quarta-feira, 3 de abril de 2013

Jovens defendem seus direitos

Depoimento de Rosina Duarte, amiga consciente que não aceita as adjetivações que estão sendo distribuídas. É cabelo branco, como eu, e revolucionária.
 
"Ando de ônibus e fui na passeata contra o aumento das passagens, na última segunda-feira. Não vi vândalos, vagabundos ou depredadores. Só jovens defendendo o direito de toda uma população que é carregada como gado e, na maioria das vezes, reage como ovelha. Eu, inclusive. E pior: paga R$ 6,10 por dia.
Violentos, eles? Violência é esperar mais de hora por um ônibus na parada, é quebrar uma costela porque o veículo estava tão cheio que os passageiros não conseguiam chegar à porta e arrastavam quem estava no caminho como um tsunami humano. Violência é o ônibus andar antes da pessoa pisar no chão e seguir viagem deixando a criatura de pé quebrado estirada no meio da rua. Violência é apertar uma grávida contra um banco a ponto da criança virar dentro da barriga e sair da posição de parto.
Por isso, senti vergonha quando um menino possivelmente mais moço do que meu filho, se aproximou de mim, enquanto eu gritava:"Recua, polícia, recua. É o poder popular que está na rua". Não sei como era seu rosto, porque estava meio coberto por um chale palestino. Mas era magrelinha, levava um crisântemo amarelo na mão e seus olhos claros sorriam quando me disse: "Aprendemos com vocês". Custei um pouco a compreender que se referia a minha idade, a minha geração. Só que não havia muitos da minha geração caminhando com ele e comigo.
Então, menino dos olhos claros, se aprendeste alguma coisa conosco, acho que está na hora de reaprendermos com vocês. Portanto convoco todos os de cabelos brancos ou pintados para a passeata de quinta-feira com o grito de guerra da gurizada: Vem pá luta vem, contra o aumento!"

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