quarta-feira, 5 de março de 2008

Obrigado, Márcia Martins

Reproduzo aqui coluna da amiga, colega e companheira Márcia Martins (foto) no site Coletiva.net da semana passada sob o título "Dias melhores, dias de paz, dias a mais". Além do sempre brilhante texto, tive a honra de ser citado, mais uma vez, por esta pessoa amada e carinhosa. Fico orgulhoso porque convivo com esta jornalista de primeira há mais de 25 anos, desde os tempos do Jornal do Comércio. E nunca nos perdemos. Não vou escrever mais para deixar os amigos apreciarem o artigo da Marcita. Vale a pena, como sempre!

Márcia Martins

Dias estranhos e imprevisíveis começaram, novamente, a ser escritos por diversas mãos desde 1º de janeiro de 2008. Ano bissexto, um maldito dia a mais para reclamar, errar, rogar pragas, se endividar, esquecer de telefonar para o amigo, invejar, odiar. Não adianta. Somos humanos e não conseguimos (se é que tentamos) só selecionar os bons sentimentos. Porque ano bissexto também representa um dia a mais para aplaudir, acertar, rezar pelo bem do próximo, poupar um dinheirinho, telefonar para o amigo, se resignar e amar muito. Às vezes, é possível se enxergar que tudo tem dois lados. A escolha é nossa.
E descobri mais um quesito a favor de 2008, que na realidade se inicia com o fim da ribeira das águas de março fechando o verão e a promessa de vida no meu coração. O 2008 é o ano do rato no horóscopo chinês (epa... me interessei, porque é meu signo, terei mais sorte???). Que bobagem! Reclamando de barriga cheia. Porque não é o que você vive que importa, mas o modo como você escolhe viver. Isto é que determina a intensidade das suas emoções. Apesar de perder, pela terceira vez, um pouco da ternura que ainda me restara, conforme contei na coluna passada, plantei promessas otimistas para este ano.
Se a saúde ainda não me permitir retornar à redação do Correio do Povo, por exemplo, pretendo visitar meus colegas e amigos mais vezes. Quero rever os companheiros motoristas, que sempre foram legais comigo e rir muito. Quero passar mais sugestões de pautas para as chefias (cada uma com seu estilo, mas as duas competentes) e imaginar os repórteres reclamando por que eu não estou deixando-os em paz. Pretendo visitar os fotógrafos e dar abraços especiais no Diego, no Giusti, no Vini, Sobral, Urso e, perdão, se esqueci algum. E combinar mais encontros com as meninas que se revezavam comigo no turno da tarde.
Confesso que não posso reclamar de falta de sorte (mesmo que o texto fique repetitivo, não digo aquela palavra... o sinônimo). Continuo escrevendo sobre a vida, profissão, amores e filhos, neste espaço gentilmente convidada pelo editor Vieira. Retomarei minhas atividades sindicais de qualquer jeito. Eleições em outubro. Quem sabe consigo exercer alguma militância para recuperar minha cidade. Estou de casa nova e enxergo a cidade sob um ângulo bem superior (te mete!). Tenho minha família. Consigo pagar algumas contas (hehehe). E não deixo escapar, de jeito nenhum, qualquer momento de felicidade que chega.
Não posso esquecer de rever minhas eternas amigas da Zero Hora (que saudade), o amigo fiel de sempre Jorge, o povo da Prefa (tia Lili) e da confraria de Brasília. Nem os inúmeros encontros que os membros da Saudosa Maloca (a turma da Famecos que se reencontrou após alguns anos) deverão promover. Ah, preciso dedicar mais tempo para a comunidade “Poemas à Flor da Pele” e “Tecendo Arte na Rede”, do Orkut, e ajudar a Soninha Porto a movimentar os poetas anônimos ou não deste mundo global. E, principalmente, selecionar poesias para o nosso 2º E-Book e os livros que serão lançados pelas duas comunidades.
O mais importante nos novos dias que serão escritos em 2008 é a companhia insubstituível da minha filha Gabriela Martins Trezzi, que deverá concluir o Ensino Fundamental, com apenas 13 anos (olhem só, pessoas da Saudosa, filha de prodígio...), e os preparativos para a sua festa de formatura. Os momentos em que acolherei nos meus braços as suas angústias e que soltarei gargalhadas com a Gabriela pelas suas travessuras. E, de quebra, neste ano bissexto, ela ganhará um dia a mais para brincar com seu avô Fernando no tapete da sala de estar para recuperar o tempo perdido.
É claro que não escaparemos, no bissexto 2008, de dias escritos com o sangue da incoerência dos homens que dirigem algumas nações poderosas, de escândalos de políticos inconsistentes que se alojam em Brasília e ignoram o povo (mas que povo???), de choros arrependidos de pais que esqueceram seus filhos trancados dentro dos carros, de adolescentes que perderam a vida nas curvas das estradas de Santos, da BR-101 e de outras. Nem sempre tudo é perfeito. Nem sempre a sensibilidade vence. Nem sempre se consegue mudar o mundo. Mas, com um dia a mais, vale a pena apostar na paz. Nem que seja entre nosso círculo.

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