segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Chove agora, mas...

Chove agora, estou enclausurado no meu apartamento e lembro de minha infância em casa de madeira e chão batido ao redor.
Chove agora, mas não ouço a água batendo na tábua e escorrendo pela vidraça.
Tampouco sinto o cheiro de terra molhada.
Chove agora, mas não posso rolar uma bola em campo encharcado e deslizar na grama ensopada.

Um comentário:

Antonio Barcellos disse...

Belo poema, camarada.
Eu sinto cheiro de grama molhada, de folhas lavadas. A cada chuva eu recolho um balde d'água da calha, tal minha mãe fazia
Me emociono e me arrepio olhando os pingos d'água correndo nos fios de eletricidade. Uns correm solitários, outros se encontram e, inevitavelmente, despencam. Parecem retratos da vida.
Não posso me desprender desta magia para pensar que estes mesmos pingos estão inundando o rio e até flagelando pessoas. De que adiantará eu fechado em minha casa a pensar nisso? Pensei e agi muito muito quando enfrentei esses problemas. Cada momento tem o seu tempo e circunstâncias. Eu só consigo ver na chuva a alegria da vida, das minhas parreiras gritando por seus frutos vindos, ainda frágeis e pequenos. As folhas da laranjeira se banhando. É a vida que rola e se renova. Choro.
Antonio Barcellos, Jornalista Diplomado