sexta-feira, 2 de maio de 2008

Clube do povo já era

Sou colorado há 52 anos, vou ao Beira-Rio desde 1973 e devo ter assistido mais de mil partidas no nosso estádio. Muitas delas com quase 100 mil torcedores. Hoje, cabem 56 mil pessoas no complexo, e o clube tem 68.679 sócios desde ontem. A meta alcançada é motivo de rigozijo porque coloca o Internacional entre os 10 clubes com maior número de associados no mundo. No entanto, esta situação causa um grande problema na medida em que transforma o outrora "clube do povo" em uma instituição elitista. Só os que podem pagar mensalidade e ingresso em cada jogo têm direito a ver as partidas in loco.
O título acima saiu da boca de um torcedor que não é sócio, ficou na fila durante horas e voltou para casa sem o ingresso. Certamente não poderá assistir a final do Gauchão contra o Juventude pela televisão porque ela será transmitida por um canal fechado. O povo não tem condições de também pagar a Net. Um dirigente do Inter teve a cara de pau de dizer que o Inter continua sendo o clube do povo e se orgulha de sua origem. Mas argumenta que a realidade é outra.
Não posso concordar porque sempre assisti aos jogos da social e ficava feliz em ver gente humilde, de pé na popular, gritando pelo Inter. Estas caras não são mais vistas no Beira-Rio. Por quê? Para ser Sócio Campeão do Mundo, o torcedor desembolsa R$ 20 e vai a pelo menos dois jogos por mês, pagando mais R$ 30,00 (o ingresso mínimo para sócio custa R$ 15). Se for de ônibus, desembolsará mais R$ 8,40. E certamente gastará R$ 30 com lanches e bebidas nestes dois dias. Total: 88,40, ou 21,3% do salário mínimo (R$ 415).
Tenho lido barbaridades na Internet, como a de um guri que afirmou o seguinte : "Futebol não é para pobre." Os antigos ocupantes da coréia eram gente humilde, do povo, e por isso pagavam o equivalente a R$ 5 hoje. Nem por isso o Inter deixou de armar grandes esquadrões, reunindo jogadores como Falcão, Figueroa, Carpegiani, Escurinho, Caçapava, Manga, Marinho, Valdomiro, Lula, Mauro Galvão, Benitez, Jair e Mário Sérgio. Foi tricampeão brasileiro na década de 70, sendo uma das conquistas de forma invicta. Sou sócio, continuarei a ser e não deixarei de ir ao Beira-Rio. Mas não posso concordar com a elitização do clube do povo, que já aposentou a coréia e constrói camarotes a cada semestre.

5 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia Jorge.
Não concordei em nada com o email que me enviou, falando sobre o Clube do Povo. Primeiro porque Clube do Povo foi o clube que aceitava pessoas de qualquer raça, cultura, etc.. E não o clube que deixava entrar mais barato ou não tinha mais sócios que lugares. O Inter é obrigado pelo estatuto do torcedor a colocar ingressos à venda, e isso aconteceu, foram quase 3 mil ingressos. Aquelas pessoas que estava na fila, foram avisadas por todas as rádios, ainda pela manhã que não haveria ingresso, mas ficaram lá mesmo assim. Já durante a tarde começaram a fazer protesto dizendo que ficaram todo dia na fila e não conseguiram ingressos. Por fim, a Coréia não abre por culpa da FIFA e da BM, não por culpa do Inter. Aposto que se fosse permitido, aquele lugar teria preços acessíveis a essas pessoas mais humildes, mas infelizmente, o Inter não tem esse poder de abrir ou não a Coréia.

Abraços

Anônimo disse...

Jorge
Concordo em parte com o teu post, mas o que tu sugeres fazer?
Estamos falando de modernização, de avanço e convenhamos que não existe grande distinção entre o torcedor que pode ir a um jogo por mes e pagar o ingresso de 20 reais e esse mesmo torcedor pagar 20 reais por mes mais um ingresso pela metade (10 reais)
Acho que estás acatando um discurso que não é pertinente
A elitização no esporte começou há muitos anos, isso nada tem a ver com direção ou política do Inter.
Acho que é mera questão de adaptação ao mercado..A torcida do povo, do qual me orgulho muito também, pode não ter 20 reais por mes para o clube, e se nao tiver, também não terá os mesmos 20 reais para assistir um ou outro jogo no mes.

Abraço

Anônimo disse...

Jorge, o problema disso tudo é que faz parte de uma evolução, o Inter apenas chegou primeiro a um futuro onde outros clubes vão chegar daqui uns anos. Infelizmente, nossa sociedade é capitalista...hehe Cada camarote gera uma receita de 100 mil reais ao Inter por ano, é uma receita da qual o clube não pode abrir mão. E pra manter um time competitivo como o atual, só com muito dinheiro e ajuda do quadro social, e por isso, o Inter não pode deixar que um associado, que contribui todo mês não possa ver o jogo enquanto um torcedor igualmente colorado, mas que não contribui com o clube, possa entrar no estádio e ver o jogo. Infelizmente é a realidade !

Abraço, e vamos ganhar esse Gauchão !

Anônimo disse...

Jorge,
Creio que temos alguns erros de cálculo:
O ingresso mais barato não é 15 reais para o sócio campeão do mundo, e sim 10 reais, na arquibancada inferior.
E outra, quem acaba pagando ingresso integral para ir a cada jogo gasta muito mais do que se associando e pagando meia entrada. A modalidade foi contratada por uma questão mais de giro, do que margem de lucro. Não temos mais renda nos jogos, mas contamos com quase 3 milhões garantidos no fim de cada mês. E isso, para um clube é essencial. Acho que deverias estar realmente orgulhoso do Inter figurar entre os 10 maiores do planeta em número de sócios e auxiliar na campanha. Mas respeito tua opinião.

Mas sinto-me, de certa forma, ofendido quando dizes que deixamos de ser o clube do povo por isso.
Não deixamos de ser clube do povo por causa disso. Vejo muitas pessoas humildes indo ao estádio, até porque 20 reais não é nenhum absurdo. Partidos políticos cobram muito mais que isso e não dão alegria nenhuma como o nosso glorioso colorado. Muito antes, pelo contrário. Não é mesmo?

abraço

Anônimo disse...

Caro Jorge!
Recebi teu e-mail e não concordo com o título "Clube do Povo já era"
Concordo quando o dirigente disse que o Internacional está em uma nova realidade. Como um recado escrito abaixo, O Internacional apenas chegou primeiro a um futuro onde outros clubes vão chegar daqui uns anos. Os grandes clubes do mundo estão tomando este caminho e com o Internacional não poderia ser diferente. Eu me tornei sócio e pagarei religiosamente minha mensalidade.
Saudações Coloradas e VAMO VAMO INTER!