sábado, 1 de março de 2008

Marion mereceu o Oscar, apesar do descrédito dos críticos

Com cabelo solto, vestido branco, linda e emocionada, a atriz francesa Marion Cottilard recebeu o seu Oscar. Vibrei porque os críticos brasileiros eram quase unânimes ao garantir que a intérprete de "Piaf - um Hino ao Amor" era a que tinha menos chance de ganhar a estatueta. Quem viu o filme, sabe que não é bem assim. Marion foi exuberante e defendeu o papel como se o mito francês fosse ela mesma. A primeira desvantagem dos entendidos era de que a atriz protagonizou um filme que não é falado em inglês, mas em francês.
É que, na premiação máxima do cinema mundial, produções em língua não inglesa têm sua própria categoria, e raramente uma protagonista de um longa deste tipo é indicada ao prêmio de melhor atriz. Em 80 anos, só uma atriz recebeu um Oscar por sua interpretação em um filme que não era em inglês: Sophia Loren, em 'Duas Mulheres' de Vittorio de Sica (1960).
A maioria das atrizes não americanas que ganharam um Oscar atuou em um filme americano, e quase todas as 'estrangeiras' que receberam uma estatueta são britânicas (oito) ou de algum país anglófono, como o Canadá (três), a África do Sul (uma) e a Austrália (uma). Fora isso, entre as atrizes 'gringas' premiadas com um Oscar há uma belga e uma sueca que estavam bem adaptadas em Hollywood - Audrey Hepburn e Ingrid Bergman -, além de duas italianas, uma francesa e uma alemã que atuavam na meca do cinema apenas esporadicamente.
Marion Cottillard, porém, quebrou a tal lógica dos críticos, mostrando que todas as regras têm exceções. No caso da francesa, foi justíssima a estatueta entregue em suas mãos. Parecia Edith Piaf recebendo o Oscar. Julie Christie, Cate Blanchett, Laura Linney e Ellen Page - mais favoritas que ela - reconheceram a conquista. Nem sempre a premiação norte-americana me agrada. Desta vez, me satisfez pelo menos por Marion (na foto acima, de Bruno Calvo).

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