
5. Aqui tem meio acerto. Escrevi ontem que o Sport empataria com o Palmeiras, se classificando para enfretar o Inter na próxima etapa da Copa do Brasil. Realmente, o time pernambuco passou, mas com um goleada de 4 a 1. Páreo duro para o Inter.
6. Outro acerto pela metade. O Corinthians realmente ganhou do Goiás, mas passou para as semifinais da Copa do Brasil. Eu tinha fincado na vitória dos paulistas, mas não esperava que os goianos fossem goleados por 4 a 0. Estão fora.
7. Cravei no empate entre o Nacional (URU) e o São Paulo e acertei.