sexta-feira, 18 de março de 2011

Na Floresta Amazônica, guardiões anônimos preservam riquezas naturais


A devastação da floresta amazônica, causada por extração ilegal de madeira, agricultura predatória, queimadas e derrubada de árvores, gera más notícias. A boa notícia é a existência de entidades e pessoas que remam contra a corrente e seguem protegendo e amando a floresta. Um bom exemplo que a Agência da Boa Notícia encontrou a 142 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre, foi no Seringal Novo Encanto, mantido pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico.
A sede do Seringal fica num barranco às margens do rio Iquiri. Oficialmente localiza-se no município de Lábrea, no Estado do Amazonas, e sua divisa ao sul é com o Estado do Acre. O seringal tem uma área de 8.125 hectares, equivalente a 8.125 campos de futebol. Desse total, 98% da área são de floresta preservada, e 2% de área em pasto, com seis nascentes, 12 igarapés e 381 espécies vegetais identificadas.
A Associação Novo Encanto foi criada em 1990 com o fim de preservar aquele pedaço verde na Amazônia. No início do século XX havia atividade de extração da borracha, mas hoje ali são desenvolvidas apenas ações de ecoturismo (somente oito expedições até agora) e atividades econômicas sustentáveis: produção de castanhas e couro vegetal.
O Seringal Novo Encanto é gerenciado por Sebastião Guimarães (à esquerda), que vive lá há 16 anos, com sua esposa Antonilda. Os dois moram na casa-sede de madeira sem TV nem energia. Somente em ocasiões especiais um gerador é ligado. Foram instaladas também duas placas de energia solar, mas não produzem eletricidade suficiente para toda a demanda da casa. Além da sede, outras cinco colocações (estrutura com casa e pequeno sítio) foram criadas em diferentes pontos do extenso terreno, onde a Associação pretende colocar outros funcionários.
Por sua dedicação e zelo ao Novo Encanto, Sebastião ganhou o apelido de Leão do Seringal. “Tenho isso aqui como uma missão. Não é por dinheiro não”, diz ele, que tem uma casa perto da Bolívia, mas nem pensa em deixar a floresta. De sorriso fácil e jeito firme, sabe falar sobre as plantas do seringal, como a samaúma, uma das mais belas árvores da floresta. Ele explica que, da raiz dela, o seringueiro pode tirar água pura para beber, mesmo que esteja distante de um rio ou igarapé.
Sua mulher, D. Antonilda participou de uma capacitação promovida pelo Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (PoloProbio), patrocinado pela Petrobras. Ela aprendeu a confeccionar bolsas, aparadores de pratos, estojos e embalagens com látex. Os produtos de couro vegetal são conhecidos como Encauchados de Vegetais da Amazônia.
Dentre os integrantes da Associação Novo Encanto da regional do Acre, outro que conhece bem o seringal é o ambientalista Manoel Gomes da Silva, que nasceu no Seringal Carmen, em Brasiléia, quase na Bolívia, tornou-se mateiro e hoje está concluindo o curso superior de Gestão Ambiental.
Detentor da sabedoria popular sobre as plantas amazônicas e agora dos conhecimentos acadêmicos, Manoel mostra porque é mestre ao explicar para os visitantes o valor de toda aquela riqueza natural. “Nosso objetivo é preservar essa área da floresta para engrandecer o patrimônio que é essa Floresta Amazônica, tornando-a sustentável”, afirma.
A Associação Novo Encanto tem monitorias espalhadas por todo o Brasil. No Ceará, uma das monitoras é bióloga Priscila Holanda. Para ela, é importante as pessoas conhecerem a floresta para terem consciência da necessidade de preservação da fauna e da flora ali existentes.

Com informações da Associação Novo Encanto


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