Ontem, quando Alexandre Pato desconcertou o zagueiro do Napoli e tocou por baixo do goleiro adversário, lembrei de uma partida que assisti no primeiro semestre de 2006 no campo suplementar do Beira-Rio. O Inter jogava a segunda divisão do campeonato gaúcho com o time B e tinha dificuldade de vazar a zaga adversária no primeiro tempo.
Na segunda etapa, entrou em campo um guri que diziam ter 16 anos, mas ostentava um corpo de jogador de 18 anos. Uns o chamavam de Alexandre, outros de Pato. Isso não importa porque o mais importante foram os dois gols marcados pelo garoto. No primeiro, driblou dois zagueiros e chutou cruzado e com categoria, sem chance para o goleiro. O segundo foi de cabeça. Suas evoluções, sempre buscando o gol, chamaram a atenção de todos.
Os torcedores que assistiam ao jogo agarrados à tela se olhavam e pelo menos um disse: "Esse guri é fenômeno". Depois disso, todo mundo sabe o que aconteceu. O Inter escondeu Pato até renovar seu contrato por um salário que permitisse assegurar uma boa indenização em caso de venda. Jogou pouco no Inter, mas mostrou que o senhor que estava ao meu lado em 2006 tinha sido um profeta.
Ontem, na goleada do Milan por 5 a 2 sobre o Napoli, no Estádio San Siro, a atuação do guri de Pato Branco (PR) repercutiu na imprensa internacional. Alexandre, agora com 18 anos, já é considerado um "fenômeno" pelos especialistas. Na manchete do diário italiano Corriere dello Sport de hoje está estampado "fenômeno Pato", com uma foto do atacante brasileiro em destaque (foto acima). O jornal La Gazzetta dello Sport definiu o time de Milão como "Patômico" - associando o nome do brasileiro com a palavra 'atômico'.
Só espero que a fama e o "eudeusamento" não perturbem a cabeça do rapaz. Aqui no Inter, quando fazia gol, saia correndo sozinho em direção à torcida como se fosse o único responsável pela conquista. Muitos torcedores criticavam a atitude. Ontem, chorou abraçado aos craques consolidados do Milan e formou um coração com as mãos, homenageando sua namorada, a atriz Sthefany Brito, presente no estádio. Além disso, beijou o distintivo do Milan, atitude comum entre os jogadores que estão chegando em uma equipe e querem agradar a torcida. Que não esqueça do Internacional, clube que o formou desde os 10 anos.
Um comentário:
Bah Jorge, eu tb vi este guri começando no Inter. Já sabíamos que ele era diferenciado. Mas os comentaristas do Rio e de Sampa "descobriram" ele agora. Por favor, fomos campeões mundiais com ele. E só não fomos do Brasileirão porque o Inter teve que escondê-lo. Eles não aprendem. Parabéns pela análise.
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