sábado, 18 de agosto de 2007

Braga reagiu diante de celebridades. E repórter cumpriu o seu papel...

A primeira postagem do dia tem o objetivo de cumprimentar dois homens que estavam ontem (17 de agosto) na praça de Sé, em São Paulo. O primeiro é o engenheiro José Carlos Caldeira Braga (foto de Flávio Florido, ao lado), que não se intimidou com a presença da PM e de seguranças do movimento "Cansei". Ele não cansou de gritar em direção às celebridades presentes e mostrar o uso político de uma tragédia. O outro é o repórter Rodrigo Bertolotto, que não limitou-se a fazer um relatório da manifestação. Fez sim uma matéria que exibe o seu conhecimento jornalístico. Por isso, reproduzo abaixo o trabalho do colega, publicado no site UOL:

Ato do "Cansei" enfrenta oposição de um homem só na Sé

Rodrigo Bertolotto

A Polícia Militar estava de prontidão para agir caso aparecesse um grupo contrário ao movimento "Cansei" no ato na praça da Sé nesta sexta-feira, mas a única voz discordante e incansável por lá foi a do engenheiro José Carlos Caldeira Braga, com direito a bandeira da Venezuela na lapela."Eu não estou cansado. Quero ir para a Venezuela e construir o socialismo", disse Caldeira, se definindo como um "bolivariano" e simpatizante de Hugo Chávez.

Postado em lugar estratégico, bem próximo da rampa de acesso ao palco, ele provocou as celebridades que lá subiam, cercadas por seguranças e staff vestido com grife.

O primeiro alvo foi a apresentadora do SBT Hebe Camargo, com quem bateu boca. "Sua malufista. Durante 20 anos você ganhou dinheiro do Maluf", gritou o engenheiro. A resposta da madrinha da TV brasileira também veio aos berros: "Tudo foi às custas do meu trabalho."

Com o cantor Agnaldo Rayol também teve um entrevero. "Você sempre vendendo a voz para os ricos", disparou na cara do responsável por entoar o hino nacional na manifestação. "Vendo para quem quiser comprar", respondeu, mas depois disse que sua adesão foi voluntária. "Se fosse por cachê, não viria", disse o cantor que já foi contratado para comícios políticos.

O próximo foi o padre carismático Antônio Maria, conhecido por casar celebridades e gravar discos. "Seu padre pilantra, vai casar o Ronaldinho!", gritou Caldeira, tendo como reação um sorriso amarelo. O empresário João Dória Jr. também sofreu. "Finalmente você tem contato com pobre. Você só anda com grã-fino", sentenciou.

Mesmo gesto foi repetido quando o bolivariano mirou no presidente da OAB-SP, Luiz Flávio D´Urso. "Olha quanto segurança para proteger esse advogado perfumado e engomado", foi o comentário na passagem do mentor do movimento cívico que arregimentou sindicatos patronais e de profissionais liberais.

Quando D´Urso começou seu discurso ("Aqui estão os artistas, os empresários...), Caldeira interrompia com a frase "e estão os ricos". Integrantes da OAB tentaram expulsá-lo do local, mas diante dos fotógrafos registrando a imagem, voltaram atrás e preferiram abafar os gritos do oposicionista berrando mais alto, como uma autêntica claque.

Sobrou até para a popular cantora Ivete Sangalo, aclamada em sua chegada, mas que não falou nada no palco do ato. "O que você ganha de dinheiro dava para sustentar um bairro inteiro aqui de São Paulo", gritou para a musa do axé, visivelmente constrangida.

COMPLEMENTANDO - mais um caso de reação

A comunicação é veloz quando interessa aos autores. Mas é tardia quando isso é ruim. Nenhum veículo de Porto Alegre publicou o que a Simone Iglesias, da Agência Folha, viu no aeroporto Salgado Filho. na capital gaúcha. É importante ler sua matéria:

Manifestação do "Cansei" em Porto Alegre acaba em bate-boca
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SIMONE IGLESIAS
da Agência Folha, em Porto Alegre

Uma manifestação do "Cansei" no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, terminou em bate-boca, hoje, após uma mulher falar ao microfone que o movimento é "elitista" e que "a classe média só sabe reclamar". Cerca de 250 pessoas que aderiram ao "Cansei" na capital gaúcha, entre elas familiares das vítimas do acidente com o Airbus-A320 da TAM, realizaram ato de protesto por cerca de um hora, com críticas ao governo federal.

Depois de fazerem um minuto de silêncio e cantarem os hinos do Brasil e do Rio Grande do Sul, manifestantes se revezaram em um microfone ligado em um carro de som, na frente do portão de entrada do aeroporto.

Após cinco pessoas do movimento se pronunciarem, uma mulher, que aguardava numa pequena fila que se formou para falar, pegou o microfone e criticou o "Cansei", chamando-o de "elitista".

Vaiada e xingada pelos que estavam no protesto, ela foi retirada do local por seguranças do aeroporto.

Maria Auxiliadora Pinho de Carvalho, 49, industriária, estava embarcando para Salvador, sua cidade natal, quando viu a movimentação. Com o microfone em mãos, disse: "Este movimento é elitista e não vai ajudar em nada o Brasil. Todos os dias morrem pessoas nas estradas ou vítimas da violência. A classe média só sabe reclamar e não abre mão de seus benefícios e de seus direitos. Eu acho que tem que protestar, sim, mas tem que ser uma coisa inclusiva e tudo no Brasil é exclusivo. Brasileiro gosta de exclusividade, gosta de privilégio".

Os manifestantes reagiram dizendo que ela é beneficiada pelo programa Bolsa Família, do governo federal. "Não sou, ninguém da minha família trabalha no governo", afirmava ela, enquanto era levada em direção ao portão de embarque. Questionada pela Folha, ela não quis dizer em quem votou para presidente. "O voto é secreto."

Um comentário:

Anônimo disse...

Quel tal doar 2 passagens para Venezuela pras duas bestas lulistas!