Os movimentos sociais, criminalizados à exaustão pelos veículos da grande mídia, não se surpreendem com as manchetes dos jornais de hoje no Rio Grande do Sul. A morte covarde do sem-terra Elton Brum por integrantes da Brigada Militar é traduzida em títulos como "MST ganha seu mártir" ou "Um mártir para o MST". É como se os integrantes do movimento tivessem exposto o trabalhador rural ao alcance da espingarda do policial para obtenção de uma vitória política. Não adianta as matérias, as colunas e até editoriais condenarem o uso da força. O que importa é que os títulos já são interpretativos e buscam induzir a opinião pública. "Viu, eles conseguiram o que queriam", dirão alguns leitores de títulos.
O fato é que a luta pela reforma agrária é contínua e incomoda muita gente, especialmente os grandes latifundiários, boa parte dona de terras improtutivas. É o caso da Fazenda Southall, em São Gabriel, ocupada por integrantes do MST e onde aconteceu o crime. Graças ao meu trabalho profissional, visitei em algumas ocasiões esta propriedade e conferi a existência de um latifúndio improdutivo, passível de desocupação para fins de reforma agrária. Ninguém me disse, eu vi com meus olhos. Mas a Southall virou troféu para os latifundiários e justifica a ocupação pelo MST. Não se pode comparar este instrumento de luta com as armas usadas pela polícia na desocupação.
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